querido blog:
esta postagem é a reedição de coisas que enviei por e-mail a quem de direito.
primeiro: sobre minha maneira de pensar. ontem, num almoço social, conversava com minha esposa (epidemiologista) e uma colega dela (psiquiatra) sobre as questões éticas envolvidas no uso da ritalina (remédio crescentemente usado para aumentar o estado de alerta do usuário, pelo que entendi). emendei o assunto para falar sobre a legalização das drogas. já conheço a opinião de minha esposa a respeito, inclusive sua relutância a aceitar que eu fale em "legalização", preferindo outras expressões, como "descriminalização". para mim, esta questão de termos é irrelevante, pois -ao defini-los adequadamente- ficará claro o que quero dizer com "legalização", o que não seria muito diferente de "descriminalização". na verdade, o que me parece relevante para o tema é a liberdade de escolher dos "consenting adults". e o conceito associado de droga recreativa. com estas noções, resta pouco espaço para a proibição. mas há três agentes sociais cuja ampla liberdade de escolha é bloqueada pela sociedade: crianças, criminosos e loucos. no caso, se o indivíduo não é declaro nem criança, nem criminoso nem louco, não vejo razões para proibir o consumo de café, chimarrão, baseados, whisky, e por aí vai.
segundo: um ponto parece evidente sobre a confluência de opiniões. elas e eu queremos reduzir o consumo de drogas, sendo que apenas uma das duas posições é que fará a diferença. ou mantém a repressão e reduz o consumo ou, ao contrário, cria mecanismos legais que favoreçam a redução do consumo. em minha maneira de ver, em 20 anos, as multinacionais do tabaco poderiam adequar-se a políticas governamentais e -encarregadas de comercializar, por exemplo, cocaína- teriam um mercado disciplinado e cadente, como é o caso hoje com o tabaco. trata-se de um interessante caso de uma indústria que tem reduzido a quantidade ofertada de seu produto e, ao mesmo tempo, auferido lucros crescentes. claro que sonho que isto aconteceria com o consumo de cocaína, sem destruir o Brasil (como o fez) ou os Estados Unidos (mais difícil, pois a comunidade é mais robusta do que a nossa).
terceiro: que fazer com os traficantes? em particular os de crack? uma solução é deixar as multinacionais destruí-los. outra é, por outros meios, dar o controle da oferta para, por exemplo, o ministério da saúde (inclusive comprando a droga de empresas legalmente estabelecidas e licenciadas para produzi-las). na califórnia neste preciso momento, há um projeto do deputado Tom Ammiano (http://www.tomammiano.com) buscando criar o monopólio estatal do consumo de maconha. este ponto é interessante para o Brasil: que será de nossas políticas repressivas, se os USA liberalizarem o consumo de drogas (ainda que "leves", como o THC)? por que há gente envolvida no tráfico? a explicação econômica é que eles são atraídos pelos lucros extraordinários que ocorrem nesta indústria. e, se isto é verdade, a causa da possibilidade da realização de ganhos extraordinários é precisamente o risco em que incide quem nela se engaja, precisamente por causa da proibição legal. ou seja, muita gente de "maus bofes" abandonaria a indústria se os lucros fossem cadentes, ou menos bombásticos. e iria tentar "cantar em outra freguesia". sem as drogas, o sistema judiciário teria mais capacidade de lidar com o crime organizado. com elas, ele foi destruído e não há maiores chances de reversão. há dias vi alguém defendendo o fechamento do senado federal, coisa que faço há muito tempo. defendo também a extinção dos estados, unindo o Brasil e quem mais queira em uma federação de municípios e defendo ainda a extinção do poder judiciário, com transferência das atribuições de contribuir para a eficãcia do cumprimento dos arranjos institucionais para o poder executivo (ministério do interior, uma coisa destas).
quarto: e, enfim, chego ao assunto do ingresso controlado de estranhos em nossas residências. acho que não existe saída a curto prazo para as objeções associadas com a falta de interesse dos indivíduos envolvidos nos problemas de coordenação, por exemplo, de um condomínio ou de associação de moradores de um ou outro quarteirão do mesmo bairro.
meu problema é que em meu condomínio foi proibida a entrada de motoboys, entregadores de pizzas, DVDs, remédios e o que mais se sabe, como -talvez- drogas ilegais, armas clandestinas, massagem, fitoterapia, reiki, sei-lá-que-mais. e, instada a pronunciar-se sobre o tema a polícia disse que este é mesmo o melhor procedimento. eu dei uma longa sugestão sobre como usar a comunidade para aperfeiçoar o controle das pizzarias, farmácias etc., por exemplo, requerendo que os motoboys não sejam criminosos evadidos das penitenciárias estaduais.
a entrada destes entregadores nas residências pode estar colocando em perigo os vizinhos. ainda assim, penso que eu mesmo coloco em perigo os vizinhos a cada instante, por exemplo, ao esquecer a frigideira no fogão aceso, ao sobrecarregar tomadas de luz e força com excesso de aparelhos (em meu edifício houve um incêndio associado com este problema). também ao ser sequestrado e ingressar, acompanhado do sr. assaltante, recusando-me a resistir e -assim- salvar a vizinhança de eventuais ameaças.
qual é a chave para não morrermos de tédio com a inação a que este tipo de argumentação (o quarto item) levaria? acho que precisamos definir em quem confiar (por exemplo, em mim) e estabelecer sanções para o caso de eu esquecer a frigideira, para o caso de ingressar no prédio mal-acompanhado, de facilitar a entrada de moto-boys que picham os elevadores, que roubam o jornal do vizinho ou que ingressam na casa dele/vizinho e o assalta. e, delegando a confiança, algum agente social do porte da administração do condomínio, dos vizinhos de casa/de/rua, e por aí vai, devem estabelecer sanções para os infratores (colaboracionistas), para não falar de cobrar das autoridades solução para o problema da impunidade geral com que se defronta hoje a sociedade brasileira.
quinto: que fazer com a pizzaria que não aceita colaborar com a identificação pública de seus trabalhadores? isto já é assunto para cooperação comunidade-estado, por exemplo, informando a Polícia que tal ou qual empresa recusa-se a dar o número da identidade de seus funcionários que ingressarão em ambientes privados. e que fazer com o vizinho que não pede o número da carteira do moto-boy: remeter ao item quatro acima.
sexto: e como organizar esta comunidade brasileira que se vê predada por todos os lados: os oportunistas (empresários destrutivos, os assaltantes) do crime e os oportunistas da política (empresários da política com "funções de preferências que privilegiam o interesse próprio e não o interesse comunitário)? eu gostaria de vê-los banidos, trancafiados em prisões decentes (sem carandirus etc.). e que fazer enquanto meu desejo não se torna realidade?acho que uma saída é a militância que vocês praticam, que -talvez- tenhas aprendido em teu tempo de residência na América. e penso que a justificativa para a militância (que gostaria de iniciar a fazer, estou tentando, com pilhas de limitações, reconheço) poderia ser encontrada em diversos escritos do americano Richard Rorty. teria dito ele que a pessoa que faz o discurso "do bem", mesmo que não acredite nele no momento de proferi-lo, estará criando condições em sua mente para mudar de comportamento. isto mais parece psicanálise do que filosofia, mas -talvez sem ser ignorante em Freud etc.- o que Rorty gostava de dizer é que ele era filósofo da educação.
mas há problemas, de qualquer jeito. por exemplo, todos os políticos elogiam a honestidade, o que não é suficiente, mas se houvesse mais cobrança comunitária, seria mais "lucrativo" para eles a busca de maior coerência entre sua fala e suas ações desonestas.
encerramento: vou tentar editar o material que remeti antes, tuas objeções e minha argumentação e encaminhar ao endereço que recebemos. claro que estarei ainda esperando uns dias para ver tua reação a este. ou seja, meu plano é seguir no plano..., mas o plano contemplava mais do que a ambição de mudar o problema das entregas de moto-boys, pois sem bem que "o inimigo mora ao lado", ou seja, o inimigo sou eu mesmo e os demais vizinhos (de diversas gerações) que não fazemos "vida comunitária".
o tchê, se tu não entendeu o que eu postei acima é porque tu não leu direito? ou porque eu é que não editei direito este e-mail de que falo.
DdAB
p.s.: busquei a ilustração acima com "maconha no edifício" e nada apareceu. mudei para "maconha no prédio" e vieram 21 imagens. selecionei a primeira, nem sei de que se trata, mas acho bem estranho que um país como o Brasil tenha tanta leniência com o crime. parece que o fim-do-mundo não era mesmo o jogo do bicho. outro absurdo esta questão da ilegalidade do jogo. claro: criança, criminoso e louco não poderia frequentar os cassinos. tudo novamente.
30 março, 2009
29 março, 2009
Capitalismo, Socialismo e Teologia
Querido Blog:
Todos sabemos que "Capitalismo, socialismo e democracia" é um livro de Joseph Alois Schumpeter que nunca li nem, provavalmente, lerei. Ainda que eu diga aos meninos de rua que me situo numa franja de pensamento entre neo-estruturalismo, neo-marxismo, neo-austrianismo e novo-liberalismo, meus austríacos não são bem Schumpeter. Pelo sim, pelo não, terei lá algumas simpatias por Hayek e, as such, Friedman, claro que não na parte do apoio à ditadura do Chile.
E que tem a ver capitalismo com socialismo e com teologia? Que tem a ver o touro sagrado, o chifre de ouro, o culto politeísta? Tem que o Mister Leonardo Boff, teólogo, teria dito a Zero Hora, na p.16 do exemplar (nada exemplar, by the way, como seria?) das "Sentenças": "O mito de que o mercado se autorregula se desfez. Quer admitam, quer não, o capitalismo está sendo salvo pelo socialismo."
Pois eu pensei que talvez devesse enviar esta preciosidade a Leonardo Monastério, que distribui o Prêmio Eço, um troço destes, aos rapazes que dizem besteiras, pensando que estão falando de modo razoável em categorias econômicas. Pois bem, vejamos.
Primeiro: talvez há milhares de anos, os economistas de formação precária tenham pensado que o mercado se autorregula. Que quereria dizer isto, porca (vaca?) madonna? Que não há impostos distorcivos? Que não há bens públicos? Que não há mercados ausentes? Que não há bens de mérito e demérito? Que não..., sei lá que mais? Uma estupidez falar que alguém, além, claro de aborígenes de milhões de anos atrás, acredita que algum dia o mercado se autorregulou. O Monsieur Léon Walras, que inventou o modelo de equilíbrio geral, himself, dizia que um mercado concorrencial poderá chegar a um vetor de preços que equilibre todos os mercados simultaneamente. Obviamente, este troço de concorrência perfeita é uma conquista maravilhosa do intelecto humano. Falei "intelecto", entendido? Ou seja, não é realidade. A realidade realmente real não tem concorrência pura, em absoluto. Ergo tampouco estará permitindo que esta modelagem de perfeição seja levada mais a sério do que o levaram Walras, Marx, Leontief, Bródy e milhares de outros.
Segundo: e pior do que este troço de nível informacional de aborígenes. O capitalismo está sendo salvo pelo socialismo. Esta, meu caro amigo, deixou-me mais contrafeito do que quando o Grêmio foi rebaixado. Que será que os teólogos entendem por "capitalismo"? Há vários anos que eu venho espalhando que o capitalismo -formação econômico-social- acabou há mais de 15 dias. Quem não sabe isto é porque não tem levado meu pensamento a sério. Isto permite-me, sem maiores recriminações, negligenciar qualquer átomo de seriedade no pensamento de Leonardo Boff. Como pode um indivíduo humano pensar que o capitalismo não acabou há mais de 15 dias? Pior que isto? Como pode um indivíduo humano pensar que o estado pós-capitalista d'aujourdui, ao regular o funcionamento dos mercados financeiros, seria um lídimo representante do socialismo? Isto leva-nos a confundir socialismo com comunismo, Stálin, Lênin, Golbery do Couto e Silva, Alfredo Stroessner, Evo Morales, Hugo Chavez, essa malta, essa cáfila, e milhares de outros dromedários.
Terei ouvido que precisamos fazer reformas democráticas que conduzam ao socialismo. Ou seja, ainda hão houve um número suficientemente grande de reformas democráticos, tanto é que ainda precisamos delas, ou de uma fração delas, se é que as primeiras já ocorreram. Bem, por exemplo, a proibição do trabalho escravo, claro, é uma delas. Mas o imposto sobre o tabaco, por exemplo, não poderia ser comparada: é estatal, mas nada tem a ver com a sociedade justa. Mas, mais importante do que estes aspectos, o que devemos ter presente é que ainda precisamos de mais discussão para conceituarmos adequadamente "socialismo". Claro que não é bolivarianismo, como nunca de núncaras foi stalinismo.
Abaixo a ditadura! Abaixo as ditaduras, abaixo os ditadores e os dromedários que não se flagram que não deveriam ficar mais de, digamos, 10 anos encastelados no poder. Com frases teológicas como esta é que a vaca foi para o brejo, como ilustra a primeira chamada para "deus-mercado" no Sr. Google Images.
Saudações libertárias.
DdAB
Todos sabemos que "Capitalismo, socialismo e democracia" é um livro de Joseph Alois Schumpeter que nunca li nem, provavalmente, lerei. Ainda que eu diga aos meninos de rua que me situo numa franja de pensamento entre neo-estruturalismo, neo-marxismo, neo-austrianismo e novo-liberalismo, meus austríacos não são bem Schumpeter. Pelo sim, pelo não, terei lá algumas simpatias por Hayek e, as such, Friedman, claro que não na parte do apoio à ditadura do Chile.
E que tem a ver capitalismo com socialismo e com teologia? Que tem a ver o touro sagrado, o chifre de ouro, o culto politeísta? Tem que o Mister Leonardo Boff, teólogo, teria dito a Zero Hora, na p.16 do exemplar (nada exemplar, by the way, como seria?) das "Sentenças": "O mito de que o mercado se autorregula se desfez. Quer admitam, quer não, o capitalismo está sendo salvo pelo socialismo."
Pois eu pensei que talvez devesse enviar esta preciosidade a Leonardo Monastério, que distribui o Prêmio Eço, um troço destes, aos rapazes que dizem besteiras, pensando que estão falando de modo razoável em categorias econômicas. Pois bem, vejamos.
Primeiro: talvez há milhares de anos, os economistas de formação precária tenham pensado que o mercado se autorregula. Que quereria dizer isto, porca (vaca?) madonna? Que não há impostos distorcivos? Que não há bens públicos? Que não há mercados ausentes? Que não há bens de mérito e demérito? Que não..., sei lá que mais? Uma estupidez falar que alguém, além, claro de aborígenes de milhões de anos atrás, acredita que algum dia o mercado se autorregulou. O Monsieur Léon Walras, que inventou o modelo de equilíbrio geral, himself, dizia que um mercado concorrencial poderá chegar a um vetor de preços que equilibre todos os mercados simultaneamente. Obviamente, este troço de concorrência perfeita é uma conquista maravilhosa do intelecto humano. Falei "intelecto", entendido? Ou seja, não é realidade. A realidade realmente real não tem concorrência pura, em absoluto. Ergo tampouco estará permitindo que esta modelagem de perfeição seja levada mais a sério do que o levaram Walras, Marx, Leontief, Bródy e milhares de outros.
Segundo: e pior do que este troço de nível informacional de aborígenes. O capitalismo está sendo salvo pelo socialismo. Esta, meu caro amigo, deixou-me mais contrafeito do que quando o Grêmio foi rebaixado. Que será que os teólogos entendem por "capitalismo"? Há vários anos que eu venho espalhando que o capitalismo -formação econômico-social- acabou há mais de 15 dias. Quem não sabe isto é porque não tem levado meu pensamento a sério. Isto permite-me, sem maiores recriminações, negligenciar qualquer átomo de seriedade no pensamento de Leonardo Boff. Como pode um indivíduo humano pensar que o capitalismo não acabou há mais de 15 dias? Pior que isto? Como pode um indivíduo humano pensar que o estado pós-capitalista d'aujourdui, ao regular o funcionamento dos mercados financeiros, seria um lídimo representante do socialismo? Isto leva-nos a confundir socialismo com comunismo, Stálin, Lênin, Golbery do Couto e Silva, Alfredo Stroessner, Evo Morales, Hugo Chavez, essa malta, essa cáfila, e milhares de outros dromedários.
Terei ouvido que precisamos fazer reformas democráticas que conduzam ao socialismo. Ou seja, ainda hão houve um número suficientemente grande de reformas democráticos, tanto é que ainda precisamos delas, ou de uma fração delas, se é que as primeiras já ocorreram. Bem, por exemplo, a proibição do trabalho escravo, claro, é uma delas. Mas o imposto sobre o tabaco, por exemplo, não poderia ser comparada: é estatal, mas nada tem a ver com a sociedade justa. Mas, mais importante do que estes aspectos, o que devemos ter presente é que ainda precisamos de mais discussão para conceituarmos adequadamente "socialismo". Claro que não é bolivarianismo, como nunca de núncaras foi stalinismo.
Abaixo a ditadura! Abaixo as ditaduras, abaixo os ditadores e os dromedários que não se flagram que não deveriam ficar mais de, digamos, 10 anos encastelados no poder. Com frases teológicas como esta é que a vaca foi para o brejo, como ilustra a primeira chamada para "deus-mercado" no Sr. Google Images.
Saudações libertárias.
