02 dezembro, 2008

Tragédias por cinco anos

Querido Blog:
Diz-nos o M. Google-Images que a criaturinha acima tem cinco anos de idade. Com políticos de menor peso dos interesses individuais na formação de sua estrutura de preferências, talvez ela viva mais 95. O mais provável é que eles é que passem dos R$ 100 milhões. Todo político é ladrão, diz um conhecido silogismo. Todo político é um desastre, como atesta a ilustração a seguir.
Torna-se evidente de que estou falando da política brasileira. Hoje, ouvindo a Rádio Farroupilha, entendi que havia dois crimes em foco. O repórter de rua falou em "execuções". Eu pensei que apenas numa sociedade desigual há execuções tão desenxabidas. Depois, vi nos artigos assinados de ZH a referência a uma ecologista de Santa Catarina que atribui a responsabilidade central pelo desastre que lá se vive à omissão do poder público, ou seja, os políticos que chegarão aos R$ 100 milhões. Todo político é ladrão.
Este fato confirma-se pela iniciativa que agora entra em pauta na Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados -iniciativa de um dos ladrões associados ao "Mensalão", a mesada que o governo dava aos governantes/legislativos para aprovarem os R$ 100 milhões da porcada. Trata-se da mudança das regras eleitorais nacionais, transformando o mandato do presidente da república e dos senadores em lapso de cinco anos, os senadores podendo ser reeleitos 100 milhões de vezes, pelo que entendo. Cinco anos, parece que foi o que Geisel auto-atribuiu-se, ou foi o que ele deu a seu amigo Figueiredo, ou -ao contrário- deu seis a Figueiredo que, em troca, deu-lhe os 100 milhões de elogios que vi estanpados na Nova Gazeta Renana, uns dias atrás.
Moraleja: é preciso organizar pela base, é preciso construirmos partidos políticos, é preciso organizarmos coalizões partidárias pela esquerda. É preciso ganharmos vereanças, prefeituras, eleger deputados e governadores, chegar à presidência, não nos deixarmos predar por políticos de estruturas de preferências que lhes valorizem as escolhas presentes, em detrimento do bem-estar que poderiam usufruir na Vida Eterna.
Viu?
DdAB

2 comentários:

Sílvio e Ana disse...

Caríssimo amigo, você é pessimista de uma certa maneira muito realista; eu sou de outra maneira: não acredito na humanidade. Toda a história do ser humano é uma repetição das mesmas coisas, da mesma desigualdade. O povo não tem oportunidade de educar-se, de trabalhar com dignidade, de comer, de morar, de ser gente... Só se tornam políticos aqueles com real talento para a roubalheira, para a falcatrua. Os eventuais honestos têm uma estranha mania de viver pouco (de maneira honesta, pelo menos). Não há como reverter essa situação, pois quem detem o poder econômico decide quem será sacrificado. Mesmo as revoluções, que parecem ser o único caminho da mudança, nos mostram no final apenas uma troca de moscas... (Sílvio)

Sílvio e Ana disse...

"PAULO. É interessante. Hoje talvez eu dissesse que precisamente porque a educação deveria ser a alavanca da transformação social, ela não pode ser!
IRA. Você quer dizer que não lhe permitirão que seja o que deveria ser? As forças dominantes da sociedade não permitirão que a educação transforme a estrutura política?
PAULO. Sim! (...)"
Paulo Freire e Ira Shor: MEDO E OUSADIA - O Cotidiano do Professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
(Sílvio)