Li atentamente a crônica de Martha Medeiros publicada na p.2 de Zero Hora de hoje. O título é "Inclusão" e diz respeito à sensação que temos quando nos encontramos entre pares, por exemplo, os pares de torcida num jogo de futebol, ou -no caso- da inauguração do estádio do Internacional, que ocorreu no sábado de noite. Pois não é que havia algo bastante inspirador para definirmos macroeconomia? Vejamos:
[...] os encontros entre amigos, as festas de aniversário, tudo o que interrompe a monotonia do cotidiano a fim de celebrar quem fomos ontem e quem somos hoje, valorizando os sucessos e fracassos adquiridos pelo caminho – tudo o que nos constitui.
Dois pontos:
Vale para pequenos eventos particulares e grandes eventos públicos. Sair de casa vestindo uma mesma camiseta, de uma mesma cor e com um mesmo propósito é uma forma de deixarmos nosso narcisismo em casa para fazer parte de algo maior, algo que existe além de nós, ainda que nosso também: aquilo que nos representa.
No livro de contabilidade social que editei conjuntamente com Vladimir Lautert (aqui), lemos na página 70:
A possibilidade que temos de representar estas forças resultantes do comportamento de milhões de agentes resulta da estabilidade estrutural produzida por feixes de variáveis micro e mesoeconômicas colocadas em relação ora harmônica ora dissonante. Estas relações abrigam os resultados totalizantes, mas não necessariamente premeditados, que seguem a ação intencional dos agentes. Trata‑se de uma totalidade constituída por partes. Deste modo, os movimentos da totalidade resultam dos movimentos das partes, mas, uma vez que a totalidade é constituída, ela irá alcançar certa autonomia com relação às próprias partes que lhe deram origem. Assim, este novo todo influencia as partes que o constituíram, referendando posições ou induzindo os agentes econômicos individuais a revê‑las.
A macroeconomia estuda isto. É ou não é precisamente a mesma coisa?
DdAB
Tirei a imagem de uma conferência de Aloísio Biondi (jornalista conhecidíssimo, aqui) daqui.
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