O título é, em alguma forma, enganador. É linguagem, aquele construto social comum a homens e abelhas, bactérias e algas. Claro que não falo na visão chomskyana, se é que não o faço. Não é besteirol, pois está escrito. O que não está no processo (escrito) não está no mundo, dizem os juízes.
Para mim, há dois tipos de escrita: a boa e a má. A má nem sempre é apenas má, no sentido de mau conteúdo. Eu tenho aqui a prova de dois escritos de boa escrita, mas de má forma. Ainda pior, juro que a má forma foi inserida por seus editores (eu ia escrevendo, por erro de digitação, 'esditores', e fiquei com 'desditados editores'). Claro que cometo erros de português e erros de digitação aqui e ali. Claro que escrevo mais no português de Eça, Machado e Graciliano (eu, hein?). Digo-o no sentido de ênclises e mesóclises.
E os erros? Aqui, apresentei um erro que juro não ser camoniano, aparentemente sendo de seus desleixados digitadores e revisores profissionais. Ah, claro que esta é uma boa escusa para meus erros/errinhos/errões neste blog. Aqui não há revisão profissional de nada. E mesmo, em outros escritos em que esta faz-se presente, ainda assim seguem erros escabelados. Na postagem que ali refiro, de 12/mar/2012, escrevi que li:
A chaga que, Senhora, me fizeste
Tinha que ser "me fizestes", porque, quatro versos depois do 'fizeste', vemos um "tivestes". Presumi que a audácia do digitador foi mesmo errar o primeiro 's'.
Nâo refeito desta cachaçada, ante-ontem comecei a ler "O Mandarim", de Eça de Queiróz, e ainda não sei se é mesmo a edição original que empunho. Tenho um Paz-e-terrinho deste tamanhinho: 10,5 x 13,5, de uma "Coleção Leitura", de 99 páginas de texto. Este título consta de suas obras completas, como obra em vida, e tudo o mais. Original de 1880, logo em plena vida do autor.
Eu li:
-E todavia tu fizestes que esse bem-estar em que te regalas, nunca mais fosse gozado pelo venerável Ti-Chin-Fu!...
Aqui, na seção III, que o verbo está no singular. Gosto de Eça, amei reler "A Cidade e as Serras", nos tempor recentes. E quase morri de encanto e de rir ao ler "A Correspondência de Fradique Mendes". Amo Eça, à beça, mas não gosto deste "e todavia" que também é machadiano e de outros amados. Ou seja, nem tudo o que amo me sabe à imagem... Mas esta última sentença ainda tem outro probleminha: uma vírgula lá onde nada haveria de haver: "te regalas, nunca". Aqui, não deveria, mas aqui também tem. Retirando-a, chegamos a:
-E todavia tu fizeste que esse bem-estar em que te regalas nunca mais fosse gozado pelo veneravel Ti-Chin-Fú!…
E qual a fonte? Tá aqui. E, para concluir, tem um 'fú', por contraste a meu Paz-e-Terra com 'fu'. E diz que é "Um romance [...] segundo a edição de 1880." e dizem ser ortograficamente corrigido. Vita difficile. Mas ainda tem outra fonte: aqui. É 'fizeste' mesmo, é 'fú', mesmo e -horreur de toutes les horreurs- tem vírgula mesmo. Pode?
DdAB
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