querido diário:
postagem longa. se não o faço, que faço? sei que alguém me lê: eu, ao dizer-me que estou digitando. quem mais? lembro-me de Alchin, indagando-me se eu sou solipsista, ou melhor, se eu sou o único deus necessariamente concebível, se existem computadores, teclados, olhos e leitores para o que escrevo. quem le/u meus e-mails saberá que algum fator relacionado à composição química de meu cérebro (que digo?...) dtermina que eu termine assinando ".d." ou "DdAB", como o faço aqui diariamente (que digo?). existe mundo fora de minha mente? eu, que nunca cheguei perto da "Crítica da Razão Pura", chego a pensar que não apenas estou filosofando, mas também que posso ser ou reter a única mente jamais concebida e existente em todo o universo (conhecido U expandido). acharia chato, mas -no final das contas- acho que tudo do jeito que está (seja em minha mente seja fora dela) é mesmo muito interessante. teria razão neguinho que disse que "viver é melhor que sonhar", cantado por Lúcio Rogério, que mandou para o Leandro Pereira da Silva, e que vai melhorando, à medida que se acostuma com o peso da notoriedade que está prestes a alcançar. quer a Elis? clique aqui. por tudo isto é que, no ano passado, ficou provado que Belchior é imortal. e se tudo está na mente dele, Belchior, e não na de Lúcio Rogério, Leandro Pereira da Silva, Elis ou myself ou, pior ainda, yourself?
pior ainda? por que digo "pior ainda"? será que eu não queria ser deus? acho que, sensatamente, não quereria, pois a campanha "Ateus, saiam do Armário" poderia acabar comigo... mas, se tudo estivesse em minha mente, inclusive a campanha e todos seus integrantes, inclusive ancestrais e decendentes? e se eu a obliterasse, ao empinar uma garrafa de whisky Jack Daniels (ou J.B.)? ou qualquer outra marca, de whisky ou qualquer outra bebida, ou qualquer outra coisa jamais imaginável? torno-me filosófico. dizem alguns que isto é um perigo. não sei se falei o suficiente sobre solipsismo. seria chato? insisto: minha vida não me parece chata e tenho até alguma afeição por ela. mas não posso calar-me: se fosse verdade mesmo que eu pudesse provar, por indução, que Belchior não é imortal? afinal, penso (penso?) que a maior parte de seus ancestrais já morreram. e se eu parasses de pensar, sendo solipsista, sendo deus, que as garrafas de Jack Daniels nunca tivessem existido, elas não o teriam sido, seres? que teria sido do filme "Perfume de Mulher", versão americana? que teria sido de Victorio Gassmann, se não tivesse havido o filme americano? que seria de Al Pacino, se não tivéssemos visto o filme com Gassmann?
parece que avisei: postagem longa. é domingo. se não postar, vou caminhar, vou para o parque, que hoje é domingo, que tem sol em porto alegre, que tem, diria mamãe, sol nas almas. que tem almas. epa. será que tem apenas a minha, que ela chamava de mente? chamar-me-ão de demente, esse troço do .d. que quer ficar prá semente?
então falemos sobre panteísmo. já seria um consolo. ok, ok, eu não existiria enquanto ser único, ou melhor, não seria ser, pois seria mente, ainda que mente também possa ser concebida como tal, quero dizer, como mente e como ser. confusão, melhor seria ir ao parque... pois bem, se a proposição central do pantéismo diz que deus está localizado em tudo o que podemos conceber, que tudo é a mesma expressão manifesta de deus, então surgem novos problemas ontológicos (não falei que não li Kant?). em meu caso, que li sobejamente Cirne-Lima (e talvez tenha entendido tudo de maneira falsa), pensaria então: um ser que abarca todas as coisas, inclusive a si próprio (como, antes, ou durante, ou antes de antes, li no Aleph lá do JLBorges), então este mesmíssimo ser contempla simultaneamente a si, a seu contrário, a seu contraditório e a tudo o mais que possamos pensar em afirmá-lo ou avalizá-lo.
