22 julho, 2009

Érico e o kwy

Querido Diário:
Esta é a capa de Israel em Abril que baixei do Google Images. Nâo é a de meu livro e não sei qual é a edição mais antiga. Não acho isto importante para os fins a que me dirijo. Estes são os que complementam aqueles. Ou seja, os de hoje complementam os de ontem. Ou seja, já começo a provocar gente de Q.I. baixíssimo, já que estamos no mundo das siglas, e que acham que o pronome "este" não existe. Eu digo que o "esse" é que não existe. Em inglês, língua falada por nossos proprietários, temos "here" e "there". Para corresponder a "este", "esse" e "aquele", ouvi dizer que Paul McCartney compôs "here", "there", "everywhere", o que podem ser boatos contendo inverdades.

Em “Israel em Abril” fiz anotação sobre um registro de Érico Veríssimo à p.35 (Edição de 1970). Lá encontra-se uma referência ao ladino, língua que é um “filho natural do castelhano”, em que ele se refere, por exemplo, a “nuevos embiyos de aviones”. Digo eu: “pau na ABL”, como Monteiro Lobato disse que . E isto porque, na orelha do livro, que reproduz a carta com que Érico encaminhou os originais a seus editores, temos o seguinte parágrafo:

Juro que tentei observar uma certa uniformidade na grafia dos nomes de pessoas e lugares. Quando, porém, descobri que existem muitas maneiras de representar fonèticamente os vocábulos hebraicos e árabes, desisti do honrado mas fútil propósito. Peçam, pois, aos revisores - como eu pedirei aos leitores - que tenham paciência com as incoerências ortográficas que encontrarem nestas páginas, nas quais, entre outras liberdades, tomei a de usar letras como o k e o y, há muito expulsas de nosso alfabeto. Consola-me a idéia de que não será a mudança de uma, duas ou mesmo três letras num substantivo próprio ou comum que vá alterar a natureza ou a fisionomia da pessoa ou lugar que designa. [...].

Não creio ser necessário dizer mais nada. Ainda assim, vou olhar o "Urupês", de Monteiro Lobato. [pausa]. Olhei. Voltarei a ele, in due time, pois ele diz o seguinte:

Não há lei humana que dirija uma língua, porque língua é um fenômeno natural, como a oferta e a procura, como o crescimento das crianças, como a senilidade, etc. Se uma lei institui a obrigatoriedade dos acentos, essa lei vai fazer companhia às leis idiotas que tentam regular preços e mais coisas.

E eu que pensei que eu inventara o recurso retórico em que sustentei que a lei da oferta e da procura é mais presente do que a lei da gravidade. No Rio Grande do Sul, não muito mais de uma ano, houve duas tentativas:

.a. preço da indústria exibidora de filmes
.b. preço do ingresso nos bares e boates.

Mas o que eu queria dizer era a passagem que Monteiro Lobato cita de Carolina Michaëlis:

A língua é a mais genial, original e nacional obra d'arte que uma nação cria e desenvolve. Neste desenvolve está a evolução da língua. Uma língua está sempre se desenvolvendo no sentido da simplificação, e a reforma ortográfica foi apenas um simples apressar o passo desse desenvolvimento. Mas a criação de acentos novos, como o grave e o trema, bem como a inútil acentuação de quase todas as palavras, não é desenvolvimento para frente e sim complicação, involução e, portanto, coisa que só merece pau, pau e mais pau.

Ou seja, estou com Carolina quando ela fala em "pau, pau e pau", expressão que incorporei quando reli "Urupês", digamos, no início de 2005, eu que o lera, digamos, em 1965, ainda nos tempos do Colégio Júlio de Caudilhos. E insisto neste "caudilhos", que é um hábito de velhos esquerdistas estrachinarem com nomes de desafetos. Stálin e eu fazemos isto.

Agora, se bem lembro de ter lido num papelzinho, Carolina também foi responsável pelo acordo de 1943 o.s.l.t., o que a coloca no rol de pessoas que me são desafetas. Se é verdade, pau, pau e pau na idéia dela também!
DdAB

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