01 abril, 2011
Quadratura do Círculo e o Milagre Chinês
querido diário:
na imagem acima (ver importantíssima nota abaixo), flagrei um trabalhador chinês em plena faina. não fosse o primeiro de abril, nada haveria de anormal na foto como o sinorresidente empunharia a enxada, nada de foices e martelos. o Milagre Chinês, como sabemos, tem provocado sequelas nas juntas, no lombo, nos quartos, nos pés e por onde mais se queira tanto de t rabalhadores chineses (como o da foto) quanto no de trabalhadores de praticamente todo o resto do mundo. no Brasil, a transformação estrutural é tão medonha que os próprios jovens estudantes brasileiros pensam em pegar na enxada, a fim de mais aprofundadamente cumprirem a sina de sermos um país essencialmente agrário. primeiro de abril.
obviamente, esta postura de caroneira da China, além de ser um verdadeiro "ovo de Colombo", deu-lhe os frutos esperados para uma economia essencialmente fechada, ou essencialmente planificada centralmente, ou essencialmente aconchavada com os mais mortíferos interesses da burguesia internacional. primeiro de abril. seja como for, parece que há gente que, em defendendo a impossibilidade de lutarmos pela quadratura do círculo, ainda acha que podemos seguir o modelo chinês com
.a. redução da jornada de descanso (ou seja, jogar a macacada a trabalhar 13 ou mais horas por dia)
.b. redução dos dias de repouso semanal remunerado
.c. redução dos dias de férias por ano
.d. redução dos dias feriados
.e. redução dos requisitos mínimos de idade para a entrada no mercado de trabalho (troque seu cachorro por um menino trabalhador)
.f. redução do tempo de vida a ser "gozada" pelo trabalhador depois da aposentadoria
.g. outras tropelias sobre o mínimo que se pode esperar de um sistema econômico decente: que garanta um nível de vida decente a sua população e que a vacine contra pressões descendentes.
claro que se o Brasil não pode garantir estes direitos mínimos e joga na enxada a juventude, precisamos pensar nos óbices ao crescimento da produtividade e tentar removê-los e não, como pensa o empresário Paulo Vellinho, articulista da p.13 de Zero Hora de hoje (primeiro de abril), abrigado sob o título de "Inventando a roda quadrada". o artigo, como peça de entretenimento é tão interessante que decidi dirgir-lhe não apenas a busca no Google Images do pobre brasileirinho de enxada em punho roubado de outro site acima como também o pródromo acima e os comentários abaixo.
first. ele começa dizendo que "Viajar pelo mundo vencedor é uma obrigação de todo cidadão brasileiro, não com espírito de crítica, mas sim de humildade para verificar os fatores terminantes da construção dae sociedades mais justas em termos socioeconômicos, com a preponderância da classe média [...]" claro que não há país mais vencedor, nos dias que correm do que o Gigante Amarelo. pelo menos, a julgar pela taxa de crescimento da economia. ok, ok, não estamos falando, neste caso, nem da sociedade mais justa em termos socioeconômicos nem, menos ainda, de preponderância da classe média. o que vemos na China é a espantosa e crescente concentração da renda, os tais 10% a.a. de crescimento do PIB e mais um certo descaso para com os próprios fornecedores de matérias-primas importadas. ok, ok, também vemos que ela é dirigida por uma elite pequena e um Partido Comunista que conta com 60 milhões de carteirinhas (fora as falsificadas, afinal, estamos em primeiro de abril).
ok, ok, então pensemos no cidadão brasileiro com ou sem espírito de crítica que nunca foi além de Foz do Iguaçu ou Santana do Livramento. é um irresponsável, pois não traz grandes novidades que permitam ao Brasil elevar sua produtividade do trabalho e, com ela, o enriquecimento geral da nação. next, ele -Vellinho- lança uma diatribe contra os dirigentes do Brasil, em especial os políticos, que legislam benesses para eles mesmos, deixando a plebe rude no "andar de baixo" (sic).
em compensação, para ajudar a reduzir a desigualdade, Vellinho cita alguns dados de diversos países -se bem entendo- "do mundo vencedor", cmo o Canadá, o Reino Unido, a França, a Espanha, a Itália e a Alemanha, que têm reduzido a idade de aproveitamento da aposentadoria até a morte dessa macacada do andar de baixo lá deles. nas palavras de Vellinho, o que eles tem feito é "elevar a idade mínima" para a aposentadoria. claro que não sei dizer o que Vellinho quer dizer com estes vencedores. cá entre nós, parece que eles encontram dificuldades figadais em manterem-se competitivos. isto é característico de países perdedores. perdendo a corrida pela produtividade.
por outro lado, precisamos indagar-nos se a produtividade dessa turma toda, inclusive a do Brasil tem aumentado secularmente ou não. e aí vemos mais problemas de primeiro de abril com o articulista. será concebível que as medidas caricatas (e algumas delas dolorosamente verdadeiras) que acima atribuí à China têm mesmo lugar no século XXI? tem cada uma. era só o que faltava: acabar de vez com o mecanismo de aposentadoria de quem recebe mensalmente, digamos, mais de R$ 200 mensais. tava tudo resolvido, pelo menos até o próximo primeiro de abril!
DdAB
p.s.: a imagem veio d(aqui) e parece ser, de minha parte, diga-se de passagem, pois o original é escorreitíssimo, do trabalho infantil na China.
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