28 março, 2012

Importar é o que Exporta



querido diário:
sigo na cruzada contra o protecionismo. sigo na cruzada em favor de mudanças na estrutura da economia brasileira, de sorte a permitir-lhe reduzir as distirções que hoje a impedem de desenvolver-se nos moldes de uma economia aberta.

primeiramente: comércio com a China não é livre-comércio

segundo: livre-comércio é bom, é ótimo

terceiro: a WTO=OMC Organização Mundial do Comércio é contra a bitributação, ou seja, que se pague o mesmo imposto indireto aqui e na China. os chineses isentam seus produtos exportados, o mesmo devendo ser feito com o Brasil: não pode cobrar imposto do produto importado. naturalmente isto cria uma vantagem liminar para os produtos importados. naturalmente isto incentiva o comércio mundial. e sobretudo naturalmente isto exige que os países modernos queiram aproximar-se de uma estrutura de livre-comércio em que haja poucos impostos indiretos incidindo sobre os produtores.

na Tabela 4.13 da
p.42 do capítulo "4B A Matriz de Insumo-Produto e a Análise Mesoeconômica", seção "4.9 Globalização, importações competitivas e  tributação indireta", de GRIJÓ, BÊRNI e CONCEIÇÃO inBÊRNI, D. d. A. & LAUTERT, V. (2011) Mesoeconomia; lições de contabilidade social. Porto Alegre: Bookman,
página 42, dizia eu, há um exemplo bem claro sobre o que acontece quando as importações e os impostos indiretos são declarados competitivos. com esta regra da OMC, não havará financiamentos para atividades governamentais avessos à compra do imposto de renda. em outras palavras: impostos indiretos, sendo distorcivos, devem ser reduzidos a um mínimo. este deve relacionar-se com a produção ou importação de bens de demérito, como a cachaça ou o haxixe.

quarto ponto do dia: na p.24 de Zero Hora de hoje, noticia-se que o señor Miguel Ponce, 'porta-voz da Câmara de Importadores da Argentina' diz que 'as travas do governo [à importação] impactam diretamente na indústria e na geração de empregos." foi o que Henrique Morrone e Daniel Fukuiyama e myself andamos alardeando há uns cinco anos: importar é o que exporta! ele é enfático: "Em fevereiro, a produção industrial [argentina] registrou estagnação. Avalia-se que isso tem a ver com as restrições às importações."

segue o sr. Ponce:

Hà eletrodomésticos que não se consegue. Faltam alimentos importados, como o bacalhau, chocolates, salmão chileno, ingredientes para sushi e outros. Hà empresas de roupas importadas que planejam deixar o país. Estamos procupados com a falta de insumos e bens de capital para as pequenas e médias empresas. A indústria começa a deixar de pagar horas extrar, e foram estancadas as contratações de mão de obra formal. Passaram a contratar mais temporários.

por fim, o jornal indaga: "As medidas do governo têm algum apoio?"

e o sr. Ponce responde:

Há de tudo. Hà empresas que vêem as medidas com angústia. Há outros que enxergam uma feliz oportunidade. Há benefíciados e prejudicados.

o comentário não econômico inicial é que Zero Herra já fez das suas: seus revisores de texto não retiraram o acento circunflexo do verbo ver da fala (traduzida?) do sr. Ponce. mais circunspecto, deixo claro que estamos falando de economia política: nesta guerra protecionista, nesta liturgia brasileira contemporânea de usar o governo para vedar importações, há ganhadores e perdedores. julgando pelo consumidor argentino, será que um governo nacional tem o direito de impedir-me de comer bacalhau (não estou falando de abrótea), chocolate suíço, salmão chileno, sushi, essa infantil guloseima? a verdade é que os governos nacionais da Argentina e do Brasil deram-se a colher-me direitos muito mais severos do que mascar chiclé. eles tiraram a vida de desafetos, eles deixam milhões de pessoas na rua da amargura, com seus roubos e seus arautos protecionistas.

parece que, cada vez mais, estou fazendo postagens com marcadores conjuntos de "Economia Política" e "Besteirol". agora vai algo nesta linha. se importar fosse mesmo vergonhoso, se não houvesse até associações de importadores, não sei que seria da segurança pública. nossa Zero Herra (comprovadamente), na p.43, informando que um cão pastor-alemão já deu ordem de prisão a quatro malfeitores em Porto Alegre. seu nome? o dos malfeitores? estes eu não sei. o nome do Stabler no combate ao crime local é Falcon, um nome importado. e sua Olívia? é a Laika. concluo olimpicamente: vamos parar de ver filmes importados? vamos parar de usar nomes importados para nossos pimpolhos (o que seria do futebol sem Alandelon?)? vamos parar de chamar de Laika nossas cadelas do coração? e que dizer de nomes de cães homenageando políticos? acho que a solução é começarmos a exportar os tais políticos!
DdAB
p.s.: imagem: daqui. vale a pena olhar: o CDL defendendo seus associados exportadores, ou sei lá o quê.

p.s.s. naquele artigo, ver-se-á a truculência dos editores daquela afamada revista (de que fui colaborador direto dos primeiros números), não aceitando meus apelos no sentido de abandonar as normas da ABNT, de sorte a permitir que a matriz de contabilidade social fosse publicada seguindo a tradição internacional e não a sanha burocrática nacional. mas não foram originais, pois a Revista Econômica do Nordeste já fizera o mesmo. não crê? então vê!

p.s.s.s.: para meu próprio entretenimento, deixo registrada a postagem de BP de ontem, com o link para a "The Logical Song", de Supertramp. fonte das lyrics: aqui.

The Logical Song
Supertramp

When I was young, it seemed that life was so wonderful,
a miracle, oh it was beautiful, magical.
And all the birds in the trees, well they'd be singing so happily,
oh joyfully, oh playfully watching me.
But then they sent me away to teach me how to be sensible,
logical, oh responsible, practical.
And then they showed me a world where I could be so dependable,
oh clinical, oh intellectual, cynical.

There are times when all the world's asleep,
the questions run too deep
for such a simple man.
Won't you please, please tell me what we've learned
I know it sounds absurd
but please tell me who I am
I said now watch what you say they'll be calling you a radical,
a liberal, oh fanatical, criminal.
Won't you sign up your name, we'd like to feel you're
acceptable, respectable, oh presentable, a vegetable!
Oh Take it take it yeah!

But at night, when all the world's asleep,
the questions run so deep
for such a simple man.
Won't you please, please tell me what we've learned
I know it sounds absurd
but please tell me who I am,
Who I am x 3 !!!

p.s.s.s.: aqui outra gravação do YouTube, que foi ela mesma que me ensinou a linkar:

Nenhum comentário: