Querido Diário:
Haveria maior manifestação de hipocrisia em minha postagem se eu dissesse que estamos vendo na ilustração de hoje um índio inca e um bisão norte-americano? Mas não seria ainda pior se entendêssemos que a sociedade dos grandes números vai retirando importância do indivíduo, pois este torna-se cada vez mais diluído na multidão?
O grande problema do cidadão-número é que o poder que, com ele, se atomiza, vai concentrando-se nas mãos de 'otoridades', como a do sargento que pisou no pé de Fabiano (sabe lá aonde?), o assessor do deputado e o deputado, o secretário de estado e seu assessor. Quando o cidadão-número quer recuparar algum controle da situação, ele se confronta com sua própria incapacidade de mudar ou mesmo de sonhar. Os realistas são pessimistas, pois -como hipótese de trabalho- consideram que o "outer world" é imutável. No outro dia, falei em "pau, pau e pau" nos rapazes da Academia de Letras, incluindo Costa e Silva (finado) e Sarney (finando-se, mas resiliente) que acabam de mudar novamente a grafia da língua escrita no Brasil. Se as letras mudam a cada quarto de século, como querer cidadão-letra? Só mesmo cultivando a constância do cidadão-número...
Por outro lado, para que temos juízes de direito? Primeiro, eles passam os dias inteiros jogando cartas com seus amigos, pois não lhes vemos resultados dos trabalhos. O que vemos é a indústria do habeas corpus, do data vênia, da liminar, que apenas protela a resolução das querelas entre dois insignificantes cidadãos-números. A liberdade dos prejudicados é desrespeitada por esses rapazes que atribuíram-se remunerações milionárias e delegam a funcionários de menor hierarquia os "despachos". Em todos os níveis, os assessores dos juízes, dos políticos, das comissões das instâncias legislativas é que assinam, julgam méritos, engavetam o que lhes bem apraz.
Ninguém fiscaliza o cumprimeito do orçamento público, o cumprimento das demais leis. O desmazelo é o maior convite à ação criminosa. A impunidade é o que resulta. O ódio à política é, associado ao péssimo nível educacional de duas ou três gerações, o incentivo para os oportunistas aproveitarem os desmazelos é enorme. Ninguém observa os "sinais exteriores de riqueza". Como pode um rapaz com Fernando Henrique Cardoso, com vida de professor e autor de livros ter acabado a vida como fazendeiro em Minas Gerais? Só jogando carta e principalmente só bebendo!
DdAB
31 julho, 2009
30 julho, 2009
Produtividade Progressista
Querido Blog:
achei que precisava aditar uma palavra sobre a inevitabilidade do caos provocado por uma população constituída por idosos. andei dizendo que as criaturas que consideram que não haverá mudanças sustanciais no futuro são empedernidas reacionárias. a rigor, elas são reacionárias nem tanto por serem arredias a mudanças no presente, mas por serem pessimistas e, como tal, incapazes de sonhar futuros luzidios.
o conceito de produtidade do trabalho ajuda a entendermos que hoje um indivíduo produtivo gera riqueza suficiente para mantê-lo durante todo seu curso de vida e mais gente ainda, por exemplo, seus filhos até alcançarem a idade ativa. mas aqui temos a primeira brecha. filhos apenas até o ingresso na maturidade? por que não 10 anos a mais? e os pais? todo trabalhador tem direito de deixar seu pai morrer à míngua?
o conceito de produtividade total dos fatores engorda o denominador desta fração. ainda assim, está na cara que a PTF também cresceu desabridamente ao longo dos últimos 10.ooo anos. isto nos faz pensar na função de produção M = Y = f(L, Kf, Kh, Ks, Kt), onde M e Y representam o valor adicionado (pois V = P = 1 na equação quantitativa utilizada), L é o emprego, Kf é o capital físico, Kh é o capital humano, Ks é o capital social e Kt é o capital sistêmico. neste caso, também podemos dizer que uma parte de tudo o que é produzido cabe ao "sistema".
naturalmente, se esta parte for carreada à população, digamos, na forma da renda básica universal, dando conta, por exemplo, da degradação ambiental, haverá recursos que não a deixarão -a população, remember?- morrer à míngua. se esta fração é 1% ou 99%, aí é que está o nó górdio. e apenas desabridos reacionários pensam que esta fração é uma constante mais severa do que a de Planck. no conceito de sociedade justa de David Havery, vemos claramente que há espaço para rendimentos do tipo do atribuído ao Kf: todos estão credenciados a uma fração do excedente produzido pela sociedade.
DdAB
achei que precisava aditar uma palavra sobre a inevitabilidade do caos provocado por uma população constituída por idosos. andei dizendo que as criaturas que consideram que não haverá mudanças sustanciais no futuro são empedernidas reacionárias. a rigor, elas são reacionárias nem tanto por serem arredias a mudanças no presente, mas por serem pessimistas e, como tal, incapazes de sonhar futuros luzidios.
o conceito de produtidade do trabalho ajuda a entendermos que hoje um indivíduo produtivo gera riqueza suficiente para mantê-lo durante todo seu curso de vida e mais gente ainda, por exemplo, seus filhos até alcançarem a idade ativa. mas aqui temos a primeira brecha. filhos apenas até o ingresso na maturidade? por que não 10 anos a mais? e os pais? todo trabalhador tem direito de deixar seu pai morrer à míngua?
o conceito de produtividade total dos fatores engorda o denominador desta fração. ainda assim, está na cara que a PTF também cresceu desabridamente ao longo dos últimos 10.ooo anos. isto nos faz pensar na função de produção M = Y = f(L, Kf, Kh, Ks, Kt), onde M e Y representam o valor adicionado (pois V = P = 1 na equação quantitativa utilizada), L é o emprego, Kf é o capital físico, Kh é o capital humano, Ks é o capital social e Kt é o capital sistêmico. neste caso, também podemos dizer que uma parte de tudo o que é produzido cabe ao "sistema".
naturalmente, se esta parte for carreada à população, digamos, na forma da renda básica universal, dando conta, por exemplo, da degradação ambiental, haverá recursos que não a deixarão -a população, remember?- morrer à míngua. se esta fração é 1% ou 99%, aí é que está o nó górdio. e apenas desabridos reacionários pensam que esta fração é uma constante mais severa do que a de Planck. no conceito de sociedade justa de David Havery, vemos claramente que há espaço para rendimentos do tipo do atribuído ao Kf: todos estão credenciados a uma fração do excedente produzido pela sociedade.
DdAB
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Economia Política
Teoria e Prática
Querido Blog:
A diferença entre a teoria e a prática é que, em teoria, eu sei que, quanto mais como, mais engordo. Na prática, acho que nada do que como é que me está engordando. A desproporção entre as frações do universo ocupadas pelas duas personagens da foto fornecida pelo Google Images é preocupante. É certo que viemos todos do mesmo ponto, para aqueles que acreditam em Big Bang. O que não vemos, ainda, como discernível, é que a singela proposição de que a ele voltaremos. Ou a de que precisaremos amealhar montones inimagináveis de energia, a fim de reverter a entropia numa fração adequada do "todo/tudo". Se o fizermos, poderemos apossar-nos definitivamente de uma "parte". Na teoria, tudo é possível, na prática, a teoria é outra. Por vingança, na teoria, a prática é outra. Quem acha que teoria não serve para nada é porque não tem a menor idéia do que quer dizer "nada".
"A teoria, na prática, é outra" é uma obviedade malumorada. Se teoria é A e prática é ~A, então esta proposição diz apenas A # ~A (onde # quer dizer "diferente"), o que nos deixa no mesmo lugar. logo, se há algum significado nesta proposição, ele foge ao reino da lógica, devendo alojar-se na retórica.
DdAB
peésse: disse-me um menino de rua, demonstrando que não entendeu 100% do que lhe andei ensinando, que "todo/tudo" = 1, ou seja, que a unidade será recuperada quando dividirmos 't' x 'u' x 'd' x 'o' por 't' x 'o' x 'd' x 'a'. concluiu triunfante: se o/u = 1, deveremos considerar como pacífico que u = o. não lhe dei razões para a euforia, a não ser um cheirinho, disfarçado, que perscrutei pelo furinho da janela de meu carro, de pura cola de sapateiro.
A diferença entre a teoria e a prática é que, em teoria, eu sei que, quanto mais como, mais engordo. Na prática, acho que nada do que como é que me está engordando. A desproporção entre as frações do universo ocupadas pelas duas personagens da foto fornecida pelo Google Images é preocupante. É certo que viemos todos do mesmo ponto, para aqueles que acreditam em Big Bang. O que não vemos, ainda, como discernível, é que a singela proposição de que a ele voltaremos. Ou a de que precisaremos amealhar montones inimagináveis de energia, a fim de reverter a entropia numa fração adequada do "todo/tudo". Se o fizermos, poderemos apossar-nos definitivamente de uma "parte". Na teoria, tudo é possível, na prática, a teoria é outra. Por vingança, na teoria, a prática é outra. Quem acha que teoria não serve para nada é porque não tem a menor idéia do que quer dizer "nada".
"A teoria, na prática, é outra" é uma obviedade malumorada. Se teoria é A e prática é ~A, então esta proposição diz apenas A # ~A (onde # quer dizer "diferente"), o que nos deixa no mesmo lugar. logo, se há algum significado nesta proposição, ele foge ao reino da lógica, devendo alojar-se na retórica.
DdAB
peésse: disse-me um menino de rua, demonstrando que não entendeu 100% do que lhe andei ensinando, que "todo/tudo" = 1, ou seja, que a unidade será recuperada quando dividirmos 't' x 'u' x 'd' x 'o' por 't' x 'o' x 'd' x 'a'. concluiu triunfante: se o/u = 1, deveremos considerar como pacífico que u = o. não lhe dei razões para a euforia, a não ser um cheirinho, disfarçado, que perscrutei pelo furinho da janela de meu carro, de pura cola de sapateiro.
29 julho, 2009
Anistia para a Hipocrisia
Querido Blog:
Os supereróis são ultra-necessários na atual quadratura da vida política brasileira. Tão desesperadora é a situação que iniciei esta postagem dias atrás e pensei que talvez não devesse fazê-la, pois recomendo simplesmente que esqueçamos todos os roubos e furtos que nossos admiráveis políticos vêm praticando desde, pelo menos, o ano de 1947, quando tomei a liberdade de nascer.
procurei no Google Images a expressão "sicofanta", pois espanta-me a irresponsabilidade dos políticos brasileiros: sicofantas. mas penso no jogo dinâmico, buscando -no passar do tempo- alento para não dar-me por vencido. um dia, viramos o país e conseguimos iniciar as bases da sociedade democrática.
os políticos são falsos, talvez haja um ou outro cujo papel é apenas o de confundir a opinião pública com seu jeitinho honesto. talvez, eu disse, duvido muito.
uma saída é deixarmos tudo como está e começarmos a planejar a representação política a partir de 2010 ou 2011 (ou até mais) sem roubos, sem assaltos ao erário, sem nepotismo, sem autoritarismo. ou seja, todos já sabemos bem as trepolias de Sarney, Collor, Jader, Prisco, Quércia, Simon, Padilha e equivalentes. mas pensar em puni-los é perda de tempo, pois não conseguiremos. devemos, ainda assim, ficar de olho neles e obrigá-los a nos concederem:
:: voto voluntário
:: voto distrital
:: permissão de apenas uma reeleição para cada cidadão em seu ciclo de vida
:: lei do orçamento (e sua universalidade): execução estrita (nada de emendas)
:: e por aí vai.
é inconcebível que eu, como cidadão, tenha que saber que o telefone 198 atende apenas a motoristas envolvidos em acidentes com sangue e o 196 atenda apenas aos que não sangraram.
DdAB
Os supereróis são ultra-necessários na atual quadratura da vida política brasileira. Tão desesperadora é a situação que iniciei esta postagem dias atrás e pensei que talvez não devesse fazê-la, pois recomendo simplesmente que esqueçamos todos os roubos e furtos que nossos admiráveis políticos vêm praticando desde, pelo menos, o ano de 1947, quando tomei a liberdade de nascer.
procurei no Google Images a expressão "sicofanta", pois espanta-me a irresponsabilidade dos políticos brasileiros: sicofantas. mas penso no jogo dinâmico, buscando -no passar do tempo- alento para não dar-me por vencido. um dia, viramos o país e conseguimos iniciar as bases da sociedade democrática.
os políticos são falsos, talvez haja um ou outro cujo papel é apenas o de confundir a opinião pública com seu jeitinho honesto. talvez, eu disse, duvido muito.
uma saída é deixarmos tudo como está e começarmos a planejar a representação política a partir de 2010 ou 2011 (ou até mais) sem roubos, sem assaltos ao erário, sem nepotismo, sem autoritarismo. ou seja, todos já sabemos bem as trepolias de Sarney, Collor, Jader, Prisco, Quércia, Simon, Padilha e equivalentes. mas pensar em puni-los é perda de tempo, pois não conseguiremos. devemos, ainda assim, ficar de olho neles e obrigá-los a nos concederem:
:: voto voluntário
:: voto distrital
:: permissão de apenas uma reeleição para cada cidadão em seu ciclo de vida
:: lei do orçamento (e sua universalidade): execução estrita (nada de emendas)
:: e por aí vai.
é inconcebível que eu, como cidadão, tenha que saber que o telefone 198 atende apenas a motoristas envolvidos em acidentes com sangue e o 196 atenda apenas aos que não sangraram.
DdAB
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Economia Política
27 julho, 2009
Mundo dos idosos
Querido Diário:
Tu sabe o que é hiperbibasmo? Não vou dizer... E tu sabe o que é colisão? Pois colisão é o título desta postagem, ou melhor, o título desta postagem é uma colisão, que é, aurelianamente:
6. E. Ling. Aliteração que produz som desagradável.[Ex.: Nunca que ela quisesse semelhante absurdo; O Sr. Soares sentiu sumamente a sua falta.]. Como sabemos, meu récord é algo um tando Dadá, na linha de "da virada dada da vida da dadaísta", um troço destes. E mais, aparentemente, o palhaço da foto diverte-se mais do que o velhinho que lhe ocupa o lado.
Mas que terá a ver a abóbada com o infinito? É que na p.16 de Zero Hora de ontem, encontramos o artigo de Sérgio da Costa Franco intitulado -ele, o artigo, e não ele, o articulista- de "O mundo dos idosos". Reflete o historiador sobre o ano 2040, acreditando que lá não mais existirão os octogenários de hoje, mas dando alguma colher para gente de meu porte, ou seja, os sexagenários. No outro dia, levei um susto ao ouvir minha mulher dizer "Quando fiz 50 anos...".
Mas diz mais ele, o articulista, se não lhe distorço os sentidos, ainda que lhe edite o texto, que:
Homens e mulheres estão vivendo muito mais, e, concomitantemente, procriando muito menos do que no passado. E as consequências disso aí estão, gritantes: segundo os cálculos dos demógrafos, em breve as crianças serão menos numerosas do que os idosos. [...]
Esse mundo dos idosos será provavelmente mais pacífico e ajuizado que o atual. Há de se praticar menos violência, haverá menos paixões, menos desatinos e menos consumo de produtos duráveis. Mas, em contrapartida, se não houver uma reação positiva da taxa de natalidade, o percentual dos grupos etários em atividade produtiva vai decrescer, cairá o grupo de contribuintes da Previdência, ao mesmo passo em que aumentará, além de todas as previsões, o efetivo dos aposentados e pensionistas. Nos orçamentos públicos, embora venham a pesar menos as verbas das escolas e da saúde infantil, é provável que se acresçam os gastos com hospitais, medicamentos e seguridade social. Velhinhos são mais dispendiosos que as crianças. Disso decorrerão consequências negativas para o produto interno dos países. Enquanto não se descobrir alguma fórmula milagrosa, a regra é “quanto maior o percentual de idosos, menor o PIB”.
Serão graves os problemas dessa sociedade de velhos. Como compensar o desequilíbrio das receitas e despesas da Previdência Social? [...]
Já estamos vivendo a glória de viver mais tempo e com melhores condições de saúde do que ocorria no passado. Mas se essa sobrevivência acrescida se tornar um fenômeno de massa, desequilibrando todas as previsões da seguridade social, creio que muitas concepções deverão ser revistas e algumas mudanças radicais precisarão acontecer, para que a sociedade não mergulhe em completa estagnação.
E por que gasto eu meu latim lendo-o diligentemente e postando-o por cá? Primeiramente, a imagem que lhe guardo é de empedernido reacionário. E daí? Acredita ele que este maravilhoso mundo futuro, sem violência, mais ajuizado, "não possa seduzir ninguém". Pois andei jurando que a mim me seduz e pretendo mudar o mundo atual (ver "Governo Paralelo" no site), precisamente para chegar a este ponto da paz.
O que há de bom em ser intelectual, como Sérgio da Costa Franco? É que ele também tem sacadas interessantes, como a de que "haverá menos consumo de produtos duráveis". Mas aí começa precisamente sua incapacidade de ver o mundo da paz. A visão fisiocrática esposada mesmo por economistas contemporâneos é que agricultura + indústria é que geram bem-estar. O que chamei de efeito Excel ilustra como, em breve, estes dois setores representarão 0% do PIB, ainda que sigamos comendo alface e acoplando produtos da transformação de minerais não metálicos a nossos dentes. Mas o que gerará valor (not to speak do presidente do banco central) será o trabalho do cozinheiro que preparará a salada de verduras e do dentista que nos consertará o dente (que deixará de ser roído pelo streptococcus mutans).
Vejamos, inicialmente, com mais vagar duas Leis de Franco:
.a. Velhinhos são mais dispendiosos que as crianças. Claro que esta lei só é válida sob a cláusula do "ceteris paribus". Dadas certas condições, velhinhos são, por que negar?, mais baratos que crianças. De que crianças estamos falando, de que velhinhos estamos falando? Conheço um velhinho que não gasta nem P$ 1,oo (um pila por unidade de tempo), pois vive na Rua da Amargura desta cidade prefeitada por Mr. Fogaça.
.b. o PIB é afetado negativamente por velhinhos. Claro que não! Mas apenas por velhinhos enfiados na política, como Sarney, na fábrica, como hectagenários, no hospital, como auxiliar de portaria, e por aí vai, comprometem a produtividade do sistema. Mas a solução não é matá-los, apenas retirá-los (let them retire, no original...).
Em outras palavras, quanto mais velhinhos houver na sociedade e quanto maior for a produtividade agregada dos trabalhadores. E esta não depende, obviamente, do número de trabalhadores. Ao contrário, quanto menos trabalhadores por unidade de produtor, melhor! Disse que me disse o menino de rua: "Pobre gosta de lazer, rico é que gosta de trabalho". Eu pensei: "Rico? rico não é burro e passa todo o tempo praticando esporte e produzindo ou consumindo obras de arte. Lá isto é trabalho ou também é lazer?"
Depois, que quer dizer mesmo "empedernido reacionário"? Não estou dizendo que ele é empedernido coração, algo assim. Reacionário é o neguinho que -lê-se na Enciclopédia GangeS- reage às forças do progresso, aferrando-se aos costumes em vigor, considerando-os ditados por uma autoridade superior, que deve ser obedecida impensadamente. Acho que um empedernido reacionário é quem pensa que é impossível elevar a produção sem elevar o emprego, quem pensa que é impossível articular uma sociedade que deseja e merece maiores níveis de bem-estar sem trabalho escravo, quem pensa que, no prazo secular -em que mesmo a tecnologia é variável.
As contradições do próprio discurso humano é que são interessantes, pois no último parágrafo, Sérgio da Costa Franco diz: "[...] creio que muitas concepções deverão ser revistas e algumas mudanças radicais precisarão acontecer, para que a sociedade não mergulhe em completa estagnação." Sempre defendi mudanças radicais. Somos colegas! Serei, então, um empedernido reacionário? Não me aferro aos costumes em vigor, ao contrário, desejo destruir muitos deles, como o trabalho escravo, a infibulação, a tortura, a discriminação ao gênero e à etnia, essas coisas. Sobre o futuro da humanidade, hierarquizando de modo crescente, desejo a seguinte mudança radical:
.a. renda básica universal
.b. proventos da aposentadoria
.c. salário mínimo industrial
.d. rendimentos do mercado de trabalho.
Claro que a + b + c + d deveria exaurir o valor adicionado calculado pela ótica da renda. E claro que isto nada (nadicas de nada?) tem a ver com geração setorial do produto ou a absorção da produção (i.e. despesa).
Tudo isto porque acredito -associando-me aos "maximalistas" citados por Martin Bronfenbrenner- que dizem que, na sociedade do futuro, não precisaremos trabalhar mais de dois anos durante todo nosso curso de vida. Isto é inconcebível? Apenas para empedernidos reacionários, no sentido GangeS do termo.
DdAB
Tu sabe o que é hiperbibasmo? Não vou dizer... E tu sabe o que é colisão? Pois colisão é o título desta postagem, ou melhor, o título desta postagem é uma colisão, que é, aurelianamente:
6. E. Ling. Aliteração que produz som desagradável.[Ex.: Nunca que ela quisesse semelhante absurdo; O Sr. Soares sentiu sumamente a sua falta.]. Como sabemos, meu récord é algo um tando Dadá, na linha de "da virada dada da vida da dadaísta", um troço destes. E mais, aparentemente, o palhaço da foto diverte-se mais do que o velhinho que lhe ocupa o lado.
Mas que terá a ver a abóbada com o infinito? É que na p.16 de Zero Hora de ontem, encontramos o artigo de Sérgio da Costa Franco intitulado -ele, o artigo, e não ele, o articulista- de "O mundo dos idosos". Reflete o historiador sobre o ano 2040, acreditando que lá não mais existirão os octogenários de hoje, mas dando alguma colher para gente de meu porte, ou seja, os sexagenários. No outro dia, levei um susto ao ouvir minha mulher dizer "Quando fiz 50 anos...".
Mas diz mais ele, o articulista, se não lhe distorço os sentidos, ainda que lhe edite o texto, que:
Homens e mulheres estão vivendo muito mais, e, concomitantemente, procriando muito menos do que no passado. E as consequências disso aí estão, gritantes: segundo os cálculos dos demógrafos, em breve as crianças serão menos numerosas do que os idosos. [...]
Esse mundo dos idosos será provavelmente mais pacífico e ajuizado que o atual. Há de se praticar menos violência, haverá menos paixões, menos desatinos e menos consumo de produtos duráveis. Mas, em contrapartida, se não houver uma reação positiva da taxa de natalidade, o percentual dos grupos etários em atividade produtiva vai decrescer, cairá o grupo de contribuintes da Previdência, ao mesmo passo em que aumentará, além de todas as previsões, o efetivo dos aposentados e pensionistas. Nos orçamentos públicos, embora venham a pesar menos as verbas das escolas e da saúde infantil, é provável que se acresçam os gastos com hospitais, medicamentos e seguridade social. Velhinhos são mais dispendiosos que as crianças. Disso decorrerão consequências negativas para o produto interno dos países. Enquanto não se descobrir alguma fórmula milagrosa, a regra é “quanto maior o percentual de idosos, menor o PIB”.
Serão graves os problemas dessa sociedade de velhos. Como compensar o desequilíbrio das receitas e despesas da Previdência Social? [...]
Já estamos vivendo a glória de viver mais tempo e com melhores condições de saúde do que ocorria no passado. Mas se essa sobrevivência acrescida se tornar um fenômeno de massa, desequilibrando todas as previsões da seguridade social, creio que muitas concepções deverão ser revistas e algumas mudanças radicais precisarão acontecer, para que a sociedade não mergulhe em completa estagnação.
E por que gasto eu meu latim lendo-o diligentemente e postando-o por cá? Primeiramente, a imagem que lhe guardo é de empedernido reacionário. E daí? Acredita ele que este maravilhoso mundo futuro, sem violência, mais ajuizado, "não possa seduzir ninguém". Pois andei jurando que a mim me seduz e pretendo mudar o mundo atual (ver "Governo Paralelo" no site), precisamente para chegar a este ponto da paz.
O que há de bom em ser intelectual, como Sérgio da Costa Franco? É que ele também tem sacadas interessantes, como a de que "haverá menos consumo de produtos duráveis". Mas aí começa precisamente sua incapacidade de ver o mundo da paz. A visão fisiocrática esposada mesmo por economistas contemporâneos é que agricultura + indústria é que geram bem-estar. O que chamei de efeito Excel ilustra como, em breve, estes dois setores representarão 0% do PIB, ainda que sigamos comendo alface e acoplando produtos da transformação de minerais não metálicos a nossos dentes. Mas o que gerará valor (not to speak do presidente do banco central) será o trabalho do cozinheiro que preparará a salada de verduras e do dentista que nos consertará o dente (que deixará de ser roído pelo streptococcus mutans).
Vejamos, inicialmente, com mais vagar duas Leis de Franco:
.a. Velhinhos são mais dispendiosos que as crianças. Claro que esta lei só é válida sob a cláusula do "ceteris paribus". Dadas certas condições, velhinhos são, por que negar?, mais baratos que crianças. De que crianças estamos falando, de que velhinhos estamos falando? Conheço um velhinho que não gasta nem P$ 1,oo (um pila por unidade de tempo), pois vive na Rua da Amargura desta cidade prefeitada por Mr. Fogaça.
.b. o PIB é afetado negativamente por velhinhos. Claro que não! Mas apenas por velhinhos enfiados na política, como Sarney, na fábrica, como hectagenários, no hospital, como auxiliar de portaria, e por aí vai, comprometem a produtividade do sistema. Mas a solução não é matá-los, apenas retirá-los (let them retire, no original...).
Em outras palavras, quanto mais velhinhos houver na sociedade e quanto maior for a produtividade agregada dos trabalhadores. E esta não depende, obviamente, do número de trabalhadores. Ao contrário, quanto menos trabalhadores por unidade de produtor, melhor! Disse que me disse o menino de rua: "Pobre gosta de lazer, rico é que gosta de trabalho". Eu pensei: "Rico? rico não é burro e passa todo o tempo praticando esporte e produzindo ou consumindo obras de arte. Lá isto é trabalho ou também é lazer?"
Depois, que quer dizer mesmo "empedernido reacionário"? Não estou dizendo que ele é empedernido coração, algo assim. Reacionário é o neguinho que -lê-se na Enciclopédia GangeS- reage às forças do progresso, aferrando-se aos costumes em vigor, considerando-os ditados por uma autoridade superior, que deve ser obedecida impensadamente. Acho que um empedernido reacionário é quem pensa que é impossível elevar a produção sem elevar o emprego, quem pensa que é impossível articular uma sociedade que deseja e merece maiores níveis de bem-estar sem trabalho escravo, quem pensa que, no prazo secular -em que mesmo a tecnologia é variável.
As contradições do próprio discurso humano é que são interessantes, pois no último parágrafo, Sérgio da Costa Franco diz: "[...] creio que muitas concepções deverão ser revistas e algumas mudanças radicais precisarão acontecer, para que a sociedade não mergulhe em completa estagnação." Sempre defendi mudanças radicais. Somos colegas! Serei, então, um empedernido reacionário? Não me aferro aos costumes em vigor, ao contrário, desejo destruir muitos deles, como o trabalho escravo, a infibulação, a tortura, a discriminação ao gênero e à etnia, essas coisas. Sobre o futuro da humanidade, hierarquizando de modo crescente, desejo a seguinte mudança radical:
.a. renda básica universal
.b. proventos da aposentadoria
.c. salário mínimo industrial
.d. rendimentos do mercado de trabalho.
Claro que a + b + c + d deveria exaurir o valor adicionado calculado pela ótica da renda. E claro que isto nada (nadicas de nada?) tem a ver com geração setorial do produto ou a absorção da produção (i.e. despesa).
Tudo isto porque acredito -associando-me aos "maximalistas" citados por Martin Bronfenbrenner- que dizem que, na sociedade do futuro, não precisaremos trabalhar mais de dois anos durante todo nosso curso de vida. Isto é inconcebível? Apenas para empedernidos reacionários, no sentido GangeS do termo.
DdAB
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Economia Política,
Escritos,
Vida Pessoal
24 julho, 2009
Crianças, criminosos e loucos (desdobramentos)
Querido Diário:
sempre uso a categoria "criança, criminoso e louco" para apontar os três agentes sociais cuja autonomia decisória é (e nem poderia ser diferente) bastante cerceada pela sociedade. ontem ouvi falar em desboramentos do grupo dos loucos: "louco varrido e encerado". então decidi começar a criar -e peço ajuda- a "teoria geral dos loucos". seguir-se-iam os seguintes contornos:
.a. primeira definição: os loucos classificam-se de acordo com os segiuintes designativos cumulativamente: louco simples e louco de atar. no caso dos de atar teremos a subdivisão com tope ou com nó.
.b. segunda definição: loucos varridos. o caso mais grave contemplado como subgrupo deste agrupamento é: louco varrido, lavado, escovado, seco e encerado.
.c. no caso dos loucos de atar com nó, temos a subcategoria dos loucos de dar nó até em pingo dágua, ao passo que uma subcategoria de dar dó são os loucos de dar dó!
.d. temos ainda, quanto ao nudismo, os loucos simples e os loucos exibicionistas, ou -sinonímia científica apenas- loucos vestidos e loucos despidos. esta classificação também se confunde com a dos loucos penteados e dos loucos descabelados.
caso alguém possa acrescentar algo, por favor, não hesite. saudações universitárias.
DdAB
p.s.: esta imagem rastreei-a com "louco" e "nonsense". parece-me ser a biblioteca da LSE, que o confirme o Dr. Leonardo Monastério!
sempre uso a categoria "criança, criminoso e louco" para apontar os três agentes sociais cuja autonomia decisória é (e nem poderia ser diferente) bastante cerceada pela sociedade. ontem ouvi falar em desboramentos do grupo dos loucos: "louco varrido e encerado". então decidi começar a criar -e peço ajuda- a "teoria geral dos loucos". seguir-se-iam os seguintes contornos:
.a. primeira definição: os loucos classificam-se de acordo com os segiuintes designativos cumulativamente: louco simples e louco de atar. no caso dos de atar teremos a subdivisão com tope ou com nó.
.b. segunda definição: loucos varridos. o caso mais grave contemplado como subgrupo deste agrupamento é: louco varrido, lavado, escovado, seco e encerado.
.c. no caso dos loucos de atar com nó, temos a subcategoria dos loucos de dar nó até em pingo dágua, ao passo que uma subcategoria de dar dó são os loucos de dar dó!
.d. temos ainda, quanto ao nudismo, os loucos simples e os loucos exibicionistas, ou -sinonímia científica apenas- loucos vestidos e loucos despidos. esta classificação também se confunde com a dos loucos penteados e dos loucos descabelados.
caso alguém possa acrescentar algo, por favor, não hesite. saudações universitárias.
DdAB
p.s.: esta imagem rastreei-a com "louco" e "nonsense". parece-me ser a biblioteca da LSE, que o confirme o Dr. Leonardo Monastério!
22 julho, 2009
Érico e o kwy
Querido Diário:
Esta é a capa de Israel em Abril que baixei do Google Images. Nâo é a de meu livro e não sei qual é a edição mais antiga. Não acho isto importante para os fins a que me dirijo. Estes são os que complementam aqueles. Ou seja, os de hoje complementam os de ontem. Ou seja, já começo a provocar gente de Q.I. baixíssimo, já que estamos no mundo das siglas, e que acham que o pronome "este" não existe. Eu digo que o "esse" é que não existe. Em inglês, língua falada por nossos proprietários, temos "here" e "there". Para corresponder a "este", "esse" e "aquele", ouvi dizer que Paul McCartney compôs "here", "there", "everywhere", o que podem ser boatos contendo inverdades.