DdAB
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Economia Política
28 março, 2009
O Cachorro Também é um Ser Humano
Querido Blog:
Não sei bem o que é este troço acima que ilustra minha breve postagem de hoje. Selecionei-o (o troço) por levar-me a pensar que é o interior de uma nave espacial que despacharemos daqui a alguns séculos em busca do infinito que, até lá, terá sido fotografado em um blog do sistema. Naquele tempo, todos seremos felizes mas, principalmente, não mais trabalharemos, pois tudo o que hoje chamamos de trabalho será feito por máquinas. A exemplo dos ricos da atual geração (e algumas outras pretéritas, umas 1.000, pelo menos), passaremos a achar a vida linda, pois vamos apenas fazer arte e praticar esporte. E cada um terá a obrigação social de escrever um ou dois blogs.
E isto lá é economia política? E que tem a ver com a frase lapidar do Sr. Ministro do Trabalho do Governo Collor de Mello? Era um sindicalista. Disse que seu cachorro merecia ser tratado a filé de boi mole, um troço destes. Hoje li em Carta Capital de ante-ontem que o atual ministro do trabalho aproveitou o Febeapá (lembra dele?) e disse que: "Acredito que a reação do mercado, a diminuição das demissões e o aumento do salário mínimo serão determinantes para que a geração de empregos se recupere mais ainda no próximo mês."
Eu pensei: que troço é este de dizer que o salário mínimo aumentado determina a geração de empregos? É louco o ministro? É criminoso, como todos os demais políticos? E, pior do que isto, outra ministra, desta vez nossa candidata a presidente da república, disse -segundo Zero Hora, you know...- que a atual crise financeira mundial é ainda mais séria do que a de 1929. Eu pensei: talvez ainda me candidate a presidente da Sociedade de Economia, pois ouve-se cada uma nos dias que correm. Por falar em correr, esta postagem corre para o fim.
DdAB
Não sei bem o que é este troço acima que ilustra minha breve postagem de hoje. Selecionei-o (o troço) por levar-me a pensar que é o interior de uma nave espacial que despacharemos daqui a alguns séculos em busca do infinito que, até lá, terá sido fotografado em um blog do sistema. Naquele tempo, todos seremos felizes mas, principalmente, não mais trabalharemos, pois tudo o que hoje chamamos de trabalho será feito por máquinas. A exemplo dos ricos da atual geração (e algumas outras pretéritas, umas 1.000, pelo menos), passaremos a achar a vida linda, pois vamos apenas fazer arte e praticar esporte. E cada um terá a obrigação social de escrever um ou dois blogs.
E isto lá é economia política? E que tem a ver com a frase lapidar do Sr. Ministro do Trabalho do Governo Collor de Mello? Era um sindicalista. Disse que seu cachorro merecia ser tratado a filé de boi mole, um troço destes. Hoje li em Carta Capital de ante-ontem que o atual ministro do trabalho aproveitou o Febeapá (lembra dele?) e disse que: "Acredito que a reação do mercado, a diminuição das demissões e o aumento do salário mínimo serão determinantes para que a geração de empregos se recupere mais ainda no próximo mês."
Eu pensei: que troço é este de dizer que o salário mínimo aumentado determina a geração de empregos? É louco o ministro? É criminoso, como todos os demais políticos? E, pior do que isto, outra ministra, desta vez nossa candidata a presidente da república, disse -segundo Zero Hora, you know...- que a atual crise financeira mundial é ainda mais séria do que a de 1929. Eu pensei: talvez ainda me candidate a presidente da Sociedade de Economia, pois ouve-se cada uma nos dias que correm. Por falar em correr, esta postagem corre para o fim.
DdAB
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Economia Política
27 março, 2009
Bolsa Família e Renda Básica
Querido Blog:
Sigo com o assunto da relação entre a renda básica e sua incipiente introdução no Brasil, com o que temos chamado de bolsa-família. São já 11 milhões de famílias atingidas, no bom sentido, no sentido de terem um dinheirinho (isto é, MV, estoque de moeda vezes a velicidade de circulação) para gastar no que bem entendem (dada a restrição que lhes é interposta pelos preços das mercadorias que desejarem adquirir).
Na condição de poeta -que inegavelmente alguns me consideram-, tomei a licença poética de reproduzir por aqui como pude da charge de Iotti, de Zero Hora de 25/mar/2009. Sobre ela, fiz a postagem correspondente no dia correspondente. Por coincidência, recebi de meu colega Jesiel de Marco Gomes (como podemos ver em meu site, lá há um registro de seu nome, apontando a maravilhosa coincidência de que seu primeiro nome Jesiel rima com Duilio, no sentido de terem ambos os nomes seis letras. Depois, ambos temos "de". Avila rima com Marco, ou seja, ambos temos cinco letras depois do "de" e finalmente Bêrni associa-se maravilhosamente com Gômes, não é?) um e-mail que ora transcrevo e que é o mote da postagem. Não juro, mas presumo que o autor é Antônio Cardoso Neto, e pelo que sigo presumindo é "gente como a gente", o que -acredito- haveria de levá-lo a ver com benevolência o uso que vou estar dando (gerundivamente) a seu texto. Diz ele, o texto (que editei ligeiramente):
Hoje de manhã, vi uma entrevista com Dilma Roussef no Bom Dia Brasil. O assunto era o lançamento do programa do governo de construção de um milhão de casas para as famílias que mais precisam. Trata-se de um programa de grande alcance social, que vai possibilitar que 13% das pessoas mais pobres que não têm onde morar possam por fim ter uma casa. Mas voltemos ao Bom Dia Brasil. Dilma estava espremida entre [dois jornalistas. Um deles,] pegou a cartilha do programa, na qual há a foto de uma casa ao fundo e uma típica e sorridente família brasileira de baixa renda, composta de marido, mulher e quarto filhos. Daí [o jornalista recém citado] mostrou a capa da revista para a câmera e perguntou a Dilma se ela não achava que o governo estava fazendo um desserviço à nação ao sugerir que as famílias tenham quatro filhos, se negando a promover o planejamento familiar [...].
Já que é o dia de citar amigos, cito Leonardo Monastério e começo endereçando comentários à questão final do texto que acabo de transcrever, editadamente, educadamente, presumo. Um dia, falei para ele que um pacote interessante de políticas econômicas voltadas à promoção da sociedade justa (na linha da definição de John Rawls e seu desdobramento trabalhado por David Harvey) também deveria preocupar-se com o crescimento populacional que parece estar acima da capacidade de carregamento do planeta. Se não está, estará, dizia eu. Ele, Leonardo, disse-me apenas que a melhor política econômica destinada a equilibrar a demografia é a própria: eleva a renda e -como ilustram as experiências modernas- a taxa demográfica cede. Eu pensei que esta visão é muito poderosa, pois permite evadirmos diversos problemas de caráter normativo, substituindo pelo objeto final da questão, ou seja, redistribuição.
Ou seja, quem luta pela sociedade igualitária -ao vê-la vencedora- também verá a estabilização do crescimento demográfico, ao lado de outras variáveis-finalidade do sistema econômico, como a promoção da maior liberdade possível a cada indivíduo ou da felicidade nacional bruta. Rawls, meu chapa, nem precisamos falar em Bentham. LeoMon, na verdade, não é lá tão igualitarista quanto eu, penso. Ele que desminta, se for o caso. Mas Rawls não é tudo. Tem Harvey.
O conceito de sociedade justa de David Harvey requer a adesão aos seguintes princípios:
1. Desigualdade intrínseca: todos têm direito ao produto, independentemente da contribuição
2. Critério de avaliação dos bens e serviços: valorização em termos de oferta e demanda
3. Necessidade: todos têm direito a igual benefício
4. Direitos herdados: reivindicações relativas à propriedade herdada devem ser relativizadas, pois, por exemplo, o nascimento em uma família abastada pode ser atribuído apenas à sorte
5. Mérito: a reivindicação associa-se ao mérito; e.g., mineiro e cirurgião querem maior recompensa [do que deputado e senador]
6. Contribuição ao bem-comum: quem mais beneficia aos outros pode clamar por mais recompensa
7. Contribuição produtiva atual: quem gera mais resultado do que quem gera menos ganha mais
8. Esforços e sacrifícios: quanto maior o esforço, maior a recompensa.
Eu podia ter parado no primeiro princípio: todos têm direito a alguma fração do valor adicionado. Ou, em outras palavras, todos têm direito a uma cesta de consumo que lhes possibilite existência decente. Isto, a meu ver, quer dizer simplesmente: renda básica da cidadania. Ou seja, a partir de certa idade (nascimento? se for este o caso, o valor da bolsa deve ser guardado na caderneta de poupança do nascituro? maioridade?), um dinheirinho começa a pingar na conta de quem-quer-que-seja. Para evitar o uso oportunístico da expansão da prole, claro, o rendimento do indivíduo menor de idade poderia ser-lhe devotado na forma de criação de um fundo de lançamento empresarial, quando este alcançasse a maior idade (24 anos?).
Ou seja, o programa Bolsa Família é uma maravilha, mas apenas no caso de uma sociedade que sequer poderia pensar em "dar dinheiro para os pobres", se não a sociedade, todos os deputados e senadores e -cá entre nós- jornalistas e outros agentes sociais um tanto encafifados com a possibilidade de que o ganhador da renda básica passe o dia na frente da TV comendo batata frita em pacote. Em minha maneira de ver o mundo, Lula é o maior político da história do Brasil, pois entendeu que não poderia falar em cumprir a Lei Suplicy, mas o Desvio-Cristóvão seria bem-vindo. Afinal, é melhor meter o filho na escola do que levá-lo a pedir troco no sinal. Inclusive porque não há sinaleiras para todos...
Deste modo, a explosão demográfica tem dois inimigos devidamente catalogados:
.a. a renda criada pela sociedade via Banco Central, ou seja, MV = Y (onde Y = PQ, P é o nível geral de preços e Q é a renda real), que simplesmente vai matando a criança. Assim o fez em tudo quanto é lugar conhecido; não seria o nordeste, o noroeste gaúcho, o Bairro Passoca (em Floripa, com seus lajeanos?) a contrariar tão forte determinismo econômico, mais forte do que a atração gravitacional, como terei dito há alguns dias...
.b. a renda básica, que retira qualquer associação entre o número de filhos ee os rendimentos familiares originários de transferências governamentais. Por meio deste mecanismo, cada um escolherá o número de filhos atendendo a determinantes alheios ao oportunismo.
Que diria eu a Iotti? Isto, o problema das cinco criancinhas da casa guenza que acima vemos será o de não viverem tão bem quanto outra família cujos rendimentos também se derivem exclusivamente da renda básica e que tem apenas um casalzinho de filhinhos. E mandá-los à Disneilândia, meu chapa? Apenas se papai e mamãe conseguirem complementar os rendimentos que lhes seriam garantidos desde a maioridade (falei 24 anos, ou seja, maioridade etária e não legal, que tem neguinho, filho de político, ganhando a maioridade legal e financeira até 24 anos antes do nascimento, os famosos 10% - para o leite das crianças).
Haveria dinheiro para todos? O espantoso é que, se a sociedade decidisse gastar em bobagens 80% do valor adicionado, sobrariam 20% para pagar uma renda básica de R$ 500 a cada um dos 80 milhões de brasileiros em idade economicamente ativa. Lula, Vavá, Severino, Alexandre, Jenniffer, Jefferson, Vas-ingue-ton, Daiana, Daiane, Camila, Elizabete Regina, Doroty Malone Moreira da Silva, essa turma toda. Que faria eu com meus opíparos proventos da aposentadoria (também transferências muito do consideradas por deputados e senadores também aposentados)? Não sei se interessa tanto ao leitor, mas digamos que eu poderia usá-los para abater o benefício do imposto de renda incidente sobre o restante de meus proventos, um troço destes, de modo que não precisaria dar a Mamón o que não é de Deus, sei lá...
Tu entendeu, tchê? Bye now!
DdAB
Sigo com o assunto da relação entre a renda básica e sua incipiente introdução no Brasil, com o que temos chamado de bolsa-família. São já 11 milhões de famílias atingidas, no bom sentido, no sentido de terem um dinheirinho (isto é, MV, estoque de moeda vezes a velicidade de circulação) para gastar no que bem entendem (dada a restrição que lhes é interposta pelos preços das mercadorias que desejarem adquirir).
Na condição de poeta -que inegavelmente alguns me consideram-, tomei a licença poética de reproduzir por aqui como pude da charge de Iotti, de Zero Hora de 25/mar/2009. Sobre ela, fiz a postagem correspondente no dia correspondente. Por coincidência, recebi de meu colega Jesiel de Marco Gomes (como podemos ver em meu site, lá há um registro de seu nome, apontando a maravilhosa coincidência de que seu primeiro nome Jesiel rima com Duilio, no sentido de terem ambos os nomes seis letras. Depois, ambos temos "de". Avila rima com Marco, ou seja, ambos temos cinco letras depois do "de" e finalmente Bêrni associa-se maravilhosamente com Gômes, não é?) um e-mail que ora transcrevo e que é o mote da postagem. Não juro, mas presumo que o autor é Antônio Cardoso Neto, e pelo que sigo presumindo é "gente como a gente", o que -acredito- haveria de levá-lo a ver com benevolência o uso que vou estar dando (gerundivamente) a seu texto. Diz ele, o texto (que editei ligeiramente):
Hoje de manhã, vi uma entrevista com Dilma Roussef no Bom Dia Brasil. O assunto era o lançamento do programa do governo de construção de um milhão de casas para as famílias que mais precisam. Trata-se de um programa de grande alcance social, que vai possibilitar que 13% das pessoas mais pobres que não têm onde morar possam por fim ter uma casa. Mas voltemos ao Bom Dia Brasil. Dilma estava espremida entre [dois jornalistas. Um deles,] pegou a cartilha do programa, na qual há a foto de uma casa ao fundo e uma típica e sorridente família brasileira de baixa renda, composta de marido, mulher e quarto filhos. Daí [o jornalista recém citado] mostrou a capa da revista para a câmera e perguntou a Dilma se ela não achava que o governo estava fazendo um desserviço à nação ao sugerir que as famílias tenham quatro filhos, se negando a promover o planejamento familiar [...].
Já que é o dia de citar amigos, cito Leonardo Monastério e começo endereçando comentários à questão final do texto que acabo de transcrever, editadamente, educadamente, presumo. Um dia, falei para ele que um pacote interessante de políticas econômicas voltadas à promoção da sociedade justa (na linha da definição de John Rawls e seu desdobramento trabalhado por David Harvey) também deveria preocupar-se com o crescimento populacional que parece estar acima da capacidade de carregamento do planeta. Se não está, estará, dizia eu. Ele, Leonardo, disse-me apenas que a melhor política econômica destinada a equilibrar a demografia é a própria: eleva a renda e -como ilustram as experiências modernas- a taxa demográfica cede. Eu pensei que esta visão é muito poderosa, pois permite evadirmos diversos problemas de caráter normativo, substituindo pelo objeto final da questão, ou seja, redistribuição.
Ou seja, quem luta pela sociedade igualitária -ao vê-la vencedora- também verá a estabilização do crescimento demográfico, ao lado de outras variáveis-finalidade do sistema econômico, como a promoção da maior liberdade possível a cada indivíduo ou da felicidade nacional bruta. Rawls, meu chapa, nem precisamos falar em Bentham. LeoMon, na verdade, não é lá tão igualitarista quanto eu, penso. Ele que desminta, se for o caso. Mas Rawls não é tudo. Tem Harvey.
O conceito de sociedade justa de David Harvey requer a adesão aos seguintes princípios:
1. Desigualdade intrínseca: todos têm direito ao produto, independentemente da contribuição
2. Critério de avaliação dos bens e serviços: valorização em termos de oferta e demanda
3. Necessidade: todos têm direito a igual benefício
4. Direitos herdados: reivindicações relativas à propriedade herdada devem ser relativizadas, pois, por exemplo, o nascimento em uma família abastada pode ser atribuído apenas à sorte
5. Mérito: a reivindicação associa-se ao mérito; e.g., mineiro e cirurgião querem maior recompensa [do que deputado e senador]
6. Contribuição ao bem-comum: quem mais beneficia aos outros pode clamar por mais recompensa
7. Contribuição produtiva atual: quem gera mais resultado do que quem gera menos ganha mais
8. Esforços e sacrifícios: quanto maior o esforço, maior a recompensa.
Eu podia ter parado no primeiro princípio: todos têm direito a alguma fração do valor adicionado. Ou, em outras palavras, todos têm direito a uma cesta de consumo que lhes possibilite existência decente. Isto, a meu ver, quer dizer simplesmente: renda básica da cidadania. Ou seja, a partir de certa idade (nascimento? se for este o caso, o valor da bolsa deve ser guardado na caderneta de poupança do nascituro? maioridade?), um dinheirinho começa a pingar na conta de quem-quer-que-seja. Para evitar o uso oportunístico da expansão da prole, claro, o rendimento do indivíduo menor de idade poderia ser-lhe devotado na forma de criação de um fundo de lançamento empresarial, quando este alcançasse a maior idade (24 anos?).
Ou seja, o programa Bolsa Família é uma maravilha, mas apenas no caso de uma sociedade que sequer poderia pensar em "dar dinheiro para os pobres", se não a sociedade, todos os deputados e senadores e -cá entre nós- jornalistas e outros agentes sociais um tanto encafifados com a possibilidade de que o ganhador da renda básica passe o dia na frente da TV comendo batata frita em pacote. Em minha maneira de ver o mundo, Lula é o maior político da história do Brasil, pois entendeu que não poderia falar em cumprir a Lei Suplicy, mas o Desvio-Cristóvão seria bem-vindo. Afinal, é melhor meter o filho na escola do que levá-lo a pedir troco no sinal. Inclusive porque não há sinaleiras para todos...
