18 março, 2014
Preços Relativos e Planejamento
Senhoras e senhores:
Tenho, nos últimos anos, assumido com triste entusiasmo a noção de falhas de governo, ou seja, o nepotismo (os CCs), o tráfico de influência (o logrolling americano) as propinas, tanta coisa. E há muitos anos venho pensando no que seria mais edificante para a nação: distribuir gasolina ou distribuir comida. Uma vez que parece que a fome foi domesticada, devemos mudar a imagem para distribuir educação.
Mas não sou contra o planejamento indicativo, ao contrário. Ainda assim, vejo enormes dificuldades em se lidar com os preços relativos. Qual é a importância dos preços relativos no planejamento? Talvez se possa, usando um modelo de equilíbrio geral computável, determinar, mais ou menos, os impactos de investimentos públicos planejados, por exemplo, uma rede brasileira de túneis, sobre os preços relativos dos transportes de mercadorias, ou dos seguros sobre trens, ou do preço da alface. E talvez não se possa.
Quero dizer: em um planejamento público originário de uma sociedade com representação política decente e um orçamento público ativo, no final das contas, os preços relativos presentes e futuros não terão papel tão ativo na alocação dos recursos. O filtro do faz/não faz, do custo/benefício será mesmo muito mais político do que econômico (tecnocrático?).
E que fazer em um país como o Brasil contemporâneo em que a classe política (inclusive os milionários do poder judiciário) sequestrou o aparelho governamental para presentear-se com todo o tipo de benesse? Como quebrar este sistema político sem atropelar a ordem institucional? Acho que este foi o fracasso do Governo Dilma. Não esqueçamos que, há quatro anos, eu falava em chapa Serra-Dilma, ou chapa branca.
DdAB
Imagem de cá.
P.S.: acrescentado às 22h19min de 19/mar/2014: um evolucionista radical negaria a necessidade de políticas públicas. Mas, ao negar o planejamento, como se faria a coordenação de atividades intergeracionais, como a catedral de Barcelona ou as viagens a Marte.
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