querido blog:
não vou abrir novo marcador, gente. vou falar sobre futebol, gente? claro que não, pois pouco ou nada entendo. por exemplo, vi o segundo tempo do jogo e não percebi que o Barcelona se move pelo sistema 3-7-0, ou seja, não tem atacantes. se não é paradoxo hidrostático, é paradoxo do mesmo jeito: como é que pode um time sem ataque fazer quatro gols? ah, podia ser quatro gols contra, só que não foi. o primeiro tempo foi jogado sem meu conhecimento, mas vi-me pessoalmente carregado pelo segundo tempo do jogo. ou seja, eu sabia que o domingo teria futebol japonês, mas nem pensara em inserir-me na festa.vi três registros no jornal de hoje, o Zero Hora, a hora zero.
o primeiro foi Moisés Mendes, na p.4. ele diz algo óbvio, principalmente, depois que foi dito. e, para ser dito, precisou de uma verdadeira demonstração de superioridade inconteste da arguementação comportamentalista: um show de bola do novo sobre o velho:
"Tente copiar a fórmula do Barcelona e forme então um time imbatível. Os dois cérebros, Iniesta e Xavi, não correm, troteiam. Durante metado do jogo, andam de ré em busca do melhor espaço, muitas vezes um minifúndio de dois palmos. Deslocam-se, marcam. Ninguém grita, ninguém ergue o braço pedindo bola. Não caem, não levam trombada, raramente encostam em alguém. Não tentam apitar a partida com o dedo em riste e nem pedem pênalti."
achei genial, especialmente aquele traço dos barcelonetos de não tentarem apitar a partida. e sobre erguer o braço, também me comove o levantamento dos dois braços simultâneos, em defesa regulamentar, significando: "não tenho nada com estes gemidos do adversário, que caiu sozinho".
depois, na p.5, tem Abrão Slavitsky:
"A Espanha mudou o jeito de vermos futebol, está provando que o craque diferenciado não resolve sozinho. Afinal, o Messi vai para a seleção da Argentina [... e a Copa do Mundo fica com a Espanha...]."
e ainda depois, na p.15, tem a charge de Iotti. vemos o jogador Neymar (com seu penteado fundamental para a prática do esporte bretão, como se dizia. e que declarou que o Santos teve uma extraordinária aula de futebol) sentado num banquinho, assistindo a uma aula dada pelo jogador Messi do Barcelona. este aponta para o quadro verde, onde se lê: "Menos balaca. Mais futebol coletivo!".
também vi contra-exemplos, ou contra-notícias. gente que acredita que o Vasco da Gama do Rio de Janeiro não teria sido abatido com tanta facilidade. eu pensei, claro, no Bandeirantes de Futebol e Regatas, de Jaguari, agremiação que ajudei a fundar...
mas, mais importante do que evocar os áureos tempos do Bandeirantes, acrescentei à lista de Moisés Mendes o traço de trocar os treinadores dos clubes de futebol a cada três meses, o que me parece de estirpe criminosa: contratos custam dinheiro e distratos também custam. alguém está ganhando mais indenizações do que determina o regulamento.
de tudo isto, o que fica é:
.a. precisamos ter um sistema judiciário decente
.b. precisamos ter uma lei do orçamento decente
.c. precisamos ter uma administração pública decente.
DdAB
p.s.: a foto é óbvia: a construção de Gaudì, o maior arquiteto da história. postada sobre Barcelona, a maior cidade da história, postada sobre a Catalunha, a maior região mediterrânea da história. a história, por seu turno, é a maior história da história. e assim por diante.
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