querido blog:
na postagem de ontem, inspirei-me em matérias do jornal Zero Hora, com uma decisão absolutamente esdrúxula tomada pelo poder judiciário, mudando as regras orçamentárias da república. hoje falo do absurdo ligado ao estilo de administração pública brasileira, os escândalos, o tráfico de influência, o loteamento dos cargos públicos, o nepotismo, e todas essas mazelas, mais de Bolívia e Botswana do que de Bélgica e... Bruxelas... claro que bem que alertei ontem mesmo, entre parênteses:
(supondo tudo o que for necessário, a fim de evitar que esta frase e postagem caiam no ridículo)
ou seja, tenho o maior medo de ser tachado de quixotesco, ao pensar que podemos aspirar à condição de Bélgica, sem seus conflitos interiores, abandonando a de Bolívia, com seus conflitos interiores. nesta linha, sendo acusado de "comuna" por uns e "liberalóide" por outros, fico com Agostinho Neto: devo estar certo. mas tampouco levo a sério totalmente esta conjetura. até é mais provável que eu esteja errado, no sentido de não estar no polo sinalizador do "absolutamente certo", filme, como sabemos, com Anselmo Duarte e Darlene Glória. ou não?
já na capa de Zero Hora, diz-se: "Frustração no Interior. Petistas exigem mais cargos no (e)stado. Em e-mails, dirigentes municipais criticam espaço dado a outros partidos. Páginas 6 e 10." claro que fui correndo a elas. na p.6, vemos patética reportagem, citando e-mails de próceres dos progressistas municípios de Arvorezinha, Carazinho, Santiago, Sete de Setembro e Uruguaiaia. todos, presumo, evadidos dos cursos de teoria da escolha pública que tenho sugerido deveria ser impingido a qualquer pessoa que deseje participar da política. antes de começar, antes de começar!
na p.10, Letícia Duarte tem a matéria "Cultura da barganha" sobre o mesmo assunto. e diz algo estonteante: "[...] no Brasil são quase 22 mil cargos comissionados, na Inglaterra são 500 e, na Alemanha, 300." ela mesma diz que não se pode pensar seriamente em administração pública num país sem funcionalismo público. claro que 22 mil CCs é uma vergonha nacional, se eu quiser exagerar o ponto. mas, se quiser esposar um ponto de vista mais racional (posso não estar 100% certo, como acabo de sugerir), fixar-me-ei (ainda que a ênclise seja mal-vista pelos falantes brasileiros mesmo ao escreverem) em algo palpável, concreto, que não é fruto de minha mente. ao contrário, ao trabalhar com autores como ele e com conceitos assemelhados é que vim a moldar uma série de pontos de vista que permitem-me com orgulho ser tachado de comuna ou neo-liberal. falo do conceito de sociedade justa, de autoria de John Rawls. tenho insistido:
.a. a maior liberdade compatível com as demais
.b.1 os cargos públicos devem ser abertos a todos
.b.2 a desigualdade deve ser administrada em benefício dos menos favorecidos.
ok, acho brabo falar que uma sociedade, nos dias que correm, é justa. mesmo na Bélgica. mas é poior em Botwana, for sure. e mesmo na Alemanha, pode-se alegar, há 300 cargos públicos que não são abertos a todos. e isto implica que podemos calcular um índice, na linha do índice de desenvolvimento humana, determinando quanto % da sociedade justa foi alcançado pelo atual arranjo. eu juraria que a Dinamarca dá de 10, contra, digamos 0,1 de Arvorezinha ou Três Coroas (esta não está na lista, mas tem a vila precária e o menino do triciclo precário à beira da estrada que nos leva à aprazível cidade de Gramado, para comprar e espairecimento do corpo e da alma). sociedade justa em Porto Alegre? em Anta Gorda? não te enganes, não me faças rir.
DdAB
este final dramático: "não te enganes, não me faças rir" veio do cancioneiro brasileiro, da mesma forma que a imagem originou-se de minha busca iniciada com "quem não chora não mama, segura, meu bem, a chupeta". mas parei aqui, pensando que tem muita gente querendo e mais ainda buscando um mundo melhor. nada procurei sobre "el que no llora no mama". na figura, note-se que à direita vemos uma placa amarela informando que há uma saída pela esquerda (talvez refira-se a reformas democráticas que conduzam ao socialismo). fora que ele é adepto a teoria do valor trabalho.
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