Deste modo, a explosão demográfica tem dois inimigos devidamente catalogados:
.a. a renda criada pela sociedade via Banco Central, ou seja, MV = Y (onde Y = PQ, P é o nível geral de preços e Q é a renda real), que simplesmente vai matando a criança. Assim o fez em tudo quanto é lugar conhecido; não seria o nordeste, o noroeste gaúcho, o Bairro Passoca (em Floripa, com seus lajeanos?) a contrariar tão forte determinismo econômico, mais forte do que a atração gravitacional, como terei dito há alguns dias...
.b. a renda básica, que retira qualquer associação entre o número de filhos ee os rendimentos familiares originários de transferências governamentais. Por meio deste mecanismo, cada um escolherá o número de filhos atendendo a determinantes alheios ao oportunismo.
Que diria eu a Iotti? Isto, o problema das cinco criancinhas da casa guenza que acima vemos será o de não viverem tão bem quanto outra família cujos rendimentos também se derivem exclusivamente da renda básica e que tem apenas um casalzinho de filhinhos. E mandá-los à Disneilândia, meu chapa? Apenas se papai e mamãe conseguirem complementar os rendimentos que lhes seriam garantidos desde a maioridade (falei 24 anos, ou seja, maioridade etária e não legal, que tem neguinho, filho de político, ganhando a maioridade legal e financeira até 24 anos antes do nascimento, os famosos 10% - para o leite das crianças).
Haveria dinheiro para todos? O espantoso é que, se a sociedade decidisse gastar em bobagens 80% do valor adicionado, sobrariam 20% para pagar uma renda básica de R$ 500 a cada um dos 80 milhões de brasileiros em idade economicamente ativa. Lula, Vavá, Severino, Alexandre, Jenniffer, Jefferson, Vas-ingue-ton, Daiana, Daiane, Camila, Elizabete Regina, Doroty Malone Moreira da Silva, essa turma toda. Que faria eu com meus opíparos proventos da aposentadoria (também transferências muito do consideradas por deputados e senadores também aposentados)? Não sei se interessa tanto ao leitor, mas digamos que eu poderia usá-los para abater o benefício do imposto de renda incidente sobre o restante de meus proventos, um troço destes, de modo que não precisaria dar a Mamón o que não é de Deus, sei lá...
Tu entendeu, tchê? Bye now!
DdAB
Marcadores:
Economia Política
25 março, 2009
Bolsas para Senhoras de Crocodilo
Ilustríssimo Senhor Blog:
Procurei no Sr. Google Images, entre aspas, o título da postagem de hoje. Em minha infância, falava-se que o rádio falava em "sapatos para senhoras de crocodilo", uma raridade naqueles anos 1950s. Lembrei-me disto ao ler -eu que quase nunca leio a Sra. Lurdete Ertel, na ZH de ontem (p.20), pois não a acho inspirada- o que segue: "Os animais foram comprados pela Angus Trading, responsável pela exportação, ao longo do último mês, de diversos pecuaristas da região sul do estado." Exportação de pecuaristas? Senhoras de crocodilo? Divertido.
Por falar em divertir-me lendo Zero Hora, sempre tenho maravilhosas horas de entretenimento com as charges de Iotti e sua tira (que leio invariavelmente day after day). Mas hoje vi a charge sobre política com uma mensagem que me levou a lançar um protesto, escrevendo-lhe. Liguei sapatos de crocodilo com bolsas de crocodilo e a bolsa família. Ele não se deu por achado, ou melhor, sendo achado por meu e-mail, respondeu no ato (com ligeira edição minha):
Caro Prof. PHD Duilio! Ma che spetacolo. Foi a melhor análise de uma charge minha em os todos tempos. Parabéns! iotti
Eu não vou deixar por isto e responder-lhe-ei: "O Tchê Iotti, tu diz isto para todas?" Vejamos, amanhã, o que ele diz, se ele diz ou não se desdiz. E que diálogo foi este? É que escrevi o que segue:
caro Iotti:
depois de dar muitas gargalhadas e mesmo sentir-me vingado contra baixarias da política a partir de tuas charges, vejo-me profundamente contrariado com a da p.17 da Zero Hora de hoje ("11 milhões recebem Bolsa Família"). eu descreveria assim: parcas cores, sol inclemente, chão carente de água, mãe de olhos luminosos portando um pacotinho minúsculo, cinco crianças enfileiradas expressando emoções benévolas, casebre guenzo e cactus como manifestação singular de área verde circundando o "ninho de amor". [[omiti da mensagem a ele mas ao reler agora vejo que, sem o resto das legendas, o que segue não faz sentido. lá a mãe daquela peonada dizia: "Aprender a pescar pra quê?!!"]].
escrevo para passar informação (sumária) sobre um movimento mundial (muito mais amplo do que o que hoje existe no brasil) chamado de "renda básica mundial". (ver www.basicincome.org). no brasil, este movimento vem sendo defendido pelo Sen. Eduardo Suplicy (não sem lá -naturalmente- seus vacilos...). muitos associam a importância do movimento atual a outros, como a abolição da escravatura e o voto feminino. [[Adendo: a lei 10835 de 8/jan/2004 - de iniciativa do senador - que instituiu a renda básica da cidadania pode ser examinada ao se clicar aqui]].
por que o homem não pode ser escravo? por que a mulher tem que votar? claro que são respostas arbitrárias, pois a verdade é que a humanidade viveu a maior parte de sua história com escravidão e sem eleições. de modo análogo, por que o homem não pode ter renda que lhe é transferida por seus co-cidadãos? quem foi que disse que "quem não trabalha não come?" as criancinhas do Bairro Bela-Vista em Porto Alegre, se bem entendo, não trabalham e comem refeições exemplares. os avós dessas criancinhas, do Bairro Higienópolis, tampouco trabalham e -sim- comem. por fim, nem todo o adulto em idade economicamente ativa trabalha, pois "vive de rendas". quem disse que estas formas de transferência do excedente social é que são as corretas? por que não democratizar o acesso ao excedente econômico, tornando uma parte deste independente do acesso ao mercado de trabalho e aos rendimentos da terra ou do capital?
por fim, há muito adulto que não trabalha porque não consegue emprego. os estudiosos dos mercdos de trabalho têm razões para acreditar que, nestes, haverá permanentes excedentes de oferta, ou seja, o desemprego será um fenômeno eternamente associado ao próprio funcionamento do mercado de trabalho. em outras palavras, não haverá emprego para todos, nem amanhã, nem nunca, como nunca houve, desde que o mercado de trabalho passou a exercer papel maiúsculo na distribuição do excedente social (isto é, há uns 200-300 anos). de minha parte, tenho razões para crer que, lançado ao desemprego durante um bom (mau) período, o homem perderá sua compostura e poderá enveredar por uma senda sem retorno, no rumo da doença.
meus cálculos -tão espantosos que agora mesmo vou revê-los para pensar que não estou incidindo numa burrada homérica- dizem que, no brasil, caso cada brasileiro em idade economicamente ativa (isto é, 80 milhões de pessoas) ganhassem R$ 500 por mês, ainda sobrariam 80% do PIB para serem distribuídos em outras formas de remuneração. por exemplo, maiores incentivos a empresários inovadores, a cidadãos que se destacam em outras esferas que não a produtiva (sacerdotes, artistas, sabe-se lá que mais). R$ 500 é muito mais do que hoje se pensa em "bolsa família".
a própria charge mostra bem os limites das oportunidades de lazer daquelas cinco crianças acompanhadas de sua santa mãe. vejo um terreno arenoso, diferente dos jardins de casinhas, talvez, desenhadas pelas próprias crianças, se escola tivessem (teriam escola as de teu desenho?). esta fábula de "ensinar a pescar" não foi criada por um educador, posso assegurar-te, pois já ouvi dizer que uma criança sem escola (como as de teu desenho?) não sabem distinguir um tubo de cola de uma fruta. quem não come peixe (ou o que seja) tampouco presta atenção nas aulas, quem não toma banho não pode sentar ao lado de outra criancinha na sala de aula etc..
creio que existe um erro sério de compreensão de alguns conceitos econômicos centrais entre os divulgadores do "ensinar a pescar". eles implicitamente estariam dizendo que é necessário que alguém (o governo?) faça gastos de outra natureza (penitenciárias? escolas? restaurantes populares? BNH?) que não o pagamento da renda básica. outros ainda dizem que o governo deve gastar é incentivando a criação de novos empregos, o que geraria renda para a mãe das cinco criancinhas do desenho e, com a renda, ela -mãe- poderia colocar seus filhos no posto de vacinação, na escola, no restaurante, evitando o consumo de crack etc..
ainda há duas tecnicalidades. primeira: gastar 20% da renda nacional em transferências não impede que 100% da despesa nacional seja feita em outras formas de gasto (que, por definição, não são renda, mas despesa propriamente). em segundo lugar: não podemos pensar que o brasil de hoje (nem, talvez, qualquer outro país do mundo) terá capacidade de retirar de sua despesa nacional um montante de dinheiro para investimento que garanta a criação de empresas que gerariam emprego a todos os indivíduos em idade ativa que hoje detêm empregos precários (hoje 22 milhões de brasileiros, ou seja, talvez os mesmos 11 milhões que recebem a bolsa família mais 11 milhões que sequer poderão saber da existência deste mecanismo redistributivo, ou estarem dedicados a negócios escusos que sequer dela precisam).
imagina a carinha de felicidade daquelas cinco criancinhas de teu desenho se a mãezinha delas tivesse dentro de sua parca sacolinha o correspondente em R$ 500 em bens e serviços de outra natureza, como educação, alimentos adequados, essas coisas. minha sugestão para pensares é um programa de três pontos, com indisfarçáveis contornos budistas:
.a. três horas de aula diárias (para manter a mente quieta)
.b. três horas de ginástica diárias (para manter a coluna ereta)
.c. três horas de trabalho comunitário diárias (para manter o coração tranquilo)
tudo isto a ser feito na organização comunitária que chamaremos de Brigada Ambiental Mundial.
de onde vem o financiamento para este programa planetário de renda básica?
.a. da criação do Banco Central Mundial
.b. da cobrança por este de 5% do PIB de todos os países do mundo
.c. da cobrança do imposto de Tobim, um valor de 0,5% de cada transferência de fundos financeiros de um país a outro.
abraços do
DdAB
renda básica mundial
renda básica da cidadania
bolsa família
brigada ambiental mundial
serviço municipal
Procurei no Sr. Google Images, entre aspas, o título da postagem de hoje. Em minha infância, falava-se que o rádio falava em "sapatos para senhoras de crocodilo", uma raridade naqueles anos 1950s. Lembrei-me disto ao ler -eu que quase nunca leio a Sra. Lurdete Ertel, na ZH de ontem (p.20), pois não a acho inspirada- o que segue: "Os animais foram comprados pela Angus Trading, responsável pela exportação, ao longo do último mês, de diversos pecuaristas da região sul do estado." Exportação de pecuaristas? Senhoras de crocodilo? Divertido.
Por falar em divertir-me lendo Zero Hora, sempre tenho maravilhosas horas de entretenimento com as charges de Iotti e sua tira (que leio invariavelmente day after day). Mas hoje vi a charge sobre política com uma mensagem que me levou a lançar um protesto, escrevendo-lhe. Liguei sapatos de crocodilo com bolsas de crocodilo e a bolsa família. Ele não se deu por achado, ou melhor, sendo achado por meu e-mail, respondeu no ato (com ligeira edição minha):
Caro Prof. PHD Duilio! Ma che spetacolo. Foi a melhor análise de uma charge minha em os todos tempos. Parabéns! iotti
Eu não vou deixar por isto e responder-lhe-ei: "O Tchê Iotti, tu diz isto para todas?" Vejamos, amanhã, o que ele diz, se ele diz ou não se desdiz. E que diálogo foi este? É que escrevi o que segue:
caro Iotti:
depois de dar muitas gargalhadas e mesmo sentir-me vingado contra baixarias da política a partir de tuas charges, vejo-me profundamente contrariado com a da p.17 da Zero Hora de hoje ("11 milhões recebem Bolsa Família"). eu descreveria assim: parcas cores, sol inclemente, chão carente de água, mãe de olhos luminosos portando um pacotinho minúsculo, cinco crianças enfileiradas expressando emoções benévolas, casebre guenzo e cactus como manifestação singular de área verde circundando o "ninho de amor". [[omiti da mensagem a ele mas ao reler agora vejo que, sem o resto das legendas, o que segue não faz sentido. lá a mãe daquela peonada dizia: "Aprender a pescar pra quê?!!"]].
escrevo para passar informação (sumária) sobre um movimento mundial (muito mais amplo do que o que hoje existe no brasil) chamado de "renda básica mundial". (ver www.basicincome.org). no brasil, este movimento vem sendo defendido pelo Sen. Eduardo Suplicy (não sem lá -naturalmente- seus vacilos...). muitos associam a importância do movimento atual a outros, como a abolição da escravatura e o voto feminino. [[Adendo: a lei 10835 de 8/jan/2004 - de iniciativa do senador - que instituiu a renda básica da cidadania pode ser examinada ao se clicar aqui]].
por que o homem não pode ser escravo? por que a mulher tem que votar? claro que são respostas arbitrárias, pois a verdade é que a humanidade viveu a maior parte de sua história com escravidão e sem eleições. de modo análogo, por que o homem não pode ter renda que lhe é transferida por seus co-cidadãos? quem foi que disse que "quem não trabalha não come?" as criancinhas do Bairro Bela-Vista em Porto Alegre, se bem entendo, não trabalham e comem refeições exemplares. os avós dessas criancinhas, do Bairro Higienópolis, tampouco trabalham e -sim- comem. por fim, nem todo o adulto em idade economicamente ativa trabalha, pois "vive de rendas". quem disse que estas formas de transferência do excedente social é que são as corretas? por que não democratizar o acesso ao excedente econômico, tornando uma parte deste independente do acesso ao mercado de trabalho e aos rendimentos da terra ou do capital?
por fim, há muito adulto que não trabalha porque não consegue emprego. os estudiosos dos mercdos de trabalho têm razões para acreditar que, nestes, haverá permanentes excedentes de oferta, ou seja, o desemprego será um fenômeno eternamente associado ao próprio funcionamento do mercado de trabalho. em outras palavras, não haverá emprego para todos, nem amanhã, nem nunca, como nunca houve, desde que o mercado de trabalho passou a exercer papel maiúsculo na distribuição do excedente social (isto é, há uns 200-300 anos). de minha parte, tenho razões para crer que, lançado ao desemprego durante um bom (mau) período, o homem perderá sua compostura e poderá enveredar por uma senda sem retorno, no rumo da doença.
meus cálculos -tão espantosos que agora mesmo vou revê-los para pensar que não estou incidindo numa burrada homérica- dizem que, no brasil, caso cada brasileiro em idade economicamente ativa (isto é, 80 milhões de pessoas) ganhassem R$ 500 por mês, ainda sobrariam 80% do PIB para serem distribuídos em outras formas de remuneração. por exemplo, maiores incentivos a empresários inovadores, a cidadãos que se destacam em outras esferas que não a produtiva (sacerdotes, artistas, sabe-se lá que mais). R$ 500 é muito mais do que hoje se pensa em "bolsa família".
a própria charge mostra bem os limites das oportunidades de lazer daquelas cinco crianças acompanhadas de sua santa mãe. vejo um terreno arenoso, diferente dos jardins de casinhas, talvez, desenhadas pelas próprias crianças, se escola tivessem (teriam escola as de teu desenho?). esta fábula de "ensinar a pescar" não foi criada por um educador, posso assegurar-te, pois já ouvi dizer que uma criança sem escola (como as de teu desenho?) não sabem distinguir um tubo de cola de uma fruta. quem não come peixe (ou o que seja) tampouco presta atenção nas aulas, quem não toma banho não pode sentar ao lado de outra criancinha na sala de aula etc..
creio que existe um erro sério de compreensão de alguns conceitos econômicos centrais entre os divulgadores do "ensinar a pescar". eles implicitamente estariam dizendo que é necessário que alguém (o governo?) faça gastos de outra natureza (penitenciárias? escolas? restaurantes populares? BNH?) que não o pagamento da renda básica. outros ainda dizem que o governo deve gastar é incentivando a criação de novos empregos, o que geraria renda para a mãe das cinco criancinhas do desenho e, com a renda, ela -mãe- poderia colocar seus filhos no posto de vacinação, na escola, no restaurante, evitando o consumo de crack etc..
ainda há duas tecnicalidades. primeira: gastar 20% da renda nacional em transferências não impede que 100% da despesa nacional seja feita em outras formas de gasto (que, por definição, não são renda, mas despesa propriamente). em segundo lugar: não podemos pensar que o brasil de hoje (nem, talvez, qualquer outro país do mundo) terá capacidade de retirar de sua despesa nacional um montante de dinheiro para investimento que garanta a criação de empresas que gerariam emprego a todos os indivíduos em idade ativa que hoje detêm empregos precários (hoje 22 milhões de brasileiros, ou seja, talvez os mesmos 11 milhões que recebem a bolsa família mais 11 milhões que sequer poderão saber da existência deste mecanismo redistributivo, ou estarem dedicados a negócios escusos que sequer dela precisam).
imagina a carinha de felicidade daquelas cinco criancinhas de teu desenho se a mãezinha delas tivesse dentro de sua parca sacolinha o correspondente em R$ 500 em bens e serviços de outra natureza, como educação, alimentos adequados, essas coisas. minha sugestão para pensares é um programa de três pontos, com indisfarçáveis contornos budistas:
.a. três horas de aula diárias (para manter a mente quieta)
.b. três horas de ginástica diárias (para manter a coluna ereta)
.c. três horas de trabalho comunitário diárias (para manter o coração tranquilo)
tudo isto a ser feito na organização comunitária que chamaremos de Brigada Ambiental Mundial.
de onde vem o financiamento para este programa planetário de renda básica?
