15 abril, 2011

Tamanho aqui e agora: pouca macro e muita micro

senhor blog:
a situação está para formalidades. vou falar das coordenadas gerais que movem os Planetas 23 e Terra de Sol. no Planeta 23, tenho dito que a lei da oferta e procura é mais insinuante do que a lei da gravidade. a primeira mantém aviões no alto e a segunda os lança à terra. mas -neste preciso instante- há mais gente voando do que caindo...

rapidamente a macro: para Marx, uma das "leis de movimento do capitalismo" é a chamada lei da concentração e centralização do capital. concentração: poucas empresas dominarem a maior parte das vendas de uma indústria (de produto e processo homogêneos). centralização: poucos grupos econômicos dominarem parte crescente das vendas, do PIB, do que seja. concentração: micro, centralização: macro. vendas e lucro: micro; ocupação e consumo: macro. (n.b.: falei em "ocupação" e não em "emprego"; a filha dos juízes viaja à disneilândia e não tem emprego, não é mesmo?).

muito bem número um. a lei da concentração não funcionou. pensava-se, ainda no tempo da energia da fábrica gerada com vapor, que os estabelecimentos industriais tornar-se-iam maiores do que toda a superfície habitável de planetas como Júpiter... (epa...). com a eletricidade, aqueles troços de economias de escala de base puramente tecnológica deram, como diria a raposa de ontem, com os burros nágua... no mundo macro (mais Marx que Marshall, by the way), a centralização é uma realidade. revistas com o Forbes e outras que divulgam as 1.000 maiores empresas mundiais permitem vermos que esta "lei de movimento" é espantosamente verdadeira. cada vez mais o big business domina o overall business. a empresa de um estabelecimento foi sepultada num cemitério de múltiplos estabelecimentos... a empresa, além de diversificar-se horizontalmente, também se diversificou na linha de produtos. quem faz brioches também faz pão, não era isto o que teriam dito teria dito Maria Tereza?

muito bem número um vírgula um. e tanto a empresa se diversificou que ela tornou-se um banco. aprendi isto, tenho dito milhares de vezes, com a dupla Nelson Castan & Eduardo Maldonado, que -de sua parte- a aprenderam com James Clifton, com um artigo cuja segunda parte é um dos 10 mais, ou, no caso, como é 1/2, seria dos cinco mais... pois Clifton cita lá de sua parte o míster Donaldson Brown, gerente/diretor da General Motors lá pelos anos 1920s. (tenho tudo referenciadinho num papelzinho). Donaldson, se bem lembro, diz que a GM formava seu preço da mesma forma que o doutor Karl Henrich Marx mandava lá no terceiro volume d'O Capital, que -na verdade- foi editado por terceiros, Engels? Kautski?, don' rememba'). mas o principal nem é bem isto. o ponto fulcral do capitalismo, na visão que Clifton formou da obra de Marx, é que "no capitalismo, tudo vira mercadoria". o dinheiro de longa data virara mercadoria. e, como ele -dinheiro- é o poder sobre todas as demais mercadorias, inclusive sobre si próprio (o grande capital é avassalador sobre o pequeno) então seria natural que o centro de gravidade do sistema passasse crescentemente a girar em torno de um afamado deus: Mamón. pelo lado da galhofa, eu às vezes digo -criticando os bancos- que o melhor negócio do mundo é vender dinheiro. ao mesmo tempo, reconheço que, se fosse perfeito, não teria havido tanta corrida a bancos e, com elas, algumas mortes autoinflingidas ou induzidas. pequenos banqueiros. hoje até é piada falar nos rendimentos dos dirigentes dos bancos que desestabilizaram a economia em esfera planetária e no preço que eles pagaram pela incúria ou má fé.

muito bem número dois. falo mais explicitamente: os bancos surgiram como bancos, mas as empresas "produtivas", ao se diversificarem, também passaram a tornar-se bancos. e os bancos cedo compraram ou herdaram patrimônios industriais. era o dinheiro tornando-se mais potente do que a lei da gravidade no que tange a mudança econômica. que mesmo quis eu dizer até agora? o tamanho da empresa (essencialmente diversificação) levou aos bancos, e as economias de escala -among other things- levaram ao tamanho.

muito bem número três. onde mais nos teriam levado as economias de escala? de acordo com o evangelho de Samuel Bowles, existe um tripé que pode ser responsabilizado pelo seguinte conteúdo que postei em 27/fev/2011.

.a. as economias de escala,

.b. a natureza não contratual de um número expressivo de interações sociais

.c. comportamentos adaptativos em resposta ao comportamento dos outros
ajuaram a criar este caos que vemos no mundo moderno. caos de um lado e vida mais longa de outro. abundância e miséria, desigual e combinado.

então as economias de escala estão na roda da parada da rapa parodiada. sigo amanhã. ou depois.
DdAB
p.s.: a imagem hoje veio de perto: o blog do LeoMon. lá no site dele, há agradecimentos à fonte original. (eu chegara a pensar que fosse foto dele mesmo, pois suas andanças já contemplaram a China e, parece, a Lua e a estrela Vega).
p.s.s.: esqueci de dizer sobre a foto?
.a. muito cruamente, teríamos economias de escala apenas numa das linhas de montagem, que substitui os trabalhadores que levam de um ponto ao outro; as demais seriam apenas duplicações elementares e dariam no máximo retornos constantes de escala
.b. mas a montanha de esteiras sugere que poderá haver as "economias das reservas massivas" e mesmo "economias pecuniárias derivadas da compra em enorme quantidade de tudo".

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