17 abril, 2012

Não Entendo Espanhol



querido diário:
sigo lendo "Historias Fantásticas", de Adolfo Bioy Casares. Buenos Aires: La Nación, 2005 (dado, na ficha catalográfica, como Emecé). quem sabe espanhol e que Emecê e La Nación são de Buenos Aires e que, em Buenos Aires, publica-se em prioritariamente em espanhol (falo 'prioritariamente' para o caso de a presidenta de lá ainda não ter proibido outras línguas importadas, hehehe), quem sabe espanhol, repito, mesmo sem a referência bibliográfica, sabe que "Historias" é espanhol (castelhano) e "Histórias" é português (este termo com que os brasleiros designam a língua que falam). pois bem. estou lendo e não estou entendendo nada. darei dois exemplos.

na p.66, o narrador do conto (um tal A.B.C., talvez seja o próprio Bioy, não quero parecer sutil) diz:

A las diez y quarto [, Oribe] salió del hotel. Declaró que iba a caminar, para pensar en un poema que estava escribiendo. Hacía tanto frio, que eso era una loucura desmedida, aun para Oribe. No le creí; no lo contesté; lo dejé salir. Partió lúgubremente, como a cumplir un horrible compromisso. Después sali yo.

comentário: lá no Blog Bípede Pensante (link ao lado), a autora já nos falou que não há qualquer problema com a frases deste tipo. e diria que meu claudicante entendimento se deve ao fato de que não levei a sério suas aulas de lógica. Mesmo para Oribe isto era uma loucura. E daí? Ninguém disse que o narrador disse que ele não seria tão ou mais louco do que Oribe, não é mesmo? seja como for, trôpego que fiquei, não estaria disposto nem a ir até a geladeira, que me secaram também os lábios. foi um descuido do autor do conto? concluamos esta demonstração com a passagem da p.68:

Todo eso era una afectada exageración, una desagradable exageración; pero lo repito porque expressa con bastante fidelidad lo que podía sentirse al entrar en la casa.

pensei: minha única saída é, além de mostrar meu gosto literário e fazer comentários sutis ao que leio, é meter aqui também o marcador Besteirol. sem ofensas, claro, ao A.B.C., mas tampouco comprometendo a criatividade literária expressa no marcador Escritos deste Planeta 23.

DdAB
bela imagem do velho Bioy, um jovem, comparado com Borges. a visita ao site é obrigatória. para quem entende espanhol, a entrevista é encantadora.

2 comentários:

Bípede_Pensante disse...

Touchée, Professor!

Eu, que não entendo francês, nem espanhol e às vezes nem mesmo português, também achei a entrevista encantadora.

E essa frase: "Creo que parte de mi amor a la vida se lo debo a mi amor a los libros" nada mais é do que uma variante de "num mundo onde não houvesse livros eu não gostaria de existir", que eu própria escrevi em alguma vida antiga.

Adorei esse camarada Bioy. Gracias!

Brena.

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

no final do conto, B.P., o tal poeta Oribe é assassinado e, pelo que vemos, nosso autor permaneceu vivo, envelhecendo com os amados livros da foto.
DdAB