02 outubro, 2011

Câmara e Cadeia: Drummond, eu e a política industrial

querido diário:
hoje é domingo. incansável domingo. quase 10 mil quilômetros distante do lado de lá. nearly reinstalado. há dias queria falar sobre juros. falarei ainda. hoje quero falar de umas leituras que andei fazendo (refazendo?, parece que sim) do livro "Contos de Aprendiz", 22a. edição, Rio de Janeiro Record, 1984. Naqueles tempos, lera algumas coisas. há semanas, reli outras e antes de ir-me ao Hemisfério Norte, no final de agosto, li outras ainda.

intrigado com o livro repousando "no lugar errado", dei-lhe uma olhada e vi a mensagem "p.42 - política industrial". e fui, claro, ver o que lá anotei sobre o que lá Carlos Drummond de Andrade escrevera. então, vi, no conto "Câmara e Cadeia" a seguinte passagem, que incorporo, a fim de filosofar economicamente: "O povo precisava de escolas, de uma enfermaria nova no hospital em ruínas [...]."

falava, constatava, um vereador. volta e meia, tenho dito por aqui que a população da Câmara deveria estar na cadeia, ou seja, os deputados. e de quebra, já fecharia o senado e os estados. sobre os vereadores, lancei há anos a campanha: "abrace a política, sufoque um vereador".

mas o que quero falar mais é que estávamos, ou pelo menos estavam eles, no tempo do governo de Epitácio Pessoa na presidência da república (1919-1922). Drummond teria 20 anos, mas o livro é de mais uns 30. fico pensando no engano que ainda hoje cometem os economistas que preconizam o desenho de política industrial como um dos instrumentos fundamentais para a modernização da economia brasileira.

de minha parte, cada vez mais entendo que as confusões conceituais são a chave para esta distorção de diagnóstico. primeiro, temos que diferenciar o capital físico do capital humano. para gerarmos capital humano (o que permite pensarmos em progredir tecnicamente), precisasmos de escolas. uma política industiral que pense em construção de escolas e sua equipagem é decente porque o substantivo é "escola" e não "fábrica de bancos, lousas, etc.". segundo, porque também precisamos de hospitais e enfermarias. isto também comanda atividades industriais.

mas o erro é pensar que vale a pena privilegiar o desenho da política industrial, ao contrário da política voltada aos serviços de educação, saúde e outros, responsáveis pela acumulação de capital humano.

todos sabemos que o valor adicionado tem três óticas de cálculo. e pensar em política industrial não apenas privilegia a ótica do produto como, e o que é pior, tem a idealização fisiocrática de que o produto cresce se o produto industrial crescer. eu tenho dito que o produto cresce no caso de haver capital humano para reger o produto, a renda e a despesa. tecnicalidades? vida ou morte para os presidiários daquela comuna retratada naquele conto daquele poeta.

DdAB
a foto é de uma escola oxfordiana, ainda influenciado pela acumulação de capital humano.

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