26 novembro, 2011

Vocabulário: enriquecendo o meu

querido blog:
o que não está no vocabulário da gente não está no mundo? às vezes está. por exemplo, tenho um sentimento de afeição a certos sabiás muito peculiar que ainda não recebeu dicionarização (pois ainda não foi nem  gravado, exceto em ligações telefônicas). em outras palavras, este sentimento (bondoso, by the way) é inócuo sob o ponto de vista de enriquecimento lexical do brasileiro (vou tentar não falar em "português"). mas haverá outras palavras, até mesmo termos técnicos, que me fogem ao completo controle.

no caso, trata-se menos de "substantivos", mas de "conceitos". o primeiro, que juro ainda tratar num futuro remoto, é o de paridade do poder de compra e o cálculo do PIB. no outro dia, voltando a olhar as estatísticas de Geary & Khamis (?), percebi que, em 2008, o PIB chinês, mensurado em dólares americanos, era praticamente igual ao dos USA. ou seja, mais dois ou três aninhos e a China seria a primeira economia do mundo, sob o ponto de vista da geração de valor adicionado por unidade de tempo. eu previra há anos que isto, il sorpasso (?), ocorreria em 2012, o ano que não terminou, nem iniciou e outros anunciam que terminará é o mundo...

resumo: nada falarei sobre o que falei. mas falarei sobre tradeables e non-tradeables. também quereria falar sobre stakanovismo. a grafia não batia, mas achei o seguinte na wikipedia italiana: http://it.wikipedia.org/wiki/Stacanovismo. quer olhar? copie e cole.

anti-resumo: e os tradeables? ocorre que tenho calculado que o coeficiente de abertura (exportação/pib) da economia brasileira, em 2008, foi de (chuto agora) 16%. acabo de entender, por dialogação com o prof. Joal de Azambuja Rosa que esta cifra é enganadora, pois devemos considerar no denominador, para certos efeitos analíticos, não o pib propriamente dito, mas apenas a fração de tradeables. no caso, se o pib é 100, as exportações são 16 e se os tradeables são 50 (agropecuária, indústria, alguns transportes, exportação de energia, sei lá), então o coeficiente de abertura A é 32%. e daí?

bem, daí que sempre fui invocado -na condição de neo-heterodoxo- com a fragilidade da economia brasileira ao setor externo, pois o coeficiente foi, digamos, 12% uma boa parte dos últimos 50 anos. e agora entendo um pouco mais: claro que abertura de 1/3 é um monte. claro que qualquer coisa que represente um terço de outra requer cuidados analíticos apenas passíveis de serem administrados por economistas de bom gosto.
DdAB
o gato é daqui. fiquei imaginando o que aconteceria se contratássemos gatos caseiros para fiscalizarem a execução da lei do orçamento. e se aquela estrelinha azul lá dele é a da Chrysler (que, em brasileiro, se pronuncia 'craisler') ou de algum outro destruidor de vidas e poluidor do meio-ambiente.

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