12 junho, 2014
Copa do Mundo: política I, II e III
Querido diário:
A Taça do Mundo é nossa!!! Tem dois indicadores importantes. Não sei bem a natureza desses "marcadores". O fato é que hoje li uma notícia sobre política e futebol e vi, no jogo, outra manifestação de política. Vejamos.
Na página 8 de Zero Hora de hoje, a colunista Rosane de Oliveira (rosane.oliveira@zerohora.com.br) tem a principal notícia sob o título de "A Copa e o Mito da Influência na Eleição". Ao começar a ler, eu não sabia exatamente em que pensar: futebol influi ou não na política? teria causação de Granger? E então aquele campeonato do Corínthians em, se bem lembro, 1977 (ou 1978, mas apenas um ou outro). Parece que fazia mais de 250 que o clube do coração de Lula não ganhava campeonato algum. Pois bem: precisamente no ano em que foi campeão houve um enorme movimento de greves em São Paulo que não derrubou a ditadura mas mostrou haver brechas para a resistência.
Ok, e depois? Bem, agora entra a Rosane fazendo um retrospecto de "seis pleitos presidenciais" mostra que a relação entre o jogo da copa do mundo e o resultado da eleição alguns meses depois tem relação errática, ou seja, muito provavelmente nenhum dos dois isoladamente "causa" o outro. O quadro diz tudo: se é verdade que FHC foi eleito pela copa do mundo, também o seria que ele foi eleito pois foi considerado o "pai do plano real", aquelas coisas da outra geração.
E, mais importante do que qualquer coisa relevante do passado remoto, houve algo marcante no jogo de hoje. Ou melhor, antes do jogo, quando os hinos nacionais da Croácia e, depois, o do Brasil foram executados orquestralmente lá no estádio do futebol. Tudo normal, talvez, no hino da Croácia. Na hora do hino do Brasil, parece que existe uma resolução da FIFA proibindo que seja executada toda aquela enorme introdução, toda a primeira parte e toda a segunda parte. Por brevidade, a FIFA deixa tocar apenas a introdução e um pedacinho minúsculo da primeira parte. E sabe o que o povo fez, bem como os jogadores? Seguiram cantando "em capela" até o final de toda a primeira parte! A FIFA manda no Brasil? Certamente não. A FIFA manda no governo? Who cares? O povo gosta de política? Claro que gosta, pois soube diferenciar a seleção da FIFA e do governo. O povo ama o Brasil e deu-se conta de que chegamos ao limite de um modelo de instituições políticas (reforma política etc) e administrativas (reforma do judiciário etc.) que precisará ser derrubado a ferro e fogo. Mas não tenho dúvida de que será derrubado.
Quer ver o que temos? Bem, a boa notícia é que teremos eleições. Mas olha o que ocorre nas negociações preparatórias, na busca de coalizões partidárias. Eu confesso que não entendo tanto de política para saber quem é o PRB (e tive preguiça de procurar...). Pois no Rio Grande do Sul, este partido -diz a mesmíssima coluna de Rosane de Oliveira- participa da administração estadual (na coalizão do governo Tarso Genro, petista). Mas este partido ainda não sabe se apoia um dos candidatos já estabelecidos, já lançados, um pelo PDT e outra pelo PP. E parece que informa que, se decidir sair do governo, entregará todos os cargos que ocupa "imediatamente". Por tristeza, comecei a beber.
E outra notícia da câmara dos vereadores da cidade. Nesta, foi aprovado um projeto originário de um dos vereadores do partido DEM (ex-PFL, como diz a Carta Capital): a partir de sua aprovação, os "assessores que recebem gratificação por dedicação exclusiva na Câmara tenham outro emprego na iniciativa privada. A pergunta é: como alguém conseguirá conciliar uma jornada de 40 horas na Cânara com outro emprego?". Assessores? Não são os temidos CCs, cargos em comissão, empregos reservados aos parentes dos próprios vereadores, de outros políticos, de cabos eleitorais (e, naturalmente, os próprios, os responsáveis pela incompetência que impera na administração pública brasileira contemporânea). Bebi ainda mais!
Depois disto tudo, o Brasil ganhou o jogo da Croácia por 3 x 1. Nem posso dizer que bebi mais, pois ainda estou bebendo, hehehe!
DdAB
Imagem: departamento de artes gráficas e origamíferas da Editora GangeS.
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