.a. da criação do Banco Central Mundial
.b. da cobrança por este de 5% do PIB de todos os países do mundo
.c. da cobrança do imposto de Tobim, um valor de 0,5% de cada transferência de fundos financeiros de um país a outro.
abraços do
DdAB
renda básica mundial
renda básica da cidadania
bolsa família
brigada ambiental mundial
serviço municipal
Marcadores:
Economia Política
24 março, 2009
MACONHA E CAPITAL
Querido Blog:
O momento é solene! Vemos na imagem do Sr. Images uma folha de maconha, ou sua representação digital, pegando fogo. O cânhamo ((cf. Aurelião, S. m. 1. Bot. Planta herbácea da família das canabidáceas [Cannabis sativa (v. cânabis)] , amplamente cultivada em muitas partes do mundo. As folhas são finamente recortadas em segmentos lineares; as flores, unissexuais e inconspícuas, têm pêlos granulosos que, nas femininas, segregam uma resina; o caule possui fibras industrialmente importantes, conhecidas como cânhamo; e a resina tem propriedades estupefacientes (v. maconha e haxixe). [Sin.: cânave, cânhamo-da-índia e maconha.] 2. Fibra, fio ou tecido de cânhamo. 3. Bot. Designação comum a várias plantas têxteis. )) já foi uma indústria de respeito.
Algum empresário destrutivo (ou seja, ladrão, ou seja, político) deu-se conta de que poderia fazer ganhos extraordinários com sua proibição. E nasceu a mais florescente indústria do final do século XX: a das drogas. On the other hand, como diria Tom Ammiano, na p.19 da Carta Capital de 25/mar/2009, há um artigo de Walter Fanganiello Maierovitch epigrafado -o artigo- com o título "A utilidade da ONU". Fala da ONU, claro, mas também chamou-me a atenção para algumas coisas relacionadas com drogas. Vai lá:
.a. "Na semana passada,em Viena, reuniu-se a Comissão de Narcotráficos (da ONU) para debater políticas sobre o fenômeno das drogas, matéria regida pela vetusta Convenção de Nova York de 1961, que consagra a falida war on drugs. O encontro foi inócuo. Nada mudou, apesar da falência da linha proibicionista, crominalizante e militarizada. Por incrível, repetiu-se a fantasiosa fixação de prazo para colocar termo aos problemas relativos às drogas proibidas. Explicando melhor: em 1961, na Convenção de Nova York, foi fixado o prazo de 25 anos para a erradicação de cultivos ilícitos, a contar de 1964. O prazo terminou em 1989, com aumentos da produção, oferta e demanda."
.b. "No encerramento do encontro da referida Comissão de Narcóticos da ONU, não se abdicou da tradição. E com mais dez anos contarão os Estados membros para liquidar com os malefícios causados pelas drogas proibidas. Enquanto isso, e diante da crise financeira da Califórnia, o deputado Tom Ammiano apresentou um projeto legislativo para tirar o etsado do buraco e levar aos cofres públioc, todos os anos 1,3 bilhão de dólares. O projeto contempla o monopólio estatal para a venda de maconha, com otabelamento do preço do cigarro canábido a 1 dólar norte-americano."
1,3 bilhões de baseados? Para uma população de 36.553.215 pessoas, a estimativa é de um consumo per capita de praticamente 10 baseados por dia, o que -a meu ver- baseia-se numa função de demanda com parâmetros exageradamente superestimados.
Buscando "Tom Ammiano" e "marijuana", encontrei 41.500 registros no Google Search. A página do deputado é: http://www.tomammiano.com/, onde lemos:
"Supervisor Tom Ammiano is a long-time San Francisco Democratic leader who has served the city nearly three decades as a teacher, civil rights leader, educator and Supervisor. [...] A strong advocate for schools, health care and civil rights, Tom has been at the forefront of reform in San Francisco. Today, his campaign for State Assembly, 13th Assembly District, is uniting the city behind his strong leadership for change in California."
Ao olhar sua foto no site, não pude evitar de pensar no recente filme que conta a história de Harvey Milk, o divino lider gay que, no tempo em que os animais passaram a ganhar direitos, começou a campanha para os gays serem tratados com dignidade. Teria dito ele, ou algum outro, "um homem gay é, primeiramente, um homem; uma mulher gay é, primeiramente, uma mulher". E que dizer de "um homem maconheiro"? Será que o homem não tem direito a praticar ações que decorrem de suas crenças? Será que a sexualidade humana deve ser submetida a tabus que transcendam a noção dos "consenting adults"? E será que Richar Layard estará errado ao dizer que devemos pensar no conceito de "consumo recreativo de drogas".
Precisa mais? Então pesquise: http://www.salon.com/news/feature/2009/03/03/legalize_marijuana/: March 3, 2009 | Can Californians help dig themselves out of their historic fiscal crisis by getting high? Tom Ammiano thinks so, and he isn't smoking a thing. [...]
On Feb. 23, the California State Assembly member introduced legislation that would regulate the cultivation and sale of marijuana, and then tax it. By legalizing pot, the San Francisco lawmaker argues, the state could reap huge new revenues. Currently pot is California's biggest cash crop, with annual sales reaching $14 billion. Vegetables, the state's second hottest agricultural product, take in a mere $5.7 billion. And California's famous grapes? A piddling $2.6 billion.
Federal law preempts a lot of things we've done in California, anyway -- domestic partners, gay marriage, the medical use of marijuana. Certainly the Obama administration has been telegraphing they'd like to revisit the failed war on drugs. New Attorney General Eric Holder just issued an edict: No more raids on medical marijuana dispensers. And, man, if that doesn't reinforce what I have been saying, I don't know what does. Of course, everyone likes to be in the position of saying, "See, I told you I was right."
Acho que o Brasil não tem, infelizmente, estofo moral e jurídico para encaminhar uma solução decente ao problema. Mas creio que o conceito de consumption rooms poderia ter enorme eficácia para acabar com o crime mais banal, como o induzido pelo crack. Transações de R$ 50,00 ou menos causas tragédias familiares as mais aterrorizantes. Ainda assim, atrevo-me a sonhar que a união estado-mercado possa trazer solução mais eficaz para reduzir o consumo e principalmente o crime associado à indústria das drogas.
Tu compreendeu? Maconha não é para crianças, criminosos ou loucos, agentes sociais cuja autonomia para fazerem escolhas é severamente barrada pela sociedade. Se neguinho tem uma mente inquieta, e mesmo assim insistir em meter-se com álcool e outras drogas, trancafia ele na cadeia, pois só pode ser criança, criminoso ou louco, o que é comprovado pela sabedoria asinina embutida em sua decisão e na inquebrantável vontade de manter-se viciado, uma tristeza. Consumo recreativo é uma coisa, como o de polenta, mas neguinho começa a comer polenta como burro come azevém, então vira burro, gordo e dá atestado de que não sabe a diferensa entre diferença e ser indiferente.
DdAB
O momento é solene! Vemos na imagem do Sr. Images uma folha de maconha, ou sua representação digital, pegando fogo. O cânhamo ((cf. Aurelião, S. m. 1. Bot. Planta herbácea da família das canabidáceas [Cannabis sativa (v. cânabis)] , amplamente cultivada em muitas partes do mundo. As folhas são finamente recortadas em segmentos lineares; as flores, unissexuais e inconspícuas, têm pêlos granulosos que, nas femininas, segregam uma resina; o caule possui fibras industrialmente importantes, conhecidas como cânhamo; e a resina tem propriedades estupefacientes (v. maconha e haxixe). [Sin.: cânave, cânhamo-da-índia e maconha.] 2. Fibra, fio ou tecido de cânhamo. 3. Bot. Designação comum a várias plantas têxteis. )) já foi uma indústria de respeito.
Algum empresário destrutivo (ou seja, ladrão, ou seja, político) deu-se conta de que poderia fazer ganhos extraordinários com sua proibição. E nasceu a mais florescente indústria do final do século XX: a das drogas. On the other hand, como diria Tom Ammiano, na p.19 da Carta Capital de 25/mar/2009, há um artigo de Walter Fanganiello Maierovitch epigrafado -o artigo- com o título "A utilidade da ONU". Fala da ONU, claro, mas também chamou-me a atenção para algumas coisas relacionadas com drogas. Vai lá:
.a. "Na semana passada,em Viena, reuniu-se a Comissão de Narcotráficos (da ONU) para debater políticas sobre o fenômeno das drogas, matéria regida pela vetusta Convenção de Nova York de 1961, que consagra a falida war on drugs. O encontro foi inócuo. Nada mudou, apesar da falência da linha proibicionista, crominalizante e militarizada. Por incrível, repetiu-se a fantasiosa fixação de prazo para colocar termo aos problemas relativos às drogas proibidas. Explicando melhor: em 1961, na Convenção de Nova York, foi fixado o prazo de 25 anos para a erradicação de cultivos ilícitos, a contar de 1964. O prazo terminou em 1989, com aumentos da produção, oferta e demanda."
.b. "No encerramento do encontro da referida Comissão de Narcóticos da ONU, não se abdicou da tradição. E com mais dez anos contarão os Estados membros para liquidar com os malefícios causados pelas drogas proibidas. Enquanto isso, e diante da crise financeira da Califórnia, o deputado Tom Ammiano apresentou um projeto legislativo para tirar o etsado do buraco e levar aos cofres públioc, todos os anos 1,3 bilhão de dólares. O projeto contempla o monopólio estatal para a venda de maconha, com otabelamento do preço do cigarro canábido a 1 dólar norte-americano."
1,3 bilhões de baseados? Para uma população de 36.553.215 pessoas, a estimativa é de um consumo per capita de praticamente 10 baseados por dia, o que -a meu ver- baseia-se numa função de demanda com parâmetros exageradamente superestimados.
Buscando "Tom Ammiano" e "marijuana", encontrei 41.500 registros no Google Search. A página do deputado é: http://www.tomammiano.com/, onde lemos:
"Supervisor Tom Ammiano is a long-time San Francisco Democratic leader who has served the city nearly three decades as a teacher, civil rights leader, educator and Supervisor. [...] A strong advocate for schools, health care and civil rights, Tom has been at the forefront of reform in San Francisco. Today, his campaign for State Assembly, 13th Assembly District, is uniting the city behind his strong leadership for change in California."
Ao olhar sua foto no site, não pude evitar de pensar no recente filme que conta a história de Harvey Milk, o divino lider gay que, no tempo em que os animais passaram a ganhar direitos, começou a campanha para os gays serem tratados com dignidade. Teria dito ele, ou algum outro, "um homem gay é, primeiramente, um homem; uma mulher gay é, primeiramente, uma mulher". E que dizer de "um homem maconheiro"? Será que o homem não tem direito a praticar ações que decorrem de suas crenças? Será que a sexualidade humana deve ser submetida a tabus que transcendam a noção dos "consenting adults"? E será que Richar Layard estará errado ao dizer que devemos pensar no conceito de "consumo recreativo de drogas".
Precisa mais? Então pesquise: http://www.salon.com/news/feature/2009/03/03/legalize_marijuana/: March 3, 2009 | Can Californians help dig themselves out of their historic fiscal crisis by getting high? Tom Ammiano thinks so, and he isn't smoking a thing. [...]
On Feb. 23, the California State Assembly member introduced legislation that would regulate the cultivation and sale of marijuana, and then tax it. By legalizing pot, the San Francisco lawmaker argues, the state could reap huge new revenues. Currently pot is California's biggest cash crop, with annual sales reaching $14 billion. Vegetables, the state's second hottest agricultural product, take in a mere $5.7 billion. And California's famous grapes? A piddling $2.6 billion.
Federal law preempts a lot of things we've done in California, anyway -- domestic partners, gay marriage, the medical use of marijuana. Certainly the Obama administration has been telegraphing they'd like to revisit the failed war on drugs. New Attorney General Eric Holder just issued an edict: No more raids on medical marijuana dispensers. And, man, if that doesn't reinforce what I have been saying, I don't know what does. Of course, everyone likes to be in the position of saying, "See, I told you I was right."
Acho que o Brasil não tem, infelizmente, estofo moral e jurídico para encaminhar uma solução decente ao problema. Mas creio que o conceito de consumption rooms poderia ter enorme eficácia para acabar com o crime mais banal, como o induzido pelo crack. Transações de R$ 50,00 ou menos causas tragédias familiares as mais aterrorizantes. Ainda assim, atrevo-me a sonhar que a união estado-mercado possa trazer solução mais eficaz para reduzir o consumo e principalmente o crime associado à indústria das drogas.
Tu compreendeu? Maconha não é para crianças, criminosos ou loucos, agentes sociais cuja autonomia para fazerem escolhas é severamente barrada pela sociedade. Se neguinho tem uma mente inquieta, e mesmo assim insistir em meter-se com álcool e outras drogas, trancafia ele na cadeia, pois só pode ser criança, criminoso ou louco, o que é comprovado pela sabedoria asinina embutida em sua decisão e na inquebrantável vontade de manter-se viciado, uma tristeza. Consumo recreativo é uma coisa, como o de polenta, mas neguinho começa a comer polenta como burro come azevém, então vira burro, gordo e dá atestado de que não sabe a diferensa entre diferença e ser indiferente.
DdAB
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Economia Política
23 março, 2009
Velhas antinomias, um paradoxo e estranhas declarações
Querido Blog:
não pesquisei muito ao buscar ilustração para "antinomia", a postagem de hoje. segue-se logicamente que a seguinte informação quase prescreve: no dia 7 de março de 2009, um sábado, como sempre, cláudio moreno escreveu sua crônica na qual constou meu nome...
sua coluna "O Prazer das Palavras" desse dia intitulou-se "Caxangá, o retorno". Como sabemos, ele falara sobre Caxangá umas semanas atrás e eu não apenas tentara meter-me no assunto como também publiquei aqui mais considerações. por que "o retorno"? porque, creio, inspirou-se no poema "O Motorneiro de Caxangá", com suas idas e vindas. e como este título foi parar no universo de idéias com que ele trabalhava na ocasião? no segundo parágrafo da crônica da semana, temos uma pista: "Agradeço aos [intelectuais do porte de um DdAB] que escreveram para lembrar a carreira literária do vocábulo, que figura nos poemas O Motorneiro de Caxangá, de João Cabral de Melo Neto (mencionado por Duilio Bêrni) e Evocação de Recife, de Manuel Bandeira (mencionado por Moacir Xavier)."
e o que me fez falar nisto? primeiro: a antinomia que, um tanto livremente, surgiu-me à mente quando vim fazer a postagem. eu estava pensando em que escrever, e lembrei-me de uma antinomia maravilhosa que fiz há dias, mas esqueci... e semanas atrás li outra ainda mais maravilhosa de Jorge Luiz Borges. creio que a primeira com que tomei contato (depois das primeiras que apenas tangenciaram meu -então- frágil intelecto) foi a de Bertrand Russel (ou era seu acolherado Alfred Whitehead?) é a do barbeiro:
.a. tem uma aldeia com um barbeiro que barbeia a todos os que não se barbeiam. quem barbeia o barbeiro?
pensamento de Ernestina de Tal: cara, se neguinho está com a barba por fazer, o barbeiro a fará, mas se ele é o barbeiro que só faz a barba de terceiros, o barbeiro não se barbeará. ou ele é imberbe ou muita barba é braba!
agora lembrei: a primeira primeiríssima, já aos quase 40 anos de idade (que os 39 anteriores passei-os um tanto distraído...). de Rubem Alves:
.b.1. a frase abaixo é falsa
.b.2. a frase acima é verdadeira. pensamento de Tiago de Tal: cara, tu quer me deixar louco?
vez de Jorge Luiz Borges:
c. para ingressar na ordem dos feiticeiros, o candidato precisa saber, por antecipação, se vai ser aprovado ou reprovado no teste pertinente. um curandeirinho metidinho a sabidinho, querendo desmafaguifizar a reputação dos julgadores diz que será reprovado.
pensamento de Telmo de Tal: bueno, se os neguinhos reprovam ele, então ele acertou no teste e deve ser aprovado. e como aprovar um carinha que jurou que seria reprovado? só bebendo...
o que não é 100% antinomia, de autoria de Lewis Carroll:
.d. já vi muito gato sem sorriso, mas sorriso sem gato é a mais extraordinária imagem que vejo na vida.
pensamento de DdAB: este troço é muito mais profundo do que posso imaginar.
epa. agora lembrei algo parecido com isto de Lewis Carroll, que causou certo stress na mãe de um grande amigo dos tempos oxfordianos:
.e. nada disseram sobre a anulação da defesa de minha tese e, consequentemente, de meu título de doutor.
pensamento da Sra. Severina de Melo: este cara só pode ter colado!
famosa antinomia da televisão:
.f. esta noite sonhei que jantei fora com a Bruna Lombardi novamente.
pensamento de Jesus Gonzáles, conhecido pão-duro de Cacheira do Sul: e quem pagou?
