23 junho, 2010

Políticas públicas: mobilidade x redistribuições

querido blog:
sigo na discussão do papel do governo para piorar o bem estar social, o que é o caso da presente geração de políticos no Brasil. por outro lado, sonho com outro papel, em que o político será um servo do cidadão (veja bem: não falei em "contribuinte" ou "eleitor", ou seja, pego os meninos de rua, a Nina e seu berço esplêndido, e por aí vai).

claro que, para o cidadão poder exercer o papel de mando, ele precisa de dois requisitos:

.a. base distrital de controle sobre o ladrão (digo, o político)

.b. não ser compelido a votar por uma lei autoritária, de 1965, ou seja, do Marechal Humbertto de Allencar Castello Brancco.

falando em decência, resta a nós, homens e mulheres de boa-vontade, pensar em como resolver os problemas e mazelas do mundo. haverá problemas para os quais não teremos solução, claro. mesmo problemas de escolha pública, como é o caso da evasão dos desastres naturais (Nordeste do Brasil/2010), ou como evitá-los, ou das guerras ou como evitá-las (nunca esquecendo que também sou da paz).

ou seja, é evidente que a criação de mecanismos que favoreçam a mobilidade social ascendente é algo desejável, desde que criemos uma catraca adequada. rodapé enrustido: o Aurelião não dá a acepção que estou dando a “catraca”, pois o que quero dizer não é nem a catraca de minha bici: quero um mecanismo de no return, ou seja, tornou-se culto, não pode mais voltar à condição de ogro, tornou-se afluente, não pode mais voltar ao berço de pedinte.

chega de rodapés deslocados. há um problema sério demais, além da questão humanitária de tratar os derrotados com decência e generosidade. o problema emerge quando passamos ao exame das consequencias da mobilidade ascendente absoluta, ou seja, quando todos formos parar no 1% superior da Curva de Lorenz. uma sociedade sem nenhum pobre, pois todos os indivíduos humanos exploraram amplamente suas potencialidades de mobilidade (aliás, criadas pelos novos políticos acima definidos). só que aí, meu chapa, chegamos na sociedade plenamente igualitária.

neste caso, somos forçados a concluir que, ao invés de nos preocuparmos com a mobilidade enquanto tal, podemos pensar nas políticas de redistribuições públicas: gastos regressivos e impostos progressivos.

DdAB
captura da imagem: que bela imagem achei em http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=1330473359462568907, procurando "mobilidade + societária". na sociedade igualitária, in due time, aquela mexeção do simpático cidadão será simplesmente em tacho de chimia...

3 comentários:

Anônimo disse...

boa, acho que o cidadao precisaria do requisito maturidade intelectual e financeira... onde o intelectual não significcasse anos de estudos, mas conhecer em quem vota e o que faz os seus eleitos... onde o lado financeiro nao significasse pessoas ricas, mas nao tão pobres de espirito para venderem seus votos...

Abraços

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

certíssimo, economista Daniel! nesta linha, já pensei há tempos que a profissão de juiz de direito não deveria ser exclusiva de advogados. não que me considere no caso, mas os antigos atribuíam este tipo de tarefa aos conselhos de anciãos, esses blim-blim-blins.

sobre compra de votos: entendo que o voto obrigatório faz aquela "lei de Gresham": o mau político expulsa o bom do mercado político. com voto voluntário (e esta é a intenção de Marco Maciel, veja só), só vota quem gosta de política. o político que compra votos ver-se-á envolvido em um dilema de prisioneiros e seu pay-off para a compra vai reduzir-se.
DdAB

Anônimo disse...

Concordo, acho paradoxal um pais democrático que obriga seus cidadaos a votarem. Pior é assistir aos comerciais incentivando o eleitor a se candidatar a mesário.

"Que orgulho...."

Desde quando???