Em “Israel em Abril” fiz anotação sobre um registro de Érico Veríssimo à p.35 (Edição de 1970). Lá encontra-se uma referência ao ladino, língua que é um “filho natural do castelhano”, em que ele se refere, por exemplo, a “nuevos embiyos de aviones”. Digo eu: “pau na ABL”, como Monteiro Lobato disse que . E isto porque, na orelha do livro, que reproduz a carta com que Érico encaminhou os originais a seus editores, temos o seguinte parágrafo:
Juro que tentei observar uma certa uniformidade na grafia dos nomes de pessoas e lugares. Quando, porém, descobri que existem muitas maneiras de representar fonèticamente os vocábulos hebraicos e árabes, desisti do honrado mas fútil propósito. Peçam, pois, aos revisores - como eu pedirei aos leitores - que tenham paciência com as incoerências ortográficas que encontrarem nestas páginas, nas quais, entre outras liberdades, tomei a de usar letras como o k e o y, há muito expulsas de nosso alfabeto. Consola-me a idéia de que não será a mudança de uma, duas ou mesmo três letras num substantivo próprio ou comum que vá alterar a natureza ou a fisionomia da pessoa ou lugar que designa. [...].
Não creio ser necessário dizer mais nada. Ainda assim, vou olhar o "Urupês", de Monteiro Lobato. [pausa]. Olhei. Voltarei a ele, in due time, pois ele diz o seguinte:
Não há lei humana que dirija uma língua, porque língua é um fenômeno natural, como a oferta e a procura, como o crescimento das crianças, como a senilidade, etc. Se uma lei institui a obrigatoriedade dos acentos, essa lei vai fazer companhia às leis idiotas que tentam regular preços e mais coisas.
E eu que pensei que eu inventara o recurso retórico em que sustentei que a lei da oferta e da procura é mais presente do que a lei da gravidade. No Rio Grande do Sul, não muito mais de uma ano, houve duas tentativas:
.a. preço da indústria exibidora de filmes
.b. preço do ingresso nos bares e boates.
Mas o que eu queria dizer era a passagem que Monteiro Lobato cita de Carolina Michaëlis:
A língua é a mais genial, original e nacional obra d'arte que uma nação cria e desenvolve. Neste desenvolve está a evolução da língua. Uma língua está sempre se desenvolvendo no sentido da simplificação, e a reforma ortográfica foi apenas um simples apressar o passo desse desenvolvimento. Mas a criação de acentos novos, como o grave e o trema, bem como a inútil acentuação de quase todas as palavras, não é desenvolvimento para frente e sim complicação, involução e, portanto, coisa que só merece pau, pau e mais pau.
Ou seja, estou com Carolina quando ela fala em "pau, pau e pau", expressão que incorporei quando reli "Urupês", digamos, no início de 2005, eu que o lera, digamos, em 1965, ainda nos tempos do Colégio Júlio de Caudilhos. E insisto neste "caudilhos", que é um hábito de velhos esquerdistas estrachinarem com nomes de desafetos. Stálin e eu fazemos isto.
Agora, se bem lembro de ter lido num papelzinho, Carolina também foi responsável pelo acordo de 1943 o.s.l.t., o que a coloca no rol de pessoas que me são desafetas. Se é verdade, pau, pau e pau na idéia dela também!
DdAB
Esta é a capa de Israel em Abril que baixei do Google Images. Nâo é a de meu livro e não sei qual é a edição mais antiga. Não acho isto importante para os fins a que me dirijo. Estes são os que complementam aqueles. Ou seja, os de hoje complementam os de ontem. Ou seja, já começo a provocar gente de Q.I. baixíssimo, já que estamos no mundo das siglas, e que acham que o pronome "este" não existe. Eu digo que o "esse" é que não existe. Em inglês, língua falada por nossos proprietários, temos "here" e "there". Para corresponder a "este", "esse" e "aquele", ouvi dizer que Paul McCartney compôs "here", "there", "everywhere", o que podem ser boatos contendo inverdades.
Em “Israel em Abril” fiz anotação sobre um registro de Érico Veríssimo à p.35 (Edição de 1970). Lá encontra-se uma referência ao ladino, língua que é um “filho natural do castelhano”, em que ele se refere, por exemplo, a “nuevos embiyos de aviones”. Digo eu: “pau na ABL”, como Monteiro Lobato disse que . E isto porque, na orelha do livro, que reproduz a carta com que Érico encaminhou os originais a seus editores, temos o seguinte parágrafo:
Juro que tentei observar uma certa uniformidade na grafia dos nomes de pessoas e lugares. Quando, porém, descobri que existem muitas maneiras de representar fonèticamente os vocábulos hebraicos e árabes, desisti do honrado mas fútil propósito. Peçam, pois, aos revisores - como eu pedirei aos leitores - que tenham paciência com as incoerências ortográficas que encontrarem nestas páginas, nas quais, entre outras liberdades, tomei a de usar letras como o k e o y, há muito expulsas de nosso alfabeto. Consola-me a idéia de que não será a mudança de uma, duas ou mesmo três letras num substantivo próprio ou comum que vá alterar a natureza ou a fisionomia da pessoa ou lugar que designa. [...].
Não creio ser necessário dizer mais nada. Ainda assim, vou olhar o "Urupês", de Monteiro Lobato. [pausa]. Olhei. Voltarei a ele, in due time, pois ele diz o seguinte:
Não há lei humana que dirija uma língua, porque língua é um fenômeno natural, como a oferta e a procura, como o crescimento das crianças, como a senilidade, etc. Se uma lei institui a obrigatoriedade dos acentos, essa lei vai fazer companhia às leis idiotas que tentam regular preços e mais coisas.
E eu que pensei que eu inventara o recurso retórico em que sustentei que a lei da oferta e da procura é mais presente do que a lei da gravidade. No Rio Grande do Sul, não muito mais de uma ano, houve duas tentativas:
.a. preço da indústria exibidora de filmes
.b. preço do ingresso nos bares e boates.
Mas o que eu queria dizer era a passagem que Monteiro Lobato cita de Carolina Michaëlis:
A língua é a mais genial, original e nacional obra d'arte que uma nação cria e desenvolve. Neste desenvolve está a evolução da língua. Uma língua está sempre se desenvolvendo no sentido da simplificação, e a reforma ortográfica foi apenas um simples apressar o passo desse desenvolvimento. Mas a criação de acentos novos, como o grave e o trema, bem como a inútil acentuação de quase todas as palavras, não é desenvolvimento para frente e sim complicação, involução e, portanto, coisa que só merece pau, pau e mais pau.
Ou seja, estou com Carolina quando ela fala em "pau, pau e pau", expressão que incorporei quando reli "Urupês", digamos, no início de 2005, eu que o lera, digamos, em 1965, ainda nos tempos do Colégio Júlio de Caudilhos. E insisto neste "caudilhos", que é um hábito de velhos esquerdistas estrachinarem com nomes de desafetos. Stálin e eu fazemos isto.
Agora, se bem lembro de ter lido num papelzinho, Carolina também foi responsável pelo acordo de 1943 o.s.l.t., o que a coloca no rol de pessoas que me são desafetas. Se é verdade, pau, pau e pau na idéia dela também!
DdAB
21 julho, 2009
kwy: as burradas de dois níveis
Querido Blog:um dos amigos mais inteligentes que tenho disse-me -once upon a time- que o computador HAL do filme 2001 - Uma Odisséia no Espaço era uma variante de (I-1)(B-1)(M-1), o que deu uma expressão de terceira dimensão, dado os produto cruzado entre I, B e M, uma álgebra que permitiu-me inventar os sonetos digitais, de que ainda falarei por aqui. e aqui vemos um teclado qwerty, cuja história -muitos sabemos- é trinteressante, como diriam os algozes a ABL. ABL?
se nem HAL nem IBM têm kwy em sua enunciação, que faz o teclado acima? é que a ABL, ou seja, a academia brasileira de letras autorizou o povo a usar essas três letrinhas. sabemos que, no tempo de Machado de Assis, isto é, antes de 1943 (quando a constituição da república de 1889 e os livros foram queimados no Brazil e este passou a ser, sem bibliotecas, Brasil), havia duas dessas três letras ora reabilitadas.
se fosse isto, haveria apenas uma burrada. mas a outra, tão monumental quanto, é a dos geógrafos que querem revogar as seguintes localidades nacionais e internacionais:
Rio de Janeiro: substituindo por Baia de Janeiro
Rio Guaíba: substituindo por Lago Guaíba
Terra de Areia: substituindo por Areia da Grossa (e da Fina)
Bossoroca: Vossoroca
Rio de la Plata: Lago del Ferrito (porque os políticos afanaram toda la plata)
em particular, quase fui reprovado numa prova de Geografia Econômica em 1971 porque, de origens jaguarienses, conhecia Bossoroca até pessoalmente. logo não respondi a questão que exigia que escrevêssemos vossoroca. entre prata, ferro e aço, uma vez que o Bel. Olívio Dutra nasceu por lá, achei que poderíamos passar a chamar a progressista cidade de Stalingrado.
beijos pessais
DdAB
se nem HAL nem IBM têm kwy em sua enunciação, que faz o teclado acima? é que a ABL, ou seja, a academia brasileira de letras autorizou o povo a usar essas três letrinhas. sabemos que, no tempo de Machado de Assis, isto é, antes de 1943 (quando a constituição da república de 1889 e os livros foram queimados no Brazil e este passou a ser, sem bibliotecas, Brasil), havia duas dessas três letras ora reabilitadas.
se fosse isto, haveria apenas uma burrada. mas a outra, tão monumental quanto, é a dos geógrafos que querem revogar as seguintes localidades nacionais e internacionais:
Rio de Janeiro: substituindo por Baia de Janeiro
Rio Guaíba: substituindo por Lago Guaíba
Terra de Areia: substituindo por Areia da Grossa (e da Fina)
Bossoroca: Vossoroca
Rio de la Plata: Lago del Ferrito (porque os políticos afanaram toda la plata)
em particular, quase fui reprovado numa prova de Geografia Econômica em 1971 porque, de origens jaguarienses, conhecia Bossoroca até pessoalmente. logo não respondi a questão que exigia que escrevêssemos vossoroca. entre prata, ferro e aço, uma vez que o Bel. Olívio Dutra nasceu por lá, achei que poderíamos passar a chamar a progressista cidade de Stalingrado.
beijos pessais
DdAB
20 julho, 2009
pronome solto
Querido Blog:
Parece que estes pratos vêm de Lagos, Nigéria. Parece que lá haverá a terceira maior população mundial no ano 2050, praticamente amanhã. 2050 está tão distante de mim hoje quanto o proximíssimo ano de 1968. em outras palavras, para qualquer um, 1968+41=2009 e 2009+41=2050. claro que é mais garantido que ainda haverá Lua do que vida na Terra. mas acho que o melhor mesmo não é apostar no fim-do-mundo. seja como for, há que ter comida para todos. mesmo que os nigerianos que vão nascer passem dificuldades, o primeirão e segundão, respectivamente, Índia e China, estarão na boa, que seu crescimento econômico pode desestabilizar o planeta, mas também pode salvá-lo (como creio).
e daí? daí: procurei no Google Images pela expressão "pronome solto". veio o que me tomou o primeiro parágrafo da postagem Escritos. o que eu queria dizer é que vi, num papelzinho sobre minha bancada de trabalho a frase: "pastando o deixei". não lembrava o que significava e adianta farei considerações sobre pronomes soltos. decidi ir ao Mr. Google não mais com o "pronome solto", mas com "pastando o deixei". pois encontrei o lindíssimo site:
http://renata-osonhodounicornio.blogspot.com/2009/06/unicornio-azul-cancao-de-silvio.html. talvez tenha sido ela mesma, a Srta. (sra.?) Renata que traduziu a letra de Sílvio Rodrigues de
UNICÓRNIO AZUL
Silvio Rodriguez
com tradução de Renata Cordeir
Meu unicórnio azul ontem se perdeu
pastando o deixei, e desapareceu
por qualquer informação bem vou pagar
as flores que deixou não me quiseram falar.
Meu unicórnio azul ontem se perdeu
não sei me deixou, se de mim se desgarrou
e eu não tenho mais que um unicórnio azul
se alguém dele souber, rogo-lhe informação
cem mil ou um milhão eu pagarei
meu unicórnio azul ontem se perdeu
se foi.
Eu e o unicórnio azul fizemos amizade
um pouco com amor, um pouco com verdade
com seu corno de anil pescava uma canção
sabê-la partilhar era sua vocação.
Meu unicórnio azul ontem se perdeu
e pode parecer até uma obsessão
mas não tenho mais que um unicórnio azul
e mesmo que tivesse dois, só quero aquele.
Qualquer informação eu a pagarei
Meu unicórnio azul ontem se perdeu
se foi.
isto é muito lindo. e conheci há não mais de meio ano, que recebi de presente um CD com mais de uma hora de canções de Sílvio Rodrigues. meu benfeitor foi Marcelo Chapper, colega de profissão, a quem fiz referências elogiosíssimas em meu site.
dito isto, vamos falar de mesóclieses. o que vemos em "pastando o deixei" não é mesóclise, claro, que mesóclise verdadadeira segue o modelo trá-la-la, um troço destes. buscá-la-emos, se for o caso. far-me-iam o favor de explicar mais convincentemente este troço. a Sra. Ieda diria "buscaremos ela", referindo-se à desastrada Sra. Rejane de Abreu, presidente do Clube do Professor. seu desastre foi ver-se atropelada pela história das religiões. e não apenas das religiões, se me faço entender, o que acho impossível, pois tampouco entendi bem o que estou querendo dizer com este viés contra as professorinhas. ou é?
seja como for, ainda há outra questão relacionada com a cliticização. "pastando o deixei" teria conotações ridículos se se desse a escrever como "pastando-o deixei". já "deixei-o pastando" ficaria melhor, mas nada impede os grandes literatos brasileiros contemporâneos de escrever "o deixei pastando", inciando frase com o pronome átono, para dar força ao Movimento MFP, nomeadamente, me faz próclise, te chamo de castelhana. aqui, em "pastando o deixei", o pronome reside dentro de uma locução verbal mas não é proibido, como o é dizer "sigo o amando", sendo "o" dirigido a meu sorvete preferido...
também veio-me à memória a canção da Jovem Guarda, hoje festejada no cinquentenário de Roberto Carlos, todos associados ao Clube da Baixaria: "fazer você para mim voltar". claro que não pode dizer "fizeram feitiço para mim parar de gostar de comer sorvete". pois, como disse-me a Sra. Rosane J. Pessoa (52), "mim é a Madame".
ok?
DdAB
Parece que estes pratos vêm de Lagos, Nigéria. Parece que lá haverá a terceira maior população mundial no ano 2050, praticamente amanhã. 2050 está tão distante de mim hoje quanto o proximíssimo ano de 1968. em outras palavras, para qualquer um, 1968+41=2009 e 2009+41=2050. claro que é mais garantido que ainda haverá Lua do que vida na Terra. mas acho que o melhor mesmo não é apostar no fim-do-mundo. seja como for, há que ter comida para todos. mesmo que os nigerianos que vão nascer passem dificuldades, o primeirão e segundão, respectivamente, Índia e China, estarão na boa, que seu crescimento econômico pode desestabilizar o planeta, mas também pode salvá-lo (como creio).
e daí? daí: procurei no Google Images pela expressão "pronome solto". veio o que me tomou o primeiro parágrafo da postagem Escritos. o que eu queria dizer é que vi, num papelzinho sobre minha bancada de trabalho a frase: "pastando o deixei". não lembrava o que significava e adianta farei considerações sobre pronomes soltos. decidi ir ao Mr. Google não mais com o "pronome solto", mas com "pastando o deixei". pois encontrei o lindíssimo site:
http://renata-osonhodounicornio.blogspot.com/2009/06/unicornio-azul-cancao-de-silvio.html. talvez tenha sido ela mesma, a Srta. (sra.?) Renata que traduziu a letra de Sílvio Rodrigues de
UNICÓRNIO AZUL
Silvio Rodriguez
com tradução de Renata Cordeir
Meu unicórnio azul ontem se perdeu
pastando o deixei, e desapareceu
por qualquer informação bem vou pagar
as flores que deixou não me quiseram falar.
Meu unicórnio azul ontem se perdeu
não sei me deixou, se de mim se desgarrou
e eu não tenho mais que um unicórnio azul
se alguém dele souber, rogo-lhe informação
cem mil ou um milhão eu pagarei
meu unicórnio azul ontem se perdeu
se foi.
Eu e o unicórnio azul fizemos amizade
um pouco com amor, um pouco com verdade
com seu corno de anil pescava uma canção
sabê-la partilhar era sua vocação.
