27 abril, 2012

Os Branquelos e a Justiça


Querido Diário:
No outro dia (aqui), postei uma mensagem sobre o peso da cor no Brasil. Inspirei-me em matéria do Boletim da APUFSC. Não é que hoje, ao abrir a caixa postal, vejo outro número do mesmo boletim, com outra matéria que me chamou a atenção: "Ser da cor branca é fator de risco no Brasil" (aqui). Se era mesmo verdade que ser de cor negra também é fator de risco, então escuta. Não pude deixar de lembrar uma frase que ouvi na TV há alguns anos: "Do jeito que eles [os políticos] falam, parece que é o povo que está errado no Brasil." E parece-me que tudo é uma questão de injustiça, do desvão da sociedade justa em que a comunidade brasileira abrigou-se. E claro que tem a questão da causa da causa discutida por lá.

O articulista, professor aposentado Renato Antonio Rabuske, também se refere ao artigo que naquele dia comentei. E traz contra-exemplos relacionados a discriminação feita sobre brancos. Ele tem uma boa frase afirmando que existe apenas uma raça humana. A rigor, não gosto do tom, mas tenho dois comentários:

.a. a verdadeira discriminação é criada pela falta de oportunidades e esta é enviesada contra os pobres; dependendo da classe social que observamos, haverá mais racismo (contra negros), mas a discriminação (residencial) é modelada exemplarmente há uns bons 30 anos.

.b. há anos li na revista Economist que a verdadeira discriminação é natural: obesidade, idade, estatura, gênero. Isto embasbacou-me, especialmente, porque a revista diz que, já que -de ordinário- não se pode corrigir isto, segue-se logicamente que não faz sentido corrigir nenhum outro viés deste tipo.

Naturalmente, odeio a discriminação, todas as discriminações. Naturalmente, apoio as quotas de ingresso nas universidades e nos concursos. Já falei sobre isto: sempre que alguém se manifesta contra as quotas, devemos solicitar uma contagem de pessoas presentes - quantos negros. É batata! Nos ambientes frequentados majoritariamente pelos brancos, há -se tanto- minorias negras.  O problema é que estes ambientes refletem apenas poder econômico que tem um viés contra minorias. No caso, a minoria majoritária, pois entre pardos e negros (denominações do IBGE) encontra-se o brasileiro mediano.

DdAB
A imagem é daqui, onde há uma crônica divertidamente dolorosa (ou, como por lá se diria, dolorosamente divertida). Lá, um gato malvadão come o passarinho da cor branca, cujo corpo -nos tempos de baixa entropia- posou para a foto.

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