sempre que faz seca do tipo que a que agora acossa a gauchada, o pessoal da Zona Sul diz: "daqui nasce a chuva, a fartura, a alegria de viver". sempre que chove em excesso, o pessoal da Zona Norte diz: "aqui a chuva nunca começa". usei a palavra "seca" no sentido de falta dágua, no sentido de Luiz Gonzaga. não a usei no sentido de "corte no suprimeito de drogas ilegais". estas, como sabemos, têm a oferta mais regular do que a própria precessão dos equinócios. um negócio de deixar os néscios cônscios de sua implícita propriedade da verdade.
por estar trancado em um consultório médico (esperando a consulta, não me interpretem mal), li - por inteiro, tesconjuro - o artigo de J. R. Guzzo das p.24-25 da revista Veja de 28/dez/2011. então lembrei-me da chapa Serra-Dilma, de que eu mesmo falava há um ano e pouco. obviamente houve avanços na trajetória do nacionalismo/1950 no encaminhamento do problema crônico da diferença de renda per capita entre este país e aqueles que melhor vivem neste vale em que falta de chuva. até a metade do artigo, estou com Guzzo. não me é frequente ver este paradoxo do otimismo de gente oito vezes mais pobre, em média, do que os bem-de-vida planetários.
mas o interessante de termos uma revista reacionária como a Veja é que ela esforçou-se para achar pontos negativos na chapa Serra-Dilma, o que é um progresso. eu nunca vira tão clara exposição do dualismo brasileiro, termo - aliás - banido em toda discussão moderna sobre o desenvolvimento econômico brasileiro. aliás, nem se fala tanto em desigualdade. é fato que a maioria absoluta da população brasileira e mundial considera que o Brasil é um sucesso. Guzzo e eu achamos que é preciso lembrar também dos desvalidos, entre eles os milhares de desmpregados que acham - aqui e no mundo - que tudo está bem.
DdAB
p.s. o jornalista Guzzo trata o ex-presidente Lula como "ex-presidente", sem declinar-lhe o nome. é o que sempre chamei de mau jornalismo, como exemplifiquei sutilmente ontem com a foto amplamente circulada em que flagraram o controverso político Jader Barbalho com o filho às carantonhas. é como se eu, que não leio Veja regularmente por detestar o tom permanentemente reacionário passasse a chamá-la de Cega... tudo é relativo... (com isto, faço o ano acabar com três pontinhos, logo após o final destes parênteses)...