31 março, 2014

Os Quatro Preços Macroeconômicos

Querido diário:

Nunca esquecendo o velho ditado latino:

Quid mensurare incipit errare incipit.

Ou seja, quando se começa a medir, ato contínuo, começa-se a errar. Isto significa que quem não se propõe a mensurar suas variáveis:

.a. talvez nem saiba bem quem é constante, quem é parâmetro e quem é variável propriamente
.b. talvez fique com a sensação de que não erra nunca, o que é a maior ameaça ao cérebro de um investigador.

Tenho isto em mente ao pensar em estilizar com o modelo IS-LM:

.a. claro que era IS-LM, progrediu a IS-LM-BP, reduziu-se para o corte da curva LM e hoje anda por aí, desafiando cérebros a fazerem algo mais útil (e assim será, ad eternum)

.b. a alternativa é estilizar com outro modelo (qual?) ou aceitar que os novos modelos, inclusive os de equilíbrio geral computável, são sucessores daquele equilíbrio geral que já foi chamado de Hicks-Hansen

.c. o origami macroeconômico permite-nos ver que embora haja equilíbrio ex post em todos os mercados, um pequeno desvio pode desarranjar todas as curvas ex ante.

Em minha visão, existem tão grandes incompatibilidades entre os três preços macroeconômicos formadores do nível geral de preços P (nomeadamente, juros i, câmbio c e salários w) que me parece que o equilíbrio planejado encontra-se muito distante do alcance. Muitos se orgulham de que o salário mínimo ascendeu a US$ 300 mensais, mas isto só ocorrer porque a taxa de câmbio está selvagemente subestimada.

A verdade é que, no capitalismo, o vetor [P i c w] é que requer o ajuste finíssimo de sorte a ser não abalado com facilidade, ou seja, ter certa estabilidade com relação aos choques externos. Podemos figurar isto num modelo IS-LM em que mesmo que imaginemos equilíbrio (ex ante) em um ano, quando qualquer abalo ocorre, as curvas ex ante se deslocam tanto que não mais podemos conceber nova harmonização que gere nova posição de equilíbrio simultâneo.

DdAB
Imagem: daqui.

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