autor desconhecido, inspirado em Russell:
.g. macaco, quando está doente, não faz a própria barba.
pensamento de Simão Perez: e quando não está doente?
pensamento mais ligado à econometria:
.h. se tem forte correlação e se precede, então é porque causa.
pensamento de DdAB: nunca entendi se tem que ter esta vírgula antes do "então".
beijos
.d.
não pesquisei muito ao buscar ilustração para "antinomia", a postagem de hoje. segue-se logicamente que a seguinte informação quase prescreve: no dia 7 de março de 2009, um sábado, como sempre, cláudio moreno escreveu sua crônica na qual constou meu nome...
sua coluna "O Prazer das Palavras" desse dia intitulou-se "Caxangá, o retorno". Como sabemos, ele falara sobre Caxangá umas semanas atrás e eu não apenas tentara meter-me no assunto como também publiquei aqui mais considerações. por que "o retorno"? porque, creio, inspirou-se no poema "O Motorneiro de Caxangá", com suas idas e vindas. e como este título foi parar no universo de idéias com que ele trabalhava na ocasião? no segundo parágrafo da crônica da semana, temos uma pista: "Agradeço aos [intelectuais do porte de um DdAB] que escreveram para lembrar a carreira literária do vocábulo, que figura nos poemas O Motorneiro de Caxangá, de João Cabral de Melo Neto (mencionado por Duilio Bêrni) e Evocação de Recife, de Manuel Bandeira (mencionado por Moacir Xavier)."
e o que me fez falar nisto? primeiro: a antinomia que, um tanto livremente, surgiu-me à mente quando vim fazer a postagem. eu estava pensando em que escrever, e lembrei-me de uma antinomia maravilhosa que fiz há dias, mas esqueci... e semanas atrás li outra ainda mais maravilhosa de Jorge Luiz Borges. creio que a primeira com que tomei contato (depois das primeiras que apenas tangenciaram meu -então- frágil intelecto) foi a de Bertrand Russel (ou era seu acolherado Alfred Whitehead?) é a do barbeiro:
.a. tem uma aldeia com um barbeiro que barbeia a todos os que não se barbeiam. quem barbeia o barbeiro?
pensamento de Ernestina de Tal: cara, se neguinho está com a barba por fazer, o barbeiro a fará, mas se ele é o barbeiro que só faz a barba de terceiros, o barbeiro não se barbeará. ou ele é imberbe ou muita barba é braba!
agora lembrei: a primeira primeiríssima, já aos quase 40 anos de idade (que os 39 anteriores passei-os um tanto distraído...). de Rubem Alves:
.b.1. a frase abaixo é falsa
.b.2. a frase acima é verdadeira. pensamento de Tiago de Tal: cara, tu quer me deixar louco?
vez de Jorge Luiz Borges:
c. para ingressar na ordem dos feiticeiros, o candidato precisa saber, por antecipação, se vai ser aprovado ou reprovado no teste pertinente. um curandeirinho metidinho a sabidinho, querendo desmafaguifizar a reputação dos julgadores diz que será reprovado.
pensamento de Telmo de Tal: bueno, se os neguinhos reprovam ele, então ele acertou no teste e deve ser aprovado. e como aprovar um carinha que jurou que seria reprovado? só bebendo...
o que não é 100% antinomia, de autoria de Lewis Carroll:
.d. já vi muito gato sem sorriso, mas sorriso sem gato é a mais extraordinária imagem que vejo na vida.
pensamento de DdAB: este troço é muito mais profundo do que posso imaginar.
epa. agora lembrei algo parecido com isto de Lewis Carroll, que causou certo stress na mãe de um grande amigo dos tempos oxfordianos:
.e. nada disseram sobre a anulação da defesa de minha tese e, consequentemente, de meu título de doutor.
pensamento da Sra. Severina de Melo: este cara só pode ter colado!
famosa antinomia da televisão:
.f. esta noite sonhei que jantei fora com a Bruna Lombardi novamente.
pensamento de Jesus Gonzáles, conhecido pão-duro de Cacheira do Sul: e quem pagou?
autor desconhecido, inspirado em Russell:
.g. macaco, quando está doente, não faz a própria barba.
pensamento de Simão Perez: e quando não está doente?
pensamento mais ligado à econometria:
.h. se tem forte correlação e se precede, então é porque causa.
pensamento de DdAB: nunca entendi se tem que ter esta vírgula antes do "então".
beijos
.d.
21 março, 2009
Aristóteles, Marx, Durkheim e o economista
Querido Blog:
Dizque Émile Durkhein (15/abr/1858-15/nov/1917) ditou o seguinte, o que foi entendido por um comentador (mui distinto) deste blog como contendo "[...] elogios [...] à classe dos economistas, em seu "Curso de Ciências Sociais - Lição de Abertura" (1888)". A ilustração acima veio do Google Images quando pedi: "Durkheim". Achei-a simplesinha para explicar o que é um complicado modelo de equilíbrio geral de um sistema aberto.
Esse Sr. Ellahe tem cada uma... Diriam os costureiros de antanho: "É muito pano para pouca manga". Os economistas mais expostos à galhofa achamos vários pontos ("é muito nó para pouco ponto") a comentar, o que nos força (a mim e a meus digitadores) a seguir ponto-a-ponto, desde noé:
1. Diz Émile:
Os economistas foram os primeiros a proclamar que as leis sociais são tão necessárias como as leis da física e a fazer desse axioma a base de uma ciência. Para eles, é tão impossível que a concorrência, pouco a pouco, não nivele os preços e o valor das mercadorias não aumente quando a população cresce, como os corpos não caírem na vertical, os raios luminosos não se refractarem quando atravessam meios de desidade desigual.
2. Diz DdAB:
O sobrenome Durkheim para um francês parece-me elegante vingança para o uso do sobrenome Laspeyres por alemães, para não falar dos prenomes aculturados e importados (ver Étienne Laspeyres, 28/nov/1834-4/ago/1913, o velhinho dos somatórios de p0q0). Dito isto, tentarei dizer algo mais inspirado.
Se o mundo se divide mesmo, como quereria Teeteto, entre necessidades e contingências, e -ainda mais- se as leis da física são necessárias, então as leis da economia também o são, pois ambas são ciências empíricas. Se os fenômenos que a ciência física e a ciênica econômica buscam entender são igualmente contingentes (um universo com apenas 14 bilhões de anos, uma curva de demanda negativamente inclinada), então estamos no mesmo barco.
Se falamos em "se", se...remos forçados a falar em Friedman, Milton. Disse-nos ele: não interessam as premissas, mas apenas as explicações e previsões, pois o modelo funciona "como se" elas -premissas- fossem verdadeiras. Mas não falemos em "verdade". A soma dos ângulos internos de um triângulo tem 180 graus só porque eu quero, o ângulo ferve a 90 graus só porque eu quero, o círculo gira a um binômio cheiro-cor de 360 graus só porque eu quero, e assim por diante. Alguns desses desejos são mais relevantes para algum fim relevante do que outros.
Constatarmos que o universo tem apenas 14 bilhões de anos é uma conquista importante do intelecto humano e -claro- poderia ser diferente. Constarmos que os bens "bem-comportados" têm curvas de demanda negativamente inclinadas é outra, que também poderia ser diferente. Creio que os limites para ambas as proposições residem na mesma lei da física, se bem enumero, a terceira lei da termodinâmica.
Teria havido, depois da necessidade de expansão de um pontinho chamado de "Big Bang", ou sei lá de quê, parece que algumas outras manifestações de necessidades, encordoadas -diriam os integrantes da fieira de carangueijos- a partir dele -Big Bang. Claro que os macacos têm cinco dedos em cada mão e pé por pura contingência, mas tendo-os -nas mão e nos pé- lá eles, nós, seus diletos descendentes temos -necessariamente- essa quantida de digitadores. Falei de Friedman, falta falar de Darwin e da turminha da economia evolucionária, inclusive o sacrossanto Mr. Samuel Bowles, a mais preciosa pérola da evolução do cérebro humano em todos os tempos. Uma necessidade que foge às contingências que perpassam -inclusive- o próprio Big Bang. Ou seja, desconheço o tanto que Durkheim deve ao pensamento evolucionista, ou -em outros termos- desconheço a medida em que os conceitos centrais de "mudanças incrementais e sucessivas" terão influenciado seu pensamento.
Ok, neste caso, é claro que nem todos puderam pensar em tudo. Por exemplo, do parágrafo acima, destaco e analiso:
3. Diz ele:
é tão impossível que a concorrência, pouco a pouco, não nivele os preços e o valor das mercadorias não aumente quando a população cresce, como os corpos não caírem na vertical,
4. Digo eu: o velhinho está errado. Mesmo gigantes como Aristóteles marcaram suas bobeiras. Nada de errado com bobeiras. Mas Ari e Mile estão apenas parcialmente errados:
.a. de fato existe uma lei irrevogável que obriga os preços a serem nivelados (unless haja outra lei ainda mais irrevogável que o impede o nivelamento, por exemplo, o poder de monopólio)
.b. however o valor das mercadorias independe absolutamente do crescimento da população; inté podemos pensá o contrário: quando a população aumenta, o progresso tecnológico é impulsionado por -digamos- leis inexoráveis. Mais progresso tecnológico exige maior ganho de produtividade, o que -inexoravelmente- derrubará os preços. Ou seja, esta maneira de ver a ação da lei do valor e a relação entre valores e preços -que nunca foi capturada adequadamente por gigantes como Harry Stotles e Karl Henrich Marx- escapou -como o burro prá cima da lavoura de azevém- de nosso Émile. Em resumo, se houver uma peneira ou um troço destes, os corpos dos grão de feijão cessarão sua trajetória de caída com verticalização...
5. Diz ele, diz-nos ele:
Não se pode, por decreto, atribuir valor a um produto que não o tem, que não satisfaz a qualquer necessidade (...) todos os esforços dos governos para modificar a seu bel-prazer as sociedades [a economia?] são inúteis quando não são negativos; assim, é preferível que se abstenham. A sua intervenção só pode ser prejudicial; a natureza não tem necessidade deles. Ela segue sozinha seu curso, sem que seja necessário ajudá-la ou forçá-la, supondo, de resto, que isso seja impossível.
6. Digo eu:
Hoje tem uns neguinhos que sugerem que esta postura de "deixa-como-está" é característica dos evolucionistas, ao passo que a de "mexe-que-dá" é dos constitucionalistas. E ou C? A teoria do estado de alfa resolve: a realidade realmente real pode ser modelada por meio de um jogo dinâmico, inserido no capítulo dos "jogos de estratégia forte", ou seja, aqueles em que tu sequer podes escolher entre jogar ou não. Por exemplo, posso escolher respirar ar puro? Por exemplo, posso escolher não pagar imposto? Por exemplo, precisa de imposto? Epa, esta do "precisa" não tem bem o mesmo caráter. Mas não é má pergunta. Como é que Durkheim trata da questão hobbesiana do "estado da natureza"? Não sei se ele dividiria o mundo em comunidade-mercado-estado. Se tem que ter estado, então tem que ter imposto. E não haveria boas razões para imaginarmos que as distorções provocadas (onde? interessa-me falar nas que aparecem no sistema de preços menos do que -no caso- das que concernem à camada de ozônio) no sistema de preços pela tributação seja mais perniciosa ao interesse do menino de rua (digo, do cidadão) do que o poder de monopólio de que desfrutam (a ferro e fogo, em um número expressivo de casos) certas empresas, como a Petrobrás, o City Bank e Bistrot Burgeois (se é que tem um bistrô com este nome em algum lugar e se -em existindo- exerce mesmo odioso poder de monopólio sobre sua distinta clientela).
7. Disse ele:
O economista não diz: as coisas passam-se assim porque a experiência o estabeleceu; mas elas devem passar-se assim porque seria absurdo passarem-se de outro modo.A palavra 'natural' deveria ser substituída pela palavra 'racional' [...]. 8. Digo eu:
Esta é boa. Hoje em dia, dá-se um valor dos diabos às teorias axiomáticas, atribuindo-lhes -neste lamaçal de ciências empíricas que envolve da física à pedagogia- maior status do que -digamos- hoje damos à chamada "escola histórica alemã" e outros neguinhos que negavam qualquer papel à teoria na explicação deste mundinho. Ou seja, voltamos em alguma medida ao "as if" friedmaniano. Se o neguinho age como se fosse racional, então ele é obrigado por leis irrevogáveis a fazer tal ou qual escolha, sempre que exposto a tais ou quais restrições. Ou seja, matematicamente, há uma equação-objetivo (a ser maximizado ou minimizado) e restrições. Por exemplo, a empresa quer maximizar sua produção, mas o que impede o Bistrot citado a oferecer 14 bilhões de refeições por ano? Eu diria, com cautela, que é sua linha de custos, que -por seu turno- depende dos preços dos insumos usados para a produção da bóia servida no bistrô. Esse papo de agir "naturalmente" é característico de quem não passou os apertos que todos nós passamos quando estávamos confinados a um pontinho carregado de coisas, a que chamei de Big Bang, por desconhecer-lhe o nome e estar evitando usar a expressão "Aleph".
9. Disse ele: Todavia não exageremos o mérito dos economistas. [eles]... se detiveram no meio do caminho, porque estavam mal preparados para esse tipo de estudos.
10. Digo eu: Estavam mal preparados? E hoje, tu acha que melhorou? Eu acho que sim, mas apenas por uns poucos séculos (se não apenas semanas). Vão rir-se de nós (e mesmo de Samuel Bowles) como hoje rimos de gigantes como Aristóteles, Karl Marx e Émile Durkheim. Guardo em mim o desejo de rir por último, mas já vou avisando que reservo-me o direito de não fazê-lo, pois sei que mesmo os mais minúsculos anões, quando postados sobre o topo das cordilheiras do conhecimento, enxergam mais longe.
DdAB
Dizque Émile Durkhein (15/abr/1858-15/nov/1917) ditou o seguinte, o que foi entendido por um comentador (mui distinto) deste blog como contendo "[...] elogios [...] à classe dos economistas, em seu "Curso de Ciências Sociais - Lição de Abertura" (1888)". A ilustração acima veio do Google Images quando pedi: "Durkheim". Achei-a simplesinha para explicar o que é um complicado modelo de equilíbrio geral de um sistema aberto.
Esse Sr. Ellahe tem cada uma... Diriam os costureiros de antanho: "É muito pano para pouca manga". Os economistas mais expostos à galhofa achamos vários pontos ("é muito nó para pouco ponto") a comentar, o que nos força (a mim e a meus digitadores) a seguir ponto-a-ponto, desde noé:
1. Diz Émile:
Os economistas foram os primeiros a proclamar que as leis sociais são tão necessárias como as leis da física e a fazer desse axioma a base de uma ciência. Para eles, é tão impossível que a concorrência, pouco a pouco, não nivele os preços e o valor das mercadorias não aumente quando a população cresce, como os corpos não caírem na vertical, os raios luminosos não se refractarem quando atravessam meios de desidade desigual.
2. Diz DdAB:
O sobrenome Durkheim para um francês parece-me elegante vingança para o uso do sobrenome Laspeyres por alemães, para não falar dos prenomes aculturados e importados (ver Étienne Laspeyres, 28/nov/1834-4/ago/1913, o velhinho dos somatórios de p0q0). Dito isto, tentarei dizer algo mais inspirado.
Se o mundo se divide mesmo, como quereria Teeteto, entre necessidades e contingências, e -ainda mais- se as leis da física são necessárias, então as leis da economia também o são, pois ambas são ciências empíricas. Se os fenômenos que a ciência física e a ciênica econômica buscam entender são igualmente contingentes (um universo com apenas 14 bilhões de anos, uma curva de demanda negativamente inclinada), então estamos no mesmo barco.
Se falamos em "se", se...remos forçados a falar em Friedman, Milton. Disse-nos ele: não interessam as premissas, mas apenas as explicações e previsões, pois o modelo funciona "como se" elas -premissas- fossem verdadeiras. Mas não falemos em "verdade". A soma dos ângulos internos de um triângulo tem 180 graus só porque eu quero, o ângulo ferve a 90 graus só porque eu quero, o círculo gira a um binômio cheiro-cor de 360 graus só porque eu quero, e assim por diante. Alguns desses desejos são mais relevantes para algum fim relevante do que outros.
Constatarmos que o universo tem apenas 14 bilhões de anos é uma conquista importante do intelecto humano e -claro- poderia ser diferente. Constarmos que os bens "bem-comportados" têm curvas de demanda negativamente inclinadas é outra, que também poderia ser diferente. Creio que os limites para ambas as proposições residem na mesma lei da física, se bem enumero, a terceira lei da termodinâmica.
Teria havido, depois da necessidade de expansão de um pontinho chamado de "Big Bang", ou sei lá de quê, parece que algumas outras manifestações de necessidades, encordoadas -diriam os integrantes da fieira de carangueijos- a partir dele -Big Bang. Claro que os macacos têm cinco dedos em cada mão e pé por pura contingência, mas tendo-os -nas mão e nos pé- lá eles, nós, seus diletos descendentes temos -necessariamente- essa quantida de digitadores. Falei de Friedman, falta falar de Darwin e da turminha da economia evolucionária, inclusive o sacrossanto Mr. Samuel Bowles, a mais preciosa pérola da evolução do cérebro humano em todos os tempos. Uma necessidade que foge às contingências que perpassam -inclusive- o próprio Big Bang. Ou seja, desconheço o tanto que Durkheim deve ao pensamento evolucionista, ou -em outros termos- desconheço a medida em que os conceitos centrais de "mudanças incrementais e sucessivas" terão influenciado seu pensamento.
