querido blog:
no dia de homenagem aos finados, nada melhor do que pensarmos um pouco sobre o significado de trabalho morto. primeiramente, o que é trabalho vivo? uma abelha, quando faz melzinho para nossa alimentação, trabalha? não, claro. trabalho é requisito fundamental do ser humano. segundo, o ser humano, quando levanta peso, digamos, na academia, ou na estiva, trabalha? não, pois a definição da física diz que trabalho é força x distância (algo assim, se a memória não obliterou este segmento de conhecimentos pré-universitários). como não houve distância (ou seja, deslocamento), não houve trabalho.
trabalho vivo é o que o homem pratica quando se envolve na transformação da natureza (levantar peso, recolher mel ao abelheiro, etc.) em seu benefício.o trabalho vivo pode transformar-se em mercadoria, mesmo nas economias de escambo. mas também podemos conceber a existência de trabalho vivo não envolvido com o mercado: corto minhas próprias unhas, eu mesmo preparo e executo meu banho e certas iguarias (no liquidificador e freezer...). lá nos opúsculos (nunca sei qual deles, o "Salário, preço e lucro", ou o "Trabalho assalariado e capital", Marx deu-se conta de que, anteriormente, confundia "trabalho" com "força de trabalho". no livro de Mesoeconomia, ficou estabelecida uma diferença entre os proprietários dos fatores de produção (a/s instituição/ões família/s). e criou-se a alegoria de que estas selecionam entre seus membros os mais qualificados a alugarem suas habilidades (os serviços do fator trabalho, a capacidade de negociar o aluguel das terras da família com agricultores produtivos, ou as máquinas/ações da família a executivos) aos produtores. ester remuneram (compram as horas de trabalho combinadas) os locatários que pagam as famílias (id est, as instituições familiares) pelo aluguel de tais serviços.
trabalho morto é o trabalho vivo que se acumula na forma de produção de bens de capital. hoje em dia, está bem claro que uma retificadora de motores é uma máquina e outra é o software com que ela controla a maior parte de suas tarefas. a tendência da humanidade é substituir cada vez em maior escala o trabalho vivo pelo trabalho morto. é o hedonismo, é uma lei psicológica. qunto mais trabalho morto para cada unidade de trabalho vivo, maior será a produtividade e, para dada quantidade de produção, menos trabalhadores serão necessários. com menos trabalhadores, há menos gente recebendo os pagamentos pela venda de serviços do fator trabalho. há desigualdade. a desigualdade leva muita gente ao túmulo, pois é sabido que pobre vive menos do que rico. basta conferirmos em nossa visita de hoje ao cemitério. conferirmos? eu não fui e não irei, pelo menos por hoje...
DdAB
imagem: aqui.
p.s.: e, como é feriado, vai uma piadinha mórbida, relacionada com o título da postagem e com o afamado trio revolucionário: Marx, Engels e Lênin. pergunta: qual é o maior túmulo do cemitério de High Gate (Londres, onde Marx está estrelado, desce-se na parada do metrô anterior à deste título)? resposta: o de Marx. pergunta: por quê? resposta: pois é o mais morto! o dia não está para peixe, pois -na fila dos grandes mortos da humanidade, no sentido do esquecimento- não me parece que Marx ocupe qualquer lugar proeminente.
2 comentários:
hahah
A piada não seria bem apreciada por alguns acadêmicos que conheço. Bem, o termo trabalho morto não era conhecido por mim. Mais uma pra coleção.
Abs
DSC
é, Daniel! uns dizem que é melhor perder o/s amigo/s a perder a piada. às vezes acho que vale a pena. sobre o trabalho vivo e morto: um dos melhores artigos que li na vida é
TAUILLE, J. R. Introdução à ecoomis da informação. Ensaios FEE, Vol. 2, No 2 (1982). é só baixar. recomendo fortemente. já não mais sei dizer se aquilo era trabalho de visionário ou puro lugar comum. acho que, em 1982, era pura genialidade mesmo.
DdAB
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