Querido diário:
Filosofando sobre as economias monetárias e a maravilha representada pelo mecanismo de preços (e a tragédia que ocorre quando se quer delegar a ele tarefas para as quais ele não é preparado), tropecei novamente na questão da desigualdade.
Meu ponto focal é que, numa sociedade de elevado grau de
desigualdade, como a brasileira contemporânea, o mecanismo de mercado
fica obnubilado pela desigualdade. Já falei da assimetria das multas de
trânsito para gente do porte de Aécio Neves ou Romário e José da Silva e
João de Souza. Parece que a multa é de R$1.000 para quem fica obnubilado pela bebida e dirige veículo auto-motor. Agora imaginemos que Aécio ganha R$100.000 mensais e Romário ganha R$1.000.000, por contraste a José da Silva, que ganha R$1.000. Então a importância da multa no orçamento de cada exemplar é:
José da Silva: 100%
Aécio Neves: 1%
Romário: 0,1%.
Naturalmente, invertemos aquela viagem do "a fine is a price" para uma multa destas não é preço, ou seja, moderador da demanda, para nada. Isto implica necessariamente que os defensores das economias de mercado devem, ipso facto, defender certa equidade distributiva, sem a qual os preços relativos tornam-se importantes apenas no beleléu.
DdAB
Esta imagem veio do Google, quando pedi 'beleleu'. Parece que estamos indicando o rumo.
p.s.: fora esta estrutura de impostos diretos (progressivos) e indiretos (regressivos): a importância distorciva dos indiretos é um autêntico caso de polícia.
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