querido blog:
ontem vivi uma experiência extraordinária. conversando com a dra. Carmem Daudt (médica e paraquedista), cheguei a mencionar
na postagem de 28/nov/2011, cheguei a mencionar, de modo brincalhão, algumas coisas:
.a. "por que um velho se preocupa com o futuro? eu, de minha parte, acho que é
que estamos interessados em ver aonde nos mandam nossos modelos." com esta piadinha mais desenvolvida, postei ontem uma definição para a realidade objetiva.
.b. menos piadisticamente, sugeri: "acho
que a sociedade igualitária é a panaceia, mas como não a vejo possível
em meu horizonte de vida, já vou jogando a responsabilidade para a outra
geração."
mas a dra. Carmem Daudt mudou-me a perspectiva, sugerindo que o que vemos é o resultado de uma enorme corrida de revezamento, em que muitos de nós -os participantes, ou seja, os nascidos vivos e talvez muito mais do que estes- nos entendemos como parte de uma história interessantíssima. fomos treinados para viver e também somos treinadores. treinamos nossos filhos e, muito além deles, os filhos de incontáveis outros (alunos, pacientes, clientes, fornecedores, e por aí vai). como tal, queremos que eles se deem bem, ainda que não saibamos os detalhes do restante de sua viagem/corrida/revezamento.
e daí entra novamente o papel do indivíduo na história, do jeito que o vejo: transitamos do culto aos antepassados mais diretos àqueles que viveram há muitas e muitas gerações, por serem ou nossos ancestrais diretos ou por termos com eles ancestrais comuns. Sócrates -que, como soubemos no domingo passado, era mortal- ou era meu parente direto ou, se não o era, tinha ascendentes comuns comigo, nem que fosse há 10 mil anos. em certa medida, também se liga a este assunto a possibilidade de que tudo gira em torno de nossa percepção de que perderemos de modo absoluto nossas memórias. neste caso, queremos deixar o maior número possível de traços que favoreça o resgate de nosso verdadeiro "ego".
em resumo: viver bem significa dizer que precisamos estar preparados para fazer um belo papel neste revezamento. é altruísmo querer preparar bem os futuros participantes que poderão "resgatar-me"?
DdAB
a imagem, que nos evoca o capitalismo japonês, veio do seguinte veio.
3 comentários:
ou o gene é egoísta, tudo depende das definições e rigor temático, existem injustiças intergeracionais por conta da ineficiência presente ou dos memes precários, algo como cogitar um mundo em preto e branco, no mais das vezes, falhamos o tempo todo, mas contínuo neo-evolucionista e dawkianiano que, aliás, é social-democrata e, portanto, trabalhista, se é possível entender. Belo post, abraço, s.
Não sei porque, mas isso tudo me lembrou foi "Das Prinzip Verantwortung", do Hans Jonas, que com certeza não era dawkiniano. Anyway, que o post é belo, lá isso é...
querida/o:
interessante que segui pensando na postagem. ainda bem que gostaram. e focalizei no prefácio do livro "O Gene Egoísta", de Dawkins (se não me faço redundante). evoquei também o prefácio que ele -Dawkins- escreveu para o livro "The Evolution of Cooperation", de Robert Axelrod. Dawkins diz que ficou feliz em ver o resultado do torneio e o Tit-for-tat como vencedor: digo eu que diz ele -Dawkins- que viu uma espécie de final feliz para o desalento de seu livro com a lição de "bom-mocismo".
meu resumo (para uso pessoal) da questão do egoísmo x altruísmo é que jamais saberemos, jamais poderemos grantir que quem quer que seja estaja agindo de um modo ou de outro. e o que interessa mesmo é nosso desejo de usar o "mundo lá fora" como instrumento de calibração de nossa modelagem. se é para autocontentamento então é egoísmo. e se é para uso benévolo por terceiros então é altruísmo.
DdAB
DdAB
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