16 março, 2009

Mais Brossardianas

Querido Diário:
Sob o título de "Procurando o PIB", a ilustração do Mr. Lula da Silva, nosso presidente da república eleito e reeleito, para gáudio de... gáudio? Paulo Brossard é um indignado com a sorte do homem. Odiou os dizeres lulianos: que o tsunami financeiro internacional bateria em suas fazendas como marolinha.

Eu olho o que ele escreve, escreveu hoje à p.15 de Zero Hora, sob o título "Mais seriedade". Não li todo seu artigo, por ter-lhe sentido menos seriedade, ainda que menos chá seja impossível mesmo para quem nada ingeriu, como teria alegado Alice Carol. Farei dois pontos, além de evocar a definião de rábula (3. Bras. Indivíduo que advoga sem possuir o diploma.). Claro que não quero impedir de que quem-quer-que-seja advogue ou estude filosofia e economia política, afinal, os livros estão no mundo. E Paulinho da Viola rege que "só eu preciso aprender".

Pois Paulo Brossard começou o artigo pedindo mais seriedade com um exemplo de sua falta: "Não dou muito crédito a previsões, pois o futuro permite hipóteses e fantasias, mas, em determinados setores, a posse de certos elementos pode autorizar previsões razoáveis." Ou seja, quem não dá muito crédito dá algum? Decorrerá de sua afirmação sobre negar muito crédito a possibilidade oferecida pelo futuro de alguém fazer hipóteses e fantasias? Dizque o Dr. Bernardo Ramalho dava o maior crédito possível ao futuro e, ainda assim, fazia fantasias escalafobéticas. Dizque também ele, o Mr. Shaw o.s.l.t., nunca possuiu qualquer elemento que lhe autorizasse a fazer previsões sensatas. Será que Ramalho ou o causídico aposentado sabem que as previsões se dividem em científicas e outras, por exemplo, as astrológicas? Então estaríamos falando em setores do conhecimento humano, como a religião e a astrologia, que autorizam a feitura de previsões razoáveis? "Então, sua besta, já não basta?", cito -de memória- Campos de Carvalho.

Basta? Claro que não, pois lhe lemos logo em linha: "[...] 36,56% do todo produzido no país vinha sendo absorvido pelo fisco." Como diriam Bernardo Ramalho, Campos de Carvalho, Aristóteles, Karl Marx e milhares de outros: "Se gigantes como Aristóteles tropeçam neste tipo de conceito, que dizer de um pigmeu da ciência econômica como o jurista Brossard?" Primeiro e prosaico: seriam mesmo 36,56% ou 36,554% e Brossard -amateur- não sabe que a ABNT manda que o arredondamento de 0,554 seja para menos, pois o último número 5 é seguido de par e ele -Brossard- queria precisão centesimal e não milharesca? Então, Brossard estaria exagerando, por razões retóricas, o avanço do fisco sobre "o todo produzido no país". Mas o todo produzido no país não era -digamos- um cestão de bens e serviços? Então, como é que alguém se apropria de 36,56% de -digamos, por concretudo, supondo que o cestão tenha apenas um gênio que dispensa o que o pedinde requer- um gênio da lâmpada?

Não estaria o jurista confundindo PIB com VBP (gross output, avaliado em quantidades monetáias)? Como se lerá em meu impagável livro de Contabilidade Social (meu, no sentido de "por mim editado") e já se leu em postagens anteriores:
.a. produto é apenas uma das três óticas de cálculo do valor adicionado: produto, renda e despesa
.b. anualmente, a sociedade produz um troço chamado de "valor", medido em quantidades monetárias; despido de "dupla contagem", o valor deixa-nos o valor adicionado, sempre que indagarmos sobre o grau de eficiência no uso dos recursos sociais (caso queiramos indagar outras coisas, haverá conceitos relevantes, como constelação, bacia hidrográfica, números primos e outros...)
.c. invocar o conceito de valor adicionado requer que estejamos abandonando a preocupação com o gênio da lâmpada. Este, claro, não pode ser concebido em duas partes destacáveis, uma com 0,3656 e outra com seu complementar à unidade. Ou temos um gênio inteirinho ou nada temos, como ensinou o Rei Salomão à mãe da criança invejosa, digo, invejosa era a mãe e não sabemos sobre mais atributos infantis que quase levam ao infanticídio.

Então não pode falar que o governo se apropria de qualquer fração da renda? ou do PIB, ou da despesa? Aí, diriam os mergulhadores, deep end, ou melhor, depende. Era valor adicionado? Então -em minha linguagem, designada para eliminar confusões conceituais- o PIB é gerado, a renda é apropriada e a despesa é absorvida. Ou seja, geração, apropriação e absorção constituem fenômenos absolutamente adsitritos à fantasia chamada de valor adicionado, ou seja, VBP menos insumos. Em geral, o VBP é maior que o VAdic. E na Malásia e outros Tigres asiáticos as exportações são maiores do que o PIB! Lembras disto? E como Brossard explicaria? Recorreria ao tsunami, sem dúvida, deixando de lado as explicações nanométricas, especificamente, a dos pigmeus de Bandar, não era isto?

Voltemos. Ao abandonar o valor da produção, vai-se a metáfora: é proibido partir deuses/gênios/fantasias em frações. Docha e episteme, um troço destes, não era isto? Ciência e ficção, ciência e realidade, ideologia e estupidez cegante. Um troço destes.
DdAB

Um comentário:

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

E aquele "lhe apresentavam" lá em cima?
DdAB