Meu unicórnio azul ontem se perdeu
e pode parecer até uma obsessão
mas não tenho mais que um unicórnio azul
e mesmo que tivesse dois, só quero aquele.
Qualquer informação eu a pagarei
Meu unicórnio azul ontem se perdeu
se foi.
isto é muito lindo. e conheci há não mais de meio ano, que recebi de presente um CD com mais de uma hora de canções de Sílvio Rodrigues. meu benfeitor foi Marcelo Chapper, colega de profissão, a quem fiz referências elogiosíssimas em meu site.
dito isto, vamos falar de mesóclieses. o que vemos em "pastando o deixei" não é mesóclise, claro, que mesóclise verdadadeira segue o modelo trá-la-la, um troço destes. buscá-la-emos, se for o caso. far-me-iam o favor de explicar mais convincentemente este troço. a Sra. Ieda diria "buscaremos ela", referindo-se à desastrada Sra. Rejane de Abreu, presidente do Clube do Professor. seu desastre foi ver-se atropelada pela história das religiões. e não apenas das religiões, se me faço entender, o que acho impossível, pois tampouco entendi bem o que estou querendo dizer com este viés contra as professorinhas. ou é?
seja como for, ainda há outra questão relacionada com a cliticização. "pastando o deixei" teria conotações ridículos se se desse a escrever como "pastando-o deixei". já "deixei-o pastando" ficaria melhor, mas nada impede os grandes literatos brasileiros contemporâneos de escrever "o deixei pastando", inciando frase com o pronome átono, para dar força ao Movimento MFP, nomeadamente, me faz próclise, te chamo de castelhana. aqui, em "pastando o deixei", o pronome reside dentro de uma locução verbal mas não é proibido, como o é dizer "sigo o amando", sendo "o" dirigido a meu sorvete preferido...
também veio-me à memória a canção da Jovem Guarda, hoje festejada no cinquentenário de Roberto Carlos, todos associados ao Clube da Baixaria: "fazer você para mim voltar". claro que não pode dizer "fizeram feitiço para mim parar de gostar de comer sorvete". pois, como disse-me a Sra. Rosane J. Pessoa (52), "mim é a Madame".
ok?
DdAB
19 julho, 2009
Parlapatão, Parlapatões
Querido Diário:
há alguns anos, assino Carta Capital. fi-lo pensando que -com sua leitura sistemática- compensaria um pouco o ponto-de-vista-de-direita de Zero Hora. cedo vi que a família Mino Carta é muito mais nacionalista do que eu gostaria de ver publicada. sou, claro, internacionalista. acho que, como o próprio ar, as águas, o subsolo, não têm fronteiras, poderíamos arrancar aquelas demarcações no mapa mundi. há pouco, voltando do parque Marinha do Brasil, retirei-a -à Carta Capital- da caixa postal, no dia em que o Grêmio venceu o Gre-Nal. posso dizer também que foi o jogo de número 100. e, para rimar com Lúcia Camini, só mesmo Nouriel Roubini. nos dias 14 de abril, 19 de abril e 2 de junho, fiz postagens falando na segunda figura destas rimas pobres. em outras oportunidades, falei da primeira, a meu ver uma descabelada figura radical, que fechou os brizolões, no primeiro governo municipal do PT em Porto Alegre. eine vraie sadness.
e hoje? que Camini tem a ver com o assunto? nada. mas Roubini tem tudo a ver. mas vivamos primeiramente o passado, que ele é que criou o futuro do jeito que veremos em instantes, efêmero como a própria velocidade da luz. primeiro, na terça-feira, 14 de abril de 2009, postei “Um Periscópio da Estultice”. lá eu disse, com simpatia: “Para mim, Roubini é um dos tais pigmeus de uma esquerda finada que apenas tem destaque nos outros ambientes de esquerda também finada, ou seja, retrógrados, atrasados, opiniáticos, preconceituosos, causadores de desserviços à causa igualitarista, not to speak da causa das reformas democráticas que conduzam ao socialismo (to be properly defined).” também disse eu: “[...] ele disse num artigo da própria Carta Capital que recortei com tesoura e dobrei em quatro e depositei num local que agora não lembro, escrito -o artigo- há um meio ano: o PIB dos USA, entre 2008 e 2009, vai cair 5%. [...] o fechamento de 2009 apresentará uma queda de 2%. [...] O crescimento será tão pequeno, abaixo de 1% em 2010, com a taxa de desemprego em 10%, que tecnicamente o país já terá superado a recessão, mas o ambiente será de estagnação. [...] digo mais eu: eu acho que este pessoal não aprende nem com os próprios erros.”
segundo, no domingo, 19 de Abril de 2009, escrevi a postagem “Roubini não é nonsense”. para ele, “[...] enquanto o índice de contração americana reduzirá de -6% nos últimos dois trimestres, a expansão dos EUA ainda será negativa (cerca de -2% a -1,5%) na segunda metade do ano (comparado ao consenso de 2%).” segui eu: “eu previ, só para contrariar, que nada aconteceria no PIB (crescimento zero), com inflação e desemprego.”
terceira feira, diria João Cabral, na terça-feira, 2 de junho de 2009, voltei a postar: “vamos a Roubini. tenho dito que ele é um catastrofista, que achou que o PIB americano e mundial iriam cair em 1.000% (como sugeriu Marx ou Engels, tirando farinha com o Citizen Weston, ou sei lá com quem). e aí venho eu passando a palavra para ele: “na p. 63 da Carta Capital de 3/jun/2009, Roubini, que foi festejadíssimo por estes dias in Brazil, [disse]: “embora haja alguma melhora, ou seja, o ritmo de contração foi reduzido, os indicadores também sugerem que o mundo permanece imerso em uma recessão séria, profunda e prolongada, no formato de U.” Segui eu: “Como não domino amplamente a língua portuguesa, não estou seguro de que quem esteja falando seja mesmo Roubini. [...] Ele jurou que tudo iria cair 1.000%. Se não cair, ele está numa roubada, ou vai dizer que os "muitos analistas" estavam enganados e ele revisou suas estimativas antes deles.”
agora passemos ao presente. na p.47 da Carta Capital da próxima futura quarta-feira 22 de julho de 2009, diz o rapaz:
Acreditamos que o ritmo de contração da atividade econômica se reduza significativamente. Mas prevemos queda no PIB no segundo e terceiro trimestres de 2009 e estabilidade no quarto. Após uma forte contração da atividade econômica em 2009, o crescimento vai retornar ao território positivo apenas em 2010, e mesmo assim em taxas arrastadas, bem abaixo do potencial. Mesmo se a atividade econômiica parar de se contrair no fim de 2009, isto não deve significar o fim oficial desta recessão. Recessões não são medidas exclusivamente pela redução do PIB. Desemprego, produção industrial, vendas no varejo e renda são considerados quando a Agência Nacional de Pesquisa Econômica (NBER) relaciona os dados referentes a períodos recessivos. O crescimento do PIB amearicano vai parar de cair no fim de 2009, mas é provável que muitos dos indicadores acima não atinjam o nível mínimo antes de meados de 2010.
Melhoras na atividade econômica estão presentes e visíveis na redução do ritmo de perda de empregos, na elevação de indicadores de atividade manufatureira, na estabilidade da construção civil e na estabilização das condições financeiras. Entretanto não vemos sinais de uma recuperação robusta e sustentável.
torna-se claro, agora, o que eu quero dizer. o vivente começou a amenizar sua previsão catastrofista, buscando uma falsificação ad hoc para seus raciocínios econômicos. não quero discutir psicanálise, que poderia explicar o negativismo de Nouriel Roubini e da própria Carta Capital em contratá-lo como articulista. o mesmo fez, por alguns festivos números, nossa Zero Herra. o que me interessa destacar é que, psicanaliticamente falando, é possível que seu erro grosseiro resida na má compreensão do modo de funcionamento do capitalismo financeiro, tema que explorei amplamente nas três postagens, em partes que não destaquei hoje. em particular, doi-lhe (a ABL não quer mais "dói") reconhecer o Efeito Excel, ou seja, a produção industrial não interessa para gerar renda. você entendeu, não é?, não é que não interesse, mas que ela -indústria- não pode segurar o PIB nem forçá-lo a subir ou cair. obviamente, não estou dizendo que ela deixará de produzir bens de capital. claro que sem capital não se expande substantivamente a capacidade instalada. o que digo é que a acumulação de capital vem a reboque não apenas da oferta monetária mas, no caso, principalmente, da atividade terciária.
e as burradas. primeira: parece que, para ele, PIB e renda são antípodas galácticos, como as fundações de Azimov. segunda: vendas no varejo definem a recessão, além do desemprego e da renda, já que o PIB é, segundo ele, um sei-lá-o-quê. talveza agora se esteja tornando claro que o trio produto-emprego-preços já não é tão fundamental assim para se avaliar o grau de eficiência com que os recursos são utilizados. principalmente se considerarmos que há um pobrema (diria Ieda) com o desemprego. a sociedade quer lazer e a indústria moderna criou o que, em 1922 or so, Keynes chamou de desemprego tecnológico. a era do emprego-necessário-para-gerar-PIB já está sepultada, de acordo com o livro "Lições de Contabilidade Social". obviamente, lá é dito que emprego gera (valor da) produção, e valor da produção gera valor adicionado. mas para cada unidade de valor da produção precisa-se de cada vez menos trabalhadores. isto é mau? claro que não, meu. o mal está é na distribuição enviesada contra a sociedade igualitária.
DdAB
há alguns anos, assino Carta Capital. fi-lo pensando que -com sua leitura sistemática- compensaria um pouco o ponto-de-vista-de-direita de Zero Hora. cedo vi que a família Mino Carta é muito mais nacionalista do que eu gostaria de ver publicada. sou, claro, internacionalista. acho que, como o próprio ar, as águas, o subsolo, não têm fronteiras, poderíamos arrancar aquelas demarcações no mapa mundi. há pouco, voltando do parque Marinha do Brasil, retirei-a -à Carta Capital- da caixa postal, no dia em que o Grêmio venceu o Gre-Nal. posso dizer também que foi o jogo de número 100. e, para rimar com Lúcia Camini, só mesmo Nouriel Roubini. nos dias 14 de abril, 19 de abril e 2 de junho, fiz postagens falando na segunda figura destas rimas pobres. em outras oportunidades, falei da primeira, a meu ver uma descabelada figura radical, que fechou os brizolões, no primeiro governo municipal do PT em Porto Alegre. eine vraie sadness.
e hoje? que Camini tem a ver com o assunto? nada. mas Roubini tem tudo a ver. mas vivamos primeiramente o passado, que ele é que criou o futuro do jeito que veremos em instantes, efêmero como a própria velocidade da luz. primeiro, na terça-feira, 14 de abril de 2009, postei “Um Periscópio da Estultice”. lá eu disse, com simpatia: “Para mim, Roubini é um dos tais pigmeus de uma esquerda finada que apenas tem destaque nos outros ambientes de esquerda também finada, ou seja, retrógrados, atrasados, opiniáticos, preconceituosos, causadores de desserviços à causa igualitarista, not to speak da causa das reformas democráticas que conduzam ao socialismo (to be properly defined).” também disse eu: “[...] ele disse num artigo da própria Carta Capital que recortei com tesoura e dobrei em quatro e depositei num local que agora não lembro, escrito -o artigo- há um meio ano: o PIB dos USA, entre 2008 e 2009, vai cair 5%. [...] o fechamento de 2009 apresentará uma queda de 2%. [...] O crescimento será tão pequeno, abaixo de 1% em 2010, com a taxa de desemprego em 10%, que tecnicamente o país já terá superado a recessão, mas o ambiente será de estagnação. [...] digo mais eu: eu acho que este pessoal não aprende nem com os próprios erros.”
segundo, no domingo, 19 de Abril de 2009, escrevi a postagem “Roubini não é nonsense”. para ele, “[...] enquanto o índice de contração americana reduzirá de -6% nos últimos dois trimestres, a expansão dos EUA ainda será negativa (cerca de -2% a -1,5%) na segunda metade do ano (comparado ao consenso de 2%).” segui eu: “eu previ, só para contrariar, que nada aconteceria no PIB (crescimento zero), com inflação e desemprego.”
terceira feira, diria João Cabral, na terça-feira, 2 de junho de 2009, voltei a postar: “vamos a Roubini. tenho dito que ele é um catastrofista, que achou que o PIB americano e mundial iriam cair em 1.000% (como sugeriu Marx ou Engels, tirando farinha com o Citizen Weston, ou sei lá com quem). e aí venho eu passando a palavra para ele: “na p. 63 da Carta Capital de 3/jun/2009, Roubini, que foi festejadíssimo por estes dias in Brazil, [disse]: “embora haja alguma melhora, ou seja, o ritmo de contração foi reduzido, os indicadores também sugerem que o mundo permanece imerso em uma recessão séria, profunda e prolongada, no formato de U.” Segui eu: “Como não domino amplamente a língua portuguesa, não estou seguro de que quem esteja falando seja mesmo Roubini. [...] Ele jurou que tudo iria cair 1.000%. Se não cair, ele está numa roubada, ou vai dizer que os "muitos analistas" estavam enganados e ele revisou suas estimativas antes deles.”
agora passemos ao presente. na p.47 da Carta Capital da próxima futura quarta-feira 22 de julho de 2009, diz o rapaz:
Acreditamos que o ritmo de contração da atividade econômica se reduza significativamente. Mas prevemos queda no PIB no segundo e terceiro trimestres de 2009 e estabilidade no quarto. Após uma forte contração da atividade econômica em 2009, o crescimento vai retornar ao território positivo apenas em 2010, e mesmo assim em taxas arrastadas, bem abaixo do potencial. Mesmo se a atividade econômiica parar de se contrair no fim de 2009, isto não deve significar o fim oficial desta recessão. Recessões não são medidas exclusivamente pela redução do PIB. Desemprego, produção industrial, vendas no varejo e renda são considerados quando a Agência Nacional de Pesquisa Econômica (NBER) relaciona os dados referentes a períodos recessivos. O crescimento do PIB amearicano vai parar de cair no fim de 2009, mas é provável que muitos dos indicadores acima não atinjam o nível mínimo antes de meados de 2010.
Melhoras na atividade econômica estão presentes e visíveis na redução do ritmo de perda de empregos, na elevação de indicadores de atividade manufatureira, na estabilidade da construção civil e na estabilização das condições financeiras. Entretanto não vemos sinais de uma recuperação robusta e sustentável.
torna-se claro, agora, o que eu quero dizer. o vivente começou a amenizar sua previsão catastrofista, buscando uma falsificação ad hoc para seus raciocínios econômicos. não quero discutir psicanálise, que poderia explicar o negativismo de Nouriel Roubini e da própria Carta Capital em contratá-lo como articulista. o mesmo fez, por alguns festivos números, nossa Zero Herra. o que me interessa destacar é que, psicanaliticamente falando, é possível que seu erro grosseiro resida na má compreensão do modo de funcionamento do capitalismo financeiro, tema que explorei amplamente nas três postagens, em partes que não destaquei hoje. em particular, doi-lhe (a ABL não quer mais "dói") reconhecer o Efeito Excel, ou seja, a produção industrial não interessa para gerar renda. você entendeu, não é?, não é que não interesse, mas que ela -indústria- não pode segurar o PIB nem forçá-lo a subir ou cair. obviamente, não estou dizendo que ela deixará de produzir bens de capital. claro que sem capital não se expande substantivamente a capacidade instalada. o que digo é que a acumulação de capital vem a reboque não apenas da oferta monetária mas, no caso, principalmente, da atividade terciária.
e as burradas. primeira: parece que, para ele, PIB e renda são antípodas galácticos, como as fundações de Azimov. segunda: vendas no varejo definem a recessão, além do desemprego e da renda, já que o PIB é, segundo ele, um sei-lá-o-quê. talveza agora se esteja tornando claro que o trio produto-emprego-preços já não é tão fundamental assim para se avaliar o grau de eficiência com que os recursos são utilizados. principalmente se considerarmos que há um pobrema (diria Ieda) com o desemprego. a sociedade quer lazer e a indústria moderna criou o que, em 1922 or so, Keynes chamou de desemprego tecnológico. a era do emprego-necessário-para-gerar-PIB já está sepultada, de acordo com o livro "Lições de Contabilidade Social". obviamente, lá é dito que emprego gera (valor da) produção, e valor da produção gera valor adicionado. mas para cada unidade de valor da produção precisa-se de cada vez menos trabalhadores. isto é mau? claro que não, meu. o mal está é na distribuição enviesada contra a sociedade igualitária.
