20 abril, 2012

O MAL*, o Mala e o M'alão


querido diário:
inspirado pela postagem do B.P., selecionei este "luz no início do túnel", retirado daqui, uma linda postagem de cor e arte, uma overdose, como se diz por lá. no blog "Despenteadas", fala-se em cores. no Bípede Pensante, fala-se em ciência e - diria eu por aqui mesmo - o conceito de verdade, como uma miragem, apenas capturável - fugidiamente - por parte de nossos sentidos. claro que não estamos falando em verdades triangulares (seus vértices determinam um plano, sei lá).

sinto-me particularmente tocado principalmente pela imagem acima: não precisamos acreditar que haverá luz no fim do túnel. podemos começar a criá-la, muito antes de nele entrarmos. essencialmente, esta é a mensagem do MAL*, o Movimento pela Anistia aos Ladrões Estrela. como sabemos, o MAL* nutre-se de uma contradição venenosa. primeiro: seu fundador e único integrante defende o preceito de que a impunidade é a mãe do crime. ao mesmo tempo (segundo) sustenta que estas querelas que, muitas vezes, nada mais são do que vinganças pessoais, devem dar lugar a comportamentos mais consentâneos por parte dos auto-intitulados homens públicos, como é o caso dos vereadores e juízes. terceiro (nada a ver): desde "essencialmente" até "juízes", eu fizera tudo como uma frase única. ao ver que superaram a indefectível marca de quatro linhas, rompi-a e inventei essa moda de "primeiro" e "segundo". juro que o prof. Conrado (ver link ao lado) apoiaria. pois bem, encerra-se o parágrafo do MAL*.

quem é o Mala? claro que hoje 20/abr/2012 o mala de plantão é o senador Demóstenes, orador brilhante, pena que agatunado. aliás, não havia o silogismo Barbaquá sustentanto que, formalmente, todo político é ladrão?

e o M'alâo? é o título afetivo que acabo de criar para o Mensalão, o escândalo que perecolou a administração pública brasileira durante o governo Lula. o sr. Marcos Valério, eu que nem de política recebo $$$, sei-lhe o nome, dados familiares e até patrimoniais. e que vive bem acima da média da renda per capita brasileira. não sei se é culpado. o ponto é que o julgamento nunca aparece, pois envolve interesses muito superiores ao vigente hoje no conceito de sociedade justa brasileiro.

e a Comissão da Verdade? em minha maneira de ver, o mesmo tipo de revanchismo, o mesmo tipo desastrado de tentar reduzir a impunidade. não se consegue andar no rumo da sociedade justa com o atual estado de educação e centralização do poder governamental (executivo, legislativo, judiciário) no Brasil. quer a verdade? comece a coletar opiniões dos meninos de rua, das empregadas domésticas, dos motoristas de ônibus, dos moto-boys. para que indagar aos militares? para que indagar aos rapazes dos cargos em Comissão? quer acabar com o trabalho infantil? aja diferente, pressione os políticos a agirem com decência. como já andei pensando (à la Márcio Moreira Alves): abrace a política - sufoque um político.

em outras palavras, voltando a falar de mensalão. estamos a seis meses da apossentadoria do ministro Ayres Britto (conforme a p.12 de ZH de hoje). neste interregno, ele vai presidir o tribunal do qual faz parte. juro que, de sequela por este sacrifício, ainda leva a F.G. para  túmulo, se não a deixar para algum filho adotivo, como dizem ter feito o General Emílio Garrastazu Médici, que aparentemente adotou a neta. eu até pensei em me adotar, mas dizem que "a juventude não é transmitida por herança".  pois festeja-se que o ministro Ayres Britto prometeu julgar o processo do Malão, digo, do Mensalão.

primeiro, vi que tenho um ponto de vista um tanto divergente dele. ele diz do judiciário:

É o poder que evita o desgoverno, o desmando e o descontrole eventual dos outros dois [, ergo] não pode, ele mesmo, se desgovernar, se descontrolar.

nesta linha, minha divergência é que o poder judiciário deveria ser extinto e contratada uma empresa júnior vinculada a alguma faculdade de direito de alguma universidade europeia.

segundo seguindo daquele primeiro, diz o jornal que

Será um mandato curto, mas com um objetivo bem definido: julgar o processo do mensalão. [...] Ao tomar posse ontem como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Brito não poupou referências aos últimos escândalos da esfera política.

terceiro, não achei evidência - na curta matéria - a sentença dele que permita dizer que o Mensalão será mesmo julgado. mas achei o que o jornal chama de "menções holísticas". ao mesmo tempo, não tentei achar o texto integral do discurso (esta é uma das diferenças entre os conteúdos de um blog, da investigação de um jornalista, ou a análise acadêmica). uma vez que tenho razões para supor que também faço parte de um todo, achei engraçadinhas:

.a. [...] o 'terceiro olho, o único que não é visto, mas justamente o que pode ver tudo.'

.b. [Meus pais] [s]ão ícones desta minha vida terrena e de outras que ainda terei, porquanto aprendi com eles dois que o nada não pode ser o derradeiro anfitrião de tudo.

num passado remoto, eu criara a escola do holismo parcial. agora penso: uma coisa é certa - se participo do todo e tudo se transforma então meus restos serão transformados, ou seja, nunca serão extintos. mas bate-me um friozinho na espinha: e se, mesmo participando de tudo, nem tudo se transforma? faço parte da mesma espécia que Demóstenes?, que Ayres Britto?, que Goethe, que Aristóteles, que Rorty?

DdAB
p.s.: parece que a galera não se dá conta de que o problema é o governo: devemos substituí-lo pela administração das coisas!

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