aparentemente minha saída é começar a falar mais de termos cujo significado desconheço, a menos que os tenha inventado eu mesmo em outros escaninhos de minha mente, como é o caso do conceito de catabultsos (substantivo masculino singular). neste caso, posso afirmar que o pensamento necessitarista é eminentemente determinista, ao passo que o pensamento contingencialista permite que pensemos em bifurcações e em tunelagens. com tunelagem, poderia ter existido apenas uma mente que deixou-se penetrar por sabe-se-lá-o-quê e fez surgirem, digamos, Adão e Eva. ou seja, a tunelagem pode nascere bifurcada, ou gerar a bifurcação.
mas não será que toda tunelagem vai tornar-se um evento certo, na medida em que os eventos se repetem, que tornam-se processos, que se arregimentam em estruturas e então constituem sistemas? neste caso, não posso de deixar de indagar se a raiz quadrada de menos um realmente existe? parece que não... por que os eventos, voltando ao início, se repetem? repetir-se-ão eles apenas nos universos em que a linha do tempo existe? em que a linha do tempo serve para organizar os eventos em presente, passado e futuro? neste caso, não estarei sendo influenciado por Martin Fierro, nos versos que seguem?
el tiempo sólo es tardanza
de lo que está por venir;
no tuvo nunca principio
ni jamás acabará,
porque el tiempo es una rueda,
y rueda es eternidá.
em resumo, por que os eventos se repetem? porque estão organizados pela linha do tempo. e que ocorreria se não se repetissem? ficariam parados, não é mesmo? mas Kant indagaria: "parados aonde, sô?" seria, talvez, o que aprendi com o prof. Adalberto Maia e a turma Keynes-Hicks-Hansen, com o modelo IS-LM. com ele e seus epígonos, podemos ver que
Y = f(i, P, c),
ou seja, a renda depende da taxa de juros, do nível geral de preços dos bens e serviços e da taxa de câmbio. parece que mudo de assunto, mas não mudo, não. existe um universo com P, e com c e Y, outro, com Y e c variando e P constante e outro com etc. ou seja, somos forçados a concluir que, na p.97 de Cirne-Lima, escrevi, mutatis mutandis, algo que segue este ponto. se a dialética é o mundo das encruzilhadas, então ela é analítica. mas se a análise com tunelagem é dialética, então elas são a mesma coisa. só que a tunelagem pode ser analisada, o que exige que ordenemos os evntos no tempo "antes" e um "depois". isto dá-nos a equação de Leibnitz: tudo o que vem no fim é igual a tudo o que veio no começo mais tudo o que veio no meio.
ok. por que penso o que penso? por que pensas o que agora pensas? por que ontem pensaste aquelas coisas? a ideologia explica parte do que penso e me faz pensar no que penso: os outros determinam minha maneira de pensar: holismo. minhas crenças, muitas vezes, determinam meus desejos. por contraste, a teoria da escolha racional é o elogio do contingencialismo:
.a. escolhemos o que queremos
.b. quem escolhe somos nós e não outros (que, naturalmente, também fazem lá suas escolhas)
.c. chegamos ao indivídualismo metodológico, o que é estranho em uma postagem não "científica".
.d. mas não podemos negar que o desejo molda nossas crenças; o acaso de hoje torna-se o necessário de amanhã.
giro e piro: o panteísmo é a fusão entre o idealismo e o materialismo. a dialética e a analítica implicam a dedução e a indução. num caso, se A é B, e se B é C, então A é C. no outro, se A implica B e se B implica C, então...
da dedução, passamos a falaqr em probabilidades matemáticas (por exemplo, a certa altura do número pi, encontraremos meu CPF. a analítica leva-nos à probabilidade estatística: é possível que pi jamais exiba meu CPF. o melhor mesmo é eu ir para o Parque Marinha mesmo. mesmo!
DdAB
opes.: e a imagem do que poderia ser o único ser jamais concebível veio daqui.
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