25 janeiro, 2011

Mais Auto Referências: blog, filosofia e turismo

querido blog:
sei que cito meus artigos mais do que terceiros o fazem. penso que os epígonos (epa!) poderiam ter mais o que falar se rastreassem meu modo de pensar. na verdade, às vezes penso em epígonos, mas fico na ideia que me foi passada pelo prof. João Rogério Sanson: escrevo para lerem em certo futuro. penso que, se a humanidade tiver, digamos 1 trilhão de habitantes, poderá ter um ou dois milhões de pessas interessadas precipuamente nas mesmas coisas que me interessaram e, como tal, rastrearem minhas lucubrações.

não acho má ideia esta ideia de rastreamento, pois -já anunciei- comecei a ler

RORTY, Richard (1988) A filosofia e o espelho da natureza. Lisboa: Dom Quixote.

por indicação do prof. Eduardo Grijó. e entendo que Rorty fez mais ou menos o que penso: releu tudo o que escrevera até aquele momento, reorganizou coisas, tratou de dar um prumo a pilhas de anotações e culminou com um tópico frasal maravilhoso, que já vi se desdobrar duas ou três vezes, isto que alcancei apenas as primeiras páginas do primeiro capítulo da Parte I:

Quase na mesma altura em que comecei a estudar filosofia, fiquei impressionado com o modo como os problemas filosíficos aparecem, desaparecem, ou mudan de forma, em resultado de novas assunções ou vocabulários.

aí, se bem entendo, ele demarca um território já ocupado por Locke, Descartes e Kant, contrastando-os com seus verdadeiros interlocutores contemporâneos (o livro pintou-se, em inglês, há 30 anos), nomeadamente, Wittgenstein, Heiddeger e Dewey. com este espírito mental na ponta dos dedos, as três partes do livro dedicam-se a filosofar sobre a mente, o conhecimento e a própria filosofia. claro que fico a perguntar-me o que faria um Rorty, um Cirne-Lima com a filosofia vista sob o ângulo de uma pessoa que está escrevendo precisamente neste instante e terminará de publicar o livro antes do final de fevereiro, o que me permitiria adquiri-lo durante minha estada em Lisboa...

seja como for, no final da Introdução (p.22), ele diz coisas maravilhosas originárias de John Dewey

Dewey [contrastando com Wittgenstein e com Heiddeger, que centravam seu interesse no indivíduo] redigiu a sua polêmica contra a tradicional imagética especular a partir da visão de um novo tipo de sociedade. Na sociedade ideal, a cultura não é mais dominada pelo ideal da cognição objectiva, mas pelo da elevação estética. nessa cultura, como ele disse, as artes e as ciências serão as flores espontâneas da vida'."

e eu pensei que, há anos, criara o motto "Ordem e Bondade" para os territórios sob a administração do Governo Paralelo. e, mais adiante, pensei que, vencida a escassez, vamos dedicar-nos -como o fazem os ricos de hoje em dia- apenas às artes e aos esportes.

blog? falei em blog no título desta postagem? é para dizer que surpreende-me esta era de milhões de tudo e, particularmente, que -em poucos dias- meu site terá recebido 20 mil registros de acesso. mesmo contando que cada vez que eu faça algo relacionado a ele, conte-se um acesso, sobram ainda alguns pares de centenas... dias atrás comemorei (em silêncio) a 600a. postagem.
DdAB
tirei esta capa do livro que Júlio Berni escreveu em homenagem a minha 20.000 postagem (a ocorrer) daqui: http://www.emule.com.br/lista.php?keyword=Leguas&pag=5&ordem=DESTACADOS.

3 comentários:

Anônimo disse...

Como andas meu caro? Espero que contente com os admiradores do seu trabalho. Além do blog ser útil como instrumento de desenvolvimento de ideias, ele proporciona boas bases para novos debates. Assim também o seu site já foi útil para mim. Andei furtando alguns materiais para passar o tempo. (risos).

Abraços

DSC

Sílvio e Ana disse...

Epígono é o ângulo de cima de um triângulo, ou seja, aquele oposto à base escolhida. Existiu uma parte da matemática chamada de epigonometria, que em vez de tratar dos três, estudava apenas esse ângulo superior. Por ser considerada discriminatória, a teoria foi pouco a pouco abandonada. Hoje, o único discriminante aceito é o da fórmula de Bhaskara.
(Sílvio)

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

queridos amigos Daniel e Sílvio:
.a. Daniel: eu fico felicíssimo em saber que admiras coisas que faço. e eu também acho tua inserção neste mundo da economia muito interessante e prevejo um futuro ainda mais luzidio para ti.
.b. Sílvio: concebo o ideário democrático com um projeto contingente, em sua historicidade, mas talvez capaz de capturar a sensibilidade popular, em escala universal, se o descrevermos como uma construção, que não se funda em nossa natureza - oomo desejaria o dogmatismo autoritário etnocêntrico, de vezo colonialista -, mas deriva de nossa imaginação e audácia experimentalista, as quais não evocam a raiz de nenhuma fundação, mas o futuro, a utopia e a generosidade de um sonho comum.
DdAB
p.s.: ok, ok, esta frase não é minha, mas de Luiz Eduardo Soares. vou transcrevê-la, com alguns arremates para a postagem que farei ainda hoje.