querido diário:
quando, há anos, comecei a ler na literatura de "sistemas econômicos comparados" a expressão "comunismo" referindo-se ao sistema soviético e seus satélites (descontado o Sputinik), choquei-me, pois pensava que o comunismo ainda não chegara ao planeta. mais estupefato ainda fiquei ao ler que Joseph Stalin declarara, ainda antes da II Guerra Mundial, que a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas alcançara esta etapa, em que cada um recebe de acordo com suas necessidades e produz de acordo com suas capacides.
estupefato. estupefação. Stalin portava uma camada de erros de fazer inveja aos mais festejados dias do Inferno. seja como for, a proposta de "socialismo em um único país" ajudou a moldar a tragédia comunista, de final melancólico no dia 9/nov/1989, com a queda do Muro de Berlim. só mesmo a negadinha stalinista para pensar que daria certo dividir uma cidade com um muro, como se a Idade Mèdia pudesse ser recuperada com proveito.
seja como for, o Brasil teve lá sua cisma comunista, rolando dois partidos:
.a. o Partido Comunista Brasileiro - PCB
.b. o Partido Comunista do Brasil - PCdoB.
a propósito desta cisma, que teria aparecido como tragédia, rapidamente rolou a comédia: fundaram o PTdoB. é casca. no PCdoB despontaram os deputados Aldo Rebello (federal) e Raul Carrion (estadual) que rezam -rezam!- pela mesma cartilha: vamo acabá com os estrangeirismos, tovarich! claro que, como Américo Pisca-Pisca, afamado reformador da natureza lá da ficção de Monteiro Lobato, os dois comunistas são mesmo é empedernidos deslocados no tempo. reagem contra o povo, reagem contra a fala, querem determinar como o falante deve expressar-se, controlar-lhe o vocabulário, forçá-lo a reduzir seu universo mental para um conjunto vocabular herdado das gerações anteriores. não pode falar "tovarich", não pode chamar a filha de "Daiane", não pode fazer cópia xerox de livros, não pode viver, respirar, não pode!
hoje em dia, bem entendo, batiza-se um filho como Maicon ou Cristófer e a garota como Daiane ou Elisabete Regina, na busca de afirmação social. mas não são apenas as classes portadoras de poucas letras, mas boa dose de tolerância. a rapaziada do business sector também prefere falar em "link", ao invés de "ligação", "budget", ao invés de "orçameanto", e por aí vai. ela o faz de sorte a sinalizar qualidade e idade. claro que uma Daiane vale mais do que uma Josefina, para fins matrimoniais. e uma pizzaria que lida com um budget terá administração e contabilidade mais científicas do que aquela regida por um guarda-livros. e claro que isto é apenas um jeito de falar que, talvez, não tenha repercussões positivas sobre a rentabilidade do matrimônio da garota ou do patrimônio das massas aqueijoladas. mas talvez tenha repercussão. positiva. o que de negativo aparece nesta história é que um carinha com os ganhos de um deputado federal e os dois terços legais pagos ao estadual pense que pode estar representando algo progressista querendo impedir a mãe da Daiane sonhar em vê-la casada com algum Anderson ou Alex Sandro.
os "garotos [que] inventam um novo inglês" deixam claro que quem não os acompanha é porque ou não é do business ou é muito velho. sinalizações! em sendo velhos, o que eles fizeram foi deixar uma "pampa pobre". uma pampa cuja produtividade do trabalho é oito vezes menor do que a americana. e, em minha modesta opinião, seria isto o que deveria preocupar essa macacada que ganha R$ 30 mil mensais. nesta linha, o cargo do Aldo escaparia, pois sou a favor da manutenção da Câmara dos Deputados. já não diria o mesmo para o Raul, que considero tanto a Assembléia Legislativa como o Senado Federal apenas cabides de emprego completamente inúteis. e nocivos socialmente, pois ajudam a manter a desigualdade na distribuição da renda nacional.
DdAB
a imagem veio daqui.
Um comentário:
recebi um e-mail indagando se o título era falar direito ou falar pela direita. eu respondi que era falar pela direita. a direita é xenofóbica, nacionalista! a esquerda, pelo menos a esquerda igualitarista, diz "proletários de todos os países, uni-vos". e eu trocaria "proletários" por "povos".
DdAB
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