querido diário:
conheço dois Fischers, o Sérgio, meu colega, e o Luiz Augusto (fischerl@uol.com.br), que escreve periodicamente em Zero Hora, tendo-o feito hoje à p.6 do Segundo Caderno. na verdade, conheço um terceiro, o afamado economista americano Irving Fischer que deu grandes contribuições à ciência econômica e cometeu erros medonhos sobre a profundidade da crise de 1929.
quero falar do Fischer cronista. sua crônica de hoje chama-se "Enem era para tanto?", em que ele -meu resumo- critica acremente a substituição dos concursos vestibulares para a universidade pública pelo ENEM. este tipo de posição radicaliza ou por falta de assunto ou por conservadorismo:
"Sabe quem resiste a esse [poder do MEC de pressionar as universidades], ainda? Por acaso, quatro das cinco maiores universidades do Brasil: USP e Unicamp, além da nossa valorosa UFRGS e da UFMG, que o adotam com grande parcimônia (a UFRJ seentregou totalmente, este ano). Alguma coincidência nisso? Ou será que as quatro resistentes têm alguma sólida razão para evitar o Enem? Que é que o leitor acha?" [seus parênteses, meus colchetes antes].
eu gostei do "este ano": claro que a longo prazo todo mundo vai curvar-se à maior eficiência generalizada que pode ser carreada ao sistema por um exame do tipo do GRE americano. já imaginou um sistema que não precisa de milhares de professores fazendo provas? já pensou num sistema que aponta os melhores em seleção nacional? já pensou que, daqui a alguns anos, o próprio GRE poderia fazer convênios privados com as universidades com com o deus-nos-acuda e fazer ele mesmo os exames de vestibular generalizados nacionalmente também para a república federativa daqui de baixo? é, aparentemente, este leitor não achou muito legal esta tirada de Lui´s Augusto Fischer. mas isto não é tudo.
eu anunciara duas do Fischer e até agora falei em apenas uma, o ENEM. no Caderno Cultura (you know where from) de 30/jul/2011, ele escreveu algo como "Semáforo Atuado pelo Tráfego". e disse: "Não existe, em português decente, esse uso para o verbo atuar, em que uma coisa é atuada por outra."
pensei: mas existe no que, neste caso, podemos chamar de português indecente. os milhões de crentes no espiritismo e outras religiões assemelhadas quanto ao subject matter dizem aos milhões: "Fulano foi atuado pelo íncubo de Sicrano", ou melhor, pelo espírito mau. Em economês juro que poderia, em português indecente, escrever, nesta mesma linha de reencarnacionismo: "O indivíduo isolado é atuado por uma mão invisível que impulsiona suas ações, as quais se integram, benevolamente ao comportamento coletivo." e será que não podemos dizer: "Monsieur Jourdan foi atuado por Procópio Ferreira", um troço destes? sem falar, na profissão de "atuário", em que os livros são atuados pelo contador, hehehe. sinal fechado para a língua brasileira! hehehe.
DdAB
imagem: abcz.
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