Ok, neste caso, é claro que nem todos puderam pensar em tudo. Por exemplo, do parágrafo acima, destaco e analiso:
3. Diz ele:
é tão impossível que a concorrência, pouco a pouco, não nivele os preços e o valor das mercadorias não aumente quando a população cresce, como os corpos não caírem na vertical,
4. Digo eu: o velhinho está errado. Mesmo gigantes como Aristóteles marcaram suas bobeiras. Nada de errado com bobeiras. Mas Ari e Mile estão apenas parcialmente errados:
.a. de fato existe uma lei irrevogável que obriga os preços a serem nivelados (unless haja outra lei ainda mais irrevogável que o impede o nivelamento, por exemplo, o poder de monopólio)
.b. however o valor das mercadorias independe absolutamente do crescimento da população; inté podemos pensá o contrário: quando a população aumenta, o progresso tecnológico é impulsionado por -digamos- leis inexoráveis. Mais progresso tecnológico exige maior ganho de produtividade, o que -inexoravelmente- derrubará os preços. Ou seja, esta maneira de ver a ação da lei do valor e a relação entre valores e preços -que nunca foi capturada adequadamente por gigantes como Harry Stotles e Karl Henrich Marx- escapou -como o burro prá cima da lavoura de azevém- de nosso Émile. Em resumo, se houver uma peneira ou um troço destes, os corpos dos grão de feijão cessarão sua trajetória de caída com verticalização...
5. Diz ele, diz-nos ele:
Não se pode, por decreto, atribuir valor a um produto que não o tem, que não satisfaz a qualquer necessidade (...) todos os esforços dos governos para modificar a seu bel-prazer as sociedades [a economia?] são inúteis quando não são negativos; assim, é preferível que se abstenham. A sua intervenção só pode ser prejudicial; a natureza não tem necessidade deles. Ela segue sozinha seu curso, sem que seja necessário ajudá-la ou forçá-la, supondo, de resto, que isso seja impossível.
6. Digo eu:
Hoje tem uns neguinhos que sugerem que esta postura de "deixa-como-está" é característica dos evolucionistas, ao passo que a de "mexe-que-dá" é dos constitucionalistas. E ou C? A teoria do estado de alfa resolve: a realidade realmente real pode ser modelada por meio de um jogo dinâmico, inserido no capítulo dos "jogos de estratégia forte", ou seja, aqueles em que tu sequer podes escolher entre jogar ou não. Por exemplo, posso escolher respirar ar puro? Por exemplo, posso escolher não pagar imposto? Por exemplo, precisa de imposto? Epa, esta do "precisa" não tem bem o mesmo caráter. Mas não é má pergunta. Como é que Durkheim trata da questão hobbesiana do "estado da natureza"? Não sei se ele dividiria o mundo em comunidade-mercado-estado. Se tem que ter estado, então tem que ter imposto. E não haveria boas razões para imaginarmos que as distorções provocadas (onde? interessa-me falar nas que aparecem no sistema de preços menos do que -no caso- das que concernem à camada de ozônio) no sistema de preços pela tributação seja mais perniciosa ao interesse do menino de rua (digo, do cidadão) do que o poder de monopólio de que desfrutam (a ferro e fogo, em um número expressivo de casos) certas empresas, como a Petrobrás, o City Bank e Bistrot Burgeois (se é que tem um bistrô com este nome em algum lugar e se -em existindo- exerce mesmo odioso poder de monopólio sobre sua distinta clientela).
7. Disse ele:
O economista não diz: as coisas passam-se assim porque a experiência o estabeleceu; mas elas devem passar-se assim porque seria absurdo passarem-se de outro modo.A palavra 'natural' deveria ser substituída pela palavra 'racional' [...]. 8. Digo eu:
Esta é boa. Hoje em dia, dá-se um valor dos diabos às teorias axiomáticas, atribuindo-lhes -neste lamaçal de ciências empíricas que envolve da física à pedagogia- maior status do que -digamos- hoje damos à chamada "escola histórica alemã" e outros neguinhos que negavam qualquer papel à teoria na explicação deste mundinho. Ou seja, voltamos em alguma medida ao "as if" friedmaniano. Se o neguinho age como se fosse racional, então ele é obrigado por leis irrevogáveis a fazer tal ou qual escolha, sempre que exposto a tais ou quais restrições. Ou seja, matematicamente, há uma equação-objetivo (a ser maximizado ou minimizado) e restrições. Por exemplo, a empresa quer maximizar sua produção, mas o que impede o Bistrot citado a oferecer 14 bilhões de refeições por ano? Eu diria, com cautela, que é sua linha de custos, que -por seu turno- depende dos preços dos insumos usados para a produção da bóia servida no bistrô. Esse papo de agir "naturalmente" é característico de quem não passou os apertos que todos nós passamos quando estávamos confinados a um pontinho carregado de coisas, a que chamei de Big Bang, por desconhecer-lhe o nome e estar evitando usar a expressão "Aleph".
9. Disse ele: Todavia não exageremos o mérito dos economistas. [eles]... se detiveram no meio do caminho, porque estavam mal preparados para esse tipo de estudos.
10. Digo eu: Estavam mal preparados? E hoje, tu acha que melhorou? Eu acho que sim, mas apenas por uns poucos séculos (se não apenas semanas). Vão rir-se de nós (e mesmo de Samuel Bowles) como hoje rimos de gigantes como Aristóteles, Karl Marx e Émile Durkheim. Guardo em mim o desejo de rir por último, mas já vou avisando que reservo-me o direito de não fazê-lo, pois sei que mesmo os mais minúsculos anões, quando postados sobre o topo das cordilheiras do conhecimento, enxergam mais longe.
DdAB
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Economia Política
20 março, 2009
Cachorro Ladrão
Querido Blog:
Esta postagem pouco ou nada tem a ver com o Presidente Lula, mas que a foto é boa lá isto é! O Lula, uma dama das classes menos favorecidas (sobraçando uma picanha, ao que parece), um rapaz fotografando-o em seu telefone celular, que mais vejo? Uma faixa com dizeres brancos em que se lê: "Cachorro comedor de ovelha? Só matando!". Depois dela, nitidamente um conjunto habitacional muito charmoso. Lula sem gravata? Fraque preto? É Belo Horizonte ou Mata (do RGS, com 10.000 almas, inclusive algumas penadas ou emigradas)?
Pois por pensar em ladrões, inovações institucionais, mata-cachorros, os programas pró-pobres do Presidente Lula para o Brasil (em minha opinião, na verdade, o programa do FMI para os países de quem ele se tornou proprietário por, digamos, aparato ideológico), cachorros, ovelhas, abigeato, essas coisas é que decidi comentar a notícia da p.45 (Polícia-ZH), dando conta de que o encarregado de evitar furtos numa das lojas do Supermercado Carrefour portoalegrense tomou a liberdade de -lui même- passar a mão num pedaço de vaca morta, sem passá-lo pela caixa registradora.
Que pode um economista político de meu porte dizer sobre isto? Primeiro: não era tema de -digamos- copa e cozinha do Carrefour? Não, tanto é que Zero Herra -sempre ela- achou por bem divulgar o feito, para dissuadir fiscais das empresas de fazerem o que alguns chamariam de "justiça distributiva". Ontem revelei meu eterno amor por Samuel Bowles, complementando-o pela revelação de hoje, da dupla H&V (Hargreaves-Heap e Varouvakis, mas também dos demais autores do livro "Theory of Choice"). Pois hoje revelo que sigo procurando o meio mais econômico de salvar o mundo.
Fi-lo, diriam os finados membros letrados da Academia Brasileira de Letras (Costa e Silva? Machado de Assis?), durante minhas pedaladas no sempre tolerante Parque da República Popular do Marinha do Brasil, um sítio territorial que usarei -literariamente- para ambientar um romance que estou escrevendo sobre a mudança institucional baseada nos princípios que ontem trouxe à consideração da audiência.
Que deveria ser feito com qualquer ladrão, inclusive o Dep. Prisco Vianna, o Sen. Renan de Deus Calheiros (ou era Alceu de Deus Collares, e o Renã nada tem de sagrado?), o filho (Fábio) e o irmão (Vavá) do Pres. Lula, os governadores pregressos e progressos do Rio Grande do Sul -exceto, claro, a Profa. Yeda, que não é governador, mas governadora...- os donos escravos recentemente descobertos no estado do Pará ("onde vamos pará?", disse a respeito a respeitada jornalista Lourdette Hertel), o Gov. Adhemar de Barros? Epa, a lista não acabou. E o Pres. Nixon, o Reagan? O Busch I e o II? O Carter, o Clinton? E o R. Oba Ma S. Faz? Ok, e os executivos da Exxon que subornaram Bush? E os executivos de Sei-lá-que-Banco que acabam de distribuir pilhas de dinheiro a sis (Assis fora?), dinheiro roubado? E todos os ladrões acoitados por coivaras sei lá?
Costumo dizer que há inomináveis ironias no funcionamento da sociedades monetárias contemporâneas. Primeiro, que me interessa referir, a dimensão "mercado" é a mais eficiente na geração de incentivos, logo a mais "popular". Segundo, só existe mercado porque existem custos de usar o... você adivinhou! O mercado! Se não existissem custos de usar o mercado, não existiria a firma, instituição extra-mercado que solidifica as demais instituições que o antecederam -ao mercado- e tudo estaria nas mãos de uma enorme firma (ineficiente, I presume), como quase foi o caso do filme Rollerball. Terceiro, também existem falhas de mercado, o que requer que a provisão de determinados bens e serviços seja provida pelo estado ou pela comunidade.
Mas a firma também -além de usar a hierarquia e não o mercado para tomar decisões- tem lá seus probleminhas que já referi: funcionários ladrões e gerentes ladrões. Não estamos falando de políticos ladrões. Nem de -deixemos o onirismo de lado- líderes comunitários ladrões, como foi o caso do Dr. Aderbal Castor de Andrade, banqueiro credenciado pelo FMI para manipular apostas no Brasil há alguns lustros. A ocasião faz o ladrão. Se a matriz de payoffs do jogo é tentadora, quem não trai seu parceiro é trouxa, sucker, meu chapa, sucker. Mas 40% das pessoas comprovadamente não se declaram trouxas e não traem do mesmo jeito. E como induzir a honestidade?
O colega Karl Marx (no sentido de ter feito estudos especializados em Berlim -estou tentando rastrear a referência, pois decidi que agora é questão de vida-ou-morte para mim encontrá-la (em inglês, português, sei lá, que fujo do Alemão como a luz fugia de Goethe durante alguns segundos, os últimos) disse-me certa vez que produziu alguns escritos sobre "problemas contemporâneos" ao ser levado a comentar sobre o roubo de madeira na Floresta Negra, ou Bauhaus, Spandau, um troço destes.
Em minha modesta visão da República Popular do Parque do Marinha do Brasil, a Brigada Ambiental Mundial irá resolver todos os problemas da vida societária, ou melhor, todos os problemas que nem o mercado nem o estado revolvem de modo adequado aos interesses comunitários. Ou seja, um garoto preso por roubar picanha dentro do supermercado que ele estava sendo pago pela CLT para vigiar precisa:
.a. ver a CLT revogada
.b. indagar se o flagrante foi forjado
.c. levar uma bronca da mãe dele (segundo a notícia, uma garota de 45 anos) e, se não tiver pai, sabe-se lá por qual tipo de capricho genético, ter um stepfather designado pelo Capitão Mór da BAM
.d. processar o governo que deixou-o cair em tentação, particularmente a Dep. Luciana Genra, que ainda não fez uma lei impedindo a denúncia vazia
.e. processar a comunidade dele que o impediu de ter um amigo que lhe pagasse uma picanha.
Saudações
DdAB
Esta postagem pouco ou nada tem a ver com o Presidente Lula, mas que a foto é boa lá isto é! O Lula, uma dama das classes menos favorecidas (sobraçando uma picanha, ao que parece), um rapaz fotografando-o em seu telefone celular, que mais vejo? Uma faixa com dizeres brancos em que se lê: "Cachorro comedor de ovelha? Só matando!". Depois dela, nitidamente um conjunto habitacional muito charmoso. Lula sem gravata? Fraque preto? É Belo Horizonte ou Mata (do RGS, com 10.000 almas, inclusive algumas penadas ou emigradas)?
Pois por pensar em ladrões, inovações institucionais, mata-cachorros, os programas pró-pobres do Presidente Lula para o Brasil (em minha opinião, na verdade, o programa do FMI para os países de quem ele se tornou proprietário por, digamos, aparato ideológico), cachorros, ovelhas, abigeato, essas coisas é que decidi comentar a notícia da p.45 (Polícia-ZH), dando conta de que o encarregado de evitar furtos numa das lojas do Supermercado Carrefour portoalegrense tomou a liberdade de -lui même- passar a mão num pedaço de vaca morta, sem passá-lo pela caixa registradora.
Que pode um economista político de meu porte dizer sobre isto? Primeiro: não era tema de -digamos- copa e cozinha do Carrefour? Não, tanto é que Zero Herra -sempre ela- achou por bem divulgar o feito, para dissuadir fiscais das empresas de fazerem o que alguns chamariam de "justiça distributiva". Ontem revelei meu eterno amor por Samuel Bowles, complementando-o pela revelação de hoje, da dupla H&V (Hargreaves-Heap e Varouvakis, mas também dos demais autores do livro "Theory of Choice"). Pois hoje revelo que sigo procurando o meio mais econômico de salvar o mundo.
Fi-lo, diriam os finados membros letrados da Academia Brasileira de Letras (Costa e Silva? Machado de Assis?), durante minhas pedaladas no sempre tolerante Parque da República Popular do Marinha do Brasil, um sítio territorial que usarei -literariamente- para ambientar um romance que estou escrevendo sobre a mudança institucional baseada nos princípios que ontem trouxe à consideração da audiência.
Que deveria ser feito com qualquer ladrão, inclusive o Dep. Prisco Vianna, o Sen. Renan de Deus Calheiros (ou era Alceu de Deus Collares, e o Renã nada tem de sagrado?), o filho (Fábio) e o irmão (Vavá) do Pres. Lula, os governadores pregressos e progressos do Rio Grande do Sul -exceto, claro, a Profa. Yeda, que não é governador, mas governadora...- os donos escravos recentemente descobertos no estado do Pará ("onde vamos pará?", disse a respeito a respeitada jornalista Lourdette Hertel), o Gov. Adhemar de Barros? Epa, a lista não acabou. E o Pres. Nixon, o Reagan? O Busch I e o II? O Carter, o Clinton? E o R. Oba Ma S. Faz? Ok, e os executivos da Exxon que subornaram Bush? E os executivos de Sei-lá-que-Banco que acabam de distribuir pilhas de dinheiro a sis (Assis fora?), dinheiro roubado? E todos os ladrões acoitados por coivaras sei lá?
Costumo dizer que há inomináveis ironias no funcionamento da sociedades monetárias contemporâneas. Primeiro, que me interessa referir, a dimensão "mercado" é a mais eficiente na geração de incentivos, logo a mais "popular". Segundo, só existe mercado porque existem custos de usar o... você adivinhou! O mercado! Se não existissem custos de usar o mercado, não existiria a firma, instituição extra-mercado que solidifica as demais instituições que o antecederam -ao mercado- e tudo estaria nas mãos de uma enorme firma (ineficiente, I presume), como quase foi o caso do filme Rollerball. Terceiro, também existem falhas de mercado, o que requer que a provisão de determinados bens e serviços seja provida pelo estado ou pela comunidade.
Mas a firma também -além de usar a hierarquia e não o mercado para tomar decisões- tem lá seus probleminhas que já referi: funcionários ladrões e gerentes ladrões. Não estamos falando de políticos ladrões. Nem de -deixemos o onirismo de lado- líderes comunitários ladrões, como foi o caso do Dr. Aderbal Castor de Andrade, banqueiro credenciado pelo FMI para manipular apostas no Brasil há alguns lustros. A ocasião faz o ladrão. Se a matriz de payoffs do jogo é tentadora, quem não trai seu parceiro é trouxa, sucker, meu chapa, sucker. Mas 40% das pessoas comprovadamente não se declaram trouxas e não traem do mesmo jeito. E como induzir a honestidade?
O colega Karl Marx (no sentido de ter feito estudos especializados em Berlim -estou tentando rastrear a referência, pois decidi que agora é questão de vida-ou-morte para mim encontrá-la (em inglês, português, sei lá, que fujo do Alemão como a luz fugia de Goethe durante alguns segundos, os últimos) disse-me certa vez que produziu alguns escritos sobre "problemas contemporâneos" ao ser levado a comentar sobre o roubo de madeira na Floresta Negra, ou Bauhaus, Spandau, um troço destes.
Em minha modesta visão da República Popular do Parque do Marinha do Brasil, a Brigada Ambiental Mundial irá resolver todos os problemas da vida societária, ou melhor, todos os problemas que nem o mercado nem o estado revolvem de modo adequado aos interesses comunitários. Ou seja, um garoto preso por roubar picanha dentro do supermercado que ele estava sendo pago pela CLT para vigiar precisa:
.a. ver a CLT revogada
.b. indagar se o flagrante foi forjado
.c. levar uma bronca da mãe dele (segundo a notícia, uma garota de 45 anos) e, se não tiver pai, sabe-se lá por qual tipo de capricho genético, ter um stepfather designado pelo Capitão Mór da BAM
.d. processar o governo que deixou-o cair em tentação, particularmente a Dep. Luciana Genra, que ainda não fez uma lei impedindo a denúncia vazia
.e. processar a comunidade dele que o impediu de ter um amigo que lhe pagasse uma picanha.
