06 dezembro, 2008

Reformas Democráticas

Querido Blog:
A ilustração acima (clique e veja o original que diz não saber se ela é protegida por direitos autorais; caso o seja, convido os detentores a liberá-los) veio-me aos olhos quando procurei no Google Images com a expressão "reformas democráticas" + socialismo. Como sabemos, esta expressão aprendi-a com o Prof. Gerônimo Machado, meu ex-colega da UFSC e lutador indômito pela causa da transformação social. Não li o suficiente no site de origem para saber que diabos é essa "escultura". Pensei em foice-e-martelo, mas também em alguma antena niemayeresca.
Seja como for, falar em "reformas democráticas que conduzam ao socialismo" foi pensada num ambiente diverso do que hoje prende minha compreensão das coisas-do-mundo. Ontem mesmo, praticamente consegui upload a meu Google-Docs o texto que publiquei na revista Economia /da UFSC/ a convite e que intitulei "Crenças, desejos e a luta de classes", editando notas de aula que dei nos cursos de Microeconomia que vendi para o PPGE-PUCRS entre 2005 e 2007.
Ainda no contexto do avanço que tive não apenas por lecionar "Micro" mas também ao orientar a dissertação de Eduardo Grijó, vim a recomendar que substituamos as preocupações com a luta de classes (ricardianamente vista no Bloco B12 da matriz de contabilidade social) pela luta entre instituições (stonianamente vista no Bloco B33).
Isto leva-me a pensar no despreparo dos políticos de esquerda no Brasil e seus assessores econômicos, que são incapazes de identificar exatamente quais são essas reformas. Andei falando em Raul Pont, Paulo Paim e outros. Estes são bons exemplos. Raul é um oposicionista radical, não merecendo uma avaliação séria por parte de homens de boa-vontade. Nenhum desses dois políticos profissionais de extração de esquerda consegue combater os dois grandes inimigos da política:
.a. a obrigatoriedade do voto
.b. a ausência do voto distrital.
Raul quer mancomunar-se com as instituições investidoras (empresas e governo), a fim de -via aceleração do crescimento econômico- gerar emprego. Paim quer, via legislação, aumentar a participação dos trabalhadores no produto nacional. Nenhum deles consegue entender que já chegou a época do abandono das tentativas de regulação do mercado de trabalho (claro que não nego a fiscalização de condições sanitárias, pagamento de férias remuneradas, essas coisas). Seu substituto é o mecanismo da renda básica. Mais ainda:
.a. renda básica mundial já
.b. financiada com o Imposto Tobin e fração da renda de todos os países
.c. banco central mundial já
.c. Brigada Ambiental Mundial já!
O grande problema da própria Gestão Raul Pont na Prefeitura de Porto Alegre, como de resto na de seus antecessores -prefeitura, governo estadual, gabinetes de deputados etc.- é que houve completo aparelhamento do partido, seus membros individuais tornando-se beneficiários do mesmo estilo de administração pública que levou ao descalabro social brasileiro. Que deviam eles ter feito, agora tornando-se claro para mim? Cada repartição pública (e gabinete de vereador, deputado, e por aí vai) deveria ter um Observatório Comunitário, voltando-se ao planejamento (orçamento participativo) e fiscalização (prévia à de tribunais de contas convencionais).
Saudações revolucionárias
DdAB
p.s.: e o empresariado, que não aposta das virtudes do igualitarismo para promover o crescimento, atendo-se a uma visão de curto-prazo, em que -é possível, apenas possível, não é certo- mais concentração gera mais investimento.

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