querido blog:
as professorinhas entraram em greve no Rio Grande do Sul. pelo que ouvi dizer, são umas quatro ou cinco, um pouco mais, um movimento que se arrasta como a famosa procissão do ministro Gilberto Gil. esta greve de fim-de-ano é precisamente para prejudicar os alunos que gostariam de ter suas notas, seus conceitos de aprovação, para desfrutarem de férias com seus familiares, como fizeram seus ancestrais por incontáveis gerações. as professorinhas, ou melhor, as lideranças sindicais das professorinhas, deram-se conta de que podem levar as famílias à fúria se não derem as notas, se impedirem seus filhos diletos de se inscreverem para os exames vestibulares, para mudarem de estado ou país, ou cidade, ou escola, bairro, sei lá.
as famílias furiosas, bem devo admitir que ficam, agem de duas maneiras:
.a. não fazem nada
.b. tomam seus rebentos amados e diletos e os encaçapam em escolas alheias à rede pública.
30 anos desta prática no Rio Grande do Sul acabaram de vez com a educação. poderia ter dito: 30 anos de governos escabelados é que fizeram isto. é a mesma coisa. a educação é a causa do mau governo e o governo é a causa da causa de sua estrutural faceirice, o patrimonialismo e toda a sorte de pouca vergonha que faria corar o sr. Bocaccio lá em seu livro decameronesco.
as professorinhas não se deram conta de que escolheram uma forma de luta (luta?) que contribuiu para destruir inapelavelmente a educação e, com ela, a chance de termos políticas decentes. persistir no erro é burrice, e esta negadinha simplesmente faz isto há 30 anos. 30 anos, quando a primeira professorinha da primeira greve já poderia estar aposentada.
ok, ok. por falar em negadinha e aposentadoria, desejo também comentar o que diz o jornal que diz a Dilma. parece que ela não se deu conta de que o problema das finanças públicas federais não é propriamente a longevidade da população mas alguma outra coisa. nesta linha de raciocínio, decidiu-se encaminhar ao congresso nacional, esse invejável local de veraneio, um projeto que equipara as aposentadorias dos funcionários públicos com as do setor privado. claro que isto não é uma medida de benesse, em homenagem aos estrondosos ganhos de produtividade que ocorreram na economia brasileira, digamos, nos últimos 30 anos.
o que se quer é reduzir os proventos da aposentadoria dos funcionários públicos, para que estes alcancem os pagos pelo INSS. pode? claro que o argumento é que tem gente que ganha R$ 30 mil mensais (não era 30 mil por 30 anos, mas batidinhos, mês após mês). e claro que não é legítimo que essa macacada passe o resto da vida ganhando nababescamente e ainda por cima adote o filho ou o neto, para que este siga campeando esta milenar quantida monetária.
meus dois recados:
.a. às professorinhas: garra de trabalhar e usa a cabeça para bolar uma forma de valorizar a educação, tua profissão e larga de fazer um troço que 30 anos mostraram que só serve para dar cobertura a governos estupidificantes.
.b. à presidenta Dilma: garra de abrir mão de diagnósticos estúpidos sobre as finanças públicas. e se for realmente calamitoso pagar pensões de 60 salários mínimos a políticos e correlatos, a solução não é equiparar com o setor privado per se, mas criar um imposto de renda decente neste país. Gini altíssimo com imposto de renda de 27,5%? só no Maranhão, de onde veio a ideia, e no resto deste combalido povo, pois não tem escola.
DdAB
imagem: daqui. simplesmente caí no site do PPS, este partido que faz o justificado orgulho de seus integrantes e seus cargos em comissão. não sei de que prconceito eles falam. eu falei de dois:
.a. nem toda greve é algo que conduz ao socialismo. nem toda professorinha quer destruir a escola.
.b. devemos cuidar das gerações mais novas e das mais velhas. devemos dar-lhes tratamento decente. aula para uns e proventos para a vida digna dos outros.
2 comentários:
Frase da filósofa russo-americana Ayn Rand (judia, fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 1920), pronunciada em 1920, mostrando uma visão com conhecimento de causa:
“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.
è vero, è vero!
DdAB
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