04 dezembro, 2008

Desigualdade

Querido Blog:

Andei olhando umas passagens do livro "A Câmera Lúcida", de Roland Barthes. Lúcida? "La Chambre Claire", em francês e -em portguês- meu livro desapareceu, o que até hoje provoca-me dor, o que me impede de escrever-lhe o nome dado pelo/a tradutor/a. Pois estas "reflections on photography" sugerem ludicamente que meu livro não era nem francês nem português, mas inglês, um papelzinho jornal ordinariozinho que me fez adquiri-lo na loja Waterhouse da Piccadily Avenue há alguns tempos, quando de minha visita à capital da expansão do capitalismo.
Londres já foi uma cidade extremamente casca-grossa em termos de riqueza, miséria, límpidas pradarias, fétida poluição e tudo o mais. Desigual e combinada, como o é até os dias que correm.

Ainda assim, juro que a foto que nos encima é extraordinariamente subdesenvolvida. Não a investiguei suficientemente, ao ponto de identificar as coordenadas geográficas de quem-de-direito.
A matéria que abriga a foto acima comenta que a desigualdade no Brasil reduziu-se, o que é verdade, se Gini regula. Mas, cá entre nós, um índice de Gini que era, digamos de 0,50 e cai para 0,4999 não merece grandes festejos, a não ser o simbolismo de "mudança de ordem de grandeza". O número absoluto 50% é preocupante e caso de polícia, adequado -penso- a colocar na cadeia todos os políticos com mais de 100 dias de mandato eletivo (ou portaria de nomeação, para os casos dos CCs, esses inimigos públicos n.2, já que os n.1 são mesmo seus patrões).

Barthes tornou-me permeável à fotografia e muito mais que ela, com seu livro -que li, como disse, em português, há alguns anos. O mais incrível da matemática dos universos finitos é que não achei a foto para a seguinte legenda: "Vi os olhos que viram Napoleão". Aliás nem vi a foto, uma falha de memória, no sentido de que -aparentemente- as falhas agora significam adições de impressões sobre eventos inexistentes no -como diria Shakeaspeare- outer world. Ainda assim, queixo-duro que nasci e nutri-me, acho que o problema é com o livreco feito por Cox & Wyman, em Reading, para a Vintage Books, de Londres.
Chega?
DdAB
p.s.: pela primeira vez, esta mensagem entra em dois marcadores: Economia Política e Vida Pessoal. E fala de edifícios edifício vila popular, favela, piscinas por andar quadra de tênis riqueza pobreza desigualdade.

p.s.s. aditado às 18h41min de 9 de setembro de 2017. Neste dia, coloquei coisas relacionadas a esta foto neste mesmo blog. Lá em cima, eu indicava como fonte um site que não tem nada a ver. Acabo de removê-lo. A verdadeira  fonte e parte da história está aqui: http://www.tucavieira.com.br/A-foto-da-favela-de-Paraisopolis.

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