05 julho, 2009

Ratos, homens, desemprego e a mardita


estamo-nos movimentando. evitando a próclise no início de frases que, otherwise, levaria um pronome átono. como sabe aquele/a que me acompanha, faço parte do Movimento MFP (Me faz próclise, te chamo de castelhano/a), o que requer que eu, a não ser de modo inadvertido, inicie sentenças em língua portuguesa com o pronome átono. o que o/a leitor/a diligente/o/a saberá/o é que estou, solitariamente (?), iniciando outro movimento, no sentido de acabarmos com o uso de maiúsculas para iniciar as frases. claro que iniciar com pronome átono é apenas voltar ao reino da Espanha, de onde saímos, eles (eleswho?). nós -como sabemos- saímos da cruza entre políticos e ladrões, ratos e homens, o que dá na mesma. com isto, penso estar retaliando a Academia de Letras e suas obstinadas e bem-sucedidas investidas contra as bibliotecas de língua portuguesa, at the same time que meto uma homenagem (elevada na menos um) para os alemães que grafam todos os substantivos com maiúsculas. bichos arrevezados! ou seja, "o capital" (isto é, M x V) é "das Kapital", como sabemos. já há quem ande suspeitando que ando postando com frequencia suspeita. eu mesmo o faço, suspeito de tudo, inclusive de suspeitas. ocorre que, uma vez que uma mão lava a outra e ambas, como disseram, lavam um mamão, o rosto e o resto, segue-se logicamente que a teia é composta por infinitas conexões. digo "infinitas" no sentido de Borges (de Medeiros), isto é, "grande prá burro". então começo. ou seja, então coméço, do verbo começar: prendem-me duas postagens de LeoMon que comentei por cá. uma, dos gráficos, sobre husbandry, um troço destes. e outra, de outro troço destes que comentei, evocando o livro "but they kill horses, don't they?" LeoMon traduziu: "a noite dos desesperados". eu sabia, mas não lembrava. vi o filme, Jane Fonda, já sabemos. e Michael Sarraceno. e também queria ter dito (ao migrar de seu comentário a minha postagem) que o tema de tomar a Grande Depressão dos anos 1930 como assassina de ratos, cavalos e homens é pau. e por que, apenas agora, nas antevésperas de completar meus 62 anos de existência (nem sempre honrosa), é que decidi dizer isto? é que Zero Hora de hoje, no caderno Dinheiro (p. 3) molha a mão de Paul Krugman (ou dos stockowners do New York Times, um troço destes) com direitos autorais sobre o artigo "De volta aos anos 30". Tem muita coisa no artigo, já servindo apenas justificar a inspiração para o que considero evidente como interpretação feita por um programa de inteligência artificial que lesse as quase 200 postagens que fiz aqui neste blog, desde que o iniciei, mas especialmente, minha dissertação de mestrado, os papeizinhos que ando entregando aos meninos de rua e as mensagens que estes transmitem-me (retransmitem) a partir de recados que recebem, à ses tours, de naves lokianas, que não se devem deixar confundir com lockianas. p.s.: em campo grande (que queria dividir o Mato Grosso para multiplicar. deu-se a divisão, cadê a multiplicação?), lóqui era trouxa, sucker, como diria John Steinbeck. como se vê, andei vendo o filme sobre Arnaldo Batista. dito isto, o crack, a cachaça, o diabo ingerível, inalável, o que seja, só pode ser filho da sociedade desigual. na sociedade igualitária, não haverá juízes de cadeia estúpidos, pois eles teriam recebido boa educação, boa formação. nem policiais dromedários, que eles também saberiam inglês e outras línguas estrangeiras e nacionais, além do domínio do orçamento doméstico na planilha Excel (ou assemelhadas). nem médicos adoentados (aloprados themselves) que recomendam a proibição legal do uso de drogas e que o lado big business da questão seja resolvido com a revogação da lei da oferta e procura. gráficos mostrando que o desemprego causa o alcoolismo, a degeneração humana, a estupidez de juízes, promotores, advogados, sargentos, professores e tudo o mais são úteis, pois permitem que nos confrontemos com o que pensamos ser uma sociedade justa e, especialmente, o que queremos dizer quando sugerimos que a prioridade absoluta é gastar em educação, que educação cultiva elevados valores humanos, que a capacitação é melhor do que a doação de dinheiro, que pobreza não é carência de dinheiro e que, a longo prazo, não apenas todos estaremos mortos mas, principalmente, todos estaremos felizes. é evidente que, sem educação, não há remissão. mas tampouco a ausência de atividade econômica permitirá o alcance de um futuro luzidio. tentei lançar uma campanha publicitária dizendo: "viva o economista: a médio prazo, a lei da oferta e procura é mais determinante da ação humana do que a lei da gravidade". em outras palavras, se deres dinheiro para o pai do menino de rua, ele encaminhar-se-á à Disneylândia, como fazem todos os endinheirados. por que logo o pai do pobre menino pobre é que iria evadir-se deste condicionante mais forte do que um baio. (Baio? sim, "6. Bras. RS Cigarro de palha feito com fumo crioulo"). em outras palavras, quem está mais capacitado a enfrentar a vida, um dromedário que não sabe colocar pronomes, pois o povo da esquina da Av. Cristiano Fischer com Ipiranga não se esmera neste tipo de traço educacional, ou um guri que visitou a Disneyworld e saiu de lá motivado a estudar mais inglês? diz o Prof. Amartya Sen que é o guri da Av. Ipiranga, se o capacitarmos (sem renda, basically) a ir à Disneyworld. vejamos como ligar temas aparentemente díspares, antes que o programa de inteligência artificial nos tire esta encantada possibilidade de sacar ouro às cinzas... para a crise de setembro de 2008, eu -que não sou macroeconomista no sentido dos modelos de crescimento- previ: inflação, desemprego e pib voltando a crescer a.s.a.p.. também previ e prevejo certo protecionismo generalizado, o que obviamente servirá para agravar o problema. só há uma verdade absoluta: todo protecionista tem mente dissoluta, not to speak of Campos de Carvalho... o próprio Krugman (ou era Steinbeck, ou Euclides de Jesus Zerbini, ou o velho livro de Dernbourg-McDougall de macroeconomia, um carinha destes?) dias atrás entendeu que a recessão (depressão, que seja) torna-se menor na medida em que há estabilizadores automáticos para a renda dos invidíduos. o que eu tenho dito é que, uma vez que a dimensão do sistema, dada a matriz A de coeficientes de produção, é determinada leontiefienamente (eu não disse "duilianamente") pela demanda final e esta é determinada pela renda da negadinha e que a renda é Y = MxV, segue-se logicamente que maior pagamento em seguro desemprego, renda básica, essas coisas, só pode ser saudada com otimismo por aqueles que, como eu, querem aumentar a pressão sobre o meio- ambiente em resposta à produção de crescentes quantidades de bens e serviços. [tenho presente, como disse Paul Samuelson, que fazer bomba aumenta o PIB e fazer hospitais também]. eu entendo que a própria deflação japonesa apontada por Krugman teve como vilão o governo (e, claro, a vilã que o constitui e avaliza, sua comunidade) japonês que foi incapaz de .a. expandir a renda da negadinha com aumentos nas transferências (mais dinheirinho para a negadinha, inclusive com a instituição da renda básica japonesa) .b. início da criação do programa de renda básica universal com um pacote, digamos, destinado a ajudar a turma (veja só, eu não disse 'negadinha') da Nigéria, que precisa de dinheiro, a fim de não poluir o planeta com um crescimento demográfico superior a sua capacidade de oferecer aos nascidos uma renda (e eu não disse emprego) que lhes possibilite desfrutar de uma existência digna. resumo da ópera: .a. renda é ou não é Y x 1= M x V? .b. o valor da produção é ou não é a soma do valor adicionado:p=y=d com o consumo intermediário:ci? .c. o valor da produção (que é y+ci) depende ou não depende funcionalmente da renda (no caso, usando o sentido de "receita das famílias, do governo, das firmas estrangeiras que importam nossa produção") que cai nas mãos da negadinha? ou seja, a quantidade x de, digamos, wiskhy, depende da renda do depressivo, além de depender do próprio preço do wiskhy, do preço dos outros bens etc..? e se o carinha perde o emprego, segue depressivo ou tem dinheiro para comprar viagens à Disneylândia? .d. dá na mesma dar um pila na mão de um pobre ou na de um rico (numa distribuição contínua)? .e. dá de implantar a renda básica (+ educação via Serviço Municipal via Guarda Municipal) agora ou quer levar bronca? DdAB

