querido diário:
vou dizer um nome. pode ser ficção: Marisa Poitevin. pode ser Mariza, pode nada ter a ver com pessoas tridimensionais. pode -espero ardentemente que não- estar criando embaraço a algum ser real. não me intimido. sigo altaneiro. pois bem. ouvi dizer que Marisa tem o hábito de começar a ler um romance pelas últimas 50 páginas. se gosta, mas apena se gosta, volta mais uma centena. se gosta, apenas se mantém o gosto, regride ainda outra vez, ad principia. e aí declara o romance lido integralmente.
no outro dia, eu falava em "Vidas Secas", que reli -imagino- em 2008 ou 2009. não lembro quem falou que se trata de "um romance desmontável". e parece que poderíamos pensar que os 13 capítulos seriam, na verdade, 13 contos. mas há uma rima óbvia entre "Cadeia" e "O Soldado Amarelo". aliás, surpreendeu-me às mancheias ver que os primeiros livros de Érico Veríssimo têm as mesmas personagens: Clarissa, Fernanda, Noé, sei lá, que a memória nem sabe como se escreve memórea.
parece-me que ler o livro de trás para diante é legal. claro que literalmente de trás para diante seria apenas o livro impresso em arábico. mas o método Marisa é interessante. depois de vir a conhecê-lo, o que ocorreu não faz mais de um ou dois anos, tentei aplicá-lo para a releitura que me propus a fazer de "A Ilha", de Aldous Huxley. não usarei os adjetivos "rotundo e estrondoso", mas houve um certo fracasso. então decidi oficializar o método que -vim a descobrir- eu mesmo usava há muito tempo. começo a leitura de modo convencional (exceção feita a "O Jogo da Amerelinha", em que o puladinho faz parte da história), até familiarizar-me com as principais personagens, o tom geral da história. então, e apenas então, dou um salto para o final, para as últimas páginas, para saber o que vai acontecer. depois disto, e apenas depois disto, ao perder a ansiedade por saber "no que vai dar", leio atentamente o restante e duplico a leitura -com maior deleite- a leitura do fim.
seja romance ou conto. seja conto, fábula ou apólogo. será que a memória falha? conto: personagens são gente, Fernanda e Clarissa, se é que é... fábula: a raposa e a formiga, sei lá, as personagens são bichos. apólogo, as personagens são objetos inanimados, a fonte e a jarra de Laurinha... parece que foi em meu site que relatei o enorme alívio que se apossou de mim, quando descobri que a classificação de todos os vegetais já inventados até, pelo menos, ontem, classificam-se em apenas três categorias: erva, arbusto e árvore. o mesmo alívio, dei-me conta apenas agora, apossou-se de minha frágil criatura quando vim a perceber que a prosa de ficção, além dos romances e novelas, divide-se em contos, fábulas e apólogos.
DdAB
p.s. procurei "Marisa" no Google Images. pensei que viria a dona Marisa Lula da Silva, minha co-cidadã de quatro passaportes, dois brasileiros e dois italianos... para minha surprese, veio esta linda imagem das Lojas Marisa, mas tudo estave envolto em dezenas de garotas muito do charmosas. faça o mesmo: procure 'marisa'.
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