24 outubro, 2011

É Hora de Mudar! (o caso das regras distributivas)

querido diário:
em meu ciclo de férias em Santa Catarina (digamos que 1982-88), num desses anos, houve eleições para governador. e havia um candidato que lançou o slogan: "É hora de mudar!" e tinha um relógio despertador setado, digamos, para o meio-dia, ou sete da matina, sabe-se lá o que me reservam os desvão da memória. pois ontem falei que a capacidade de carga do planeta comporta talvez um pouco mais do que os sete bilhões que seremos daqui a sete dias! mas é preciso mudar substancialmente as regras de funcionamento do aparato distributivo do sistema.

o sistema? sistema capitalista? há anos venho repetindo que este acabou há mais de 15 dias. mas demora séculos para a negadinha dar-se conta. e a mudança vem, em geral, mnoldada a ferro e fogo e ejetando sangue suor e lágrimas por todos os poros. digo-o para cultivar alguns lugares comuns que não são suficientes para garantir a inevitabilidade da mudança e a negociabilidade dos métodos para se chegar a ela.

ainda não tive coragem de campear um banco de dados de matrizes de contabilidade social de diferentes países e períodos, a fim de avaliar se é verdade mesmo que o bloco das transações interinstitucionais (transferências intra-familiares, govern-famílias, famílias-governo) tem expandido sua participação no valor adicionado. ou seja,

.a. estas transações (donativos de uma família a outra, recebimento de transferências do governo e pagamento de impostos diretos, como o sobre a renda/demais/rendimentos e aquele sobre a propriedade/herança) não são "valor adicionado".

.b. a distribuição, penso, torna-se cada vez menos dependente do funcionamento do mercado de fatores (aquele que divide o produto entre as classes sociais). neste mercado, define-se a participação dos trabalhadores na renda e quem entre eles ganhará mais do que os outros. naturalmente os que menos ganham são os desempregados.

no século XXI já há uma enorme legião de desempregados que tende a elevar-se durante a transição para a economia menos dependente deste tipo de regra distributiva. o que precisa ser delineado nos próximos 89 anos é o tipo de arranjo institucional que garanta a sustentabilidade dos recursos, especialmente os recursos humanos, tão negligenciados ao se tratar de temas como o do meio-ambiente, preservação de animais, essas coisas. o bicho homem deverá receber novo tratamento. particularmente, será preciso criar mecanismos de elevar o trabalho comunitário. por exemplo, cuidados para com os jovens e os velhos, o meio-ambiente e o "exército industrial de reserva".

é hora de mudar! já sabemos o mecanismo: a renda básica universal (que não é "renda", mas transferências financiada por outra transferência, o imposto de renda.
DdAB
imagem: fiquei pensando que "meu cortinado é um vasto céu de anil" e busquei a imagem em abcz.

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