03 junho, 2010

Mercado ou estado

querido blog:
não ponho em discussão:
.a. o principal trio (podia ser duo, quarteto, etc..) de agregação das preferências sociais é formado pela comunidade-estado-mercado
.b. a ordem alfabética teve a feliz capacidade de ordenar temporalmente o surgimento destas três instâncias institucionais.

ou seja, estou jurando pela vida de minha bisavó que primeiro veio a horda, a tribo, a comunidade etc., sinônimos. depois, veio o estado e apenas depois é que pintou o mercado. aa fonte desta pedra cantada é uma mensagem telepática que um amigo de um amigo de infância teve a desfaçatez de anunciar no recreio do Grupo Escolar General Malan, em Campo Grande (sete graus de latitude sul). supondo que o conhecimento apropriado por meio do amigo do amigo seja popperiano, somos forçados a concluir que a provisão do bem público "law and order" (hoje concorrido seriado na TV Paga) antecedeu a provisão e produção de qualquer mercadoria! em outras palavras, os bens públicos antecederam os bens de mercado!

a fonte de inspiração desta postagem é o maravilhoso livro
ITOH, Makoto (1988) The basic theories of capitalism; the forms and substance of the capitalist economy. Basingstoke and London: MacMillan. p.126-127.
e da qual discordo frontalmente:

The fundamental freedom in dealing with surplus-labour and its products has formed, on the one hand, the basis for the ruling classes to appropriate them in the various forms of class societies. On the other hand, this elasticity algso gave room for a commodity economy to invade precapitalist societies where the central relations of production were subject to authoritative or communal social order. Capitalism has organised its central relations of production entirely through the commodity economic order, on the basis of the commodity form of labour-power, and has formed a very special class society, where appropriation and distribution of surplus-labour are realised through commodity transactions.

bem, não é totalmente frontalmente. mas aquele "entirely" incomoda-me sobremaneira. primeiro porque a produção de bens públicos permanece e talvez até se expanda quantitativamente com o próprio desenvolvimento econômico (olha que eu não falei "desenvolvimento capitalista"). segundo, ainda temos outros tipos de produção não mercantil, como a produção familiar, o mutirão, o coça-minhas-costas-que-eu-coço-as-tuas. seja como for, o problema da analogia mercado-estado e ovo-galinha não é sério, pois tá na cara que a galinha e o ovo apareceram "encordoados" e que o mercado veio depois no dicionário e na realidade realmente real. não é isto?

DdAB
captura da imagem: http://2.bp.blogspot.com/_bH22LaK8sbY/S7TmtvktioI/AAAAAAAAA6o/fYP-4unyPlQ/s1600/9.jpg. procurei "o ovo e a galinha". deu este lindo desenhinho do que creio ser uma portuguesinha de nove anos. ou apenas o nono desenho de uma angolana de 90 anos? senhora ou senhorita Constança? como diria Roland Barthes, lindos mistérios a decifrar...

captura extra:
por falar em "law and order", que tal a visão da dupla Detective Stabler e Olivia Benson? no caso, se o pintinho vai transformar-se numa galinha, como sua mãe, é certo -diria Olivia- que o pintinho veio de um ovo posto pela galinha, que terá vindo de um ovo colocado pela mãe da galinha, e tudo recomeça, desta vez com acompanhamento detetivesco, não é isto?

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