10 junho, 2010

18.800 empregos: dia feliz (e o voto facultativo avança...)

querido blog:
todos sabemos que a Governadora Yeda Crusius vai perder as eleições de outubro próximo. nem no segundo turno, a triste figura entrará, non è vero? e tenho duas razões para sentir-me culpado com isto. primeiramente e menos impactante, sabemos que nada fiz para vê-la candidata ou eleger-se, ou seja, nada tenho a ver com o projeto político de minha ex-professora e ex-colega. mas, em segundo lugar, dei a dica a seu ex-chefe de campanha, que não seguiu. vimo-nos em um almoço de estudantes de economia da PUCRS, nas antevésperas de minha saída pós-doutoral, digamos que em maio/2006. Brasil favorito para a Copa do Mundo.

como sabemos e eu testemunhei, a Itália sagrou-se campeã, aplicando -como não garanto- um dois a zero na alemoada no período de prorrogação do jogo, não foi isto? o Brasil era favorito, nas ruas de Berlim havia e foram mantidos por todo meu ano sabático, cartazes com os dizeres "Joga Bonito", ou seja, do fair play. antes de ir-me a Berlim, eu disse que não haveria razão para a Profa. Yeda colocar em seu projeto de governo a criação de um milhão de empregos. aliás venho pensando nisto como cavalo de batalha para os sucessivos governos, desde 1994! o fato de eles não terem realizado meu desejo levou-me a declarar-me em desobediência civil e cancelar meu comparecimento às urnas. desde o afamado plebiscito das armas (no ano do mensalão, eta conjunção sideral) não voto mais!

meu raciocínio era rasteiro, de gente que não entende de política: diziam que os dois maiores problemas do brioso povo gaúcho eram o desemprego e a segurança pública. pensei: eba!, neste caso, se a candidata criar esse milhão de empregos na Brigada Militar, resolverá galhardamente ambos de uma só tacada. claro que por "Brigada Militar" eu entendia a "Brigada Ambiental Mundial", o começo dela, pois via como inevitável a sagração de minha ex-professora na condição de Primeira Ministra da Primeira Federação Galáctica. era só começar. era, como terei ouvido em outro contexto, dar banana para macaco...

pois ela não criou esses empregos. parece que criou 365 (ou 356...). fará 3,56% dos votos! lamento, claro. queria o milhão de empregos. pois bem, sigo no assunto.

o jornal Zero Hora de hoje dá duas notícias extraordinárias, extravagantes, extranumerárias, extratrosféricas, esotéricas, sei lá. a primeira é que o Tribunal de Sabe-se Lá, agora imbuído de revelar "altos salários" (todos os integrantes -parece- ganham os afamados R$ 27.000 (ou ganharão, pois a escadinha-escaladinha já começou ou está para começar em Brasília), disse o seguinte. no Rio Grande do Sul, estado de impressionante corrupção instalada em todos os escalões do governo (assembléia legislativa, tribunal, executivo e outras instâncias do poder claro ou submerso), há 744 funcionários ganhando mais de R$ 24.000. Em abril, eles "retiraram" R$ 18,8 milhões ao orçamento público, à lei do orçamento, aquela coisa.

munido de uma calculadora potentíssima, dividi 18,8 744 e obtive 25.269, ou seja, o salário médio da turma está subestimado, ou melhor, está abaixo do que tenho alardeado (por pura falta de seriedade) como sendo os desejados R$ 27.000. ainda assim, R$ 25.269, em média, para 744 funcionários públicos só pode ser saudado com estusiasmo pelo trabalhador brasileiro, pois mostra-se como um futuro possível, não é isto?

mas fiz outra conta: se conseguíssemos uma operação matemática que os colocasse no olho da rua e os substituíssemos por 18.800 funcionários da segurança pública, poderiam pagar-lhes R$ 1.000, ou seja, um pouco menos do que um soldado estadual fardado contemporâneo. criou 365 empregos? poderia ter criado 18.800? seria reeleita. se criasse o milhão que desejo, já seria chamada de exagerada. nem precisa de tantos, não é isto? cara, bicho, gente! seria uma loucura vermos mais 18.800 servidores do sistema de segurança, que -assim- começaria a gerar esperanças na macacada (como myself) de boa-vontate.

desnecessário dizer qual seria meu programa de trabalho para essa negadinha:
.a. três horas de ginástica por dia (para manter a coluna ereta)
.b. três horas de aula por dia (para manter a mente quieta)
.c. três horas de trabalho comunitário por dia (para manter o coração tranquilo).

ok, voltando à vibrante Zero Hora. há outra notícia ainda mais revolucionária, pois pode afetar o destino de todos os brasileiros e não apenas de todo o universo, como seria o caso da reeleição de Yeda. agora vemos iniciativas do vibrante Senador Marco Maciel, ele já declarado imortal, por conteribuições à Academia Brasileira de Letras. do mesmo estado do que o afamado Deputado Inocêncio de Oliveira. um foi presidente da república. o outro também, se me não equivoco no caso de ambos...

mas ainda havia mais: na mesma p.6 (que eu mantivera em sigilo o número), disque o os senadores esavam encaminhando um pedido de aumento de cargos e salários, um troço assim, "[...] com um impacto de R$ 170 milhões na folha de pagamento da Casa neste ano." è vero! aquela equação leva-me a conjeturar que poderiam ser 170 mil empregos no setor de empregos e simultaneamente no de segurança. só bebendo! eu, que propugno pelo fechamento dos estados e do senado, já comecei a pensar também em fechar a boca...

voltemos à segunda boa notícia... Marco Maciel, que preza o princípio que reza que votar é um direito e um dever, propôs uma lei que é divulgada na p.11 do instigante jornal:

Um projeto de lei aprovado ontem pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) põe fim a sete punições aplicadas a eleitores que deixam de votar ou não se justificam no prazo legal.

são as seguintes as desditas anunciadas (sic):
.a. tirar passaporte
.b. tirar carteira de identidade
.c. receber remuneração de órgãos e entidades estatais
.c. participar de licitação pública
.d. obter empréstimo de entidades financeiras estatais,
.e. renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo
.f. praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de renda.

teria apenas uma punição: multa. quanto ao rosário acima, diz o imortal senador que

[...] todas as restrições têm constitucionalidade duvidosa e colocam em risco os princípios fundamentais, como o da cidadania. Ele defende que a multa e o cancelamento do título já são "medidas suficientemente desestimuladoras" para o eleitor que se abstém de votar.

claro que não vai passar. se passar, acabaremos caindo numa democracia! ver milhares de postagens a respeito.
DdAB
captura da imagem: busquei 18,8 e veio o maravilhoso sorteve que vemos acima e em: http://www.portalradar.com.br/upload/conteudo/imagens/18-08-2009-05-40-32_sorvetecaipirinha.jpg. eu anunciei a meu astrólogo que daria um destes para quem criar os empregos de que falo no cerne da postagem. e abandonaria o hábito de anunciar que beberia por qualquer motivo.