DdAB
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17 julho, 2009
Moonwalkers & nefelibatas
Querido Diário:
Apolo, ideias apolíneas? Ontem escrevi "constroi", hoje ia escrevendo "idéias". O vilão é a ACademia Brasileira de Letras e seus apaniguados José Sarney, Garrastazu Médici, Costa & Cilva, e essa macacada toda.
Hoje li em Zero Hora um desses nefelibatas que circulam pelas altas rodas do Brazil, achando que a lua é um queijo, se me não faço chulo. Creio que uma idéia apolínea é aquela que, por harmoniosa e generosa, trata do mundo como algo passível de ser mudado. No caso que hoje nos retém postando, estarei falando dos que falam sem saber o que dizem. Vou citar em seguida, mas preciso preparar o terreno. Primeiro: tenho razões para crer que o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário o.s.l.t. é um incompetente que inclui no numerador do cálculo da taxa de tributos (sobre o PIB) as taxas de coleta de lixo e outras. Chamar taxa de imposto é tachar o carinha de falacioso, ou taxista que não conhece as ruas da cidade.
Falo do artigo da p.22 de Zero Hora de hoje: Pedro A. X. Zaluski falando sobre "Moonwalker". Por um lado, diz lá ele:
Por outro lado, os recentes bons resultados alcançados pela desoneração fiscal do IPI dos carros e da construção civil, entre outros, adotada este ano – não computada na estatística da carga fiscal de 2008 – mostram o passo certo, antiefeito moonwalker, que faz com que andemos para frente, dissipando a ilusão e gerando um modelo econômico mais forte, justo e desenvolvido.
Consciente do anacronismo do nosso padrão tributário, cujos vastos recursos arrecadados não garantem a básica infraestrutura a nossa população, o governo precisa mudar o seu ritmo e adotar um estilo que faça regressar seus pés e cabeça do mundo da Lua, criando uma nova ordem tributária: mais coerente com a realidade da atual crise financeira e com a crescente interdependência da economia mundial, e com foco na geração de empregos e na realização de investimentos perenes no país.
Pilhas de comentários sobre estes dois parágrafos.
.a. anacronismo do nosso padrão tributário: penso que ele está certo quanto ao anacronismo e até quanto a esse ser "nosso", no sentido de ser lá dele-deles. Para mim, este sistema tributário não é meu, em absoluto, ao contrário. Mas acho que difiro do rico articulista ao considerar que o anacronismo vem de outra instância. Em particular, da distribuição entre impostos diretos e indiretos. Em segundo lugar, que entendo que não existe carga máxima, nem mesmo 100% do PIB, como sugerem as exportações malaias: 104% do PIB. Pode uma componente do PIB ser maior que 100% do PIB sem contrariar o teorema fundamental da aritmética (o todo é infinitesimalmente igual à soma de suas partes)? Claro: y=c+i+g+(x-m) pode ser maior que 100%, se x>y e ao mesmo tempo c ou i ou g é suficientemente grande para compensar o m negativo!
.b. que poderia fazer o governo com menos impostos? pasmemos, pois Zaluski diz que, neste caso, poderemos gerar empregos e fazer investimentos perenes no país. Perenes? Não depreciarão nem em 50 anos, como determinam os contadores? Empregos? Estão loucos os que pensam que o povo gosta de empregos, quando este já deixou claro, num bilhetinho que recebi recentemente, que gosta de renda e odeia emprego: gosta de renda e de lazer! Como renda não tem nada a ver com produção (a não ser o fato de que o valor adicionado só pode ser gerado se houver produção, ou seja, gera-se valor adicionado -produto, renda ou despesa- no processo produtivo), e investimento nada tem a ver com renda, pasmemos!
Poderia Zaluski pensar corretamente? Creio que, infelizmente, não, pois ele não foi educado para entender essas proposições contábeis elementares que aqui faço. E ele amaria os impostos diretos com a mesma intensidade que eu? Saberá ele que a única coisa que amo é que os outros paguem, pois o Tesouro Nacional nem notaria que há apenas um professor sonegador?
DdAB
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16 julho, 2009
Delfim constroi
Querido Diário:
O mar não está para peixe. Praticamente este deveria ser o título do blog, uma vez que é o comentário que mais me ocorre quando se trata de fazer postagens. O delfim da foto é uma alegoria ao Prof. Antonio Delfim Neto, figura polêmica da história econômica e política do Brasil. Quem sou eu para falar nele, que tão pouco leio? Mas, desde que me tornei assinante de Carta Herra, ou melhor, Carta Capital, que também herra, como "ela", comecei a lê-lo com circunspecção. E gosto! Most of the time.
O de que não gosto é da nova ortografia. Mas ela, se bem entendo, proibe de escrever "constrói", forçando-nos (exceto o Mr. Delfim, como observamos na p.52 da "Carta Herra" desta semana. Que mais diz ele? Muito interessante - disponível em:
http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=4555
Acesso em: agora.
Quando há maior liberdade de movimento de capitais cria-se um mercado financeiro, muito mais ágil e musculoso na especulação e na arbitragem, que envolve toda sorte de inovações financeiras. Neste mercado global, que incorpora o comercial e o financeiro, a taxa de câmbio (ou melhor, o dólar) transforma-se em um ativo financeiro cujo preço se ajusta instantaneamente, independentemente das condições do mercado comercial. É por isso que pode haver uma divergência entre a taxa de câmbio comercial, que acelera o crescimento econômico e o emprego, e a taxa de câmbio global. Esta obedece às conveniências da especulação e arbitragem financeira, dependendo dos lucros que oferece aos agentes.
Parece que este é o mundo a concretizar-se no futuro não muito longínquo. Esta visão delfiniana evoca o que tenho pensado sobre, se me faço entender, duas inovações institucionais:
.a. renda básica mundial
.b. seguros contra tudo, inclusive contra as débacles financeiras internacionais, pois teremo-las ("teremo-las"? isto é coisa que se escreva? por sinal, "constroi" não tem acento mesmo?) enquanto houver economias monetárias, ou seja, por muito mais tempo do que imaginava o Sr. Karl Menger.
DdAB
O mar não está para peixe. Praticamente este deveria ser o título do blog, uma vez que é o comentário que mais me ocorre quando se trata de fazer postagens. O delfim da foto é uma alegoria ao Prof. Antonio Delfim Neto, figura polêmica da história econômica e política do Brasil. Quem sou eu para falar nele, que tão pouco leio? Mas, desde que me tornei assinante de Carta Herra, ou melhor, Carta Capital, que também herra, como "ela", comecei a lê-lo com circunspecção. E gosto! Most of the time.
O de que não gosto é da nova ortografia. Mas ela, se bem entendo, proibe de escrever "constrói", forçando-nos (exceto o Mr. Delfim, como observamos na p.52 da "Carta Herra" desta semana. Que mais diz ele? Muito interessante - disponível em:
http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=4555
Acesso em: agora.
Quando há maior liberdade de movimento de capitais cria-se um mercado financeiro, muito mais ágil e musculoso na especulação e na arbitragem, que envolve toda sorte de inovações financeiras. Neste mercado global, que incorpora o comercial e o financeiro, a taxa de câmbio (ou melhor, o dólar) transforma-se em um ativo financeiro cujo preço se ajusta instantaneamente, independentemente das condições do mercado comercial. É por isso que pode haver uma divergência entre a taxa de câmbio comercial, que acelera o crescimento econômico e o emprego, e a taxa de câmbio global. Esta obedece às conveniências da especulação e arbitragem financeira, dependendo dos lucros que oferece aos agentes.
Parece que este é o mundo a concretizar-se no futuro não muito longínquo. Esta visão delfiniana evoca o que tenho pensado sobre, se me faço entender, duas inovações institucionais:
.a. renda básica mundial
.b. seguros contra tudo, inclusive contra as débacles financeiras internacionais, pois teremo-las ("teremo-las"? isto é coisa que se escreva? por sinal, "constroi" não tem acento mesmo?) enquanto houver economias monetárias, ou seja, por muito mais tempo do que imaginava o Sr. Karl Menger.
DdAB
15 julho, 2009
Liberta que serás também
Querido Diário:
Naturalmente, tudo o que o ser humano pode escrever poderia ser chamado de "política", tivesse eu tal marcador, ainda que não possamos, legitimamente, dizer que os animais da foto ou myself sejamos humanos, ou -claro- vice-versa. Libertas quae sera tamem foi a legenda que coloquei no Google Images para obter os dois seres humanos que, definitivamente, encontramos acima, na efígie. "É proibido proibir", disseram os rapazes de maio/1968. E quem disse que é "liberta que serás também"? Não sei quem foi o primeiro a inventar esta deliciosa-dolorosa tradução. Quem será liberto é porque ainda não o é, não é? E quem foi? Carlos Drummond de Andrade, num poema que -agora- faz mais de uma década ou duas, sabe-se lá, que não leio. Seja como for, ele mora em meu livro de Poesia Completa dele, Drummond, que já foi meu poeta preferido. Parecia até que eu entendia que ele era o maior.
E que tem a ver a liberdade passaral da foto de hoje? Vi-me solicitado a explicitar meus valores. Eu terei dito que, para início de conversa, tenho um valor: a liberdade humana, seu cultivo é o valor supremo, para mim. Ser livre é estratégia dominante, pois acomoda os que não desejam exercitar sua própria liberdade. A servidão voluntária e o direito de abrir mão dos direitos. Também falei ser contra o relativismo cultural, não -óbvio- como princípio libertador, mas -ao contrário- como elemento de escravidão. Falo do espancamento de crianças por razões religiosas, de mulheres, de cortar mão do ladrão, essas coisas do mundo perfeitamente associado ao Clube da Baixaria.
Então foi-me indagado o que é liberdade. Embasbaquei-me para dizer claramente. Já respondi a esta saia justa dizendo não saber o que é liberdade, mas poder trabalhar com o conceito de sociedade justa. Rawls, como já falei por aqui, diz que o primeiro requisito da sociedade justa é precisamente a condição de que cada um desfrutrará da maior liberdade possível compatível com a dos demais indivíduos. Isto impede-me, por exemplo, de comprar escravos ou vender-me como escravo.
Há anos, tento ler o livro de Isaias Berlin cujo título é "Quatro Ensaios sobre a Liberdade". Lá aprendi, por exemplo, o conceito de liberdade negativa: não podemos dizer que não sou livre por não saber voar, ou seja, voar não me é proibido, apenas que tenho a liberdade negativa de não voar. Nenhum humano ou humanóide conhecido pode voar on his/her own. Mas que é liberdade? Diz o Dr. Aurelião:
11. Filos. Caráter ou condição de um ser que não está impedido de expressar, ou que efetivamente expressa, algum aspecto de sua essência ou natureza. [Quanto à liberdade humana, o problema consiste quer na determinação dos limites que sejam garantia de desenvolvimento das potencialidades dos homens no seu conjunto -- as leis, a organização política, social e econômica, a moral, etc. --, quer na definição das potencialidades que caracterizam a humanidade na sua essência, concebendo-se a liberdade como o efetivo exercício dessas potencialidades, as quais, concretamente, se manifestam pela capacidade que tenham os homens de reconhecer, com amplitude sempre crescente, os condicionamentos, implicações e conseqüências das situações concretas em que se encontram, aumentando com esse reconhecimento o poder de conservá-las ou transformá-las em seu próprio benefício.] [Cf., nesta acepç., autodeterminação (2) e autonomia (5).]
Daí, pulamos para o assunto: "que é crime"? Inspirado em minha intuição sobre o conceito de liberdade, eu disse: "crime é qualquer ação praticada pelo indivíduo que reduz a liberdade dos demais". Fui aplaudido por um menino de rua, o que não me satisfez, pois sabia-o analfabeto e eleitor, o que dá na mesma, neste país de ladravazes detentores de mandatos eletivos. Dissatisfeito fiquei por ter percebido que algumas externalidades reduzem a liberdade de terceiros, mas que não são crimes. Por exemplo, ligar uma esteira de exercícios de caminhada estática faz um barulho inferior ao mínimo proibido pela lei, mas reduz a liberdade dos vizinhos, digamos, de baixo.
Em resumo, cheguei a sugerir aos meninos de rua que:
.a. abandonem a política
.b. sejam cautelosos ao quererem criar definições, pois estas exigem mais reflexão do que um simples dá-cá-aquela-palha.
DdAB
Naturalmente, tudo o que o ser humano pode escrever poderia ser chamado de "política", tivesse eu tal marcador, ainda que não possamos, legitimamente, dizer que os animais da foto ou myself sejamos humanos, ou -claro- vice-versa. Libertas quae sera tamem foi a legenda que coloquei no Google Images para obter os dois seres humanos que, definitivamente, encontramos acima, na efígie. "É proibido proibir", disseram os rapazes de maio/1968. E quem disse que é "liberta que serás também"? Não sei quem foi o primeiro a inventar esta deliciosa-dolorosa tradução. Quem será liberto é porque ainda não o é, não é? E quem foi? Carlos Drummond de Andrade, num poema que -agora- faz mais de uma década ou duas, sabe-se lá, que não leio. Seja como for, ele mora em meu livro de Poesia Completa dele, Drummond, que já foi meu poeta preferido. Parecia até que eu entendia que ele era o maior.
E que tem a ver a liberdade passaral da foto de hoje? Vi-me solicitado a explicitar meus valores. Eu terei dito que, para início de conversa, tenho um valor: a liberdade humana, seu cultivo é o valor supremo, para mim. Ser livre é estratégia dominante, pois acomoda os que não desejam exercitar sua própria liberdade. A servidão voluntária e o direito de abrir mão dos direitos. Também falei ser contra o relativismo cultural, não -óbvio- como princípio libertador, mas -ao contrário- como elemento de escravidão. Falo do espancamento de crianças por razões religiosas, de mulheres, de cortar mão do ladrão, essas coisas do mundo perfeitamente associado ao Clube da Baixaria.
Então foi-me indagado o que é liberdade. Embasbaquei-me para dizer claramente. Já respondi a esta saia justa dizendo não saber o que é liberdade, mas poder trabalhar com o conceito de sociedade justa. Rawls, como já falei por aqui, diz que o primeiro requisito da sociedade justa é precisamente a condição de que cada um desfrutrará da maior liberdade possível compatível com a dos demais indivíduos. Isto impede-me, por exemplo, de comprar escravos ou vender-me como escravo.
Há anos, tento ler o livro de Isaias Berlin cujo título é "Quatro Ensaios sobre a Liberdade". Lá aprendi, por exemplo, o conceito de liberdade negativa: não podemos dizer que não sou livre por não saber voar, ou seja, voar não me é proibido, apenas que tenho a liberdade negativa de não voar. Nenhum humano ou humanóide conhecido pode voar on his/her own. Mas que é liberdade? Diz o Dr. Aurelião:
11. Filos. Caráter ou condição de um ser que não está impedido de expressar, ou que efetivamente expressa, algum aspecto de sua essência ou natureza. [Quanto à liberdade humana, o problema consiste quer na determinação dos limites que sejam garantia de desenvolvimento das potencialidades dos homens no seu conjunto -- as leis, a organização política, social e econômica, a moral, etc. --, quer na definição das potencialidades que caracterizam a humanidade na sua essência, concebendo-se a liberdade como o efetivo exercício dessas potencialidades, as quais, concretamente, se manifestam pela capacidade que tenham os homens de reconhecer, com amplitude sempre crescente, os condicionamentos, implicações e conseqüências das situações concretas em que se encontram, aumentando com esse reconhecimento o poder de conservá-las ou transformá-las em seu próprio benefício.] [Cf., nesta acepç., autodeterminação (2) e autonomia (5).]
