01 abril, 2012

Datas e Nomes



querido blog:
no dia primeiro de abril, não há como deixar de evocar o dia dos bobos. não que os bobos devam ser tratados com desrespeito, ainda que haja gente que se faz de bobo, que mente que é bobo, para usufruir das vantagens do cargo. há gente que mente que se preocupa com o bem-estar dos outros, que é altruísta e isto nada mais é do que um subterfúcio para aprofundar o saque.

parece que o dia dos bobos, em outros países, é reservado para outra data e outra estação do ano. aqui é outono. haverá tempos primaveris. e parece-me que já houve dúvida sobre se o dia primeiro de janeiro do ano zero era mesmo em primeiro de janeiro, o calendário gregoriano tratando destas minudências. era mentira? na ciência, aparentemente, tudo é mentira, ou melhor, o que é científico é provisório, pois haverá melhores interpretações no futuro, mesmo de eventos "certos", como a atração gravitacional.

a mais famosa controvérsia sobre o primeiro de abril é se, realmente, neste dia ter-se-ia iniciado o levante militar. eu já estava conformado em chamá-lo de "Revolução de 1964", quando ontem vi a própria Rede Globo (a encarnação do complô burguês, não é isto?) falando em "golpe militar". para mim, questões de palavras são irrelevantes. parece que foi isto que o sr. Adalbert ensinou a Karl Popper há longa data. em outras palavras, todas as palavras são mentirosas: "stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus" é falso. ou melhor, haverá algum fenômeno rosa, mas não sabemos se falamos da flor, do amor ou da cor, hehehe.

no dia da mentira, não posso deixar de denunciar a piada dos cronistas cariocas que resistiram ao golpe militar do melhor jeito que puderam: humor. dada a profunda admiração que os dirigentes da "Revolução" devotavam aos Estados Unidos, e o nome do Brasil era "Estados Unidos do Brazil", mudado para "Estados Unidos do Brasil", os militares aproveitaram a troca de uma das constituições que outorgaram ao país e mudaram novamente para "República Federativa do Brasil". será que 'federativa' é mentira? e república, a coisa pública, quando sabemos que um por cento (ou, que seja, 10%) das famílias abarcam praticamente tudo o que é de substantivo da riqueza e renda nacionais?
DdAB
imagem: aqui.
p.s.: fora que eu sempre dizia aos alunos que havia uma lista de artigos e livros de certos autores que a gente devia dizer ter lido ou mentir que leu. de minha parte, por exemplo, temos Lange, Clifton, Tauille, Friedman, Mandel, Marx, Engels, Lênin, Stálin (epa, já começou a mentira de segunda ordem, ou seja, a mentira sobre a mentira).

2 comentários:

Anônimo disse...

Como de praxe, eu comento coisas que me vem a cabeça ao ler o texto, sem que necessariamente tenha a ver, (risos).

Esses dias meu universo caiu quando soube que algo havia ultrapassado a barreira da velocidade da luz, lembro de minha professora que dizia que nada a superava, falava com tanta certeza que ninguem ousava a questioná-la.

Hoje, lembro dos meus professores de economia que afirmavam que as leis de mercado são imutáveis e que isso era tão preciso quanto a lei da gravidade.

Ai eu penso, se as ciências naturais, que sempre nos foram óbvias sempre foram refutadas, o que vale ao pensar em ciência social aplicada, vulgo economia?

Abs


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... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

aí, Daniel:
fico feliz que minhas reflexões no blog sirvam como combustível a teu pensamento. meu comentário tem a ver com meu marcador 'Teoria da Escolha Racional'. na verdade, falo em ciência na linha da compreensão popperiana. Galileu, Newton e Einstein foram gênios da humanidade, cada um deixando os antecessores para trás. desde 1998, um novo paradigma da física deixou muito galileu, muito newton e muito einstein para trás.

neste caso e no da ciência econômica, a realidade é sempre a mesma. o que muda é nossa compreensão sobre ela. eu sou um dos que diz que a lei da oferta e procura é mais insinuante do que a lei da gravidade (Galileu). trata-se de retórica, mas que serve para ridicularizar a galera que quer revogá-la, como se ela fosse fruto do pensamento legislativo.

de outra parte, sou dos que alardeiam que 'o mercado não resolve todos os problemas da vida social' (ele tem pilhas de falhas). mas a sociedade não pode viver sem incentivos (epa, já vim eu com novo suposto comportamental). tem muita coisa delegada para o estado e outras que a sociedade reserva a si a provisão ou produção.

além disto, teu comentário final está totalmente de acordo com o que defendo (acredito?): os mercados não durarão para sempre enquanto elemento importante (quase central) da alocação de recursos da humanidade.
DdAB