4 comentários:

Unknown disse...

Prof.: com a síndrome de quem tenta ler todos os jornais da semana no sábado, volto a apresentar-lhes meus (modestos) comentários aos seus (sempre brilhantes) exercícios intelectuais, sempre orientados pela dúvida (os meus comentários, não os seus exercícios). Comecemos pelo mais recente: quando a pessoa procura, procura e não se depara com a correspondente oferta, e cai de bunda - não estaria a manifestar-se aí a lei da gravidade, sobrepondo-se às leis do mercado? Me parece que, em qq caso, a situação é grave - e põe gravidade nisso!
Muito esclarecedoras suas observações histórico-turísticas sobre a tumba de Karl. Sim, porque tinha eu a impressão de já tê-la encontrado em diferentes lugares por onde andei, e estava quase me convencendo de que Marx, uma vez morto, adquiriu o dom da ubiquidade - ou seja, pode-se enterrá-lo em qq lugar do mundo, desde que haja coveiros de plantão.
E - por favor - não me queira mal se me atrevo a confessar que, embora conheça alguns economistas que são boas pessoas, conheço vários outros que são tão más pessoas que o fato de serem economistas não é atenuante.
Saudações militantes!

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

caro professor Ellahe: sentia-lhe a falta e quase dela reclamei publicamente, para, claro, um menino de rua! sobre as leis da oferta e procura e da gravidade, Galilei disse "ainda precisaremos de um von Neumann para explicar isto". como no soy tanto...
.d.

Unknown disse...

Bem, pelo menos, enquanto isso ... si muove!

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Ellahe:
seja como for, convido-a -epa, convido-o- a conectar-se com novas, extenuantes e explosivas postagens.
.d.