Daí, pulamos para o assunto: "que é crime"? Inspirado em minha intuição sobre o conceito de liberdade, eu disse: "crime é qualquer ação praticada pelo indivíduo que reduz a liberdade dos demais". Fui aplaudido por um menino de rua, o que não me satisfez, pois sabia-o analfabeto e eleitor, o que dá na mesma, neste país de ladravazes detentores de mandatos eletivos. Dissatisfeito fiquei por ter percebido que algumas externalidades reduzem a liberdade de terceiros, mas que não são crimes. Por exemplo, ligar uma esteira de exercícios de caminhada estática faz um barulho inferior ao mínimo proibido pela lei, mas reduz a liberdade dos vizinhos, digamos, de baixo.
Em resumo, cheguei a sugerir aos meninos de rua que:
.a. abandonem a política
.b. sejam cautelosos ao quererem criar definições, pois estas exigem mais reflexão do que um simples dá-cá-aquela-palha.
DdAB
12 julho, 2009
Mistakes are part of the fun
Querido Diário:No outro dia, ouvi na TV a frase que epigrafa esta mensagem. Erros fazem parte da história, errar também é divertido, essas coisas. Ao buscar literalmente estes dizeres, os em inglês, deparei-me com 97 entradas, mas não selecionei nenhuma. A foto interessante acima veio quando procurei com "mistakes are part of the human condition", o que achei apropriado, pois parece que nada há de humano na foto. Ainda assim, não vejo tudo. Parece um tapete assente sobre o nada, uma faixa divisória entre o oceano e o horizonte, quem sou eu? Bem que esta postagem poderia intitular-se "pão e rosas", para falar do vir-a-ser do habitante do Planeta 23 ou dos terrícolas mesmo. O colar de pão buscando alimentar a nova geração é sugestivo e emblemático para os humanos. Erros fazem parte do espetáculo, mas nem sempre são lúdicos, como é o caso do erro que cometem as populações mundiais contemporâneas, deixando ao léu uma fração importante de sua infância. Cérebros abandonados!
.d.
.d.
09 julho, 2009
Idade Avançada
querido blog:observo estupefato a nova fonte de meu ódio contra a humanidade, ou seu antídoto, sei lá. por ódio à humanidade, devemos entender ódio a pensamentos emergentes de cérebros humanos, como é o caso da tempestade cerebral fotografada há 115 anos...
falo da anunciada reportagem de capa de Carta Capital do dia 8 pretérito. eles discutem o envelhecimento da macacada e acham-no um sério problema. ou seja, acham que o bom mesmo seria a negadinha viver menos, pois isto criaria problemas menos terríveis às contas públicas. realmente é preciso sofrer do que o rapaz da maior tumba de Highgate chama de "fetichismo das mercadorias". no caso é até pior, pois não sei bem nem o que estas pessoas estão clamando que é ou deve ser trocado. trocar anos de vida por equilíbrio fiscal? estou estupefato com a incapacidade desses adoradores de mercadorias em analisarem, isto é, colocarem as partes à parte na questão.
o teorema fundamental do PIB, como sabem os meninos de rua de Porto Alegre, assevera que 100% do PIB são infinitesimalmente iguais ao próprio PIB. isto significa que se os velhos ganharem 99% do PIB ainda sobrarão 1% inteirinhos para os não-velhos. e vice-versa, ou 49-51, ou fifty-fifty. e o que quer que seja. o que os meninos de rua não entendem é porque que tudo que é menino de casa fetichista tem direito de ir ao Beto Carreiro e à Disneylândia e eles apenas ao Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS (ou melhor, na esquina dele...).
uma importante implicação para a implementação da política econômica que podemos derivar deste tipo de abordagem à questão do bem-estar humano é que eles estarão pensando em resolver o problema por meio da criação de programas de saúde pública que reduzam a idade média da população mundial. estou estupefato!
DdAB
falo da anunciada reportagem de capa de Carta Capital do dia 8 pretérito. eles discutem o envelhecimento da macacada e acham-no um sério problema. ou seja, acham que o bom mesmo seria a negadinha viver menos, pois isto criaria problemas menos terríveis às contas públicas. realmente é preciso sofrer do que o rapaz da maior tumba de Highgate chama de "fetichismo das mercadorias". no caso é até pior, pois não sei bem nem o que estas pessoas estão clamando que é ou deve ser trocado. trocar anos de vida por equilíbrio fiscal? estou estupefato com a incapacidade desses adoradores de mercadorias em analisarem, isto é, colocarem as partes à parte na questão.
o teorema fundamental do PIB, como sabem os meninos de rua de Porto Alegre, assevera que 100% do PIB são infinitesimalmente iguais ao próprio PIB. isto significa que se os velhos ganharem 99% do PIB ainda sobrarão 1% inteirinhos para os não-velhos. e vice-versa, ou 49-51, ou fifty-fifty. e o que quer que seja. o que os meninos de rua não entendem é porque que tudo que é menino de casa fetichista tem direito de ir ao Beto Carreiro e à Disneylândia e eles apenas ao Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS (ou melhor, na esquina dele...).
uma importante implicação para a implementação da política econômica que podemos derivar deste tipo de abordagem à questão do bem-estar humano é que eles estarão pensando em resolver o problema por meio da criação de programas de saúde pública que reduzam a idade média da população mundial. estou estupefato!
DdAB
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05 julho, 2009
Ratos, homens, desemprego e a mardita
estamo-nos movimentando. evitando a próclise no início de frases que, otherwise, levaria um pronome átono. como sabe aquele/a que me acompanha, faço parte do Movimento MFP (Me faz próclise, te chamo de castelhano/a), o que requer que eu, a não ser de modo inadvertido, inicie sentenças em língua portuguesa com o pronome átono. o que o/a leitor/a diligente/o/a saberá/o é que estou, solitariamente (?), iniciando outro movimento, no sentido de acabarmos com o uso de maiúsculas para iniciar as frases. claro que iniciar com pronome átono é apenas voltar ao reino da Espanha, de onde saímos, eles (eleswho?). nós -como sabemos- saímos da cruza entre políticos e ladrões, ratos e homens, o que dá na mesma. com isto, penso estar retaliando a Academia de Letras e suas obstinadas e bem-sucedidas investidas contra as bibliotecas de língua portuguesa, at the same time que meto uma homenagem (elevada na menos um) para os alemães que grafam todos os substantivos com maiúsculas. bichos arrevezados! ou seja, "o capital" (isto é, M x V) é "das Kapital", como sabemos.
já há quem ande suspeitando que ando postando com frequencia suspeita. eu mesmo o faço, suspeito de tudo, inclusive de suspeitas. ocorre que, uma vez que uma mão lava a outra e ambas, como disseram, lavam um mamão, o rosto e o resto, segue-se logicamente que a teia é composta por infinitas conexões. digo "infinitas" no sentido de Borges (de Medeiros), isto é, "grande prá burro". então começo. ou seja, então coméço, do verbo começar:
prendem-me duas postagens de LeoMon que comentei por cá. uma, dos gráficos, sobre husbandry, um troço destes. e outra, de outro troço destes que comentei, evocando o livro "but they kill horses, don't they?" LeoMon traduziu: "a noite dos desesperados". eu sabia, mas não lembrava. vi o filme, Jane Fonda, já sabemos. e Michael Sarraceno. e também queria ter dito (ao migrar de seu comentário a minha postagem) que o tema de tomar a Grande Depressão dos anos 1930 como assassina de ratos, cavalos e homens é pau.
e por que, apenas agora, nas antevésperas de completar meus 62 anos de existência (nem sempre honrosa), é que decidi dizer isto? é que Zero Hora de hoje, no caderno Dinheiro (p. 3) molha a mão de Paul Krugman (ou dos stockowners do New York Times, um troço destes) com direitos autorais sobre o artigo "De volta aos anos 30". Tem muita coisa no artigo, já servindo apenas justificar a inspiração para o que considero evidente como interpretação feita por um programa de inteligência artificial que lesse as quase 200 postagens que fiz aqui neste blog, desde que o iniciei, mas especialmente, minha dissertação de mestrado, os papeizinhos que ando entregando aos meninos de rua e as mensagens que estes transmitem-me (retransmitem) a partir de recados que recebem, à ses tours, de naves lokianas, que não se devem deixar confundir com lockianas. p.s.: em campo grande (que queria dividir o Mato Grosso para multiplicar. deu-se a divisão, cadê a multiplicação?), lóqui era trouxa, sucker, como diria John Steinbeck. como se vê, andei vendo o filme sobre Arnaldo Batista.
dito isto, o crack, a cachaça, o diabo ingerível, inalável, o que seja, só pode ser filho da sociedade desigual. na sociedade igualitária, não haverá juízes de cadeia estúpidos, pois eles teriam recebido boa educação, boa formação. nem policiais dromedários, que eles também saberiam inglês e outras línguas estrangeiras e nacionais, além do domínio do orçamento doméstico na planilha Excel (ou assemelhadas). nem médicos adoentados (aloprados themselves) que recomendam a proibição legal do uso de drogas e que o lado big business da questão seja resolvido com a revogação da lei da oferta e procura. gráficos mostrando que o desemprego causa o alcoolismo, a degeneração humana, a estupidez de juízes, promotores, advogados, sargentos, professores e tudo o mais são úteis, pois permitem que nos confrontemos com o que pensamos ser uma sociedade justa e, especialmente, o que queremos dizer quando sugerimos que a prioridade absoluta é gastar em educação, que educação cultiva elevados valores humanos, que a capacitação é melhor do que a doação de dinheiro, que pobreza não é carência de dinheiro e que, a longo prazo, não apenas todos estaremos mortos mas, principalmente, todos estaremos felizes.
é evidente que, sem educação, não há remissão. mas tampouco a ausência de atividade econômica permitirá o alcance de um futuro luzidio. tentei lançar uma campanha publicitária dizendo: "viva o economista: a médio prazo, a lei da oferta e procura é mais determinante da ação humana do que a lei da gravidade". em outras palavras, se deres dinheiro para o pai do menino de rua, ele encaminhar-se-á à Disneylândia, como fazem todos os endinheirados. por que logo o pai do pobre menino pobre é que iria evadir-se deste condicionante mais forte do que um baio. (Baio? sim, "6. Bras. RS Cigarro de palha feito com fumo crioulo"). em outras palavras, quem está mais capacitado a enfrentar a vida, um dromedário que não sabe colocar pronomes, pois o povo da esquina da Av. Cristiano Fischer com Ipiranga não se esmera neste tipo de traço educacional, ou um guri que visitou a Disneyworld e saiu de lá motivado a estudar mais inglês? diz o Prof. Amartya Sen que é o guri da Av. Ipiranga, se o capacitarmos (sem renda, basically) a ir à Disneyworld.
vejamos como ligar temas aparentemente díspares, antes que o programa de inteligência artificial nos tire esta encantada possibilidade de sacar ouro às cinzas... para a crise de setembro de 2008, eu -que não sou macroeconomista no sentido dos modelos de crescimento- previ: inflação, desemprego e pib voltando a crescer a.s.a.p.. também previ e prevejo certo protecionismo generalizado, o que obviamente servirá para agravar o problema. só há uma verdade absoluta: todo protecionista tem mente dissoluta, not to speak of Campos de Carvalho...
o próprio Krugman (ou era Steinbeck, ou Euclides de Jesus Zerbini, ou o velho livro de Dernbourg-McDougall de macroeconomia, um carinha destes?) dias atrás entendeu que a recessão (depressão, que seja) torna-se menor na medida em que há estabilizadores automáticos para a renda dos invidíduos. o que eu tenho dito é que, uma vez que a dimensão do sistema, dada a matriz A de coeficientes de produção, é determinada leontiefienamente (eu não disse "duilianamente") pela demanda final e esta é determinada pela renda da negadinha e que a renda é Y = MxV, segue-se logicamente que maior pagamento em seguro desemprego, renda básica, essas coisas, só pode ser saudada com otimismo por aqueles que, como eu, querem aumentar a pressão sobre o meio- ambiente em resposta à produção de crescentes quantidades de bens e serviços. [tenho presente, como disse Paul Samuelson, que fazer bomba aumenta o PIB e fazer hospitais também].
eu entendo que a própria deflação japonesa apontada por Krugman teve como vilão o governo (e, claro, a vilã que o constitui e avaliza, sua comunidade) japonês que foi incapaz de
.a. expandir a renda da negadinha com aumentos nas transferências (mais dinheirinho para a negadinha, inclusive com a instituição da renda básica japonesa)
.b. início da criação do programa de renda básica universal com um pacote, digamos, destinado a ajudar a turma (veja só, eu não disse 'negadinha') da Nigéria, que precisa de dinheiro, a fim de não poluir o planeta com um crescimento demográfico superior a sua capacidade de oferecer aos nascidos uma renda (e eu não disse emprego) que lhes possibilite desfrutar de uma existência digna.
resumo da ópera:
.a. renda é ou não é Y x 1= M x V?
.b. o valor da produção é ou não é a soma do valor adicionado:p=y=d com o consumo intermediário:ci?
.c. o valor da produção (que é y+ci) depende ou não depende funcionalmente da renda (no caso, usando o sentido de "receita das famílias, do governo, das firmas estrangeiras que importam nossa produção") que cai nas mãos da negadinha? ou seja, a quantidade x de, digamos, wiskhy, depende da renda do depressivo, além de depender do próprio preço do wiskhy, do preço dos outros bens etc..? e se o carinha perde o emprego, segue depressivo ou tem dinheiro para comprar viagens à Disneylândia?
.d. dá na mesma dar um pila na mão de um pobre ou na de um rico (numa distribuição contínua)?
.e. dá de implantar a renda básica (+ educação via Serviço Municipal via Guarda Municipal) agora ou quer levar bronca?
DdAB
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04 julho, 2009
economistas e o bem-comum
Querido Diário:
Diz a legenda:
"Gostaria que você conhecesse o Marty Thorndecker, querida. Ele é economista, mas não é má pessoa."
Por outro lado, eu andei fazendo umas postagens que considerei bastante futuristas. A ciência econômica nasceu de preocupações dos filósofos políticos dos séculos XVII e XVII com o bem-comum. Eu nunca fui, admitamos, muito bom em história econômica. Ainda assim, um dia, dei-me conta de algumas coincidências interessantes. Para listar as que me agora afluem:
.a. Hall & Hitch e Sweezy com a curva de demanda quebrada
.b. Keynes e Kalecki com um ponto na curva de demanda efetiva
.c. Sylos-Labini e Joe Staten Bain, com o que Franco Modigliani intitulou de teoria do preço-limite.
Parece que andei dando um papelzinho ao Sr. Menino de Rua com a listagem de outras.
Mas hoje quero fazer dois registros, um na linha da HPE e outro na linha do bem-comum. Começo com este do bem-comum, que é mais straightforward. Meu amado Peter L. Bernstein, na p. 204 do livro "Against the gods; the remarkable story of risk", que tem em português, mas cito em inglês mesmo, diz o seguinte:
"Arrow [Kenneth, sabemo-lo] won his Nobel Prize in part as a result of his speculations about an imaginary insurance company or other risk-sharing institution that would insure against any loss of any kind and of any magnitude, in what he describes as a 'complete market'. The world, he concluded, would be a better place if we could insure against every future possibility. Then people would be more willing to engage in risk-taking without which economic progress is impossible."
O primeiro registro conclui-se com a citação de outro amado: James Clifton. Ele disse que, no capitalismo, tudo vira mercadoria, inclusive a honra. Epa, quem disse isto foi o carinha de Highgate fotografei ontem. Mas Clifton disse o que Arrow acaba de dizer: no capitalismo, tudo vira mercadoria, inclusive o risco e, como tal, os mercados de seguros. Somos forçados a concluir que, quando escrevo em "Quem sou eu" à direita de quem olha esta postagem, que:
Penso que chegou a hora da criação da Brigada Ambiental Mundial, uma organização sustentada por verba orçamentária do Banco Central Mundial retirada das contas correntes sob o título de Tobin Tax, ou Imposto de Tobin. Penso que, no futuro, vamos dedicar-nos exclusivamente às artes e aos esportes, que o trabalho ser-nos-á dedicado pelas máquinas. Ou seja, penso que meu dedinho indicador, apontando para a esquerda, está direcionando o sentido correto da evolução planetária.
Então somos forçados a concluir que chegou a hora de privatizar o novel Banco Central Mundial, no sentido de dividi-lo em ações (uma para cada terráqueo maior de 24 anos) intransferíveis, que geram a seu proprietário um estipêndio mensal no valor da renda básica universal. Ou seja, a RBU será paga pelo Banco Central Mundial. Ou seja, ele será privado, no sentido de que será propriedade comunitária e não de governos e, menos ainda, da Família Rotschild ou Bernoulli ou DuPont de Nemours ou outra de longa história registrada.
