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Querido Blog:
Appaloosa, com Virgil Cole e Everett Hitch, é um bom filme. A imagem que segue é uma das mais comuns no Google Images. Vemos à esquerda o Sr. Hitch e, a sua direita, o Sr. Cole.
Agora temos o Virgil com a Srta. Allison French que talvez falasse francês e certamente tocava piano. Virgil apaixonou-se por ela à primeira vista. Parece que Everett não teve chance de fazê-lo, ou o filme -mesmo narrado por ele, mas como era dirigido por Virgil- não lhe deu espaço.
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Não apenas o sindicato, actually, pois Everett percebe o descontrole do amigo ("amigo?", indagaria o cavalinho acima). Everett, actually, percebeu que a Sra. French afastava inapelavelmente seu amigo (ou melhor, "amigo") de si for good. Contendo-o, Everett não se deu por satisfeito ao ouvir o primeiro "Let go" de Virgil, pois ainda sentia o pulsar do ódio, do desconsolo pelo amor abandonado (id est, Mr. Hitch) e sentimentos inexplicáveis por Ms. French. Seguiu sofrenando-o, até que, já serenado, Virgil disse -agora convincentemente- um segundo "Let go", e Everett largou-o. Largou o amigo, largou o parceiro de intermináveis jornadas, largou a pretensão de viverem casados para sempre. Largando-o separaram-se, ficando apenas pendente o cumprimento de alguns rituais, tudo passando a gravitar em torno do trio Virgil-Allison-Everett.
Naquele momento, ambos sem chapéu, Everett desfrutou do momento erótico mais importante da filmagem, pois esta é a psicanálise cabível ao filme. De minha parte, senti-me credenciado a passar a praticá-la desde que ouvi -ou fingi ter ouvido- dizer que a cena final do filme "Terra em Transe", de Aneci e Glauber Rocha, o.s.l.t., viu epicamente Aneci correr rumo ao mar (que aparentemente não virou sertão), cair, levantar-se tropegamente, seguir correndo e vermos estampado no écran o indefectível e inapelável "The End". E o filme terminou. Anos depois, já em seu apartamento de Paris - Texas, o cronista social Zózimo Amarelo entrevistou Glauber e indagou sobre o significado simbólico da garota invadindo o mar, seria o homem nordestino em busca de seu futuro, da água, da tecnologia de transformar água salgada em água doce.
Glauber teria respondido que não se tratava disto, mas que acabara o celulóide para refazer a cena, pois "[...]", isto é, deu uma explicação interpretativa para o final do filme muito mais prosaica do que este troço de mar virar sertão. Zózimo, inconformado, solicitou auxílio de dois psicólogos cinematográficos que esmolavam na Estação Les Halles e estes disseram-lhe: "Pode ser que ele não tenha pensado nisto conscientemente, mas é isto o que podemos capturar de seu inconsciente, dado o 'lapsus linguae' que acabaste de mencionar." Ou seja, inconsciente também é diretor de cinema. Por isto, entendi que "Appaloosa" é novo filme sobre cowboyzinhos, como teria dito alguém sobre o outro dos dois cauboizinhos, você sabe do que estou falando, não é mesmo?
Descontente com o Sindicato dos Psicanalistas de Filmes, certa vez Oto Peringher indagou sobre o excesso de atos falhos no filme de Valter Murnau: "À interpretação imaginativa também dever-se-ia impor um elenco facilmente definível e enumerável de limites." Murnau teria dito apenas: "Passe o ketchup, bite." Peringher calou-se.
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DdAB
2 comentários:
Nossa, como o tempo passa ... Vi Terra em Transe - dos Glaubers, o que mais gosto - me lembro mais da Danuzza do que da Anecy. Vi Deus e o Diabo, que também é filme de bandido e mocinho. Mas o último "farvest" (como se dizia nas matinês do Cine Castelo) que me lembro de ter assitido numa sala escura, foi Dança com Lobos, no já então quase falecido Cine Capitolio, hoje apenas uma ruina tombada.
Nossa, como o tempo passa!
Milhares de Leitores:
Vi as três sabedorias (horizontal, circular, vertical, paralela e consonantal)no comentário de Ellahe. Vou postar algo a respeito, pois ele é intratável nestes 500 toques mágicos.
DdAB
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