Saudações
DdAB
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Economia Política
19 março, 2009
La Vera Ciencia
Querido Blog:
Vejam o que escreveu hoje na p.3 de Zero Hora o amado Luiz Fernando Veríssimo:
"Pode-se especular o que se originará da crise que nos assola. Também teremos multidões de desempregados, mas com poucas chances de serem aproveitados em alguma nova tecnologia, como as cabeleireiras da França. Não haverá investimentos em novas tecnologias. É pouco provável que a crise produza algum tipo de bonapartismo salvador como a revolução, mas é possível que o clima político que virá lembre o da restauração pós-Bonaparte, a nossa frustração com o fracasso do socialismo e agora com esse vexame do capitalismo imitando o desencanto com a promessa libertária esgotada da revolução. Naquela época o espírito da restauração também determinou uma mudança no pensamento econômico. Adam Smith, cuja obra antes de A riqueza das nações podia ser confundida com pregação reformista (ele era invocado até por Tom Paine, um dos teóricos da Revolução Americana) e incluía uma “Teoria do sentimento moral” passou a ser visto como profeta da economia como uma ciência moralmente neutra e um herói da reação, como é até hoje. Ou era até ontem. Talvez um dos efeitos da crise seja o resgate do Adam Smith da primeira fase. Nos discursos feitos hoje contra os desmandos do capital financeiro que deram na crise não se ouve outra coisa a não ser repetidos apelos pela volta do sentimento moral."
Que tenho eu a ver com isto? Penso que diversos pontos, nem todos amplamente explorados no que segue. A decisão de endereçar a ele (artigo/autor) a postagem de hoje prende-se a uma frase: "[...] a economia [política] como uma ciência moralmente neutra[...]". Acho que Veríssimo está simplesmente errado, não em tudo, apenas localizadamente neste ponto espicífico. E acho que Elio Falcão Vieira, que já foi cronista de Zero Hora, também foi uma espécie de interlocutor de Veríssimo para assuntos econômicos, so to say. Não lembro do "pensamento de Falcão", mas tenho razões para tentar adivinhar que não concordaria excessivamente com ele, digamos, no nível em que concordo com Samuel Bowles.
Vejamos. Primeira frase paragrafão copiado de http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/colunistas/conteudo.phtml?tl=1&id=868671&tit=Resgatando-Adam-Smith: "Pode-se especular o que se originará da crise que nos assola." Você já sabe sobre minhas especulações. O melhor que pode ocorrrer é:
.a. criação do banco central mundial
.b. criação do imposto de Tobin (5% da renda mundial mais 25% das movimentações de capital)
.c. criação da Brigada Ambiental Mundial.
Na Brigada Ambiental Mundial (com -no Brasil- pagamento de R$ 500 por pessoa, o que gastará apenas 20% do PIB nativo, teremos:
.a. três horas de trabalho diárias.
.b. três horas de aula diárias.
.c. três horas de ginástica diárias.
Chega? Vamos à segunda frase. "Também teremos multidões de desempregados, mas com poucas chances de serem aproveitados em alguma nova tecnologia [...]. Bem, parece que já respondi esta com a Brigada Ambiental Mundial. Deixemos outras e falemos do que me trouxe realmente a pensar que Veríssimo não é o Todo-Poderoso, como -prá ser sincero- acho que é mesmo, pois um dia falou que estava folhando uma velha "Dissent". Cara!
Bem, onde está meu calcanhar ferido? Feriu-me esta questão de falar em ciência moralmente neutra. Em minha opinião, os triângulos, as ciências, as letras do alfabeto cirílico (?), os sanduíches de bacon, tudo o mais -excluindo a ação humana- é moralmente neutra. Que é moral? Disse o Aurelião de R$ 3,00: "[Do lat. morale, 'relativo aos costumes'.]
S. f. 1. Filos. Conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada. "
Como queríamos demonstrar. Mas sejamos analíticos: falei em "ação humana". O dicionário fala em "regras de conduta". Claro que -pelo que sabemos- sanduíches de presunto e queijo, queijos, triângulos, bolitas etc., não têm "conduta", que dizer de "regras". O sanduíche te faz bem ou te faz mal amoralmente, o teu neto engole ou não a bola de gude, mas ela não dá lição de moral nele. Que era que queríamos demonstrar? Que a ciência econômica é uma ciência (como todas as demais, a astrologia, a culinária etc.) moralmente neutra.
Chega? A ilustração veio do Sr. Google Images com "neutralidade da ciência". A vera ciência é mais neutra do que a avó do Badanha.
DdAB
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Economia Política
17 março, 2009
Cândidos e Coutinhos etc.
Querido Blog:
Antonio Cândido, Afrânio Coutinho e Afrânio Peixoto é a mesma coisa? Nunca consegui distinguir, pois os calhaus que li sob uma e outra assinatura são isto mesmo, de dar pedrada.
Agora leio em Carta Capital número tal: "As suas missivas, e não apenas as deste livro, não são textos do ponto de vista literário, apesar do encanto insinuante que há em todos os seus escritos". Sic, sem ponto, que -por isto- deixei de fora do final das aspas que citam o cândido, ou continho, não mais lembro. Me não lembro. Machado, claro, não faria esta próclise, mas diria algo como: deste tipo de crítica nos não livramos.
Parece que -agora- eu é que entendo um tanto mal o que diz Machado de Assis. Sei que ele faz umas cliticizações pouco familiares ao leitor contemporâneo. Era cliticização? Mas penso que estes críticos -qualquer deles- que escreve isto ("as suas missivas...") não apenas foi relativamente pródigo com o uso do artigo "as", que lá "suas missivas" já estavam devidamente determinadas pelo próprio pronome "suas". Ou seja, crítica literária não é texto do ponto de vista literário. Ou melhor, críticas como esta que agora lhes endereço (aos afrânios etc.) são elegantemente literárias, por contraste à capacidade de articular idéias sensatas pelo clube do A. C. etc..
Quer dizer: missiva não é texto literário? E blog é texto literário, meu senhor do bonfim? E site? E material depositado no Google Documents? E textos de e-mails? E a revista SuperMan? E o mingau de maniçoba (presumo que a foto acima seja de uma colher com o referido mingau)? E mingaus de lobo-maus?
Do escritor perplexo
DdAB
16 março, 2009
Mais Brossardianas
Querido Diário:
Sob o título de "Procurando o PIB", a ilustração do Mr. Lula da Silva, nosso presidente da república eleito e reeleito, para gáudio de... gáudio? Paulo Brossard é um indignado com a sorte do homem. Odiou os dizeres lulianos: que o tsunami financeiro internacional bateria em suas fazendas como marolinha.
Eu olho o que ele escreve, escreveu hoje à p.15 de Zero Hora, sob o título "Mais seriedade". Não li todo seu artigo, por ter-lhe sentido menos seriedade, ainda que menos chá seja impossível mesmo para quem nada ingeriu, como teria alegado Alice Carol. Farei dois pontos, além de evocar a definião de rábula (3. Bras. Indivíduo que advoga sem possuir o diploma.). Claro que não quero impedir de que quem-quer-que-seja advogue ou estude filosofia e economia política, afinal, os livros estão no mundo. E Paulinho da Viola rege que "só eu preciso aprender".
Pois Paulo Brossard começou o artigo pedindo mais seriedade com um exemplo de sua falta: "Não dou muito crédito a previsões, pois o futuro permite hipóteses e fantasias, mas, em determinados setores, a posse de certos elementos pode autorizar previsões razoáveis." Ou seja, quem não dá muito crédito dá algum? Decorrerá de sua afirmação sobre negar muito crédito a possibilidade oferecida pelo futuro de alguém fazer hipóteses e fantasias? Dizque o Dr. Bernardo Ramalho dava o maior crédito possível ao futuro e, ainda assim, fazia fantasias escalafobéticas. Dizque também ele, o Mr. Shaw o.s.l.t., nunca possuiu qualquer elemento que lhe autorizasse a fazer previsões sensatas. Será que Ramalho ou o causídico aposentado sabem que as previsões se dividem em científicas e outras, por exemplo, as astrológicas? Então estaríamos falando em setores do conhecimento humano, como a religião e a astrologia, que autorizam a feitura de previsões razoáveis? "Então, sua besta, já não basta?", cito -de memória- Campos de Carvalho.
Basta? Claro que não, pois lhe lemos logo em linha: "[...] 36,56% do todo produzido no país vinha sendo absorvido pelo fisco." Como diriam Bernardo Ramalho, Campos de Carvalho, Aristóteles, Karl Marx e milhares de outros: "Se gigantes como Aristóteles tropeçam neste tipo de conceito, que dizer de um pigmeu da ciência econômica como o jurista Brossard?" Primeiro e prosaico: seriam mesmo 36,56% ou 36,554% e Brossard -amateur- não sabe que a ABNT manda que o arredondamento de 0,554 seja para menos, pois o último número 5 é seguido de par e ele -Brossard- queria precisão centesimal e não milharesca? Então, Brossard estaria exagerando, por razões retóricas, o avanço do fisco sobre "o todo produzido no país". Mas o todo produzido no país não era -digamos- um cestão de bens e serviços? Então, como é que alguém se apropria de 36,56% de -digamos, por concretudo, supondo que o cestão tenha apenas um gênio que dispensa o que o pedinde requer- um gênio da lâmpada?
Não estaria o jurista confundindo PIB com VBP (gross output, avaliado em quantidades monetáias)? Como se lerá em meu impagável livro de Contabilidade Social (meu, no sentido de "por mim editado") e já se leu em postagens anteriores:
.a. produto é apenas uma das três óticas de cálculo do valor adicionado: produto, renda e despesa
.b. anualmente, a sociedade produz um troço chamado de "valor", medido em quantidades monetárias; despido de "dupla contagem", o valor deixa-nos o valor adicionado, sempre que indagarmos sobre o grau de eficiência no uso dos recursos sociais (caso queiramos indagar outras coisas, haverá conceitos relevantes, como constelação, bacia hidrográfica, números primos e outros...)
.c. invocar o conceito de valor adicionado requer que estejamos abandonando a preocupação com o gênio da lâmpada. Este, claro, não pode ser concebido em duas partes destacáveis, uma com 0,3656 e outra com seu complementar à unidade. Ou temos um gênio inteirinho ou nada temos, como ensinou o Rei Salomão à mãe da criança invejosa, digo, invejosa era a mãe e não sabemos sobre mais atributos infantis que quase levam ao infanticídio.
Então não pode falar que o governo se apropria de qualquer fração da renda? ou do PIB, ou da despesa? Aí, diriam os mergulhadores, deep end, ou melhor, depende. Era valor adicionado? Então -em minha linguagem, designada para eliminar confusões conceituais- o PIB é gerado, a renda é apropriada e a despesa é absorvida. Ou seja, geração, apropriação e absorção constituem fenômenos absolutamente adsitritos à fantasia chamada de valor adicionado, ou seja, VBP menos insumos. Em geral, o VBP é maior que o VAdic. E na Malásia e outros Tigres asiáticos as exportações são maiores do que o PIB! Lembras disto? E como Brossard explicaria? Recorreria ao tsunami, sem dúvida, deixando de lado as explicações nanométricas, especificamente, a dos pigmeus de Bandar, não era isto?
Voltemos. Ao abandonar o valor da produção, vai-se a metáfora: é proibido partir deuses/gênios/fantasias em frações. Docha e episteme, um troço destes, não era isto? Ciência e ficção, ciência e realidade, ideologia e estupidez cegante. Um troço destes.
DdAB
Sob o título de "Procurando o PIB", a ilustração do Mr. Lula da Silva, nosso presidente da república eleito e reeleito, para gáudio de... gáudio? Paulo Brossard é um indignado com a sorte do homem. Odiou os dizeres lulianos: que o tsunami financeiro internacional bateria em suas fazendas como marolinha.
Eu olho o que ele escreve, escreveu hoje à p.15 de Zero Hora, sob o título "Mais seriedade". Não li todo seu artigo, por ter-lhe sentido menos seriedade, ainda que menos chá seja impossível mesmo para quem nada ingeriu, como teria alegado Alice Carol. Farei dois pontos, além de evocar a definião de rábula (3. Bras. Indivíduo que advoga sem possuir o diploma.). Claro que não quero impedir de que quem-quer-que-seja advogue ou estude filosofia e economia política, afinal, os livros estão no mundo. E Paulinho da Viola rege que "só eu preciso aprender".
Pois Paulo Brossard começou o artigo pedindo mais seriedade com um exemplo de sua falta: "Não dou muito crédito a previsões, pois o futuro permite hipóteses e fantasias, mas, em determinados setores, a posse de certos elementos pode autorizar previsões razoáveis." Ou seja, quem não dá muito crédito dá algum? Decorrerá de sua afirmação sobre negar muito crédito a possibilidade oferecida pelo futuro de alguém fazer hipóteses e fantasias? Dizque o Dr. Bernardo Ramalho dava o maior crédito possível ao futuro e, ainda assim, fazia fantasias escalafobéticas. Dizque também ele, o Mr. Shaw o.s.l.t., nunca possuiu qualquer elemento que lhe autorizasse a fazer previsões sensatas. Será que Ramalho ou o causídico aposentado sabem que as previsões se dividem em científicas e outras, por exemplo, as astrológicas? Então estaríamos falando em setores do conhecimento humano, como a religião e a astrologia, que autorizam a feitura de previsões razoáveis? "Então, sua besta, já não basta?", cito -de memória- Campos de Carvalho.
Basta? Claro que não, pois lhe lemos logo em linha: "[...] 36,56% do todo produzido no país vinha sendo absorvido pelo fisco." Como diriam Bernardo Ramalho, Campos de Carvalho, Aristóteles, Karl Marx e milhares de outros: "Se gigantes como Aristóteles tropeçam neste tipo de conceito, que dizer de um pigmeu da ciência econômica como o jurista Brossard?" Primeiro e prosaico: seriam mesmo 36,56% ou 36,554% e Brossard -amateur- não sabe que a ABNT manda que o arredondamento de 0,554 seja para menos, pois o último número 5 é seguido de par e ele -Brossard- queria precisão centesimal e não milharesca? Então, Brossard estaria exagerando, por razões retóricas, o avanço do fisco sobre "o todo produzido no país". Mas o todo produzido no país não era -digamos- um cestão de bens e serviços? Então, como é que alguém se apropria de 36,56% de -digamos, por concretudo, supondo que o cestão tenha apenas um gênio que dispensa o que o pedinde requer- um gênio da lâmpada?
Não estaria o jurista confundindo PIB com VBP (gross output, avaliado em quantidades monetáias)? Como se lerá em meu impagável livro de Contabilidade Social (meu, no sentido de "por mim editado") e já se leu em postagens anteriores:
.a. produto é apenas uma das três óticas de cálculo do valor adicionado: produto, renda e despesa
.b. anualmente, a sociedade produz um troço chamado de "valor", medido em quantidades monetárias; despido de "dupla contagem", o valor deixa-nos o valor adicionado, sempre que indagarmos sobre o grau de eficiência no uso dos recursos sociais (caso queiramos indagar outras coisas, haverá conceitos relevantes, como constelação, bacia hidrográfica, números primos e outros...)
.c. invocar o conceito de valor adicionado requer que estejamos abandonando a preocupação com o gênio da lâmpada. Este, claro, não pode ser concebido em duas partes destacáveis, uma com 0,3656 e outra com seu complementar à unidade. Ou temos um gênio inteirinho ou nada temos, como ensinou o Rei Salomão à mãe da criança invejosa, digo, invejosa era a mãe e não sabemos sobre mais atributos infantis que quase levam ao infanticídio.
Então não pode falar que o governo se apropria de qualquer fração da renda? ou do PIB, ou da despesa? Aí, diriam os mergulhadores, deep end, ou melhor, depende. Era valor adicionado? Então -em minha linguagem, designada para eliminar confusões conceituais- o PIB é gerado, a renda é apropriada e a despesa é absorvida. Ou seja, geração, apropriação e absorção constituem fenômenos absolutamente adsitritos à fantasia chamada de valor adicionado, ou seja, VBP menos insumos. Em geral, o VBP é maior que o VAdic. E na Malásia e outros Tigres asiáticos as exportações são maiores do que o PIB! Lembras disto? E como Brossard explicaria? Recorreria ao tsunami, sem dúvida, deixando de lado as explicações nanométricas, especificamente, a dos pigmeus de Bandar, não era isto?
Voltemos. Ao abandonar o valor da produção, vai-se a metáfora: é proibido partir deuses/gênios/fantasias em frações. Docha e episteme, um troço destes, não era isto? Ciência e ficção, ciência e realidade, ideologia e estupidez cegante. Um troço destes.
DdAB
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15 março, 2009
El Tiempo Passa, But Not Much
Querido Blog:
Um dia, dei-me conta de que, a cada dia, fico um dia mais velho. Felizmente, trata-se de um processo pontilhista do qual nem Shakespeare nem Oduwaldo Vianna Filho ("Eles não usam black-tie, mas deviam!") escaparam. Not to speak of Francisco Brennand. Tão maravilhoso é o trabalho deste artista que disse-que-disse: "Ai, que vontade de dar o cuatá à mão humana!" que devemos louvar o dia em que ele tomou a decisão de fazê-lo. Seu site ("seu"? "site"?) é: http://www.brennand.com.br/, que recomendo vivamente.