O segundo registro retoma tudo o que falei acima e muito mais, pois tem três registrinhos. O envoltório (registro aninhando registrinhos) é uma profunda drágea filosófica de meus próprios cinzéis sobre os modelos econômicos mais ricos do que seus concorrentes. Ocorre-me listar três deles, os já famosos três registrinhos.
O primeiro registrinho faz o elogio da economia marxista, ou digamos de sua revisão inteligente. Pois tudo gira em torno do conceito de concorrência, a lei fundamental do desenvolvimento capitalista. E esta manifesta-se por meio das oscilações na taxa de lucros. Esta é dada por, como sabemos, digamos r = P/K onde r é rate of profits, P é profits themselves e K é o estoque de capital a que r e P também se referem. Evadindo as controvérsias sobre se este troço cai ou não cai, uso a notação de Karl Marx himself: r = m/(c+v), onde m é o lucro e c+v é o estoque de captital, não é isto? Pois, ao dividir tudo por v, temos: r = m/v : [(c/v)+(v/v)]. Ou seja, creio que meu colega da Universidade de Berlim fez a primeira decomposição da história da humanidade. Ele decompôs a taxa de lucro em uma componente que chamou de taxa de exploração (ou m/v) e outra que batizou como composição orgânica do capital (c/v). E explicou todo o sistema capitalista passado, presente e futuro, inclusive citando especificamente a crise de setembro de 2008 ("e em 2008, September, teremos uma bruta duma crise"). Claro que esta equação explica tudinho sobre a incorporação de progresso tecnológico, e tudo o mais, que muitos pensam que foi o Herr Schumpeter que teria sacado. É HPE.
No segundo registrinho, refiro-me ao que já me referi: a dupla Bain-Sylos. Não é eles. É três conceitos. O conceito de concorrência pura (e o determinismo do preço ser igual ao custo marginal). O conceito de monopólio (e o determinismo de, por mais malvado que seja, o monopolista racional cobrará um preço menor do que infinito, ou seja, satisfaz-se com uma cota de exploração finita). E Modigliani enlaçou estas duas pérolas com sua fórmula do preço-limite: se não houver barreiras à entrada, o neguinho (como diz a Sra. Presidenta da República) cobrará um preço menor do que o de monopólio mas maior que o de concorrência. Claro que tudo isto reica com a teoria dos mercados contestáveis perfeitos, que não sei por que não foi consagrada com o Prêmio Nobel também para seu criador, o monumental William Baumol. Disse-me um Menino de Rua um dia destes que é porque ele é heterodoxo em demasia e muito velho e que não lecionou em Chicago e que é pintor. É HPE.
Para o terceiro registrinho, reservei outra pérola da ciência econômica: simples e poderosa quanto as duas a que acabo de referir-me. Trata-se do Prêmio Nobel George Akerloff e a forma perfeitamente azeitada de formular a teoria da informação. Não fosse Smith, não teria Marx e se não fosse, digamos, Frank Knight, não teria Akerloff. E se não tivesse Akerloff, neguinho ia ficar sem o conceito de assimetria de informação. Não saberíamos o que é risco moral nem seleção adversa. Não saberíamos que o mercado de seguros detonou com os oportunistas ao criar a franquia e a carência. Eu comecei a aprender isto em 1975 com o Prof. Aaron Dehter, no PPGE/UFRGS, prossegui estudando no mestrado de Sussex (1977/8) e nunca mais cansei-me de buscar meter este registrinho, acompanhado dos dois anteriores, e do trio marxista (taxa de lucro, taxa de exploração e composição orgânica) num mesmo saco. E sempre que meti e busquei o que lá entrara, retirei maravilhas potenciadas. É HPE, além do traço mais festivo de minha conturbada vida intelectual.
DdAB
Diz a legenda:
"Gostaria que você conhecesse o Marty Thorndecker, querida. Ele é economista, mas não é má pessoa."
Por outro lado, eu andei fazendo umas postagens que considerei bastante futuristas. A ciência econômica nasceu de preocupações dos filósofos políticos dos séculos XVII e XVII com o bem-comum. Eu nunca fui, admitamos, muito bom em história econômica. Ainda assim, um dia, dei-me conta de algumas coincidências interessantes. Para listar as que me agora afluem:
.a. Hall & Hitch e Sweezy com a curva de demanda quebrada
.b. Keynes e Kalecki com um ponto na curva de demanda efetiva
.c. Sylos-Labini e Joe Staten Bain, com o que Franco Modigliani intitulou de teoria do preço-limite.
Parece que andei dando um papelzinho ao Sr. Menino de Rua com a listagem de outras.
Mas hoje quero fazer dois registros, um na linha da HPE e outro na linha do bem-comum. Começo com este do bem-comum, que é mais straightforward. Meu amado Peter L. Bernstein, na p. 204 do livro "Against the gods; the remarkable story of risk", que tem em português, mas cito em inglês mesmo, diz o seguinte:
"Arrow [Kenneth, sabemo-lo] won his Nobel Prize in part as a result of his speculations about an imaginary insurance company or other risk-sharing institution that would insure against any loss of any kind and of any magnitude, in what he describes as a 'complete market'. The world, he concluded, would be a better place if we could insure against every future possibility. Then people would be more willing to engage in risk-taking without which economic progress is impossible."
O primeiro registro conclui-se com a citação de outro amado: James Clifton. Ele disse que, no capitalismo, tudo vira mercadoria, inclusive a honra. Epa, quem disse isto foi o carinha de Highgate fotografei ontem. Mas Clifton disse o que Arrow acaba de dizer: no capitalismo, tudo vira mercadoria, inclusive o risco e, como tal, os mercados de seguros. Somos forçados a concluir que, quando escrevo em "Quem sou eu" à direita de quem olha esta postagem, que:
Penso que chegou a hora da criação da Brigada Ambiental Mundial, uma organização sustentada por verba orçamentária do Banco Central Mundial retirada das contas correntes sob o título de Tobin Tax, ou Imposto de Tobin. Penso que, no futuro, vamos dedicar-nos exclusivamente às artes e aos esportes, que o trabalho ser-nos-á dedicado pelas máquinas. Ou seja, penso que meu dedinho indicador, apontando para a esquerda, está direcionando o sentido correto da evolução planetária.
Então somos forçados a concluir que chegou a hora de privatizar o novel Banco Central Mundial, no sentido de dividi-lo em ações (uma para cada terráqueo maior de 24 anos) intransferíveis, que geram a seu proprietário um estipêndio mensal no valor da renda básica universal. Ou seja, a RBU será paga pelo Banco Central Mundial. Ou seja, ele será privado, no sentido de que será propriedade comunitária e não de governos e, menos ainda, da Família Rotschild ou Bernoulli ou DuPont de Nemours ou outra de longa história registrada.
O segundo registro retoma tudo o que falei acima e muito mais, pois tem três registrinhos. O envoltório (registro aninhando registrinhos) é uma profunda drágea filosófica de meus próprios cinzéis sobre os modelos econômicos mais ricos do que seus concorrentes. Ocorre-me listar três deles, os já famosos três registrinhos.
O primeiro registrinho faz o elogio da economia marxista, ou digamos de sua revisão inteligente. Pois tudo gira em torno do conceito de concorrência, a lei fundamental do desenvolvimento capitalista. E esta manifesta-se por meio das oscilações na taxa de lucros. Esta é dada por, como sabemos, digamos r = P/K onde r é rate of profits, P é profits themselves e K é o estoque de capital a que r e P também se referem. Evadindo as controvérsias sobre se este troço cai ou não cai, uso a notação de Karl Marx himself: r = m/(c+v), onde m é o lucro e c+v é o estoque de captital, não é isto? Pois, ao dividir tudo por v, temos: r = m/v : [(c/v)+(v/v)]. Ou seja, creio que meu colega da Universidade de Berlim fez a primeira decomposição da história da humanidade. Ele decompôs a taxa de lucro em uma componente que chamou de taxa de exploração (ou m/v) e outra que batizou como composição orgânica do capital (c/v). E explicou todo o sistema capitalista passado, presente e futuro, inclusive citando especificamente a crise de setembro de 2008 ("e em 2008, September, teremos uma bruta duma crise"). Claro que esta equação explica tudinho sobre a incorporação de progresso tecnológico, e tudo o mais, que muitos pensam que foi o Herr Schumpeter que teria sacado. É HPE.
No segundo registrinho, refiro-me ao que já me referi: a dupla Bain-Sylos. Não é eles. É três conceitos. O conceito de concorrência pura (e o determinismo do preço ser igual ao custo marginal). O conceito de monopólio (e o determinismo de, por mais malvado que seja, o monopolista racional cobrará um preço menor do que infinito, ou seja, satisfaz-se com uma cota de exploração finita). E Modigliani enlaçou estas duas pérolas com sua fórmula do preço-limite: se não houver barreiras à entrada, o neguinho (como diz a Sra. Presidenta da República) cobrará um preço menor do que o de monopólio mas maior que o de concorrência. Claro que tudo isto reica com a teoria dos mercados contestáveis perfeitos, que não sei por que não foi consagrada com o Prêmio Nobel também para seu criador, o monumental William Baumol. Disse-me um Menino de Rua um dia destes que é porque ele é heterodoxo em demasia e muito velho e que não lecionou em Chicago e que é pintor. É HPE.
Para o terceiro registrinho, reservei outra pérola da ciência econômica: simples e poderosa quanto as duas a que acabo de referir-me. Trata-se do Prêmio Nobel George Akerloff e a forma perfeitamente azeitada de formular a teoria da informação. Não fosse Smith, não teria Marx e se não fosse, digamos, Frank Knight, não teria Akerloff. E se não tivesse Akerloff, neguinho ia ficar sem o conceito de assimetria de informação. Não saberíamos o que é risco moral nem seleção adversa. Não saberíamos que o mercado de seguros detonou com os oportunistas ao criar a franquia e a carência. Eu comecei a aprender isto em 1975 com o Prof. Aaron Dehter, no PPGE/UFRGS, prossegui estudando no mestrado de Sussex (1977/8) e nunca mais cansei-me de buscar meter este registrinho, acompanhado dos dois anteriores, e do trio marxista (taxa de lucro, taxa de exploração e composição orgânica) num mesmo saco. E sempre que meti e busquei o que lá entrara, retirei maravilhas potenciadas. É HPE, além do traço mais festivo de minha conturbada vida intelectual.
DdAB
Marcadores:
Economia Política
03 julho, 2009
Highgate e os Termos de Intercâmbio
Querido Diário:
tu sabias que para visitar a tumba de Karl Henrich Marx no Cemitério de Highgate, deves passar pela estação de Highgate e descer na de Aldwich? e que aquelas cruzes que vemos na imagem acima não são dele, mas de seus vizinhos? e que a tumba já mudou de lugar três ou quatro vezes lá dentro do próprio cemitério? e que até Herbert Spencer já andou vizinhando com Karl? e tudo o mais? e que uma hipótese tão controversa quanto a da queda dos termos de troca é a queda da taxa de lucro?
sigo no tema da queda dos termos de troca, na desindustrialização mundial e na volta do Brasil, se removerem as barreiras protecionistas, ao domínio do agronegócio. ou seja, o Brasil tem tudo para deixar emergir uma economia cujo motor setorial seja o agribusiness. não há razão para imaginarmos que o agronegócio seria incapaz de dinamizar, digamos, a modernização da rede nacional de transportes ou a pesquisa pura na área de cinescópios (ou o que seja).
o assunto começou com a postagem que transcrevi em parte ontem (blog de LeoMon). em resumo, entendo que parece haver mais razão em negar a lei da queda da "relação de termos de troca" do que em aceitá-la. tivemos industrialização e desindustrialização no planeta. comentando Anaximandros e a mim, Léo lembra-nos da maravilhosa história de Baumol ("você não pode elevar a produtividade de um quinteto de cordas, a não ser transformando-o num quarteto"), mas ele mesmo reconhece que um MP3 eleva a produtividade (direta e indireta...) do quinteto. eu acho que o futuro do mundo é mesmo serviços (transportes interplanetários, educação de asnos e transplantes de idade...) e que a produtividade neles pode elevar-se infinitamente.
ainda assim, acho que o cerne da "capital accumulation" ruma para o "cassino financeiro". entendi isto desde que vim a entender que o que Marx chamou de "forma preço do valor", o ápice da transformação do valor dado pela quantidade de trabalho da mercadoria em dinheiro, é simplesmente a oferta monetária avalizada pela sociedade, para cada nível de capacidade instalada vigente. parece óbvio que é a produção de bens (aparelhos de MP3, ou frangos vivos) e serviços (cirurgia conserto de 10 anos de idade, ou concerto de 10 cordas) que gera bem-estar (digo isto, pois um menino de rua meu vizinho ainda confunde produção com produto, uma das três óticas de cálculo de mensurar o valor adicionado).
ou seja, penso que no futuro, um velhote de meu porte poderá comprar décadas de vida, o que o deixará muito feliz consigo mesmo e com a produção de mercadorias embalada na divisão do trabalho, aquelas coisas. mas minha visão (ou isto é apenas Conceição Tavares e sua "ciranda financeira", tema que não domino?) é inisistir numa analogia. refiro-me, por um lado, à evasão das economias modernas da produção de bens (agricultura e indústria) e direcionamento aos serviços. E, por outro lado, ao Efeito Excel.
por efeito Excel, Bill Gates e eu entendemos o fenômeno que fez o PIB agrícola de Porto Alegre cair a 0% do total, ou seja, poderia ser algo tipo 0,031416, mas com uma casinha apenas depois da vírgula dá 0,0%. ou seja, um dia, a agricultura, a indústria e os serviços* representarão 0% do PIB. Que é que podemos entender por serviços*? os serviços financeiros, incluindo os cassinos cujo elogio vimos na crise de setembro do ano passado. "elogio?", indagaria algum mecanicista. resposta: claro que sim, pois é precisamente o poder desta ciranda financeira em influenciar negativamente o setor real que lhe dá o atestado de poder. e não adianta fazermos seguros contra crises, pois o valor dado por M x V (estoque de moeda vezes velocidade de circulação) é a forma preço do valor pactuada pela sociedade. não é?
DdAB
tu sabias que para visitar a tumba de Karl Henrich Marx no Cemitério de Highgate, deves passar pela estação de Highgate e descer na de Aldwich? e que aquelas cruzes que vemos na imagem acima não são dele, mas de seus vizinhos? e que a tumba já mudou de lugar três ou quatro vezes lá dentro do próprio cemitério? e que até Herbert Spencer já andou vizinhando com Karl? e tudo o mais? e que uma hipótese tão controversa quanto a da queda dos termos de troca é a queda da taxa de lucro?
sigo no tema da queda dos termos de troca, na desindustrialização mundial e na volta do Brasil, se removerem as barreiras protecionistas, ao domínio do agronegócio. ou seja, o Brasil tem tudo para deixar emergir uma economia cujo motor setorial seja o agribusiness. não há razão para imaginarmos que o agronegócio seria incapaz de dinamizar, digamos, a modernização da rede nacional de transportes ou a pesquisa pura na área de cinescópios (ou o que seja).
o assunto começou com a postagem que transcrevi em parte ontem (blog de LeoMon). em resumo, entendo que parece haver mais razão em negar a lei da queda da "relação de termos de troca" do que em aceitá-la. tivemos industrialização e desindustrialização no planeta. comentando Anaximandros e a mim, Léo lembra-nos da maravilhosa história de Baumol ("você não pode elevar a produtividade de um quinteto de cordas, a não ser transformando-o num quarteto"), mas ele mesmo reconhece que um MP3 eleva a produtividade (direta e indireta...) do quinteto. eu acho que o futuro do mundo é mesmo serviços (transportes interplanetários, educação de asnos e transplantes de idade...) e que a produtividade neles pode elevar-se infinitamente.
ainda assim, acho que o cerne da "capital accumulation" ruma para o "cassino financeiro". entendi isto desde que vim a entender que o que Marx chamou de "forma preço do valor", o ápice da transformação do valor dado pela quantidade de trabalho da mercadoria em dinheiro, é simplesmente a oferta monetária avalizada pela sociedade, para cada nível de capacidade instalada vigente. parece óbvio que é a produção de bens (aparelhos de MP3, ou frangos vivos) e serviços (cirurgia conserto de 10 anos de idade, ou concerto de 10 cordas) que gera bem-estar (digo isto, pois um menino de rua meu vizinho ainda confunde produção com produto, uma das três óticas de cálculo de mensurar o valor adicionado).
ou seja, penso que no futuro, um velhote de meu porte poderá comprar décadas de vida, o que o deixará muito feliz consigo mesmo e com a produção de mercadorias embalada na divisão do trabalho, aquelas coisas. mas minha visão (ou isto é apenas Conceição Tavares e sua "ciranda financeira", tema que não domino?) é inisistir numa analogia. refiro-me, por um lado, à evasão das economias modernas da produção de bens (agricultura e indústria) e direcionamento aos serviços. E, por outro lado, ao Efeito Excel.
por efeito Excel, Bill Gates e eu entendemos o fenômeno que fez o PIB agrícola de Porto Alegre cair a 0% do total, ou seja, poderia ser algo tipo 0,031416, mas com uma casinha apenas depois da vírgula dá 0,0%. ou seja, um dia, a agricultura, a indústria e os serviços* representarão 0% do PIB. Que é que podemos entender por serviços*? os serviços financeiros, incluindo os cassinos cujo elogio vimos na crise de setembro do ano passado. "elogio?", indagaria algum mecanicista. resposta: claro que sim, pois é precisamente o poder desta ciranda financeira em influenciar negativamente o setor real que lhe dá o atestado de poder. e não adianta fazermos seguros contra crises, pois o valor dado por M x V (estoque de moeda vezes velocidade de circulação) é a forma preço do valor pactuada pela sociedade. não é?
