Querido Blog:
O P.I., como sabemos, é o "politicamente imbecil", uma caricatura politicamente incorreta do "politicamente correto". Mas ele merece divulgação em ti, amado blog, por ser epitomizado (epitomado, diriam os imortais da ABL) por Zero Hora, um jornal que leio diariamente apenas para manter aguda minha capacidade de diferenciar joio e de aboio e ambos de bambos e de seca e peteca.
Minhas filosóficas reflexões deste Dia dos Namorados, que às vezes os namorados eram chamados por Machado de Assis de enamorados, dizem respeito à cobertura que o combativo jornal está dando à Copa do Mundo de Futebol. O futebol, como deixou-nos claro Umberto Eco em seu maravilhoso "Viagem na Irrealidade Cotidiana", não é um esporte, mas um arremedo do filme Rollerball (bem, não foi 100% Eco...).
Perdi algo, eles terão oferecido um cursinho de seis meses (ou 360 horas correspondentes em EAD) para o leitor mexer-se com naturalidade no suplemento que começou ante-ontem (a ABI usa hífem?). Mas não é possível deixar de entender (mesmo a despeito dos esforços da ABI) textos escritos em aproximação à língua vernácula. A manchete de hoje (uma das) diz: "Dia de Secar a El Quarteto Fantastico", ou seja, a seleção de futebol da Argentina. A Argentina, not to speak do futebol argentino, tem uma relação de tapas e beijos econômicos com seus vizinhos do norte.
Não quero estender-me sobre a relação Argentina-Brasil neste momento. Mas, claro, tenho muito para falar sobre isto. Quero, claro, o estado mundial, um estado esculpido com meu próprio cinzel, deixando intactos traços culturais como a lituratura dos sucessores de Jorge Luis Borges e Machado de Assis. O centenário tango e a cinquentenária bossa nova. Essas coisas, o assado de tira e a costela de quatro dedos, essas coisas.
É que, no combativo caderno do indigitado jornal, o problema não é apenas politicamente incorreto com os povos da Argentina e todos os demais povos cujas seleções de futebol possam empanar a vitória (armada?) que -por direito real- pertence à Seleção Brasileira de Futebol e seus patrocinadores comerciais. O P.I, ou seja, o politicamente imbecil, é o cultivo sistemático de tudo quanto é estereótipo, tudo quanto é lugar comum, tudo quanto exibe carteirinha de sócio do "Clube da Baixaria", incluindo o ódio aos negros, aos argentinos, aos nordestinos, aos catarinenses, às mulheres, aos muçulmanos, e por aí vai.
Quando um carioca de meu porte manifesta escárnio com algum defeito paulista, devemos entender com apenas um vacilo de um emigrado, mas -se na condição de economista político- eu começar a desfazer de colegas que esposam visões equivocadas do resto do funcionamento do modo de pensar da humanidade- então deveremos concluir que a leitura de Zero Hora terá começado a afetar definitivamente minha saúde.
DdAB
twitter: eu tinha jurado para o Prof. Myself que iria gastar o maior tempo imaginável (ou seja, 240h por dia) envolvendo-me com a Copa do Mundo. não fui capaz de ver nem a cerimônia de abertura.
captura da imagem: busquei no Googlel Images "gol da Argentina" e encontrei um automóvel Gol oslt da Alemanha. a mobilidade internacional do capital -que tanto prezo- fez com que a Argentina também faça seus gols ou neles ande encostada...
2 comentários:
Concordo plenamente com tudo que você disse. A "rivalidade" Brasil-Argentina é uma invenção para, dentre outras coisas, vender cerveja. E o povo burro; sim, porque o indivíduo pode ser inteligente, mas o povo é sempre burro (ouvi isso no filme MIB e adorei); o povo burro, dizia eu, compra a ideia e a cerveja.
(Sílvio)
é, Sílvio, e pior ainda, os demais tomam cachaça, o que avaliza o poder dos coronéis do nordeste, também discriminando-se a turma do Severino Retirante
DdAB
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