09 janeiro, 2015

Policiais à Paisana


Querido diário:

Há anos li alguns livros de Gladstone Mársico, entre eles o avolumado "Cogumelos de Outono". E penso não ter lido o "Gatos à Paisana", que -se li bem o que dele se fala/falou- aludia a uma turma de interioranos que foi ao restaurante Fasano em Sampa. Era isto? E policiais à paisana? É uma daquelas crases que deixa a gente afrancesada e antigramatical. Meu "à paisana" quer dizer "à moda paisana", à moda não-militar. Então há dois tipos de traje, hoje em dia, o civil e o militar.

Pois bem, o prefeito de Porto Alegre, na página 20 de Zero Hora, sancionou a lei que permite que os policiais à paisana ("sem farda", disse o jornalista Carlos Ismael Moreira) usem os transportes coletivos da cidade sem pagar a tarifa. Lanche grátis, puro lanche grátis.

Mas o que preocupa é a razão que levou à criação desta benesse. No tempo da discussão da lei, ouvi que o principal motivo da medida é impedir que o policial à militar seja identificado como tal pelos senhores assaltantes e o mate. Todos temos direito à vida, até o assaltante, que -comigo- é contrário à pena de morte. Mas o que choca é a institucionalização do reconhecimento que os assaltantes têm o direito legal de assaltar transportes coletivos em Porto Alegre e que a turma é que deve-se camuflar como objeto indefeso (e sem dinheiro, algo assim). Claro que todos queríamos o mesmo benefício, tanto é que:

O presidente da Associação de Cabos e Soldados da Brigada Militar (Abamf), Leonel Lucas, também lamentou os vetos:
-O ladrão não está vendo se a pessoa no ônibus é soldado, sargento ou tenente. Elevê um policial fardado e ponto.

Fiquei pensando no medo que todos cultivamos neste país. Até o jogador da seleção que levou aqueles 7x1 que o dia de ante-ontem homenageou sentou-se num peniquinho (em formato de bola de futebol?), por recusar-se (por razões óbvias) a cobrar um pênalti numa daquelas finais de jogo enervante. Pode?

DdAB
E a imagem veio do site Mercado Livre.

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