DdAB
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Economia Política
02 julho, 2009
Estruturalismo e dirigismo
Querido Diário:
ao abrir aInternet há pouco, veio-me a postagem de Cláudio Shikida de uma ou duas horas atrás falando em novidades sobre "el deterioro de los terminos de intercambio", a mais cepalinas das teses que ajudaram a açular o debate econômico. considerando que defendi a tese (reprovada por alguns dromedários) de que o nacional-desenvolvimentimo (id est, protecionismo e outros descalabros de política econômica, not to speak of inflation itself) dos anos 1950 é o vilão da espantosa reconcentração da renda ocorrida in Lizarb -to begin with- entre 1960 e 1970, fiquei de orelha em pé, como diria o cavalo do dromedário, ou era o cachorro do rei?
vi que Shikida remetia à postagem de Leonardo Monastério, feita há umas 15 horas:
http://lmonasterio.blogspot.com
fui a ela-postagem, que ele-consagrado é pensador de, pelo menos 100 ou 200 estados brasileiros e 20 ou 30 continentes terráqueos! Disse-nos Léo, sem alguns cortes abruptos que inseri por aqui:
Conversando com os colegas do curso, voltamos à antiga tese Prebisch-Singer da deterioração dos termos de troca: as commodities exportadas pela periferia tendem a ficar mais baratos em relação aos bens importados dos países industrializados. Prometi, então, fazer um post sobre o tema. A tese tem andado fora de moda, por motivos óbvios. Mas o que a literatura diz? Antes de tudo, percebeu-se que não é mole testa a hipótese corretamente. Afinal, se um grão de soja é (quase) o mesmo durante o século, como considerar o netbook de US$350 que tenho à minha frente. Uma configuração equivalente custava um fortuna faz alguns anos e não existia nada parecido em 1970. Como ajustar para essas mudanças nas qualidades dos bens manufaturados? Ainda: que ponderações usar? Faz sentido agregar todos os bens primários em um só índice? E a qualidade dos dados?
[... (cita terceiros): "Em geral, os termos de troca não caíram, mas a volatilidade do preços das commodities foram ruins para o crescimento da periferia." E prossegue LeoMon:]
Meu pitaco: se a deterioração dos termos de troca fosse uma fenômeno relevante ele seria mais robusto. Ou seja, deveria resisitir mesmo quando fossem escolhidas amostras diferentes de países, produtos e períodos. Não vale dizer: "o produto x não vale", ou "o aumento recente foi conjuntural" e assim por diante. Enfim, milhões de motivos podem tornar a especialização em commodities um problema, mas a tese Prebisch-Singer não é um deles.
disse-lhe eu:
grande tema, Léo! dias atrás, eu vi -não lembro bem- se um automóvel ou radinho de pilha made in china por R$ 1 e pensei: esses comunas vão monopolizar a indústria do mundo. antigamente eu achara que a agricultura iria acabar. agora, ao entender que os chinas serão a indúsria e que o Brasil ganhará dinheirinho vendendo água (soja, frango) a eles, pensei "en el deterioro". parece-me que Alexandre Barros achou tendência num paper de 10 ou 15 anos na RBEco. lendo o post, pensei (como obrigo-me a fazer sempre) num esquema de equilíbrio geral, insumo-produto, Leontief, Sraffa e Smith-trabalho/comandado. precisamos saber se o grão de soja é mesmo o mesmo. há 100 anos, ele não existia no Brasil. e há 20 ou 30 a Embrapa ainda não criara a soja tropical. não posso alongar-me, mas falta coisa. vou para meu próprio blog! .d.
falo mais sobre a frase de terceiros que citei acima.
Digo agora: e se prosseguir a volatididade dos preços? aí tem que contratar indianos (especializados no setor serviços de informática, o que os forçará, como água morro abaixo, a diversificarem para o mercado de seguros agrícolas), a fim de criarem mecanismos para tornar o seguro agrícola aos produtores brasileiros, de sorte que, jogando em futuros, segurando daqui, capitalizando de lá, possam aprofundar sua inserção no mundo da produção de mercadorias. Em outras palavras, não quero falar do passado, mas do futuro: daqui a 50 trilhões de anos, o Brasil vai tornar-se efetivamente uma economia aberta. Por essa época, poderemos perceber que as vantagens comparativas (diretas e indiretas, como sugeri acima, ao falar no modelo de insumo-produto) da propriedade da água planetária ajudam-nos a ter custos baixos e exportar mais. Ok, não é apenas água, como aparentemente estou divergindo do Léo, a menos que consideremos o componente hídrico do corpo dos agrônomos e demais pesquisadores da Embrapa.
[à propos: apenas um abobado há de argumentar que a Petrobrás e a Embrapa são filhas da abnegação de governantes honestos. se eles fossem honestos mesmo, teriam entendido a diferença entre produção e provisão de bens públicos e semi-públicos. eu sempre disse que o governo vender gasolina no país da fome é pau e digo agora que o governo meter gente na pesquisa de sementinhas e ovinhos é pau. no orçamento público universal, pode-se contemplar dinheirinhos para as universidades ou para quem lá seja, a fim de fazerem pesquisa de qualquer tipo. o que não pode é pagar mais a um ascensorista da Av. Rio Branco do que ganha um professor titular doutor da Universidade Federal do Maranhão, if you know what i mean.]
falo mais sobre o que queria falar: considerando que a cidade de Trier encontra-se mais próxima da Áustria do que a própria New York University, acho que -por ter lido mais os nativos da primeira e ver com certo ceticismo o que andam fazendo com o alemão Schumpeter, ou o que seja, tenho boas razões para exercitar meu marxismo-austríaco-bowlsiano. a maior lei, mais forte do que a da gravidade, é a da oferta e procura. sua força motivadora é a concorrência, a lei fundamental da ação dos seres vivos (Russel, via Hymer: "todo ser vivo é uma espécie de imperialista, procurando transformar a maior parte possível do meio ambiente em seu benefício":: ele disse "ser vivo", o que nos leva muito além d' "os políticos").
dito isto, o que precisamos entender para desmistificar de vez este culto estatizante, ou seja, autoritário, sob invocação de que é melhor para o povo não ter soja ou não ter automóveis de R$ 1, pois não cria emprego em Santo André, é que a maior de todas as leis diz que a produtividade relaciona-se inversamente com o preço. e que o poder de monopólio sobre a produção de bens industriais dos países ricos sobre os bens industriias mostrou-se também ultra-volátil (durou menos de 50 anos) (e, como ouvi de Reinaldo Gonçalves, o Brazil sempre investiu em P&D, só que em Detroid, na Suíça, na Alemanha etc.) (etc.).
tudo mudou, desde então, e o que me pergunto é mesmo se um orçamento universal não poderia ter investido no povo brasileiro, ao invés do que ocorreu com sua ausência, que serviu não apenas para golpes de estado, mas também para seguir acobertando a monumental e milenar corrupção. esse negócio de ascensoristas ganhando salários estratosféricos é um absurdo que esbarra, claro, na Petrobrás, mas principalmente, no Mr. Orçamento, quando ele nada pensa de sério sobre o imposto de renda da pessoa física. e por falar nisto, que tal meter um imposto sobre a herança deixada pelo Dr. Brizola, e a ser deixada -em boa hora- pelo Dr. Quércia, o Prisco, aquela macacada de que andei falando às escondidas...
DdAB
ao abrir aInternet há pouco, veio-me a postagem de Cláudio Shikida de uma ou duas horas atrás falando em novidades sobre "el deterioro de los terminos de intercambio", a mais cepalinas das teses que ajudaram a açular o debate econômico. considerando que defendi a tese (reprovada por alguns dromedários) de que o nacional-desenvolvimentimo (id est, protecionismo e outros descalabros de política econômica, not to speak of inflation itself) dos anos 1950 é o vilão da espantosa reconcentração da renda ocorrida in Lizarb -to begin with- entre 1960 e 1970, fiquei de orelha em pé, como diria o cavalo do dromedário, ou era o cachorro do rei?
vi que Shikida remetia à postagem de Leonardo Monastério, feita há umas 15 horas:
http://lmonasterio.blogspot.com
fui a ela-postagem, que ele-consagrado é pensador de, pelo menos 100 ou 200 estados brasileiros e 20 ou 30 continentes terráqueos! Disse-nos Léo, sem alguns cortes abruptos que inseri por aqui:
Conversando com os colegas do curso, voltamos à antiga tese Prebisch-Singer da deterioração dos termos de troca: as commodities exportadas pela periferia tendem a ficar mais baratos em relação aos bens importados dos países industrializados. Prometi, então, fazer um post sobre o tema. A tese tem andado fora de moda, por motivos óbvios. Mas o que a literatura diz? Antes de tudo, percebeu-se que não é mole testa a hipótese corretamente. Afinal, se um grão de soja é (quase) o mesmo durante o século, como considerar o netbook de US$350 que tenho à minha frente. Uma configuração equivalente custava um fortuna faz alguns anos e não existia nada parecido em 1970. Como ajustar para essas mudanças nas qualidades dos bens manufaturados? Ainda: que ponderações usar? Faz sentido agregar todos os bens primários em um só índice? E a qualidade dos dados?
[... (cita terceiros): "Em geral, os termos de troca não caíram, mas a volatilidade do preços das commodities foram ruins para o crescimento da periferia." E prossegue LeoMon:]
Meu pitaco: se a deterioração dos termos de troca fosse uma fenômeno relevante ele seria mais robusto. Ou seja, deveria resisitir mesmo quando fossem escolhidas amostras diferentes de países, produtos e períodos. Não vale dizer: "o produto x não vale", ou "o aumento recente foi conjuntural" e assim por diante. Enfim, milhões de motivos podem tornar a especialização em commodities um problema, mas a tese Prebisch-Singer não é um deles.
disse-lhe eu:
grande tema, Léo! dias atrás, eu vi -não lembro bem- se um automóvel ou radinho de pilha made in china por R$ 1 e pensei: esses comunas vão monopolizar a indústria do mundo. antigamente eu achara que a agricultura iria acabar. agora, ao entender que os chinas serão a indúsria e que o Brasil ganhará dinheirinho vendendo água (soja, frango) a eles, pensei "en el deterioro". parece-me que Alexandre Barros achou tendência num paper de 10 ou 15 anos na RBEco. lendo o post, pensei (como obrigo-me a fazer sempre) num esquema de equilíbrio geral, insumo-produto, Leontief, Sraffa e Smith-trabalho/comandado. precisamos saber se o grão de soja é mesmo o mesmo. há 100 anos, ele não existia no Brasil. e há 20 ou 30 a Embrapa ainda não criara a soja tropical. não posso alongar-me, mas falta coisa. vou para meu próprio blog! .d.
falo mais sobre a frase de terceiros que citei acima.
Digo agora: e se prosseguir a volatididade dos preços? aí tem que contratar indianos (especializados no setor serviços de informática, o que os forçará, como água morro abaixo, a diversificarem para o mercado de seguros agrícolas), a fim de criarem mecanismos para tornar o seguro agrícola aos produtores brasileiros, de sorte que, jogando em futuros, segurando daqui, capitalizando de lá, possam aprofundar sua inserção no mundo da produção de mercadorias. Em outras palavras, não quero falar do passado, mas do futuro: daqui a 50 trilhões de anos, o Brasil vai tornar-se efetivamente uma economia aberta. Por essa época, poderemos perceber que as vantagens comparativas (diretas e indiretas, como sugeri acima, ao falar no modelo de insumo-produto) da propriedade da água planetária ajudam-nos a ter custos baixos e exportar mais. Ok, não é apenas água, como aparentemente estou divergindo do Léo, a menos que consideremos o componente hídrico do corpo dos agrônomos e demais pesquisadores da Embrapa.
[à propos: apenas um abobado há de argumentar que a Petrobrás e a Embrapa são filhas da abnegação de governantes honestos. se eles fossem honestos mesmo, teriam entendido a diferença entre produção e provisão de bens públicos e semi-públicos. eu sempre disse que o governo vender gasolina no país da fome é pau e digo agora que o governo meter gente na pesquisa de sementinhas e ovinhos é pau. no orçamento público universal, pode-se contemplar dinheirinhos para as universidades ou para quem lá seja, a fim de fazerem pesquisa de qualquer tipo. o que não pode é pagar mais a um ascensorista da Av. Rio Branco do que ganha um professor titular doutor da Universidade Federal do Maranhão, if you know what i mean.]
falo mais sobre o que queria falar: considerando que a cidade de Trier encontra-se mais próxima da Áustria do que a própria New York University, acho que -por ter lido mais os nativos da primeira e ver com certo ceticismo o que andam fazendo com o alemão Schumpeter, ou o que seja, tenho boas razões para exercitar meu marxismo-austríaco-bowlsiano. a maior lei, mais forte do que a da gravidade, é a da oferta e procura. sua força motivadora é a concorrência, a lei fundamental da ação dos seres vivos (Russel, via Hymer: "todo ser vivo é uma espécie de imperialista, procurando transformar a maior parte possível do meio ambiente em seu benefício":: ele disse "ser vivo", o que nos leva muito além d' "os políticos").
dito isto, o que precisamos entender para desmistificar de vez este culto estatizante, ou seja, autoritário, sob invocação de que é melhor para o povo não ter soja ou não ter automóveis de R$ 1, pois não cria emprego em Santo André, é que a maior de todas as leis diz que a produtividade relaciona-se inversamente com o preço. e que o poder de monopólio sobre a produção de bens industriais dos países ricos sobre os bens industriias mostrou-se também ultra-volátil (durou menos de 50 anos) (e, como ouvi de Reinaldo Gonçalves, o Brazil sempre investiu em P&D, só que em Detroid, na Suíça, na Alemanha etc.) (etc.).
tudo mudou, desde então, e o que me pergunto é mesmo se um orçamento universal não poderia ter investido no povo brasileiro, ao invés do que ocorreu com sua ausência, que serviu não apenas para golpes de estado, mas também para seguir acobertando a monumental e milenar corrupção. esse negócio de ascensoristas ganhando salários estratosféricos é um absurdo que esbarra, claro, na Petrobrás, mas principalmente, no Mr. Orçamento, quando ele nada pensa de sério sobre o imposto de renda da pessoa física. e por falar nisto, que tal meter um imposto sobre a herança deixada pelo Dr. Brizola, e a ser deixada -em boa hora- pelo Dr. Quércia, o Prisco, aquela macacada de que andei falando às escondidas...
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