20 março, 2014

O Lacre da Placa do Carro: o Detran e a privatização


Senhoras e senhores:

Quem já andou olhando se o lacre da placa de seu dileto automóvel está quebrado? Quem já o fez mesmo ao comprar a viatura nova ou de segunda mão? Quem fez fez bem e quem não fez deve fazê-lo antes de qualquer dá lá aquela palha. Em compensação, há uma longa reportagem anunciada na capa e desenvolvida na p. 32 de Zero Hora de hoje.

Uma dentista (não era uma senhora, uma brasileira, uma umbandista, uma pessoa?) andava, na noite, em seu carro. Caiu na Balada Segura (necessária repressão ao drink-and-drive) e comprovou-se que não bebera. Mas a balada segura não se atém ao bafo. Olharam de tudo no carro. E viram irregularidades, como uma das passageiras do banco traseiro não portar o cinto de segurança. E aplicaram multas. Mas viram o lacre da placa traseira violado. Pronto: prenderam o carro.

Pensei: tá certo que prendam um carro de lacre violado. Ou melhor, dependendo dos fatos, poderia haver mais julgamento pelo oficial autuante e menos burocracia. Por exemplo, se a, vá lá, dentista é a proprietária, se ela é ela mesma, essas coisas, se o prontuário mostra que ela não andou assaltando bancos, afanando o INSS, ganhando dinheiro para financiar campanha política, fazendo caixa 2, pedindo indexação dos vencimentos dos juízes e deputados, se ela, em síntese, é boa cidadã, até que poderiam ater-se à multa e a um bilhetinho (poderia até ser mensagem do celular) em que ela se comprometeria a ir, no dia seguinte, regularizar a causa da encrenca.

Lego engano: o carro foi mesmo apreendido e a dentista (eu dissera 'vá lá', expressão que intuo haver entrado na moda há algumas semanas) e seu pai estão há uma semana lutando para reaver o meio de extermínio de massas brasileiro.

Costumo dizer que o governo é uma droga, cheio de falhas, quase tantas quanto o mercado ou a comunidade... Não sou desesperançoso, ao contrário, acho que nós -os bonzinhos do Planeta 23 e seus leitores- é que vamos dar o tom para a construção do mundo futuro. Mas não posso cessar de lamentar que aquele negócio chamado Detran é um ninho de corrupção e incompetência. Era privado, passou a ser público, ou misto. Não há nada mais embaraçoso do que um governo dizer-se controlando tal descalabro administrativo.

A todas estas, minha conclusão é que -dada a segunda lei da termodinâmica- é dificílimo apresentarmos receitas para mudar o mundo. Eu sigo na minha: três horas de ginástica, três horas de trabalho e três horas de ação comunitária. E quer mais? A reforma política, claro. E a reforma tributária. Sou pelas reformas!

DdAB
Imagem daqui. Nunca vi, vou lá. Já voltei. É o viomundo.com.br. Atraiu-me a matéria sobre as reformas que estavam na parada quando os militares fizeram sua parada em 1964. Preciso olhar ainda com mais vagar, o que me requer um tempo que não está disponível precisamente neste instante em que estou pingando o ponto final.

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