22 outubro, 2009

Jornalismo Capitalismo

Querido Blog:
Para um neguinho que tem sua agenda filtrada apenas pela Zero Hora e pela Carta Capital, olha o que dá procurar no Google Images as duas palavras sem operadores booleanos que entitulam a postagem que decidi fazer hoje, 22/out/1935, ou seja, ou melhor, nessa data, em 1935, jamais a esqueço, casaram-se papai e mamãe. Não estive presente. Mas acredito. E na Zero Hora etc., mas criticamente. Casaram mesmo? Casou-se o Tio Sam com o capitalismo? Você vê, lá em cima, na capa da Veja, uma chamada a Machado de Assis, que morreu precisamente no ano em que meu daddy nasceu? Isto significa, se é que interessa, que ele casou-se aos 27 anos de idade. O casamento dele foi uma contingência na vida dele, mas uma necessidade para minha própria existência. E mamãe? Faz parte de minha santíssima trindade. Explicarei quando comemorarmos os 200 anos do nascimento de Machado de Assis, ok?

Uma vez que eu defendo a tese de que o capitalismo acabou há mais de 15 dias, rimar "jornalismo" com este sistema econômico sepultado pela História é um tanto avesso a minha atual maneira de ver o mundo. Outra imagem que vi com estas duas expressões foi "capitalism at the cross roads", problematização que me parece imbecil, dado que:
.a. ele acabou
.b. se não acabou é porque não estava em crossroads nenhuma nem na primeira vez que alguém escreveu isto, nem quando voltar a escrever, digamos, antes de 100 ou 200 anos.

Mas, como termo sintético, não sou contrário ao uso do substantivo "capitalismo", ainda que prefira falar em "economias monetárias" (e acrescentar "que engendraram bancos centrais"). Seja como for, que jornalismo tem a ver com isto? Acho que há uma parada interessante. Será que o melhor jornalismo encontra-se nas empresas mais poderosas? Os melhores jornalistas? Stephen (stefen?) Hymer diz que a cidade de Nova York terá os melhores cabelereiros do planeta. E, presumo, os melhores jornalistas... Hymer falava na centralização do capital, como uma das leis necessárias ao desenvolvimento capitalista, até seu derrumbre. Esta do derrumbre não é dele, creio, homem sensato que foi.

Até que ponto a independência dos jornalistas com relação à empresa que o emprega e a independência desta com relação aos anunciantes (e poderia ser o Politbureau do PCUS, claro) pode estar obnubilando a qualidade da informação que Zero Hora e Carta Capital distilam para mim? Sem entrara em maiores delongas, achei que pode ser útil definirmos as variáveis y e x que entram nas funções f e g abaixo:
y = f(g(x),
ou seja, a questão é se os melhores jornalistas inclinam-se naturalmente ou são forçados a facilitar a vida comercial das empresas que os empregam. Ou seria tudo ao contrário? Neste caso, eu poderia pensar que mamãe é que era necessária e eu, contingente...
DdAB

4 comentários:

Anônimo disse...

Sou a fabor da extinção dos economistas e substituir por jornalistas.

E tenho dito...

Abraços

maria da Paz Brasil disse...

Oi Duilio!

Tenho a impressão de que a questão da independência do jornalista com relação à empresa que o emprega... é parecida com aquela:“quem veio primeiro, o ovo ou a galinha”? Acho que não dá pra saber... Entretanto dá pra gente se proteger lendo os dois lados - quando temos tempo. Eu tento fazer isto. No meu caso, leio a Carta Capital com um pouco mais de sacrifício do que a revista Veja, ou a revista Época. Na desavença entre Civita (revista Veja) e Mino Carta (antes revista Veja e agora Carta Capital) fiquei do lado de Civita por achar que ele tem/tinha um pensamento mais consoante com o que realmente ocorre no mundo e no Brasil. Até aqui continuo achando que há mais profissionalismo e melhor jornalismo na Veja e na Época do que na Isto É e na Carta Capital. Abandonei há muito tempo o pensamento romântico do socialismo; principalmente quando ele aparece nas revistas nacionais que escondem os mensalões e as falcatruas da Petrobras, dentre outras. Não que o governo de Lula não tenha méritos... mas vou precisar deuns 2 dias de discussão pra me fazer entender.

MdPB

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

gente I e gente A:
.a. jornalismo x teoria econômica: depois da postagem eu ainda pensava -em geral- nesta questão: o que faz um indivíduo que não estuda sistematicamente nenhuma teoria, nem que seja a teoria dos jogos, ou memso teoria aristotélica do silogismo, sei lá. neste aspecto, penso que o jornalista tem uma prática profissional simétrica à do pedagogo: este sabe método mas não sabe em que aplicá-lo, o jornalista sabe a realidade, mas não tem um método que abrigue sua interpretação.
.b. sempre digo que não tem imprensa que pense por mim no Brasil. leio a 'Carta' e a 'ZH' apenas como instrumento para saber 'como eles estão pensando': eles, eu disse "eles". "nós" não temos interlocutores. há poucos instantes, dei uma olhada no site da Monthly Review e quase morri de tristeza. um grande herói do número de outubro do finado Paul Sweeze é Nouriel Roubini, que volta e meia recebe meus acres comentários por aqui.
.c. agora, estes dois dias de discussão podem ser feitos -se isto é possível- tomando cerveja e degustando agulha frita num bar da Av. Caxangá, não é isto?
DdAB

maria da Paz Brasil disse...

...É...pode ser...mas será melhor num barzinho de Olinda.
MdPB