querido blog:
a semana não esteve para peixe, mas saí avô e não me aveijei, au contraire. por isto, não pude comentar o artigo de Zero Hora de domingo, caderno Dinheiro, p.3. trata-se do espaço tradicional dos artigos de Paul Krugman, agora em férias -diferentemente de Roubini, que -parece-me- foi demitido, e agora substituído por Thomas L. Friedman (do New York Times Service). gelei, pensando que fosse o filho de Milton Friedman, um anarco-capitalista extremado. um neguinho que odeia a presença do estado, ente cuja ausência cria mais problemas do que resolve. se eu digo que devemos ter as drogas legalizadas ao término de um programa de 20 anos de transição, só imagina quantos anos eu requereria de um programa para transferir à comunidade todas as atuais atribuições do estado.
claro que, sem estado, não teríamos estados, senado, nem poder executivo, nem câmaras de deputados ou vereadores, nem nada disto. claro que não podemos ser imbecis o suficiente para achar que este mundo despito de ladrões é impossível. claro que algum ente de alguma natureza foi, é e será necessário para coordenar as ações coletivas. claro que não pode ser o mercado, pois -se fosse possível- ele já o teria feito. mas o desenho milloriano mostra que há ladrões em todos os aparelhos de TV, basta se ligar...
isto me lembra a velha piada dos economistas de Chicago. e tu, também lembras? a pergunta é: quantos economistas são necessários para trocar uma lâmpada? e a resposta runs as follows: nenhum, pois, se isto fosse necessário, o mercado já a teria trocado.
pois, a linhas tantas, o Mr. Friedman diz tantas barbaridades que corei. primeira: "bons empregos - vem grande quantidade não vêm do governo. Vêm de pessoas que assumem riscos ao iniciar um negócio - empreendimentos que tornam as vidas das pessoas mais saudáveis, mais produtivas, mais confortáveis ou mais divertidas, com serviços e produtos que possam ser vendidos ao redor do mundo. Não dá para ser a favor de empregos e contra as empresas."
agora pensemos que dá para ser a favor de redistribuições de renda e contra os empregos. tu conheces alguém que realmente ama trabalhar? não seria ao caso de subornar todos os trabalhadores que shierk, que fazem greves, que perturbam a paz da fábrica com suas lamúrias, com suas reclamações, com sua angústia-de-estar-na-fábrica? quanto valeria este suborno? acho que bem vale a renda básica. então: não dá para dar emprego para todos? dêem-lhes renda básica!
segundo. aí vêm os dois outros louquinhos. um deles se chama Carlson e disse que começaria por criar um gabinete para promover inovação e competitividade, a Secretaria de Novas Companhias. ok, criamos empresas e cadê os empregos? a primeira lei da aritmética aplicada à divisão diz que quanto maior o denominador, menor a fração. competitividade? produtividade! produtividade: produto/emprego, ou seja, quer produtividade alta? pois tem que ter emprego baixo. quer voltar ao período pré-revolução industrial? you can count me off.
terceiro: o Mr. Litan, por seu turno, quer a Lua em espeto, como se fosse queijo. ele diz que as regulamentações para a imigração (aos EUA) deveriam permitir a entrada gente portadora de empresas que criassem "certo nível de novos empregos em tempo integral e lucros." ele, claro, não leu uma postagem que fiz e que disse que aprendi com Joal de Azambuja Rosa que a função social a empresa é gerar lucro, mas não tem nada a ver com geração de emprego. o emprego, amigos, é o inimigo da produtividade (pela lei da aritmética acima citada). quem tem que resolver o problema do emprego não é o mercado de trabalho, este deve resolver outros problemas, como o da atração de gente qualificada para certas posições. salários e condições de trabalho são as variáveis que explicam a oferta de empregos. e a demanda tem a ver com a relação capital/produto, a relação capital/emprego e, obviamente, com a produtividade, ou -escrevendo novamente-, ou seja, PIB/emprego. quanto maior o PIB/emprego, melhor, não é? e como se consegue elevar esta razão? claro que com mais capital por trabalhador.
pois bem, os tresloucados pensam que a crise que destruiu 10 milhões de empregos nos Estados Unidos vai receber um montante de investimento de tal magnitude que essa macacada vai ser reabsorvida no mercado de trabalho a taxas de salário condignas com certa homogeneidade no padrão de consumo da civilização americana. fiz alguns cálculos com cifras do PIB, do estoque de capital e do nível de emprego um tanto assustadores. entendi que, com a relação média da economia americana, criam-se 10 milhões de empregos apenas investindo 50% do PIB americano. ou seja, um país cuja taxa de investimento é de apenas 20%% (como é o caso lá deles) teria que elevar sua poupança para resolver o probleminha dos 10 milhões de neguinhos em apenas um ano com a metade do PIB. ou seja, só se os Estados Unidos forem campeões mundiais de futebol daqui a alguns dias. não resta dúvida, o Monsieur Millôr é que tava certo: a realidade é que enguiçou.
DdAB
captura da imagem: impossível não identificar no cantinho inferior direito o nome de Millôr Fernandes. impossível não identificar o traço. interessante é que esta ilustração veio quando pedi "três louquinhos tresloucados", ou algo parecido: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-uWPlAo6wDzdpp9DRb4qlbzYtufcEDT4gzb7Dd134PTu5FA54TDlDFN1W8f3W79BxA_YQbBuzK11d5PsD4L84S1sExF0nLpEDTdbqdQ7L4uIKtSfxPjY_fMLJoUo5W-elqCc8GwXsa10r/s400/Televis%25C3%25A3o%252B%25C3%25A9%252Bperfeita.jpg. eu diria que os três louquinhos são o autor do artigo e as duas eminências por ele citadas...
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