02 abril, 2011

Infanticídio na Zona Urbana

querido diário:
eu, com minha maniazinha de condenar o relativismo cultural, nem sabia que há uma campanha contra o infanticídio dos índios brasileiros. o tema é importante, nos dias que correm. os dias que correm, como sabemos, não podem ser estancados. a vida segue seu rumo, como não poderia deixar de ser. o que pode ser estancado é o infanticídio urbano.

no caso da urbanidade, convém tratar com respeito as crianças, inclusive os meninos de rua, inclusive os nascidos na rua e inclusive os nascidos em circunstâncias que não os fazem desejados por quem os teve. o problema é muito mais de miséria do que de maldade. nas tribos indígenas selvagens, que vivem ao arrepio da cultura indo-européia (pelo menos, a basear-nos nas origens da língua que floriu do Lácio, não era isto?), não parece oportuno jogar um delegado de polícia ou um comissário do povo a encarregar-s de investigar se a selvageria se estente aos recém nascidos.

a hipocrisia da cidade condena o aborto provocado, virou indústria, tem preços e lucros, tem mortes e sequelas. a hipocrisia da cidade, sabemos, é capitaneada pelos políticos, esses avatares da própria imagem e do patrimônio de suas dignas famílias. a hipocrisia da cidade acontece com os pais abastados de Curitiba que, errando nos cálculos de uma inseminação artificial, coisa de mais rico do que de mais pobre

oh tempos, oh, costumes. tá lá escritinho no blog de onde veio a comovente foto de hoje. nada do que é humano me é estranho. claro que, mal comparando. por um lado, o infanticídio entre os índios não aculturados parece-me tão normal quanto o de nossos antepassados indo-europeus. por outro lado, parece-me que o infanticídio de Belo Horizonte, o de Maceió, o de Porto Alegre e o de Curitiba merecem a mesma condenação. se nem o suicídio é bem vindo, só imagina acabar com a vida de terceiros, ainda que umbilicalmente originados.
DdAB
imagem: abcz.

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