27 março, 2012

La Loi de Say au Brésil


querido diário:
todos sabemos que Brésil é Brasil e que Brasil era Brazil em 1889, deixando de sê-lo apenas em 1943?

talvez por isto, os arautos do financiamento por parte do governo ao setor industrial pensam que, se aumenta o produto industrial e se esta oferta gerará sua própria demanda e, no processo, o multiplicador keynesiano (e goodmaniano, para as matrizes), vai gerar sua própria demanda, la loi de Say.

eu acho que este tipo de pensamento é um escalavrado simplificacionismo, mas - pelo prazer do cultivo da retórica - digo o mesmo para os serviços. se aumentar o gasto em serviços, estes adquirirão insumos dos demais setores, inclusive do setor industrial, que gerará precisamente a renda que seria gerada caso o dinheirinho fosse aplicado na promoção da demanda da indústria.

primeiro esclarecimento: para mim, que lanço-me a "imagine there's no countries", não há qualquer hierarquia na produção de bens de capital nacionais ou importados. em certo sentido óbvio, é melhor produzir localmente, pois gera-se valor adicionado. mas em certo sentido também óbvio, pode ser que a produção de parceiros comerciais (e já começo a excluir a China do câmbio administrado e do dumping social) seja mais eficiente, mais barata. em certo sentido, o sentido sensível, só faz sentido pensar em exportar, se temos um olho na importação. exportar sem importar é doar, não é isto?

em mau dia, a presidenta Christina disse que a Argentina não vai importar nem um prego. ela contesta o princípio básico do funcionamento do mundo: há vantagens para ambos os agentes envolvidos na troca. o livro de Introdução à Economia da USP dá um exemplo maravilhoso: não vale a pena que a Islândia produza seu próprio café em estufas. eles podem vender-nos discos da Borg e nós lhes passaremos o café já torradinho...

segundo esclarecimento: quando falamos em produzir capital, devemos pensar se estamos falando em capital físico, capital humano ou capital social. eu digo que o físico pode ser importado. o humano pode ser parcialmente importado, mas o bom mesmo é conseguir transformar os 200 milhões de brasileiros em indivíduos ricos em cultura, ciência e tecnologia. não seria pedir muito, não é mesmo?
DdAB
imagem: tem gente que fugiu do colégio e até hoje está correndo. os que ficaram aprenderam, contra Jean Baptiste Say e a favor de John Maynard Keynes que "quem manda é a demanda". ou seja, queres siderúrgicas, encomenda siderúrgicas. queres escolas, encomenda escolas, sô. tão simples, tão eficaz.

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