Ok, já que estamos falando em sites, que me dizeis de ouvir a Accuradio em:
http://player.accuradio.com/player/slipstream/accuclassical/?channel=classical&sub=SubChamber
[interrogation mark]
Mas não foi só isto o que disse Brennand. Haverá, na parede da memória, traços de que ele teria dito, numa entrevista à revista Veja (e se iluda): "Preocupar-me com o envelhecimento? Não adianta, a menos que pudéssemos pegar o tempo e amarrá-lo num poste." Disse-me Fausto que tentou fazê-lo e o poste (de ferro) apodreceu e o tempo libertou-se novamente. E eu, que preciso saber da tua vida?
DdAB
Um dia, dei-me conta de que, a cada dia, fico um dia mais velho. Felizmente, trata-se de um processo pontilhista do qual nem Shakespeare nem Oduwaldo Vianna Filho ("Eles não usam black-tie, mas deviam!") escaparam. Not to speak of Francisco Brennand. Tão maravilhoso é o trabalho deste artista que disse-que-disse: "Ai, que vontade de dar o cuatá à mão humana!" que devemos louvar o dia em que ele tomou a decisão de fazê-lo. Seu site ("seu"? "site"?) é: http://www.brennand.com.br/, que recomendo vivamente.
Ok, já que estamos falando em sites, que me dizeis de ouvir a Accuradio em:
http://player.accuradio.com/player/slipstream/accuclassical/?channel=classical&sub=SubChamber
[interrogation mark]
Mas não foi só isto o que disse Brennand. Haverá, na parede da memória, traços de que ele teria dito, numa entrevista à revista Veja (e se iluda): "Preocupar-me com o envelhecimento? Não adianta, a menos que pudéssemos pegar o tempo e amarrá-lo num poste." Disse-me Fausto que tentou fazê-lo e o poste (de ferro) apodreceu e o tempo libertou-se novamente. E eu, que preciso saber da tua vida?
DdAB
13 março, 2009
Os Chapéus de Appaloosa
Querido Blog:
Appaloosa, com Virgil Cole e Everett Hitch, é um bom filme. A imagem que segue é uma das mais comuns no Google Images. Vemos à esquerda o Sr. Hitch e, a sua direita, o Sr. Cole.
Agora temos o Virgil com a Srta. Allison French que talvez falasse francês e certamente tocava piano. Virgil apaixonou-se por ela à primeira vista. Parece que Everett não teve chance de fazê-lo, ou o filme -mesmo narrado por ele, mas como era dirigido por Virgil- não lhe deu espaço.
A seguir vemos um cavalo da raça appaloosa, bem ao estilo do que vamos discutir nos Escritos que seguem a estes escritos que antecedem.
Poucas imagens vi de Virgil e Everett sem chapéu, coisa de faroeste mesmo. Há uma cena, sem chapéu que levou-me a pensar nesta postagem nesta manhã, ainda que a faça apenas agora, às 19h33min do dia em que comecei a terminar a leitura de tudo corrigido do capítulo sobre números índices do livro de mesoeconomia, a ciência que andei inventando...
A seguir, dedicar-me-ei à interpretação esfigmanométrica do ocorrido no concorrido filme. Meu referente -assim, talvez, Barthes viesse a dirigir-se ao que refiro- é a cena em que, devidamente apaixonado, Virgil sente-se insultado por dois bêbados que exibem comportamento inconveniente frente a sua amada. Levanta-se ele e espanca o maior dos dois bêbados, tudo indicando que iria matá-lo, se o SAHoC - Sindicato dos Atores de Hollywood e Cercanias não se incomodasse com o realismo excessivo de certas cenas de bang-bang.
Não apenas o sindicato, actually, pois Everett percebe o descontrole do amigo ("amigo?", indagaria o cavalinho acima). Everett, actually, percebeu que a Sra. French afastava inapelavelmente seu amigo (ou melhor, "amigo") de si for good. Contendo-o, Everett não se deu por satisfeito ao ouvir o primeiro "Let go" de Virgil, pois ainda sentia o pulsar do ódio, do desconsolo pelo amor abandonado (id est, Mr. Hitch) e sentimentos inexplicáveis por Ms. French. Seguiu sofrenando-o, até que, já serenado, Virgil disse -agora convincentemente- um segundo "Let go", e Everett largou-o. Largou o amigo, largou o parceiro de intermináveis jornadas, largou a pretensão de viverem casados para sempre. Largando-o separaram-se, ficando apenas pendente o cumprimento de alguns rituais, tudo passando a gravitar em torno do trio Virgil-Allison-Everett.
Naquele momento, ambos sem chapéu, Everett desfrutou do momento erótico mais importante da filmagem, pois esta é a psicanálise cabível ao filme. De minha parte, senti-me credenciado a passar a praticá-la desde que ouvi -ou fingi ter ouvido- dizer que a cena final do filme "Terra em Transe", de Aneci e Glauber Rocha, o.s.l.t., viu epicamente Aneci correr rumo ao mar (que aparentemente não virou sertão), cair, levantar-se tropegamente, seguir correndo e vermos estampado no écran o indefectível e inapelável "The End". E o filme terminou. Anos depois, já em seu apartamento de Paris - Texas, o cronista social Zózimo Amarelo entrevistou Glauber e indagou sobre o significado simbólico da garota invadindo o mar, seria o homem nordestino em busca de seu futuro, da água, da tecnologia de transformar água salgada em água doce.
Glauber teria respondido que não se tratava disto, mas que acabara o celulóide para refazer a cena, pois "[...]", isto é, deu uma explicação interpretativa para o final do filme muito mais prosaica do que este troço de mar virar sertão. Zózimo, inconformado, solicitou auxílio de dois psicólogos cinematográficos que esmolavam na Estação Les Halles e estes disseram-lhe: "Pode ser que ele não tenha pensado nisto conscientemente, mas é isto o que podemos capturar de seu inconsciente, dado o 'lapsus linguae' que acabaste de mencionar." Ou seja, inconsciente também é diretor de cinema. Por isto, entendi que "Appaloosa" é novo filme sobre cowboyzinhos, como teria dito alguém sobre o outro dos dois cauboizinhos, você sabe do que estou falando, não é mesmo?
Descontente com o Sindicato dos Psicanalistas de Filmes, certa vez Oto Peringher indagou sobre o excesso de atos falhos no filme de Valter Murnau: "À interpretação imaginativa também dever-se-ia impor um elenco facilmente definível e enumerável de limites." Murnau teria dito apenas: "Passe o ketchup, bite." Peringher calou-se.
Abraços a todos, inclusive ao enchapelado Jeremy Irons, que ele não queria levar chumbo.
DdAB
11 março, 2009
Avião, Embraer e Equações Diferenciais
Querido Blog:
Depois daquela postagem sobre a Embraer e o problema do emprego, vim a dar-me conta de que ainda não tenho solução (quero dizer, não conheço a solução manjadíssima) para a formulação matemática do problema do cálculo do volume do avião em pleno voo. Li no "Flash Gordon", há alguns anos, que não há maiores problemas com o cálculo do volume, mas com o peso. Ora, à medida que o avião vai voando -diferentemente do que selecionei no Google Images, que funciona a lenha- seu tanque de combustível vai perdendo conteúdo, o que vai acarretando mudanças no peso do avião. Natural.
Mas aí pensei: "como é que o piloto automático sabe isto, de sorte a qualificar-se a ir mudando infinitesimalmente alguns controles, de sorte a manter a mesma velocidade e posição do avião cujo volume não mais é o mesmo, não mais requer o mesmo empuxo (ou era empurro?). Pensando mais sobre a questão, vi que haverá alguma coisa estranha com certos aviões, como o abaixo, que erram a aterrisagem, dando -por assim dizer- com os burros nágua.
Parece que o Sr. Images diz tratar-se de uma cena colombiana. Colômbia? Farc? Drogas? Ver postagem mais "economia política" que fiz recentemente a respeito do palpitante assunto.
DdAB
Depois daquela postagem sobre a Embraer e o problema do emprego, vim a dar-me conta de que ainda não tenho solução (quero dizer, não conheço a solução manjadíssima) para a formulação matemática do problema do cálculo do volume do avião em pleno voo. Li no "Flash Gordon", há alguns anos, que não há maiores problemas com o cálculo do volume, mas com o peso. Ora, à medida que o avião vai voando -diferentemente do que selecionei no Google Images, que funciona a lenha- seu tanque de combustível vai perdendo conteúdo, o que vai acarretando mudanças no peso do avião. Natural.
Mas aí pensei: "como é que o piloto automático sabe isto, de sorte a qualificar-se a ir mudando infinitesimalmente alguns controles, de sorte a manter a mesma velocidade e posição do avião cujo volume não mais é o mesmo, não mais requer o mesmo empuxo (ou era empurro?). Pensando mais sobre a questão, vi que haverá alguma coisa estranha com certos aviões, como o abaixo, que erram a aterrisagem, dando -por assim dizer- com os burros nágua.
Parece que o Sr. Images diz tratar-se de uma cena colombiana. Colômbia? Farc? Drogas? Ver postagem mais "economia política" que fiz recentemente a respeito do palpitante assunto.
DdAB
10 março, 2009
Mérito ao Demérito
Querido Blog:
Como não poderia deixar de ser, como sempre digo, os acontecimentos se sucederam! Acordei sedo, digo, acordei sedado, digo, fui sedado por Zero Herra, com milhares de notícias aconchegantes, por assim dizer. Agora diz que o cardeal não excomungou ninguém, apenas avisou que poderia fazê-lo. Aborto é, claro, um bem meritório (mérito ou demérito?). A polícia absolveu um sequestrador que requereu pagamento de dívida de uma sociedade de economia mista para com ele. O depósito foi feito em sua conta, o sequestro levantado e -tomara- o povo comece a sequestrar os políticos requerendo moralidade. Precisamos dar um "crack" nos políticos, como a foto do Sr. Google Images dá na pobre noz, pobres de nós, aditaria a Sra. Lurdete Erthel. Lembro-me da campanha que lancei, de poucas adesões: "Abrace a política: sufoque um vereador".
O confundimento de crack das nozes e dos políticos acima com o crack da fumaça abaixo não quer sugerir qualquer apologia de seu uso. Usou? Viciou. Viciou? Difícil de largar. Mas o que podemos fazer com uma polícia que autoriza que o sequestrador tenha seu requerimento deferido? Ou com Zero Herra que, em seu editorial de hoje, exproba o uso do crack, dizendo que a repressão é que deve aumentar, olvidando -ela mesma- a notícia de dias atrás, quando integrantes do marcador "Lixo Urbano" atacaram a porretadas -assim entendo- um viciado em drogas que foi mandado matar ("sent to be killed") pelo Sr. Traficante de Tal.
Quer visão científica sobre o crack, sobre como vicia, como é difícil evadir-se do vício, uma vez instalado? Diretamente das Images do Mr. Google, achei a seguinte imagem. Dopamina? Isto dopa? É bom? É bem de mérito? O bem de mérito pode ter demérito? O moralismo dos governantes é hediondo? No outro dia, pensei: aparentemente, antes de nos livrarmos dos traficantes, o de que precisamos -para fazê-lo- é livrarmo-nos dos políticos!
Com políticos moralistas, que pensam que a proibição a certas práticas é motivo para demover multidões e que -assim- esquecem que há agora 55 mil usuários de crack apenas em meu edifício, ou Menino Deus, ou Porto Alegre, sei lá, não é possível pensarmos em solução séria para o problema das drogas. Claro que fumar crack não é o mesmo que fumar maconha, como sugere (sugere o quê?) a simpática figura -estilo Mandrake- abaixo.
O moralismo de quem a montou esquece o conceito de "droga recreativa", que aprendi com Richard Layard. Aprendi, no sentido de que mesmo antes de conhecê-lo, antei metendo meus chocolates, cafezinhos, chimarrões, para não falar da inalação de lança-perfume no Carnaval de, digamos, 1957, no Clube dos Sargentos em Campo Grande do Centro-Oeste, para não falar em - melhor parar de falar...
Como evitar o crime resultante da droga, que corrompeu políticos e policiais? No caso da tentativa de assassinato do devedor do traficante da Av. Ipiranga, parece que há algo muito simples: distribuição de crack "for nothing" para essa macacada. São 55 mil viciados. É preciso que o poder público livre-se dos políticos atuais e crie uma verdadeira brigada ambiental (sucursal da mundial) para dar conta de problemas populacionais, eles -os políticos- que, patrimonialistas, pensem apenas em sua família, uma geração ou duas, no máximo, pois sofrem de "shortsightednia". Claro que, em cinco gerações, tudo ter-se-á resolvido, ainda que certas soluções tenham custos sociais elevadíssimos.
Claro que, quando o neguinho -diria Dilma- for pedir crack numa das "consumption rooms" que os novos políticos criariam, seria frechado -diria Adoniram- com a seguinte pergunda: "mas tchê, tu já fuma este troço ou vai começar hoje?". Se a resposta é "tou aphim de começar hoje", joga neguinho nas mão do pessecólogo. Se era "já garrei o vício", joga ele na brigada das causas perdidas e o transforma em estudante de pessecologia, no "research programme" de largação de vício brabo.
Mas quem ainda lembra desse troço de "custo social"? Esse troço de pensar para frente? Esses troços de movimentos comunitários em prol da vida? Eu é que não...
DdAB
Como não poderia deixar de ser, como sempre digo, os acontecimentos se sucederam! Acordei sedo, digo, acordei sedado, digo, fui sedado por Zero Herra, com milhares de notícias aconchegantes, por assim dizer. Agora diz que o cardeal não excomungou ninguém, apenas avisou que poderia fazê-lo. Aborto é, claro, um bem meritório (mérito ou demérito?). A polícia absolveu um sequestrador que requereu pagamento de dívida de uma sociedade de economia mista para com ele. O depósito foi feito em sua conta, o sequestro levantado e -tomara- o povo comece a sequestrar os políticos requerendo moralidade. Precisamos dar um "crack" nos políticos, como a foto do Sr. Google Images dá na pobre noz, pobres de nós, aditaria a Sra. Lurdete Erthel. Lembro-me da campanha que lancei, de poucas adesões: "Abrace a política: sufoque um vereador".
O confundimento de crack das nozes e dos políticos acima com o crack da fumaça abaixo não quer sugerir qualquer apologia de seu uso. Usou? Viciou. Viciou? Difícil de largar. Mas o que podemos fazer com uma polícia que autoriza que o sequestrador tenha seu requerimento deferido? Ou com Zero Herra que, em seu editorial de hoje, exproba o uso do crack, dizendo que a repressão é que deve aumentar, olvidando -ela mesma- a notícia de dias atrás, quando integrantes do marcador "Lixo Urbano" atacaram a porretadas -assim entendo- um viciado em drogas que foi mandado matar ("sent to be killed") pelo Sr. Traficante de Tal.
Quer visão científica sobre o crack, sobre como vicia, como é difícil evadir-se do vício, uma vez instalado? Diretamente das Images do Mr. Google, achei a seguinte imagem. Dopamina? Isto dopa? É bom? É bem de mérito? O bem de mérito pode ter demérito? O moralismo dos governantes é hediondo? No outro dia, pensei: aparentemente, antes de nos livrarmos dos traficantes, o de que precisamos -para fazê-lo- é livrarmo-nos dos políticos!
Com políticos moralistas, que pensam que a proibição a certas práticas é motivo para demover multidões e que -assim- esquecem que há agora 55 mil usuários de crack apenas em meu edifício, ou Menino Deus, ou Porto Alegre, sei lá, não é possível pensarmos em solução séria para o problema das drogas. Claro que fumar crack não é o mesmo que fumar maconha, como sugere (sugere o quê?) a simpática figura -estilo Mandrake- abaixo.
O moralismo de quem a montou esquece o conceito de "droga recreativa", que aprendi com Richard Layard. Aprendi, no sentido de que mesmo antes de conhecê-lo, antei metendo meus chocolates, cafezinhos, chimarrões, para não falar da inalação de lança-perfume no Carnaval de, digamos, 1957, no Clube dos Sargentos em Campo Grande do Centro-Oeste, para não falar em - melhor parar de falar...
Como evitar o crime resultante da droga, que corrompeu políticos e policiais? No caso da tentativa de assassinato do devedor do traficante da Av. Ipiranga, parece que há algo muito simples: distribuição de crack "for nothing" para essa macacada. São 55 mil viciados. É preciso que o poder público livre-se dos políticos atuais e crie uma verdadeira brigada ambiental (sucursal da mundial) para dar conta de problemas populacionais, eles -os políticos- que, patrimonialistas, pensem apenas em sua família, uma geração ou duas, no máximo, pois sofrem de "shortsightednia". Claro que, em cinco gerações, tudo ter-se-á resolvido, ainda que certas soluções tenham custos sociais elevadíssimos.
Claro que, quando o neguinho -diria Dilma- for pedir crack numa das "consumption rooms" que os novos políticos criariam, seria frechado -diria Adoniram- com a seguinte pergunda: "mas tchê, tu já fuma este troço ou vai começar hoje?". Se a resposta é "tou aphim de começar hoje", joga neguinho nas mão do pessecólogo. Se era "já garrei o vício", joga ele na brigada das causas perdidas e o transforma em estudante de pessecologia, no "research programme" de largação de vício brabo.
Mas quem ainda lembra desse troço de "custo social"? Esse troço de pensar para frente? Esses troços de movimentos comunitários em prol da vida? Eu é que não...
DdAB
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