14 julho, 2011

Prisões: sete solturas

querido diário:
Zero Hora segue, na p. , falando em presos que são soltos milhares de vezes e voltam do semi-aberto ao mini-aberto e depois ao fechado (por 24h) e novamente ao semi-aberto, mini-aberto, adal-berto, e por aí vai... procurei no Google apenas: "soltura" e não demorei para achar o site que originou a imagem acima: abcz: Carlos Verdial. linda, linda. não sei se me atrevo a sugerir algo interpretativo: o ser que parece um cavalo, ainda que parecendo andar dentro de um arco, está solto do chão. há um mar próximo (mar?) e parece que a presença deste meio marítimo deu uns ares de unicórnio ao corpo cavalar. que digo? só sei que nada sei.

nada sei? lendo Zero Hora, tudo se sabe, não é mesmo? neste caso, devo admitir que sei que ela -ZH- rdelegou para a p.44 (Seção "Polícia") a notícia de que o sr.Felipe Guilherme Francke, de 27 anos, foi retirado da condição de foragido do Presídio Estadual de Novo Hamburgo, vítima da sétima captura que lhe impingiua 4a. DP. olhei a lata dele e deduzi: não fosse o fato de que os juízes ganham R$ 30mil mensais, teríamos um sistema judiciário decente neste país e, como tal, o Felipão já teria seu emprego de garçom ou economista, duas profissões que eu mesmo exerci com zelo e entendi que não requerem maiores práticas ou habilidades.

Felipe Guilherme estava foragido desde o dia 17 de junho, ou seja, quando o rapaz do outro dia, evadido por 16 vezes em 11 anos, deixara-se capturar. fiquei pensando: por que não leio diariamente a lista de foragidos? por que não leio diariamente a lista dos juízes que deixam um rapaz, depois de 15 evasões, sair pela 17a. vez do xilindró. e fiquei pensando na lista dos políticos ladrões (hoje, ontem, parece que milhares de beneficiários com a desvalidação da lei da ficha limpa tomaram posse; alguns deles vão aposentar-se como deputados antes que a lei passe a vigorar, alguns deles vão morrer de velhos antes que o convênio de assistência jurídica com a empresa júnior da Suíça entre em ação e bote toda esta macacada na cadeia).

os suíços, presumo, conhecem a teoria dos jogos e entenderão que este negócio de prende-solta-remunera-dá-férias-de-quatro-meses do Brasil é um jogo dinâmico: os juízes vivem em férias, logo não podem julgar duas vezes o mesmo réu, acusado, sei lá. então eles não se "fragam" de que poderiam exercer um papel mais paternal, se não no dia-a-dia de trabalho, mas com relação aos "legisladores", ajudando-os a formarem leis mais afinadas com a cidadania suíça, claro. e menos, digamos, etrusca, eritréia ou etiópia. entende?

o que é mesmo que estou pleiteando? um salário que selecione juízes decentes, ou seja, se neguinho está mesmo preocupado em maximizar seus ganhos, ele que procure outra profissão, menos exigente em termos de sacrifícios em prol da cidadania, id est, pagar menos de R$ 30 mil por mês. e outro salário que selecione garçons, motoristas, economistas e juízes decentes, pagando-lhes uma cifra econometricamente encontrável que os desvie do caminho do crime. digamos que sejam R$ 3.000 mensais a salvar o Felipe do assalto. que lhe demos viaturas decentes, bandejas decentes ou togas decentes, ou giz decente, se quiser ser mesmo economista.
DdAB

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