queridas/os blogueiras/os:
hoje termino o resumo do artigo "O objeto e método da economia política", citações literais e outras menos, pois os manuscritos que originaram estas três postagems foram notas de aula usadas em 1984.
tudo começou com:
.a. http://19duilio47.blogspot.com/2012/02/oskar-lange-os-prolegomenos.html
e tudo continuou com a Primeira Parte:
e prosseguiu com a Segunda:
.c. http://19duilio47.blogspot.com/2012/02/lange-o-objeto-da-economia-politica-ii.html.
então tá aqui a Terceira:
As Relações de Produção e as Forças Produtivas Sociais
:: as relações de produção ocorrem no processo de trabalho, i. e., no processo de ação do homem sobre a natureza. como são vários homens, dependem da cooperação e divisão do trabalho entre si
(repeti: ao transformar a natureza, o homem também se transforma no processo)
:: forças produtivas: a maneira e os meios empregados pelo homem para agir sobre a natureza no processo de produção, assim como a formação do homem ligada a esta ação
:: forças produtivas sociais: abarcam o conjunto de todos os fatores que determinam a produtividade social do trabalho num dado nível de desenvolvimento histórico da sociedade, envolvendo:
.a. os métodos técnicos de produção
.b. os meios de produção
.c. os instrumentos de trabalho
.d. a experiência e a aptidão dos homens
.e. os próprios homens,
o que nos permite dividir as forças produtivas em: reais e humanas
:: na produção, os homens não atuam somente sobre a natureza, mas também uns sobre os outros
[sobre este ponto, ver a p.38 do livro "Mesoeconomia; lições de contabilidade social - a mensuração do esforço produtivo da sociedade", Porto Alegre: Bookman, 2011. o Quadro 1.1 mostra um esquema envolvendo as afamadas três questões fundamentais da economia, nomeadamente, o que/quanto produzir, como produzir e para quem produzir. diz-se (seguindo Bob Rowthorn e, talvez, milhares de outros, como o próprio Lange está-se credenciando) as duas primeiras referem-se à apropriação da natureza, ao passo que a terceira diz respeito à absorção da produção.]
As Relações de Distribuição e as Relações de Produção
:: as relações de produção dependem do nível histórico das forças produtivas
:: as relações de distribuição dependem das relações de produção: a distribuição se dá de acordo com a participação que os homem exercem no processo social de produção
[não sei quando, vim a perceber que isto não é verdade, nunca foi. para não brincar que as mulheres também têm a ver com a produção, sempe penso nas crianças e velhos, que não produzem, mas absorvem, pois há outros mecanismos que trasformam a distribuição funcional (a ótica do produto na mensuração do valor adicionado) em distribuição secundária (da renda, propriamente); o produto mostra a transferência da renda dos produtores para os {locatários dos} fatores de produção, ao passo que a renda consiste na transferência do recebimento do pagamento pelos serviços dos fatores alugados pelas instituições aos locatários. claro que Lange nunca ouviu falar em matriz de contabilidade social. ou ouviu?, que é o instrumento que deixa clara esta questão. além disto, disse o sr. Chico Buarque lá de uma patroa: "nunca trabalhava então achava a vida linda"; tá cheio de gente nestas condições, por exemplo, os políticos, hehehe].
:: para Marx, a própria distribuição é um produto da produção, pois
.a. só o que é produzido é que pode ser distribuído
.b. a forma de participação na produção determina a forma como o produtor participará na produção.
[tá aí outro que nunca ouviu falar na matriz de contabilidade social; tenho dito por aqui e em outros foros que o que é produzido é aquilo para o que o capitalista acha que tem demanda, deste modo, a absorção é determinada pela distribuição que determina a produção que determina a distribuiçã o que determina a produção que determina três pontinhos; ou seja, o melhor é pensar mesmo que geração-apropriação-absorção é a verdadeira tríade que compõe o verdadeiro fluxo circular da renda {o qual, presumo, não exercia papel explícito na modelagem de Lange ou Marx, mas que estava em suas cabeças privilegiadas}
:: quando mudam as relações de produção, alteram-se por consequência as relações de distribuição [e posso aduzir: e quando mudam as relações de distribuição também mudam as relações de produção; da mesma forma, se nunguém mais usa cartola ou espartilho, muda a produção e a distribuição, com mudança aqui gerando mudança ali, ad eternum].
:: a atitude ativa do homem face à natureza no processo social de produção determina as relações de produção e estas, por sua vez, determinam as relações de distribuição.
[bem, já que entrei na trilha do revisionismo da hagiografia, devo deixar claro que
.a. esta visão é muito "Primeiro Volume", cuja missão foi deixar bem claro que o fetichismo das mercadorias até hoje produz falsa consciência e também que não é um capitalista que explora um trabalhador, mas a classe capitalista em seu conjunto é que explora a classe trabalhadora em seu conjunto
.b. dito isto, começam as mediações. por exemplo, se Marx nunca ouviu falar na matriz de contabilidade social, ele tampouco ouviu falar em falhas de mercado, bens públicos, etc., ainda que tenha falado pilhas sobre a falha de mercado representada pelo poder de monopólio dos grandes capitais, o que já nos está levando para o "Terceiro Volume".
.c. mesmo que o "Segundo Volume" fale em "esfera turbulenta da circulação", depois de tudo resolvido, ficamos com a mudança tecnológica ocorrendo na produção, na organização e na distribuição.]
ok. fim da série de três postagens sobre um artigo de Oskar Lange. em breve, tirarei um tempo para postar notas de aula de outro dos artigos citados na postagem "Prolegômenos".
DdAB
imagem: o que Mauricius Escher e eu estamos querendo dizer é que, se pássaros brancos estão -digamos- indo, e pássaros negros estão -então- vindo, haverá um ponto em que pelo menos um pássaro ou fragmento de pássaro não será nem branco nem preto nem estará indo ou vindo. e que talvez seja impossível desenhar tal ente. levei muitos anos para entender que ficou mais coisa fora dos três volumes do Capital do que neles entrou. levei muitos anos para entender que a "teoria do valor" é apenas uma teoria, uma explicação tentativa sobre certos fragmentos da realidade: ou o pássaro preto ou o branco ou as terras aráveis, ou o bosque, ou a cidade, ou o homem, a mulher e a criança, ou o capitalista e o trabalhador e o rentista, o pensionista, o sinecurista, o inventor e o ator, a empregada doméstica e a ama-de-leite. até a grande máxima "no capitalismo, tudo vira mercadoria, inclusive a honra" veio a ser substituída por mim pelo entendimento de que as transferências de renda entre as instituições (famílias para o governo, por exemplo e alocação do crédito/dinheiro sinalizado pela "poupança" das famílias, do governo e externa) tornam-se cada vez mais importantes, ao longo do desenvolvimento do capitalismo. culminei por começar a alardear -há muitos anos- que o capitalismo acabou há mais de 15 dias.
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