querido diário:
sempre fiquei de orelha em pé quando ouvia a expressão "mecanismo de mercado", pois não sabia bem o que era isto, se não quisesse parecer "mecanicista". por mecanicista, lembro a crítica de Cornelius Castoriadis a pensadores não economistas. em um en passant, ele simplesmente disse que "dinâmica é mecânica, enquanto que dialética é que é o canal", ok, ok, não foi bem com estas palavras e, aparentemente, nem na publicação Elsewhere, revista de filosofia política inexistente. não quero falar da dupla analítica-dialética, o que me jogaria para trás e para frente, em postagens inspiradas em leituras pretéritas e futuras de meu amado Carlos Roberto Cirne-Lima. nem no livro que começo a ler hoje, Richard Rorty, "A Filosofia e o Espelho da Natureza", edição lusa de 1988.
pois bem, o que desejo salientar é que hoje caiu-me a ficha sobre este assunto do que é mesmo mecanismo de mercado. não sei se anteriormente não pensei o suficiente, o quê. o fato concreto é que devemos pensar em Herbert Simon e o homem de marte. não, não é Robert Henlein Jr. Simon fez a alegoria de que, se os mercados fossem pintados de verde e as organizações, pintadas de amarelo, um homem originário do planeta Marte veria inicialmente os amarelos e apenas à medida que se aproximasse mais é que veria os amarelos. ou seja, há muito mais firmas do que mercados. é natural, cada firma atua em alguns mercados, mas cada mercado é, em geral, servido por inúmeras firmas. (como lembramos, já andei jurando que um mercado pode ser tachado de concorrencial quando há nele pelo menos oito empresas de tamanho não muito diferente).
aceitando a palavra "organização" como sinônimo de "instituição", na linha de Simon, devemos pensar que talvez não devêssemos falar em "mecanismo de mercado", como acabo de ver na Internet atribuído a Adam Smith (mas nunca vi isto no Smith), mas em "mecanismo dos preços". esta expressão também é encontradiça aqui e ali. vai aqui meu pensamento:
o mercado e o mecanismo de preços por ele desencadeado são os instrumentos fundamentais para a articulação da ação das instituições econômicas, ou seja, a interrelação de compra, venda e donativos encetada entre produtores, fatores e instituições.
DdAB
a imagem proveio de: http://carlosaugusto.multiply.com/journal?&page_start=120. obviamente esta imagem mostra alguma dimensão da tragédia brasileira deste verão, que terá um da capo no verão que vem, durante -pelo menos- alguns anos mais.
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