29 janeiro, 2011

Eu Conheço um Garotinho que Queria Ter Nascido Pastor Alemão

querido blog:
o rock da cachorra, de Eduardo Duzek, de mais ou menos 1984, tem este verso lá pelo meio da letra. há pouco, ele -verso- entrou-me na cabeça à propos alguns eventos que andei vendo nas ruas de Porto Alegre. em Jaguari, sabíamos -à distância- da "Vila da Ponte Seca", um viaduto sobre o qual passa/va o trem para Santiago e daí para frente. 50 anos atrás. tanto tempo fa.

às vezes a gente sente-se piegas, falando nos meninos de rua, falando em justiça social. às vezes a gente sonha com um mundo mais igualitário. se havia trem de passageiros há 50 anos, devemos indagar-nos o que impede que, daqui a mais 50, não possamos tê-los novamente. o problema, creio, que este tipo de solução, que requer um verdadeiro sistema econômico par lui même, empregos diretos, manutenção, fornecedores, clientes, outros stakeholders, em síntese, tanta abertura que só pode ser concebida na sociedade que escolhe o igualitarismo, na sociedade igualitária, a própria atividade gera igualitarismo.

antigamente eu achava simplesmente que todos os políticos (ergo, ladarões) eram apenas ladrões e que isto explicava tudo. depois, concebi a teoria do estado de alfa microeconômico. esta propõe que a ação individual -digamos, G- é uma combinação entre uma componente altruísta A e outra componente egoísta E:

G = a x A + (1-a) x E

e que, por problemas de aritmética, o alfa dos políticos é praticamente nulo. ou seja, todo político não tem coração, proposição tipo "O" do quadrado lógico. mas, pensando muito nestas coisas, vim a entender que existe um problema muito mais sério, que não se presta a este tipo de tratamento. o que ainda não entendi é qual a álgebra adequada para tratar deste problema. entendo que há problemas que envolvem "este" problema, problemas de escolha coletiva, problemas de coordenação da ação dos agentes, problemas de criação de estruturas de incentivos adequadas para conduzir a sociedade a rumos mais confortáveis para os meninos de rua, para a velhice desamparada, para o trabalhador desempregado. ontem, reproduzi um texto que constitui uma excelente agenda para a discussão e mentagem de um projeto utópico, um projeto de sociedade do futuro, um projeto de reformas democráticas que conduzam ao socialismo. o Oriente Médio está pegando fogo. tomara que surja de lá uma propsota mais interessante de libertação humana do que homem batendo em mulher, do que cortando mão de ladrão, de ambos os sexos desempregados, e do que infância abandonada pelas ruas.
DdAB
esta imagem é loquaz, ambas, a do título e a da imagem: http://clarkbrunoamargem.blogspot.com/2010/05/sem-pedigree.html.

Nenhum comentário: